Exército da China planeja treinar ‘operações urbanas’ para retomada de Taiwan


Comentários sobre o combate urbano indicam planos para tomar Taiwan, embora Pequim tenha adotado um tom mais brando em um esforço para a ‘reunificação pacífica’

Por Redação

PEQUIM - No segundo dia do Congresso Nacional do Povo, o evento político anual mais importante da China, comandantes do Exército da Libertação do Povo (PLA) afirmaram que o país deve fortalecer seus investimentos em combate urbano e melhorar sua capacidade estratégica e de logística para enfrentar dificuldades para tomar Taiwan – a ilha autogerida considerada território separatista por Pequim.

“As Forças Armadas chinesas devem melhorar rapidamente sua capacidade estratégica para realizar a reunificação nacional”, disse o tenente-general do PLA, Ma Yiming, em um painel do Congresso que discutia questões de segurança. Ma, que também é deputado do Partido Comunista da China, foi até 2021 vice-chefe do Departamento de Estado-Maior Conjunto, o principal órgão de tomada de decisões chinês para as Forças Armadas. “A China deve fortalecer a pesquisa sobre questões específicas, como operações urbanas e apoio [logístico]”, disse Ma na leitura oficial do painel de discussão.

O posicionamento beligerante ocorre um dia depois de o governo chinês anunciar na abertura do Congresso Nacional do Povo que aumentará os gastos militares em mais de 7,2% este ano e alertar para a elevação de ameaças em várias frentes, entre elas Taiwan, o Mar da China Meridional e a intensificação da rivalidade com os EUA.

continua após a publicidade
Presidente chinês, Xi Jinping, e outros líderes cantam o hino nacional na abertura do Congresso Nacional do Povo Foto: NOEL CELIS

“Devemos concentrar nossos esforços nos preparativos para a guerra, construir novos sistemas de treinamento e realizar inovações profundas em táticas de combate para garantir que possamos assumir missões urbanas em caso de emergência, como no caso de Taiwan”, afirmou Zhang Youxia, vice-presidente do Comitê Militar Central, órgão do Congresso do Partido Comunista responsável por definir as diretrizes das Forças Armadas.

Os comentários de Zhang refletiram os do primeiro-ministro Li Keqiang em seu relatório de trabalho apresentado nesta segunda, 6. “As Forças Armadas devem intensificar o treinamento militar e a preparação em todos os setores”, disse Li, que também pediu o reforço da capacitação e coordenação no cumprimento de “grandes tarefas”, embora não tenha detalhado quais seriam essas tarefas.

continua após a publicidade

Pequim vê Taiwan como parte da China e nunca descartou o uso da força para retomar o controle como parte do “grande rejuvenescimento da nação chinesa” até 2049, ano do centenário do governo comunista da da China A maioria dos países, entre eles os EUA, não reconhece a ilha autônoma como um Estado independente.

Um estudo apresentado no começo do ano no PLA Daily, uma espécie de Diário Oficial do Exército da Libertação do Povo e das Forças Armadas da China, citava o aumento de investimentos, desde 2015, em preparativos para a “guerra urbana” em Taiwan. “Criação de cidades fictícias altamente realistas construídas nas bases de treinamento da China incluíram estruturas semelhantes ao prédio do Gabinete Presidencial em Taipei e também o estudo do uso de drones na guerra urbana”, afirmava o artigo. “Como uma parte importante do futuro campo de batalha, as cidades fornecem um novo campo para o uso em larga escala de forças de combate não tripuladas devido ao seu complexo ambiente social e condições de combate restritivas”, dizia o artigo.

continua após a publicidade

Na última década, o PLA “aumentou seu estudo, treinamento e preparação para futuras guerras urbanas”, nas quais tem “experiência limitada”, disse no ano passado um relatório do Instituto para o Estudo da Guerra, com sede nos EUA, no ano passado. A reunificação com Taiwan “poderia envolver combates intensos nas cidades taiwanesas, uma campanha pode arriscada que representa um desafio particular, dado que mais de 90% da população de Taiwan vive nas cidades”, alertou o relatório.

Guerra Urbana em Taiwan

continua após a publicidade

Para analistas, a guerra urbana da Rússia na Ucrânia serviu como “lição fundamental para a China”. “Os esforços contínuos do PLA para pesquisar e se preparar para o combate urbano podem ser vistos como parte de uma tendência global impulsionada pela experiência da Rússia em sua invasão da Ucrânia, onde as batalhas urbanas foram destrutivas e difíceis de vencer”, disse à AP James Char, especialista militar chinês da Universidade de Tecnologia de Nanyang, em Cingapura.

A China apresenta o seu Exército como puramente “defensivo” e sublinha que tem apenas uma base militar no exterior, em Djibuti, ao contrário das centenas que os Estados Unidos têm. Além disso, os gastos militares estão em 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, menos que os 3% investidos pelos EUA. “A maior parte do dinheiro serve para aumentar os salários das tropas, financiar melhores condições de treinamento e obter equipamentos mais avançados”, diz Char.

Telão mostra Li Qiang, membro do Politburo e futuro premiê Foto: WU HAO
continua após a publicidade

Isso não quer dizer que a China não gaste com avanços tecnológicos no campo militar. “Grande parte de sua pesquisa militar, como mísseis, defesa cibernética, etc., não está incluída nos gastos militares, mas é considerada pesquisa e desenvolvimento civil”, disse Niklas Swanström, diretor do Instituto de Políticas e Desenvolvimento, na Suécia, à AFP.

A China destinará 1,5 trilhão de yuans (US$ 225 bilhões) para sua Defesa em 2023. É o segundo orçamento militar mundial atrás do dos Estados Unidos, três vezes maior.

‘Corrida armamentista’

continua após a publicidade

Outros países da região aumentaram seus orçamentos militares até 2023, como a Coreia do Sul (+4,4%) ou a Índia (+13%). “O Nordeste da Ásia é palco de uma corrida armamentista e o reforço chinês é seu motor”, estima Swanström.

Sistema de mísseis Patriot é usado em treinamento militar conjunto dos EUA e aliados em Ilan County, a 80 quilômetros de Taipei, capital de Taiwan Foto: AP Photo/File

O Japão acaba de revisar sua doutrina de defesa e pretende dobrar seu orçamento militar para 2% do PIB até 2027. “A China representa um desafio para o Ocidente e para a ordem internacional liderada pelos Estados Unidos desde o fim da 2ª Guerra Mundial”, disse Char. Mas no nível militar, pelo menos no curto e médio prazos, está claro que não está em condições de discutir o status de Washington como a potência militar número um do mundo.”

Segundo o Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês), os Estados Unidos são o país com maior gasto militar, com US$ 801 bilhões (R$ 3,9 trilhões) em 2021, data dos dados mais atualizados. Em seguida vem a China (US$ 293 bilhões/R$ 1,4 trilhão), Índia (US$ 76,6 bilhões/R$ 370 bilhões), Reino Unido (US$ 68,4 bilhões/R$ 333 bilhões) e Rússia (US$ 65,9 bilhões/R$321 bilhões), que juntos concentram 61,7% do total de US$ 2.113 trilhões (cerca de R$11,6 trilhões) gastos em Defesa em 2021./AP, AFP e NYT

PEQUIM - No segundo dia do Congresso Nacional do Povo, o evento político anual mais importante da China, comandantes do Exército da Libertação do Povo (PLA) afirmaram que o país deve fortalecer seus investimentos em combate urbano e melhorar sua capacidade estratégica e de logística para enfrentar dificuldades para tomar Taiwan – a ilha autogerida considerada território separatista por Pequim.

“As Forças Armadas chinesas devem melhorar rapidamente sua capacidade estratégica para realizar a reunificação nacional”, disse o tenente-general do PLA, Ma Yiming, em um painel do Congresso que discutia questões de segurança. Ma, que também é deputado do Partido Comunista da China, foi até 2021 vice-chefe do Departamento de Estado-Maior Conjunto, o principal órgão de tomada de decisões chinês para as Forças Armadas. “A China deve fortalecer a pesquisa sobre questões específicas, como operações urbanas e apoio [logístico]”, disse Ma na leitura oficial do painel de discussão.

O posicionamento beligerante ocorre um dia depois de o governo chinês anunciar na abertura do Congresso Nacional do Povo que aumentará os gastos militares em mais de 7,2% este ano e alertar para a elevação de ameaças em várias frentes, entre elas Taiwan, o Mar da China Meridional e a intensificação da rivalidade com os EUA.

Presidente chinês, Xi Jinping, e outros líderes cantam o hino nacional na abertura do Congresso Nacional do Povo Foto: NOEL CELIS

“Devemos concentrar nossos esforços nos preparativos para a guerra, construir novos sistemas de treinamento e realizar inovações profundas em táticas de combate para garantir que possamos assumir missões urbanas em caso de emergência, como no caso de Taiwan”, afirmou Zhang Youxia, vice-presidente do Comitê Militar Central, órgão do Congresso do Partido Comunista responsável por definir as diretrizes das Forças Armadas.

Os comentários de Zhang refletiram os do primeiro-ministro Li Keqiang em seu relatório de trabalho apresentado nesta segunda, 6. “As Forças Armadas devem intensificar o treinamento militar e a preparação em todos os setores”, disse Li, que também pediu o reforço da capacitação e coordenação no cumprimento de “grandes tarefas”, embora não tenha detalhado quais seriam essas tarefas.

Pequim vê Taiwan como parte da China e nunca descartou o uso da força para retomar o controle como parte do “grande rejuvenescimento da nação chinesa” até 2049, ano do centenário do governo comunista da da China A maioria dos países, entre eles os EUA, não reconhece a ilha autônoma como um Estado independente.

Um estudo apresentado no começo do ano no PLA Daily, uma espécie de Diário Oficial do Exército da Libertação do Povo e das Forças Armadas da China, citava o aumento de investimentos, desde 2015, em preparativos para a “guerra urbana” em Taiwan. “Criação de cidades fictícias altamente realistas construídas nas bases de treinamento da China incluíram estruturas semelhantes ao prédio do Gabinete Presidencial em Taipei e também o estudo do uso de drones na guerra urbana”, afirmava o artigo. “Como uma parte importante do futuro campo de batalha, as cidades fornecem um novo campo para o uso em larga escala de forças de combate não tripuladas devido ao seu complexo ambiente social e condições de combate restritivas”, dizia o artigo.

Na última década, o PLA “aumentou seu estudo, treinamento e preparação para futuras guerras urbanas”, nas quais tem “experiência limitada”, disse no ano passado um relatório do Instituto para o Estudo da Guerra, com sede nos EUA, no ano passado. A reunificação com Taiwan “poderia envolver combates intensos nas cidades taiwanesas, uma campanha pode arriscada que representa um desafio particular, dado que mais de 90% da população de Taiwan vive nas cidades”, alertou o relatório.

Guerra Urbana em Taiwan

Para analistas, a guerra urbana da Rússia na Ucrânia serviu como “lição fundamental para a China”. “Os esforços contínuos do PLA para pesquisar e se preparar para o combate urbano podem ser vistos como parte de uma tendência global impulsionada pela experiência da Rússia em sua invasão da Ucrânia, onde as batalhas urbanas foram destrutivas e difíceis de vencer”, disse à AP James Char, especialista militar chinês da Universidade de Tecnologia de Nanyang, em Cingapura.

A China apresenta o seu Exército como puramente “defensivo” e sublinha que tem apenas uma base militar no exterior, em Djibuti, ao contrário das centenas que os Estados Unidos têm. Além disso, os gastos militares estão em 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, menos que os 3% investidos pelos EUA. “A maior parte do dinheiro serve para aumentar os salários das tropas, financiar melhores condições de treinamento e obter equipamentos mais avançados”, diz Char.

Telão mostra Li Qiang, membro do Politburo e futuro premiê Foto: WU HAO

Isso não quer dizer que a China não gaste com avanços tecnológicos no campo militar. “Grande parte de sua pesquisa militar, como mísseis, defesa cibernética, etc., não está incluída nos gastos militares, mas é considerada pesquisa e desenvolvimento civil”, disse Niklas Swanström, diretor do Instituto de Políticas e Desenvolvimento, na Suécia, à AFP.

A China destinará 1,5 trilhão de yuans (US$ 225 bilhões) para sua Defesa em 2023. É o segundo orçamento militar mundial atrás do dos Estados Unidos, três vezes maior.

‘Corrida armamentista’

Outros países da região aumentaram seus orçamentos militares até 2023, como a Coreia do Sul (+4,4%) ou a Índia (+13%). “O Nordeste da Ásia é palco de uma corrida armamentista e o reforço chinês é seu motor”, estima Swanström.

Sistema de mísseis Patriot é usado em treinamento militar conjunto dos EUA e aliados em Ilan County, a 80 quilômetros de Taipei, capital de Taiwan Foto: AP Photo/File

O Japão acaba de revisar sua doutrina de defesa e pretende dobrar seu orçamento militar para 2% do PIB até 2027. “A China representa um desafio para o Ocidente e para a ordem internacional liderada pelos Estados Unidos desde o fim da 2ª Guerra Mundial”, disse Char. Mas no nível militar, pelo menos no curto e médio prazos, está claro que não está em condições de discutir o status de Washington como a potência militar número um do mundo.”

Segundo o Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês), os Estados Unidos são o país com maior gasto militar, com US$ 801 bilhões (R$ 3,9 trilhões) em 2021, data dos dados mais atualizados. Em seguida vem a China (US$ 293 bilhões/R$ 1,4 trilhão), Índia (US$ 76,6 bilhões/R$ 370 bilhões), Reino Unido (US$ 68,4 bilhões/R$ 333 bilhões) e Rússia (US$ 65,9 bilhões/R$321 bilhões), que juntos concentram 61,7% do total de US$ 2.113 trilhões (cerca de R$11,6 trilhões) gastos em Defesa em 2021./AP, AFP e NYT

PEQUIM - No segundo dia do Congresso Nacional do Povo, o evento político anual mais importante da China, comandantes do Exército da Libertação do Povo (PLA) afirmaram que o país deve fortalecer seus investimentos em combate urbano e melhorar sua capacidade estratégica e de logística para enfrentar dificuldades para tomar Taiwan – a ilha autogerida considerada território separatista por Pequim.

“As Forças Armadas chinesas devem melhorar rapidamente sua capacidade estratégica para realizar a reunificação nacional”, disse o tenente-general do PLA, Ma Yiming, em um painel do Congresso que discutia questões de segurança. Ma, que também é deputado do Partido Comunista da China, foi até 2021 vice-chefe do Departamento de Estado-Maior Conjunto, o principal órgão de tomada de decisões chinês para as Forças Armadas. “A China deve fortalecer a pesquisa sobre questões específicas, como operações urbanas e apoio [logístico]”, disse Ma na leitura oficial do painel de discussão.

O posicionamento beligerante ocorre um dia depois de o governo chinês anunciar na abertura do Congresso Nacional do Povo que aumentará os gastos militares em mais de 7,2% este ano e alertar para a elevação de ameaças em várias frentes, entre elas Taiwan, o Mar da China Meridional e a intensificação da rivalidade com os EUA.

Presidente chinês, Xi Jinping, e outros líderes cantam o hino nacional na abertura do Congresso Nacional do Povo Foto: NOEL CELIS

“Devemos concentrar nossos esforços nos preparativos para a guerra, construir novos sistemas de treinamento e realizar inovações profundas em táticas de combate para garantir que possamos assumir missões urbanas em caso de emergência, como no caso de Taiwan”, afirmou Zhang Youxia, vice-presidente do Comitê Militar Central, órgão do Congresso do Partido Comunista responsável por definir as diretrizes das Forças Armadas.

Os comentários de Zhang refletiram os do primeiro-ministro Li Keqiang em seu relatório de trabalho apresentado nesta segunda, 6. “As Forças Armadas devem intensificar o treinamento militar e a preparação em todos os setores”, disse Li, que também pediu o reforço da capacitação e coordenação no cumprimento de “grandes tarefas”, embora não tenha detalhado quais seriam essas tarefas.

Pequim vê Taiwan como parte da China e nunca descartou o uso da força para retomar o controle como parte do “grande rejuvenescimento da nação chinesa” até 2049, ano do centenário do governo comunista da da China A maioria dos países, entre eles os EUA, não reconhece a ilha autônoma como um Estado independente.

Um estudo apresentado no começo do ano no PLA Daily, uma espécie de Diário Oficial do Exército da Libertação do Povo e das Forças Armadas da China, citava o aumento de investimentos, desde 2015, em preparativos para a “guerra urbana” em Taiwan. “Criação de cidades fictícias altamente realistas construídas nas bases de treinamento da China incluíram estruturas semelhantes ao prédio do Gabinete Presidencial em Taipei e também o estudo do uso de drones na guerra urbana”, afirmava o artigo. “Como uma parte importante do futuro campo de batalha, as cidades fornecem um novo campo para o uso em larga escala de forças de combate não tripuladas devido ao seu complexo ambiente social e condições de combate restritivas”, dizia o artigo.

Na última década, o PLA “aumentou seu estudo, treinamento e preparação para futuras guerras urbanas”, nas quais tem “experiência limitada”, disse no ano passado um relatório do Instituto para o Estudo da Guerra, com sede nos EUA, no ano passado. A reunificação com Taiwan “poderia envolver combates intensos nas cidades taiwanesas, uma campanha pode arriscada que representa um desafio particular, dado que mais de 90% da população de Taiwan vive nas cidades”, alertou o relatório.

Guerra Urbana em Taiwan

Para analistas, a guerra urbana da Rússia na Ucrânia serviu como “lição fundamental para a China”. “Os esforços contínuos do PLA para pesquisar e se preparar para o combate urbano podem ser vistos como parte de uma tendência global impulsionada pela experiência da Rússia em sua invasão da Ucrânia, onde as batalhas urbanas foram destrutivas e difíceis de vencer”, disse à AP James Char, especialista militar chinês da Universidade de Tecnologia de Nanyang, em Cingapura.

A China apresenta o seu Exército como puramente “defensivo” e sublinha que tem apenas uma base militar no exterior, em Djibuti, ao contrário das centenas que os Estados Unidos têm. Além disso, os gastos militares estão em 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, menos que os 3% investidos pelos EUA. “A maior parte do dinheiro serve para aumentar os salários das tropas, financiar melhores condições de treinamento e obter equipamentos mais avançados”, diz Char.

Telão mostra Li Qiang, membro do Politburo e futuro premiê Foto: WU HAO

Isso não quer dizer que a China não gaste com avanços tecnológicos no campo militar. “Grande parte de sua pesquisa militar, como mísseis, defesa cibernética, etc., não está incluída nos gastos militares, mas é considerada pesquisa e desenvolvimento civil”, disse Niklas Swanström, diretor do Instituto de Políticas e Desenvolvimento, na Suécia, à AFP.

A China destinará 1,5 trilhão de yuans (US$ 225 bilhões) para sua Defesa em 2023. É o segundo orçamento militar mundial atrás do dos Estados Unidos, três vezes maior.

‘Corrida armamentista’

Outros países da região aumentaram seus orçamentos militares até 2023, como a Coreia do Sul (+4,4%) ou a Índia (+13%). “O Nordeste da Ásia é palco de uma corrida armamentista e o reforço chinês é seu motor”, estima Swanström.

Sistema de mísseis Patriot é usado em treinamento militar conjunto dos EUA e aliados em Ilan County, a 80 quilômetros de Taipei, capital de Taiwan Foto: AP Photo/File

O Japão acaba de revisar sua doutrina de defesa e pretende dobrar seu orçamento militar para 2% do PIB até 2027. “A China representa um desafio para o Ocidente e para a ordem internacional liderada pelos Estados Unidos desde o fim da 2ª Guerra Mundial”, disse Char. Mas no nível militar, pelo menos no curto e médio prazos, está claro que não está em condições de discutir o status de Washington como a potência militar número um do mundo.”

Segundo o Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês), os Estados Unidos são o país com maior gasto militar, com US$ 801 bilhões (R$ 3,9 trilhões) em 2021, data dos dados mais atualizados. Em seguida vem a China (US$ 293 bilhões/R$ 1,4 trilhão), Índia (US$ 76,6 bilhões/R$ 370 bilhões), Reino Unido (US$ 68,4 bilhões/R$ 333 bilhões) e Rússia (US$ 65,9 bilhões/R$321 bilhões), que juntos concentram 61,7% do total de US$ 2.113 trilhões (cerca de R$11,6 trilhões) gastos em Defesa em 2021./AP, AFP e NYT

PEQUIM - No segundo dia do Congresso Nacional do Povo, o evento político anual mais importante da China, comandantes do Exército da Libertação do Povo (PLA) afirmaram que o país deve fortalecer seus investimentos em combate urbano e melhorar sua capacidade estratégica e de logística para enfrentar dificuldades para tomar Taiwan – a ilha autogerida considerada território separatista por Pequim.

“As Forças Armadas chinesas devem melhorar rapidamente sua capacidade estratégica para realizar a reunificação nacional”, disse o tenente-general do PLA, Ma Yiming, em um painel do Congresso que discutia questões de segurança. Ma, que também é deputado do Partido Comunista da China, foi até 2021 vice-chefe do Departamento de Estado-Maior Conjunto, o principal órgão de tomada de decisões chinês para as Forças Armadas. “A China deve fortalecer a pesquisa sobre questões específicas, como operações urbanas e apoio [logístico]”, disse Ma na leitura oficial do painel de discussão.

O posicionamento beligerante ocorre um dia depois de o governo chinês anunciar na abertura do Congresso Nacional do Povo que aumentará os gastos militares em mais de 7,2% este ano e alertar para a elevação de ameaças em várias frentes, entre elas Taiwan, o Mar da China Meridional e a intensificação da rivalidade com os EUA.

Presidente chinês, Xi Jinping, e outros líderes cantam o hino nacional na abertura do Congresso Nacional do Povo Foto: NOEL CELIS

“Devemos concentrar nossos esforços nos preparativos para a guerra, construir novos sistemas de treinamento e realizar inovações profundas em táticas de combate para garantir que possamos assumir missões urbanas em caso de emergência, como no caso de Taiwan”, afirmou Zhang Youxia, vice-presidente do Comitê Militar Central, órgão do Congresso do Partido Comunista responsável por definir as diretrizes das Forças Armadas.

Os comentários de Zhang refletiram os do primeiro-ministro Li Keqiang em seu relatório de trabalho apresentado nesta segunda, 6. “As Forças Armadas devem intensificar o treinamento militar e a preparação em todos os setores”, disse Li, que também pediu o reforço da capacitação e coordenação no cumprimento de “grandes tarefas”, embora não tenha detalhado quais seriam essas tarefas.

Pequim vê Taiwan como parte da China e nunca descartou o uso da força para retomar o controle como parte do “grande rejuvenescimento da nação chinesa” até 2049, ano do centenário do governo comunista da da China A maioria dos países, entre eles os EUA, não reconhece a ilha autônoma como um Estado independente.

Um estudo apresentado no começo do ano no PLA Daily, uma espécie de Diário Oficial do Exército da Libertação do Povo e das Forças Armadas da China, citava o aumento de investimentos, desde 2015, em preparativos para a “guerra urbana” em Taiwan. “Criação de cidades fictícias altamente realistas construídas nas bases de treinamento da China incluíram estruturas semelhantes ao prédio do Gabinete Presidencial em Taipei e também o estudo do uso de drones na guerra urbana”, afirmava o artigo. “Como uma parte importante do futuro campo de batalha, as cidades fornecem um novo campo para o uso em larga escala de forças de combate não tripuladas devido ao seu complexo ambiente social e condições de combate restritivas”, dizia o artigo.

Na última década, o PLA “aumentou seu estudo, treinamento e preparação para futuras guerras urbanas”, nas quais tem “experiência limitada”, disse no ano passado um relatório do Instituto para o Estudo da Guerra, com sede nos EUA, no ano passado. A reunificação com Taiwan “poderia envolver combates intensos nas cidades taiwanesas, uma campanha pode arriscada que representa um desafio particular, dado que mais de 90% da população de Taiwan vive nas cidades”, alertou o relatório.

Guerra Urbana em Taiwan

Para analistas, a guerra urbana da Rússia na Ucrânia serviu como “lição fundamental para a China”. “Os esforços contínuos do PLA para pesquisar e se preparar para o combate urbano podem ser vistos como parte de uma tendência global impulsionada pela experiência da Rússia em sua invasão da Ucrânia, onde as batalhas urbanas foram destrutivas e difíceis de vencer”, disse à AP James Char, especialista militar chinês da Universidade de Tecnologia de Nanyang, em Cingapura.

A China apresenta o seu Exército como puramente “defensivo” e sublinha que tem apenas uma base militar no exterior, em Djibuti, ao contrário das centenas que os Estados Unidos têm. Além disso, os gastos militares estão em 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, menos que os 3% investidos pelos EUA. “A maior parte do dinheiro serve para aumentar os salários das tropas, financiar melhores condições de treinamento e obter equipamentos mais avançados”, diz Char.

Telão mostra Li Qiang, membro do Politburo e futuro premiê Foto: WU HAO

Isso não quer dizer que a China não gaste com avanços tecnológicos no campo militar. “Grande parte de sua pesquisa militar, como mísseis, defesa cibernética, etc., não está incluída nos gastos militares, mas é considerada pesquisa e desenvolvimento civil”, disse Niklas Swanström, diretor do Instituto de Políticas e Desenvolvimento, na Suécia, à AFP.

A China destinará 1,5 trilhão de yuans (US$ 225 bilhões) para sua Defesa em 2023. É o segundo orçamento militar mundial atrás do dos Estados Unidos, três vezes maior.

‘Corrida armamentista’

Outros países da região aumentaram seus orçamentos militares até 2023, como a Coreia do Sul (+4,4%) ou a Índia (+13%). “O Nordeste da Ásia é palco de uma corrida armamentista e o reforço chinês é seu motor”, estima Swanström.

Sistema de mísseis Patriot é usado em treinamento militar conjunto dos EUA e aliados em Ilan County, a 80 quilômetros de Taipei, capital de Taiwan Foto: AP Photo/File

O Japão acaba de revisar sua doutrina de defesa e pretende dobrar seu orçamento militar para 2% do PIB até 2027. “A China representa um desafio para o Ocidente e para a ordem internacional liderada pelos Estados Unidos desde o fim da 2ª Guerra Mundial”, disse Char. Mas no nível militar, pelo menos no curto e médio prazos, está claro que não está em condições de discutir o status de Washington como a potência militar número um do mundo.”

Segundo o Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês), os Estados Unidos são o país com maior gasto militar, com US$ 801 bilhões (R$ 3,9 trilhões) em 2021, data dos dados mais atualizados. Em seguida vem a China (US$ 293 bilhões/R$ 1,4 trilhão), Índia (US$ 76,6 bilhões/R$ 370 bilhões), Reino Unido (US$ 68,4 bilhões/R$ 333 bilhões) e Rússia (US$ 65,9 bilhões/R$321 bilhões), que juntos concentram 61,7% do total de US$ 2.113 trilhões (cerca de R$11,6 trilhões) gastos em Defesa em 2021./AP, AFP e NYT

PEQUIM - No segundo dia do Congresso Nacional do Povo, o evento político anual mais importante da China, comandantes do Exército da Libertação do Povo (PLA) afirmaram que o país deve fortalecer seus investimentos em combate urbano e melhorar sua capacidade estratégica e de logística para enfrentar dificuldades para tomar Taiwan – a ilha autogerida considerada território separatista por Pequim.

“As Forças Armadas chinesas devem melhorar rapidamente sua capacidade estratégica para realizar a reunificação nacional”, disse o tenente-general do PLA, Ma Yiming, em um painel do Congresso que discutia questões de segurança. Ma, que também é deputado do Partido Comunista da China, foi até 2021 vice-chefe do Departamento de Estado-Maior Conjunto, o principal órgão de tomada de decisões chinês para as Forças Armadas. “A China deve fortalecer a pesquisa sobre questões específicas, como operações urbanas e apoio [logístico]”, disse Ma na leitura oficial do painel de discussão.

O posicionamento beligerante ocorre um dia depois de o governo chinês anunciar na abertura do Congresso Nacional do Povo que aumentará os gastos militares em mais de 7,2% este ano e alertar para a elevação de ameaças em várias frentes, entre elas Taiwan, o Mar da China Meridional e a intensificação da rivalidade com os EUA.

Presidente chinês, Xi Jinping, e outros líderes cantam o hino nacional na abertura do Congresso Nacional do Povo Foto: NOEL CELIS

“Devemos concentrar nossos esforços nos preparativos para a guerra, construir novos sistemas de treinamento e realizar inovações profundas em táticas de combate para garantir que possamos assumir missões urbanas em caso de emergência, como no caso de Taiwan”, afirmou Zhang Youxia, vice-presidente do Comitê Militar Central, órgão do Congresso do Partido Comunista responsável por definir as diretrizes das Forças Armadas.

Os comentários de Zhang refletiram os do primeiro-ministro Li Keqiang em seu relatório de trabalho apresentado nesta segunda, 6. “As Forças Armadas devem intensificar o treinamento militar e a preparação em todos os setores”, disse Li, que também pediu o reforço da capacitação e coordenação no cumprimento de “grandes tarefas”, embora não tenha detalhado quais seriam essas tarefas.

Pequim vê Taiwan como parte da China e nunca descartou o uso da força para retomar o controle como parte do “grande rejuvenescimento da nação chinesa” até 2049, ano do centenário do governo comunista da da China A maioria dos países, entre eles os EUA, não reconhece a ilha autônoma como um Estado independente.

Um estudo apresentado no começo do ano no PLA Daily, uma espécie de Diário Oficial do Exército da Libertação do Povo e das Forças Armadas da China, citava o aumento de investimentos, desde 2015, em preparativos para a “guerra urbana” em Taiwan. “Criação de cidades fictícias altamente realistas construídas nas bases de treinamento da China incluíram estruturas semelhantes ao prédio do Gabinete Presidencial em Taipei e também o estudo do uso de drones na guerra urbana”, afirmava o artigo. “Como uma parte importante do futuro campo de batalha, as cidades fornecem um novo campo para o uso em larga escala de forças de combate não tripuladas devido ao seu complexo ambiente social e condições de combate restritivas”, dizia o artigo.

Na última década, o PLA “aumentou seu estudo, treinamento e preparação para futuras guerras urbanas”, nas quais tem “experiência limitada”, disse no ano passado um relatório do Instituto para o Estudo da Guerra, com sede nos EUA, no ano passado. A reunificação com Taiwan “poderia envolver combates intensos nas cidades taiwanesas, uma campanha pode arriscada que representa um desafio particular, dado que mais de 90% da população de Taiwan vive nas cidades”, alertou o relatório.

Guerra Urbana em Taiwan

Para analistas, a guerra urbana da Rússia na Ucrânia serviu como “lição fundamental para a China”. “Os esforços contínuos do PLA para pesquisar e se preparar para o combate urbano podem ser vistos como parte de uma tendência global impulsionada pela experiência da Rússia em sua invasão da Ucrânia, onde as batalhas urbanas foram destrutivas e difíceis de vencer”, disse à AP James Char, especialista militar chinês da Universidade de Tecnologia de Nanyang, em Cingapura.

A China apresenta o seu Exército como puramente “defensivo” e sublinha que tem apenas uma base militar no exterior, em Djibuti, ao contrário das centenas que os Estados Unidos têm. Além disso, os gastos militares estão em 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, menos que os 3% investidos pelos EUA. “A maior parte do dinheiro serve para aumentar os salários das tropas, financiar melhores condições de treinamento e obter equipamentos mais avançados”, diz Char.

Telão mostra Li Qiang, membro do Politburo e futuro premiê Foto: WU HAO

Isso não quer dizer que a China não gaste com avanços tecnológicos no campo militar. “Grande parte de sua pesquisa militar, como mísseis, defesa cibernética, etc., não está incluída nos gastos militares, mas é considerada pesquisa e desenvolvimento civil”, disse Niklas Swanström, diretor do Instituto de Políticas e Desenvolvimento, na Suécia, à AFP.

A China destinará 1,5 trilhão de yuans (US$ 225 bilhões) para sua Defesa em 2023. É o segundo orçamento militar mundial atrás do dos Estados Unidos, três vezes maior.

‘Corrida armamentista’

Outros países da região aumentaram seus orçamentos militares até 2023, como a Coreia do Sul (+4,4%) ou a Índia (+13%). “O Nordeste da Ásia é palco de uma corrida armamentista e o reforço chinês é seu motor”, estima Swanström.

Sistema de mísseis Patriot é usado em treinamento militar conjunto dos EUA e aliados em Ilan County, a 80 quilômetros de Taipei, capital de Taiwan Foto: AP Photo/File

O Japão acaba de revisar sua doutrina de defesa e pretende dobrar seu orçamento militar para 2% do PIB até 2027. “A China representa um desafio para o Ocidente e para a ordem internacional liderada pelos Estados Unidos desde o fim da 2ª Guerra Mundial”, disse Char. Mas no nível militar, pelo menos no curto e médio prazos, está claro que não está em condições de discutir o status de Washington como a potência militar número um do mundo.”

Segundo o Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês), os Estados Unidos são o país com maior gasto militar, com US$ 801 bilhões (R$ 3,9 trilhões) em 2021, data dos dados mais atualizados. Em seguida vem a China (US$ 293 bilhões/R$ 1,4 trilhão), Índia (US$ 76,6 bilhões/R$ 370 bilhões), Reino Unido (US$ 68,4 bilhões/R$ 333 bilhões) e Rússia (US$ 65,9 bilhões/R$321 bilhões), que juntos concentram 61,7% do total de US$ 2.113 trilhões (cerca de R$11,6 trilhões) gastos em Defesa em 2021./AP, AFP e NYT

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.