O exército israelense ordenou nesta segunda-feira, 6, que dezenas de milhares de pessoas em Rafah, no sul de Gaza, começassem a sair da cidade, sinalizando que uma invasão terrestre há muito prometida pode ser iminente.
O anúncio complicou os últimos esforços dos mediadores internacionais, entre eles o diretor da CIA, para intermediar um cessar-fogo. O Hamas e o Catar, um dos principais mediadores, alertaram que uma invasão de Rafah poderia inviabilizar as negociações.
Israel descreveu Rafah como o último reduto significativo do Hamas após sete meses de guerra, e o premie Binyamin Netanuahu já disse que o país precisa realizar uma invasão terrestre para derrotar o grupo terrorista.
O tenente-coronel Nadav Shoshani, porta-voz do exército, disse que cerca de 100 mil pessoas estavam sendo obrigadas a se mudar para uma zona humanitária declarada por Israel nas proximidades, chamada Muwasi. Ele disse que Israel estava preparando uma “operação de escopo limitado” e não quis dizer se esse era o início de uma invasão mais ampla da cidade. Em outubro de2023, Israel não anunciou formalmente o lançamento de uma invasão terrestre em Gaza que continua até hoje.
A medida ocorre um dia depois que os terroristas do Hamas realizaram um ataque letal com foguetes na área, matando três soldados israelenses. Shoshani disse que Israel publicou um mapa da área de retirada e que as ordens estavam sendo emitidas por meio de folhetos lançados do céu, mensagens de texto e transmissões de rádio.
Ele disse que Israel expandiu a ajuda humanitária para Muwasi, incluindo hospitais de campanha, tendas, alimentos e água. O plano de Israel de invadir Rafah gerou alarme global devido à possibilidade de causar danos a mais de um milhão de civis palestinos que estão abrigados lá.
Cerca de 1,4 milhão de palestinos - mais da metade da população de Gaza - estão amontoados na cidade e em seus arredores. A maioria deles fugiu de suas casas em outras partes do território para escapar do ataque de Israel e agora enfrenta outra mudança, ou o risco de um novo ataque. Eles vivem em acampamentos, em barracas lotadas, em abrigos da ONU que transbordam ou em apartamentos lotados, e dependem da ajuda internacional para se alimentar, com sistemas de saneamento e infraestrutura de instalações médicas prejudicados.
Os Estados Unidos, o aliado mais próximo de Israel, têm pedido repetidamente que Israel não realize a invasão, dizendo que o país não tem um plano confiável para proteger os civis.
No entanto, mesmo com os EUA, o Egito e o Catar pressionando por um acordo de cessar-fogo, Netanyahu repetiu na semana passada que os militares avançariam sobre a cidade “com ou sem acordo” para atingir seu objetivo de destruir o Hamas.
No domingo, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, afirmou que o Hamas não estava levando a sério um acordo e alertou sobre “uma operação poderosa em um futuro muito próximo em Rafah”. Seus comentários foram feitos depois que o Hamas atacou o principal ponto de passagem de Israel no domingo para entregar assistência, matando três soldados.
Shoshani não disse se a próxima operação em Rafah é uma resposta à matança de domingo. Ele disse que o incidente não teria efeito sobre a quantidade de ajuda extremamente necessária que entra em Gaza porque outros pontos de passagem permanecem operacionais.
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Ele não quis comentar, no entanto, sobre os avisos dos EUA para não invadir e não deixou claro se a retirada foi coordenada com o Egito.
O Egito, um parceiro estratégico de Israel, disse que uma tomada militar israelense da fronteira entre Gaza e Egito - que deve ser desmilitarizada - ou qualquer movimento para empurrar os palestinos para o Egito ameaçaria seu acordo de paz de quatro décadas com Israel./AP e AFP