Um grupo de exilados cubanos em Miami diz estar preocupado com a situação dos presos políticos em Cuba após a crise de saúde do presidente Fidel Castro. Alguns exilados afirmam, inclusive, que nesta semana presos teriam começado a receber ameaças de morte do governo. "Estamos recebendo vários telefonemas de Cuba dizendo que os presos políticos estão sendo ameaçados. Estão dizendo que, se a revolução cubana terminar, eles vão terminar junto com ela", disse Onel Gonzales, de 36 anos, que tem um irmão de 24 anos preso em Cuba. "Os dissidentes presos estão sendo checados com mais freqüência do que antes, e dizem que o governo já tem tudo preparado para assassinar todos", afirma Gonzales. Gonzales acredita que o motivo para o suposto plano do governo cubano seria o medo de um levante dos oposicionistas. "O governo tem medo do que está acontecendo com seu líder, que, se não estiver morto, está muito doente. Portanto, o governo está sem estabilidade e acharam melhor reprimir mais os presos políticos e a revolução?, acredita. Perseguição De acordo com a Anistia Internacional, existem mais de 300 presos políticos na ilha, a maioria por fazer oposição ao governo. Ramon Saúl Sanchéz, presidente do Movimento Democracia, um grupo de exilados cubanos em Miami que luta pela democracia em Cuba, também mostrou preocupação com os seus ?companheiros de luta? na ilha. ?Vamos realizar uma vigília neste sábado para que nada aconteça com o movimento de oposição em Cuba, porque sabemos que este é um momento delicado.? Apesar de a maioria dos exilados cubanos falar em um retorno pacífico à terra natal, alguns dos que fugiram da ilha por causa de perseguição política defendem o uso da força para acabar com o regime de Fidel Castro. ?O cubano tem uma grande oportunidade agora. Em Cuba reina a calma, mas é só atirar a primeira pedra para provocar uma revolução e retirar esta pessoa (Fidel) do poder?, afirmou Miguel Saavedra, presidente da Vigília Mambisa, outra organização que defende os direitos dos cubanos baseada em Miami. ?Todo mundo sabe que a única maneira de tirar um comunista do poder é pela força. Porque nunca há democracia?, acrescentou. O presidente da Fundação Nacional Cubano-Americana, um dos grupos mais influentes de exilados, Jorge Mas Santos, pediu às Forças Armadas cubanas que estabeleçam um governo de transição cívico-militar no país e que se recusem a aceitar a transmissão temporária do cargo de Fidel a seu irmão, Raúl. ?Os militares têm a oportunidade de prestar um generoso serviço à pátria, estabelecendo uma autoridade transitória que termine com a ditadura dos irmãos Castro.? Santos admite que existem integrantes do governo cubano que são contrários à tomada de poder de Raúl. Poucos analistas acreditam, no entanto, que os militares derrubem Raúl Castro, que é o chefe das Forças Armadas. Embora não tenha o carisma nem a experiência administrativa do irmão, Raúl tem como trunfo exatamente a fidelidade dos militares, argumentam os analistas.