O Exército de Israel disse ter descoberto neste domingo, 17, o maior túnel subterrâneo construído pelo Hamas na Faixa de Gaza, que fica perto da fronteira, a poucas centenas de metros do território israelense. A descoberta renova os questionamentos sobre como Tel-Aviv falhou em prever o ataque terrorista de 7 de outubro.
Em comunicado, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) explicaram que a rede de túneis “se divide em vários segmentos, tem uma extensão de mais de quatro quilômetros e chega a até 400 metros do ponto de passagem de Erez”.
O túnel é largo suficiente para passagem de carros, confirmou um fotógrafo à AFP autorizado a entrar. E está equipado com tubulações, eletricidade, sistemas de esgoto, ventilação e ferroviários. Segundo o Exército israelense, a construção custou milhões de dólares e foram encontradas armas em seu interior.
O Exército disse que a rede de túneis facilitou o trânsito de veículos, pessoas e suprimentos para o ataque terrorista sem precedentes, que matou 1.200 pessoas e desencadeou a guerra. Ainda não está claro se o túnel foi usado em 7 de outubro.
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O porta-voz militar Nir Dinar justificou que Israel não sabia da existência da rede antes do ataque porque o controle da fronteira detecta apenas os túneis construídos para entrar em Israel. “Até onde eu sei, esse túnel não passa de Gaza para Israel e para a 400 metros da fronteira”, disse ele. E acrescentou que a entrada para o túnel fica abaixo de uma garagem, escondida dos drones e satélites israelenses.
Embora os militares estivessem cientes de que o Hamas tinha uma extensa rede de túneis, disse ele, não esperavam que os terroristas seriam capazes de executar um ataque em larga escala. “Não é nenhuma surpresa que esta tenha sido sempre a estratégia do Hamas”, disse Dinar. “A surpresa é que eles conseguiram e o tamanho deste túnel foi realmente chocante.”
Dinar, que visitou o túnel na sexta-feira, disse que tinha o dobro da altura e três vezes a largura de outros túneis encontrados em Gaza - e mergulha 50 metros no subsolo em alguns pontos. Ele disse que estava claro que milhões de dólares, bem como muito combustível e mão de obra, foram necessários para construir e sustentar o túnel.
Daniel Hagari, principal porta-voz militar israelense, disse que os militares planejam destruir o túnel e continuar a “caçar” terroristas escondidos em outros. “Vamos caçá-los mesmo que precisemos descer até os túneis”, disse Hagari. “Também precisamos fazer isso com atenção, tendo em mente o resgate de nossos reféns - já que talvez alguns deles estejam nos túneis”, acrescentou.
Na sexta-feira, os soldados israelenses mataram três reféns por engano em operação na Faixa de Gaza. O incidente aumentou a pressão dos familiares sobre o governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu por um novo acordo para liberação dos reféns a exemplo do que aconteceu no mês passado, quando mais de 100 reféns foram entregues em troca por um cessar-fogo temporário./AFP e AP