DUBAI- O Irã considerou buscar poder de dissuasão nuclear quando retomou seu programa nuclear nos anos 80 durante uma guerra de oito anos com o Iraque, disse o ex-presidente do país, aiatolá Akbar Hashemi Rafsanjani, segundo uma revista iraniana.
Os comentários de Rafsanjani foram dados em um momento sensível, à medida que o Irã implementa um acordo alcançado com potências mundiais, em julho, com o objetivo de restringir o programa nuclear iraniano e diminuir temores do Ocidente de que o país possa montar uma bomba atômica.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), agência de fiscalização nuclear da ONU, está investigando se o programa nuclear iraniano já teve uso militar. Um relatório está programado para ser divulgado no dia 15 de dezembro. Durante as negociações, o Irã insistiu que o programa tem apenas propósitos pacíficos.
Em entrevista à revista iraniana Esperança Nuclear nesta semana, Rafsanjani sugeriu que autoridades pensaram sobre uma capacidade de dissuasão quando o programa nuclear foi reiniciado, mas a ação não foi concretizada. O programa nuclear iraniano começou a ser desenvolvido nos anos 50. Após a revolução de 1979, chegou a ser interrompido temporariamente, mas foi retomado na década seguinte.
"Quando começamos, estávamos em guerra e buscamos ter a possibilidade para o dia que o inimigo pudesse usar uma arma nuclear. Este era o pensamento. Mas nunca se tornou real", disse Rafsanjani na entrevista, reproduzida pela agência de notícias estatal Irna na terça-feira.
Rafsanjani também disse que viajou ao Paquistão para tentar se encontrar com Abdul Qadeer Khan, criador do programa de armas nucleares do Paquistão, que posteriormente ajudou a Coreia do Norte a desenvolver uma bomba, mas não se encontrou com ele. / REUTERS