Explosões nesta segunda-feira, 25, abalaram a Transnístria, uma região separatista da Moldávia alinhada à Rússia que faz fronteira com a Ucrânia, e o governo local disse que um prédio de uma agência de segurança na capital da região, Tiraspol, possivelmente foi atacado com lançadores de granadas.
“As janelas dos andares superiores se romperam. Fumaça sai do local. O território ao lado está cercado por policiais”, declarou a polícia da Transnístria em um comunicado. As explosões ocorreram na segunda-feira às 12h (horário de Brasília), segundo testemunhas citadas por veículos de comunicação locais.
Em um comunicado, o Ministério de Assuntos Internos local afirmou que ninguém ficou ferido por causa do incidente. Fotos postadas nas mídias sociais, que teriam sido feitas no local, pareciam mostrar fumaça saindo de janelas quebradas com equipes de resgate nas ruas abaixo.
Enquanto os combates na Ucrânia estão concentrados no leste, a Transnístria, que abriga centenas de soldados russos e tem uma grande população de etnia russa, ocupa um local estrategicamente importante no flanco ocidental ucraniano, chegando a cerca de 40 quilômetros da principal cidade portuária do país, Odessa.
Na sexta-feira, um general russo disse que um dos objetivos atuais de Moscou na Ucrânia é estabelecer “mais um ponto de acesso” à Transnístria, uma afirmação que ecoou temores ucranianos de que a Rússia queira tomar toda a costa ucraniana do Mar Negro, incluindo Odessa, ligando-se à região da Moldávia. Especialistas militares questionaram se os comentários do general refletiam a política do Kremlin e se os militares russos poderiam realizar tal missão.
Durante os preparativos para a invasão da Ucrânia pela Rússia, autoridades ucranianas alertaram sobre as “provocações” russas, incluindo na Transnístria – ataques que, segundo ela, Moscou pode encenar, mas culpar Kiev como pretexto para uma ação militar.
A Transnístria, uma estreita faixa de terra com menos de 500 mil pessoas, se separou da Moldávia com o apoio de Moscou em uma breve guerra no início dos anos 90. Muito dependente da Rússia -- que fornece gás gratuitamente para o território -- a Transnístria enviou 1.500 militares para a região ucraniana.
O território, controlado por um governo repressivo, não é reconhecido como Estado pela comunidade internacional, inclusive pela Rússia, que, no entanto, a considera uma cabeça de ponte próxima às fronteiras da União Europeia.
Desde que a guerra na Ucrânia eclodiu, os militares da Moldávia e de Kiev estão preocupados se a Transnístria entraria na luta como base para atacar um ataque russo pelo oeste./NYT e AFP