Opinião|Explosões de pagers e walkie-talkies do Hezbollah são um prelúdio para nova guerra de Israel?


Primeiro, foram os pagers que explodiram. Depois, os walkie-talkies. O que Israel pode estar tramando?

Por Max Boot

Pessoas têm travado guerras organizadas desde o alvorecer da civilização na antiga Mesopotâmia — principalmente no atual Iraque — há mais de 6.000 anos. No entanto, nunca nesse tempo, força militar alguma experimentou o que o Hezbollah tem visto nos últimos dias.

Na terça-feira, milhares de pagers usados pela mílicia xiita libanesa explodiram, matando pelo menos 12 pessoas e ferindo quase 3.000. Na quarta-feira, mais dispositivos eletrônicos pertencentes ao Hezbollah — desta vez rádios portáteis, conhecidos como walkie-talkies — também explodiram, matando 20 pessoas e ferindo outras 300.

Israel não reivindicou oficialmente a responsabilidade por este ataque inovador e sofisticado, mas foi amplamente reportado como o autor das explosões. Agentes israelenses, aparentemente, conseguiram inserir pequenas quantidades de explosivos nos pagers e walkie-talkies antes de eles chegarem ao Hezbollah e, então, foram capazes de detoná-los remotamente via sinal de rádio. Foi um golpe de mestre da guerra clandestina que atingiu o Hezbollah em uma das principais vulnerabilidades de qualquer força de combate moderna: suas redes de comunicação.

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Imagem mostra libanesa lendo o Alcorão próximo a covas de combatentes do Hezbollah nesta quinta-feira, 19. Explosão de pagers matou uma dezena de membros da milícia xiita esta semana Foto: Hussein Malla/AP

Antes do século XIX, os exércitos tendiam a ser limitados em tamanho e concentrados em batalhas porque a única maneira de espalhar comandos era gritando ou usando mensageiros — geralmente a cavalo. O advento, primeiro, do telégrafo, depois dos telefones de campo e, então, no século XX, dos rádios bidirecionais, tornou possível para os exércitos se expandir em tamanho e manobrar por vastas distâncias enquanto permaneciam em contato com seus comandantes.

O resultado foi o tipo de guerra de movimento rápido sinônimo da blitzkrieg alemã durante a 2ª Guerra Mundial e, mais tarde, das forças israelenses na Guerra dos Seis Dias de 1967 e das forças americanas na Guerra do Golfo de 1991. Atualmente, todas as forças de combate do mundo, inclusive o Hezbollah, dependem de meios eletrônicos de comunicação. Isso, por sua vez, cria enormes vulnerabilidades que podem ser exploradas por um inimigo capaz. Na verdade, as forças dos EUA fariam bem em aprender uma lição com o que o Hezbollah acabou de vivenciar, pois seus próprios nós de comunicação poderiam ser alvo de um adversário como a China ou a Rússia em um conflito futuro.

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Hasan Nasrallah, líder do Hezbollah, já havia alertado seus agentes para evitarem telefones celulares, pois sabia que as forças de Israel, especialmente a Unidade 8200 (o equivalente à Agência de Segurança Nacional dos EUA ou ao GCHQ do Reino Unido), poderiam facilmente triangular as transmissões de celulares e matar os usuários com munições guiadas com precisão.

De fato, Fuad Shukr, um comandante sênior do Hezbollah, foi morto durante um ataque aéreo israelense em Beirute em julho, supostamente depois de lhe telefonarem e dizerem para ele ir ao seu apartamento no sétimo andar de um arranha-céu em Beirute. Pouco tempo depois, uma bomba ou míssil israelense atingiu o apartamento. Não é de se admirar Nasrallah avisando os seguidores que os celulares são “dispositivos de vigilância” e “agentes letais capazes de fornecer informações detalhadas e precisas”.

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Nasrallah, sem dúvida, acreditava que seus agentes poderiam se comunicar e se manter seguros usando walkie-talkies ou pagers. Não é bem assim, agora ele sabe. Os ataques desta semana forçarão o Hezbollah a descobrir outras maneiras de direcionar suas forças. Embora esses métodos existam, nenhum é tão eficiente quanto os dispositivos eletrônicos.

O principal líder do Hamas, Yehiya Sinwar, manteve-se vivo desde o lançamento do ataque terrorista em outubro do ano passado, adotando o uso de tecnologias antigas. Como observou o The Wall Street Journal: “Sinwar tem evitado telefonemas, mensagens de texto e outras comunicações eletrônicas que Israel pode rastrear e levaram à morte de outros militantes. Em vez disso, ele está usando um sistema complexo de mensageiros, códigos e anotações manuscritas que lhe permitem dirigir as operações do Hamas mesmo quando está escondido em túneis subterrâneos”.

Captura de vídeo mostra walkie-talkie que explodiu dentro de uma casa em Baalbek, no leste do Líbano, nesta quarta-feira, 18. Agentes israelenses implantaram milhares de explosivos nos dispositivos de comunicação Foto: Reprodução/via AP
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Isso é o melhor que Sinwar pode fazer, e é suficiente para seus objetivos, mas o Hamas tem apenas capacidades militares rudimentares após muitos meses de ataques israelenses. Ocasionalmente, os terroristas do Hamas saem dos túneis para atacar as forças israelenses, mas o Hamas não é mais capaz de realizar operações em grande escala utilizando milhares de combatentes. O Hezbollah, por outro lado, ainda é uma organização vasta que alega ter 100.000 combatentes (embora as estimativas externas coloquem o número entre 20.000 e 50.000) e emprega um arsenal de cerca de 120.000 a 200.000 foguetes e mísseis. Se Nasrallah tiver que depender de mensageiros para controlar suas forças, sua capacidade de operar com eficiência será gravemente prejudicada, especialmente se tiverem que enfrentar um ataque total de Israel.

A questão agora é se a operação de sabotagem desta semana foi um prelúdio para uma ofensiva militar israelense maior ou uma alternativa a ela. Desde o ataque do Hamas em 7 de outubro, o Hezbollah tem bombardeado o norte de Israel, forçando dezenas de milhares de civis israelenses a deixarem suas casas e provocando ataques israelenses contra as forças do Hezbollah.

A troca de acusações ameaçou se transformar em uma guerra mais ampla em várias ocasiões, mais recentemente após a morte de Shukr e do líder do Hamas, Ismael Haniyeh, em Teerã. No mês passado, Israel e o Hezbollah se afastaram da beira do abismo, pelo menos temporariamente, mas muitos membros das Forças de Defesa de Israel e do gabinete israelense estão pedindo uma ofensiva maior contra o Hezbollah para possibilitar que cerca de 60.000 israelenses retornem às suas casas no norte.

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De fato, muitos generais das Forças de Defesa de Israel querem concluir um cessar-fogo em Gaza para que possam redirecionar suas forças contra o Hezbollah. Em visita ao Comando Norte, Herzl Halevi, chefe do Estado-Maior das IDF, advertiu na quarta-feira que “estamos prontos para realmente fazer o que for necessário” para acabar com o bombardeio do Hezbollah e disse que “o preço para o Hezbollah” seria “alto”.

Até agora, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu tem evitado uma grande guerra contra o Hezbollah, preferindo se concentrar no Hamas. Mas, embora ele ainda não esteja se movendo em direção a um cessar-fogo em Gaza (medida impopular entre seus parceiros de coalizão de direita), o líder israelense agora está sinalizando apoio a um ataque maior contra o Hezbollah.

Espera-se que o Hezbollah entenda a “mensagem” de Israel com seus ataques por pager e walkie-talkies. Caso contrário, o Oriente Médio poderá ver em breve um conflito muito mais amplo e destrutivo.

Pessoas têm travado guerras organizadas desde o alvorecer da civilização na antiga Mesopotâmia — principalmente no atual Iraque — há mais de 6.000 anos. No entanto, nunca nesse tempo, força militar alguma experimentou o que o Hezbollah tem visto nos últimos dias.

Na terça-feira, milhares de pagers usados pela mílicia xiita libanesa explodiram, matando pelo menos 12 pessoas e ferindo quase 3.000. Na quarta-feira, mais dispositivos eletrônicos pertencentes ao Hezbollah — desta vez rádios portáteis, conhecidos como walkie-talkies — também explodiram, matando 20 pessoas e ferindo outras 300.

Israel não reivindicou oficialmente a responsabilidade por este ataque inovador e sofisticado, mas foi amplamente reportado como o autor das explosões. Agentes israelenses, aparentemente, conseguiram inserir pequenas quantidades de explosivos nos pagers e walkie-talkies antes de eles chegarem ao Hezbollah e, então, foram capazes de detoná-los remotamente via sinal de rádio. Foi um golpe de mestre da guerra clandestina que atingiu o Hezbollah em uma das principais vulnerabilidades de qualquer força de combate moderna: suas redes de comunicação.

Imagem mostra libanesa lendo o Alcorão próximo a covas de combatentes do Hezbollah nesta quinta-feira, 19. Explosão de pagers matou uma dezena de membros da milícia xiita esta semana Foto: Hussein Malla/AP

Antes do século XIX, os exércitos tendiam a ser limitados em tamanho e concentrados em batalhas porque a única maneira de espalhar comandos era gritando ou usando mensageiros — geralmente a cavalo. O advento, primeiro, do telégrafo, depois dos telefones de campo e, então, no século XX, dos rádios bidirecionais, tornou possível para os exércitos se expandir em tamanho e manobrar por vastas distâncias enquanto permaneciam em contato com seus comandantes.

O resultado foi o tipo de guerra de movimento rápido sinônimo da blitzkrieg alemã durante a 2ª Guerra Mundial e, mais tarde, das forças israelenses na Guerra dos Seis Dias de 1967 e das forças americanas na Guerra do Golfo de 1991. Atualmente, todas as forças de combate do mundo, inclusive o Hezbollah, dependem de meios eletrônicos de comunicação. Isso, por sua vez, cria enormes vulnerabilidades que podem ser exploradas por um inimigo capaz. Na verdade, as forças dos EUA fariam bem em aprender uma lição com o que o Hezbollah acabou de vivenciar, pois seus próprios nós de comunicação poderiam ser alvo de um adversário como a China ou a Rússia em um conflito futuro.

Hasan Nasrallah, líder do Hezbollah, já havia alertado seus agentes para evitarem telefones celulares, pois sabia que as forças de Israel, especialmente a Unidade 8200 (o equivalente à Agência de Segurança Nacional dos EUA ou ao GCHQ do Reino Unido), poderiam facilmente triangular as transmissões de celulares e matar os usuários com munições guiadas com precisão.

De fato, Fuad Shukr, um comandante sênior do Hezbollah, foi morto durante um ataque aéreo israelense em Beirute em julho, supostamente depois de lhe telefonarem e dizerem para ele ir ao seu apartamento no sétimo andar de um arranha-céu em Beirute. Pouco tempo depois, uma bomba ou míssil israelense atingiu o apartamento. Não é de se admirar Nasrallah avisando os seguidores que os celulares são “dispositivos de vigilância” e “agentes letais capazes de fornecer informações detalhadas e precisas”.

Nasrallah, sem dúvida, acreditava que seus agentes poderiam se comunicar e se manter seguros usando walkie-talkies ou pagers. Não é bem assim, agora ele sabe. Os ataques desta semana forçarão o Hezbollah a descobrir outras maneiras de direcionar suas forças. Embora esses métodos existam, nenhum é tão eficiente quanto os dispositivos eletrônicos.

O principal líder do Hamas, Yehiya Sinwar, manteve-se vivo desde o lançamento do ataque terrorista em outubro do ano passado, adotando o uso de tecnologias antigas. Como observou o The Wall Street Journal: “Sinwar tem evitado telefonemas, mensagens de texto e outras comunicações eletrônicas que Israel pode rastrear e levaram à morte de outros militantes. Em vez disso, ele está usando um sistema complexo de mensageiros, códigos e anotações manuscritas que lhe permitem dirigir as operações do Hamas mesmo quando está escondido em túneis subterrâneos”.

Captura de vídeo mostra walkie-talkie que explodiu dentro de uma casa em Baalbek, no leste do Líbano, nesta quarta-feira, 18. Agentes israelenses implantaram milhares de explosivos nos dispositivos de comunicação Foto: Reprodução/via AP

Isso é o melhor que Sinwar pode fazer, e é suficiente para seus objetivos, mas o Hamas tem apenas capacidades militares rudimentares após muitos meses de ataques israelenses. Ocasionalmente, os terroristas do Hamas saem dos túneis para atacar as forças israelenses, mas o Hamas não é mais capaz de realizar operações em grande escala utilizando milhares de combatentes. O Hezbollah, por outro lado, ainda é uma organização vasta que alega ter 100.000 combatentes (embora as estimativas externas coloquem o número entre 20.000 e 50.000) e emprega um arsenal de cerca de 120.000 a 200.000 foguetes e mísseis. Se Nasrallah tiver que depender de mensageiros para controlar suas forças, sua capacidade de operar com eficiência será gravemente prejudicada, especialmente se tiverem que enfrentar um ataque total de Israel.

A questão agora é se a operação de sabotagem desta semana foi um prelúdio para uma ofensiva militar israelense maior ou uma alternativa a ela. Desde o ataque do Hamas em 7 de outubro, o Hezbollah tem bombardeado o norte de Israel, forçando dezenas de milhares de civis israelenses a deixarem suas casas e provocando ataques israelenses contra as forças do Hezbollah.

A troca de acusações ameaçou se transformar em uma guerra mais ampla em várias ocasiões, mais recentemente após a morte de Shukr e do líder do Hamas, Ismael Haniyeh, em Teerã. No mês passado, Israel e o Hezbollah se afastaram da beira do abismo, pelo menos temporariamente, mas muitos membros das Forças de Defesa de Israel e do gabinete israelense estão pedindo uma ofensiva maior contra o Hezbollah para possibilitar que cerca de 60.000 israelenses retornem às suas casas no norte.

De fato, muitos generais das Forças de Defesa de Israel querem concluir um cessar-fogo em Gaza para que possam redirecionar suas forças contra o Hezbollah. Em visita ao Comando Norte, Herzl Halevi, chefe do Estado-Maior das IDF, advertiu na quarta-feira que “estamos prontos para realmente fazer o que for necessário” para acabar com o bombardeio do Hezbollah e disse que “o preço para o Hezbollah” seria “alto”.

Até agora, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu tem evitado uma grande guerra contra o Hezbollah, preferindo se concentrar no Hamas. Mas, embora ele ainda não esteja se movendo em direção a um cessar-fogo em Gaza (medida impopular entre seus parceiros de coalizão de direita), o líder israelense agora está sinalizando apoio a um ataque maior contra o Hezbollah.

Espera-se que o Hezbollah entenda a “mensagem” de Israel com seus ataques por pager e walkie-talkies. Caso contrário, o Oriente Médio poderá ver em breve um conflito muito mais amplo e destrutivo.

Pessoas têm travado guerras organizadas desde o alvorecer da civilização na antiga Mesopotâmia — principalmente no atual Iraque — há mais de 6.000 anos. No entanto, nunca nesse tempo, força militar alguma experimentou o que o Hezbollah tem visto nos últimos dias.

Na terça-feira, milhares de pagers usados pela mílicia xiita libanesa explodiram, matando pelo menos 12 pessoas e ferindo quase 3.000. Na quarta-feira, mais dispositivos eletrônicos pertencentes ao Hezbollah — desta vez rádios portáteis, conhecidos como walkie-talkies — também explodiram, matando 20 pessoas e ferindo outras 300.

Israel não reivindicou oficialmente a responsabilidade por este ataque inovador e sofisticado, mas foi amplamente reportado como o autor das explosões. Agentes israelenses, aparentemente, conseguiram inserir pequenas quantidades de explosivos nos pagers e walkie-talkies antes de eles chegarem ao Hezbollah e, então, foram capazes de detoná-los remotamente via sinal de rádio. Foi um golpe de mestre da guerra clandestina que atingiu o Hezbollah em uma das principais vulnerabilidades de qualquer força de combate moderna: suas redes de comunicação.

Imagem mostra libanesa lendo o Alcorão próximo a covas de combatentes do Hezbollah nesta quinta-feira, 19. Explosão de pagers matou uma dezena de membros da milícia xiita esta semana Foto: Hussein Malla/AP

Antes do século XIX, os exércitos tendiam a ser limitados em tamanho e concentrados em batalhas porque a única maneira de espalhar comandos era gritando ou usando mensageiros — geralmente a cavalo. O advento, primeiro, do telégrafo, depois dos telefones de campo e, então, no século XX, dos rádios bidirecionais, tornou possível para os exércitos se expandir em tamanho e manobrar por vastas distâncias enquanto permaneciam em contato com seus comandantes.

O resultado foi o tipo de guerra de movimento rápido sinônimo da blitzkrieg alemã durante a 2ª Guerra Mundial e, mais tarde, das forças israelenses na Guerra dos Seis Dias de 1967 e das forças americanas na Guerra do Golfo de 1991. Atualmente, todas as forças de combate do mundo, inclusive o Hezbollah, dependem de meios eletrônicos de comunicação. Isso, por sua vez, cria enormes vulnerabilidades que podem ser exploradas por um inimigo capaz. Na verdade, as forças dos EUA fariam bem em aprender uma lição com o que o Hezbollah acabou de vivenciar, pois seus próprios nós de comunicação poderiam ser alvo de um adversário como a China ou a Rússia em um conflito futuro.

Hasan Nasrallah, líder do Hezbollah, já havia alertado seus agentes para evitarem telefones celulares, pois sabia que as forças de Israel, especialmente a Unidade 8200 (o equivalente à Agência de Segurança Nacional dos EUA ou ao GCHQ do Reino Unido), poderiam facilmente triangular as transmissões de celulares e matar os usuários com munições guiadas com precisão.

De fato, Fuad Shukr, um comandante sênior do Hezbollah, foi morto durante um ataque aéreo israelense em Beirute em julho, supostamente depois de lhe telefonarem e dizerem para ele ir ao seu apartamento no sétimo andar de um arranha-céu em Beirute. Pouco tempo depois, uma bomba ou míssil israelense atingiu o apartamento. Não é de se admirar Nasrallah avisando os seguidores que os celulares são “dispositivos de vigilância” e “agentes letais capazes de fornecer informações detalhadas e precisas”.

Nasrallah, sem dúvida, acreditava que seus agentes poderiam se comunicar e se manter seguros usando walkie-talkies ou pagers. Não é bem assim, agora ele sabe. Os ataques desta semana forçarão o Hezbollah a descobrir outras maneiras de direcionar suas forças. Embora esses métodos existam, nenhum é tão eficiente quanto os dispositivos eletrônicos.

O principal líder do Hamas, Yehiya Sinwar, manteve-se vivo desde o lançamento do ataque terrorista em outubro do ano passado, adotando o uso de tecnologias antigas. Como observou o The Wall Street Journal: “Sinwar tem evitado telefonemas, mensagens de texto e outras comunicações eletrônicas que Israel pode rastrear e levaram à morte de outros militantes. Em vez disso, ele está usando um sistema complexo de mensageiros, códigos e anotações manuscritas que lhe permitem dirigir as operações do Hamas mesmo quando está escondido em túneis subterrâneos”.

Captura de vídeo mostra walkie-talkie que explodiu dentro de uma casa em Baalbek, no leste do Líbano, nesta quarta-feira, 18. Agentes israelenses implantaram milhares de explosivos nos dispositivos de comunicação Foto: Reprodução/via AP

Isso é o melhor que Sinwar pode fazer, e é suficiente para seus objetivos, mas o Hamas tem apenas capacidades militares rudimentares após muitos meses de ataques israelenses. Ocasionalmente, os terroristas do Hamas saem dos túneis para atacar as forças israelenses, mas o Hamas não é mais capaz de realizar operações em grande escala utilizando milhares de combatentes. O Hezbollah, por outro lado, ainda é uma organização vasta que alega ter 100.000 combatentes (embora as estimativas externas coloquem o número entre 20.000 e 50.000) e emprega um arsenal de cerca de 120.000 a 200.000 foguetes e mísseis. Se Nasrallah tiver que depender de mensageiros para controlar suas forças, sua capacidade de operar com eficiência será gravemente prejudicada, especialmente se tiverem que enfrentar um ataque total de Israel.

A questão agora é se a operação de sabotagem desta semana foi um prelúdio para uma ofensiva militar israelense maior ou uma alternativa a ela. Desde o ataque do Hamas em 7 de outubro, o Hezbollah tem bombardeado o norte de Israel, forçando dezenas de milhares de civis israelenses a deixarem suas casas e provocando ataques israelenses contra as forças do Hezbollah.

A troca de acusações ameaçou se transformar em uma guerra mais ampla em várias ocasiões, mais recentemente após a morte de Shukr e do líder do Hamas, Ismael Haniyeh, em Teerã. No mês passado, Israel e o Hezbollah se afastaram da beira do abismo, pelo menos temporariamente, mas muitos membros das Forças de Defesa de Israel e do gabinete israelense estão pedindo uma ofensiva maior contra o Hezbollah para possibilitar que cerca de 60.000 israelenses retornem às suas casas no norte.

De fato, muitos generais das Forças de Defesa de Israel querem concluir um cessar-fogo em Gaza para que possam redirecionar suas forças contra o Hezbollah. Em visita ao Comando Norte, Herzl Halevi, chefe do Estado-Maior das IDF, advertiu na quarta-feira que “estamos prontos para realmente fazer o que for necessário” para acabar com o bombardeio do Hezbollah e disse que “o preço para o Hezbollah” seria “alto”.

Até agora, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu tem evitado uma grande guerra contra o Hezbollah, preferindo se concentrar no Hamas. Mas, embora ele ainda não esteja se movendo em direção a um cessar-fogo em Gaza (medida impopular entre seus parceiros de coalizão de direita), o líder israelense agora está sinalizando apoio a um ataque maior contra o Hezbollah.

Espera-se que o Hezbollah entenda a “mensagem” de Israel com seus ataques por pager e walkie-talkies. Caso contrário, o Oriente Médio poderá ver em breve um conflito muito mais amplo e destrutivo.

Pessoas têm travado guerras organizadas desde o alvorecer da civilização na antiga Mesopotâmia — principalmente no atual Iraque — há mais de 6.000 anos. No entanto, nunca nesse tempo, força militar alguma experimentou o que o Hezbollah tem visto nos últimos dias.

Na terça-feira, milhares de pagers usados pela mílicia xiita libanesa explodiram, matando pelo menos 12 pessoas e ferindo quase 3.000. Na quarta-feira, mais dispositivos eletrônicos pertencentes ao Hezbollah — desta vez rádios portáteis, conhecidos como walkie-talkies — também explodiram, matando 20 pessoas e ferindo outras 300.

Israel não reivindicou oficialmente a responsabilidade por este ataque inovador e sofisticado, mas foi amplamente reportado como o autor das explosões. Agentes israelenses, aparentemente, conseguiram inserir pequenas quantidades de explosivos nos pagers e walkie-talkies antes de eles chegarem ao Hezbollah e, então, foram capazes de detoná-los remotamente via sinal de rádio. Foi um golpe de mestre da guerra clandestina que atingiu o Hezbollah em uma das principais vulnerabilidades de qualquer força de combate moderna: suas redes de comunicação.

Imagem mostra libanesa lendo o Alcorão próximo a covas de combatentes do Hezbollah nesta quinta-feira, 19. Explosão de pagers matou uma dezena de membros da milícia xiita esta semana Foto: Hussein Malla/AP

Antes do século XIX, os exércitos tendiam a ser limitados em tamanho e concentrados em batalhas porque a única maneira de espalhar comandos era gritando ou usando mensageiros — geralmente a cavalo. O advento, primeiro, do telégrafo, depois dos telefones de campo e, então, no século XX, dos rádios bidirecionais, tornou possível para os exércitos se expandir em tamanho e manobrar por vastas distâncias enquanto permaneciam em contato com seus comandantes.

O resultado foi o tipo de guerra de movimento rápido sinônimo da blitzkrieg alemã durante a 2ª Guerra Mundial e, mais tarde, das forças israelenses na Guerra dos Seis Dias de 1967 e das forças americanas na Guerra do Golfo de 1991. Atualmente, todas as forças de combate do mundo, inclusive o Hezbollah, dependem de meios eletrônicos de comunicação. Isso, por sua vez, cria enormes vulnerabilidades que podem ser exploradas por um inimigo capaz. Na verdade, as forças dos EUA fariam bem em aprender uma lição com o que o Hezbollah acabou de vivenciar, pois seus próprios nós de comunicação poderiam ser alvo de um adversário como a China ou a Rússia em um conflito futuro.

Hasan Nasrallah, líder do Hezbollah, já havia alertado seus agentes para evitarem telefones celulares, pois sabia que as forças de Israel, especialmente a Unidade 8200 (o equivalente à Agência de Segurança Nacional dos EUA ou ao GCHQ do Reino Unido), poderiam facilmente triangular as transmissões de celulares e matar os usuários com munições guiadas com precisão.

De fato, Fuad Shukr, um comandante sênior do Hezbollah, foi morto durante um ataque aéreo israelense em Beirute em julho, supostamente depois de lhe telefonarem e dizerem para ele ir ao seu apartamento no sétimo andar de um arranha-céu em Beirute. Pouco tempo depois, uma bomba ou míssil israelense atingiu o apartamento. Não é de se admirar Nasrallah avisando os seguidores que os celulares são “dispositivos de vigilância” e “agentes letais capazes de fornecer informações detalhadas e precisas”.

Nasrallah, sem dúvida, acreditava que seus agentes poderiam se comunicar e se manter seguros usando walkie-talkies ou pagers. Não é bem assim, agora ele sabe. Os ataques desta semana forçarão o Hezbollah a descobrir outras maneiras de direcionar suas forças. Embora esses métodos existam, nenhum é tão eficiente quanto os dispositivos eletrônicos.

O principal líder do Hamas, Yehiya Sinwar, manteve-se vivo desde o lançamento do ataque terrorista em outubro do ano passado, adotando o uso de tecnologias antigas. Como observou o The Wall Street Journal: “Sinwar tem evitado telefonemas, mensagens de texto e outras comunicações eletrônicas que Israel pode rastrear e levaram à morte de outros militantes. Em vez disso, ele está usando um sistema complexo de mensageiros, códigos e anotações manuscritas que lhe permitem dirigir as operações do Hamas mesmo quando está escondido em túneis subterrâneos”.

Captura de vídeo mostra walkie-talkie que explodiu dentro de uma casa em Baalbek, no leste do Líbano, nesta quarta-feira, 18. Agentes israelenses implantaram milhares de explosivos nos dispositivos de comunicação Foto: Reprodução/via AP

Isso é o melhor que Sinwar pode fazer, e é suficiente para seus objetivos, mas o Hamas tem apenas capacidades militares rudimentares após muitos meses de ataques israelenses. Ocasionalmente, os terroristas do Hamas saem dos túneis para atacar as forças israelenses, mas o Hamas não é mais capaz de realizar operações em grande escala utilizando milhares de combatentes. O Hezbollah, por outro lado, ainda é uma organização vasta que alega ter 100.000 combatentes (embora as estimativas externas coloquem o número entre 20.000 e 50.000) e emprega um arsenal de cerca de 120.000 a 200.000 foguetes e mísseis. Se Nasrallah tiver que depender de mensageiros para controlar suas forças, sua capacidade de operar com eficiência será gravemente prejudicada, especialmente se tiverem que enfrentar um ataque total de Israel.

A questão agora é se a operação de sabotagem desta semana foi um prelúdio para uma ofensiva militar israelense maior ou uma alternativa a ela. Desde o ataque do Hamas em 7 de outubro, o Hezbollah tem bombardeado o norte de Israel, forçando dezenas de milhares de civis israelenses a deixarem suas casas e provocando ataques israelenses contra as forças do Hezbollah.

A troca de acusações ameaçou se transformar em uma guerra mais ampla em várias ocasiões, mais recentemente após a morte de Shukr e do líder do Hamas, Ismael Haniyeh, em Teerã. No mês passado, Israel e o Hezbollah se afastaram da beira do abismo, pelo menos temporariamente, mas muitos membros das Forças de Defesa de Israel e do gabinete israelense estão pedindo uma ofensiva maior contra o Hezbollah para possibilitar que cerca de 60.000 israelenses retornem às suas casas no norte.

De fato, muitos generais das Forças de Defesa de Israel querem concluir um cessar-fogo em Gaza para que possam redirecionar suas forças contra o Hezbollah. Em visita ao Comando Norte, Herzl Halevi, chefe do Estado-Maior das IDF, advertiu na quarta-feira que “estamos prontos para realmente fazer o que for necessário” para acabar com o bombardeio do Hezbollah e disse que “o preço para o Hezbollah” seria “alto”.

Até agora, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu tem evitado uma grande guerra contra o Hezbollah, preferindo se concentrar no Hamas. Mas, embora ele ainda não esteja se movendo em direção a um cessar-fogo em Gaza (medida impopular entre seus parceiros de coalizão de direita), o líder israelense agora está sinalizando apoio a um ataque maior contra o Hezbollah.

Espera-se que o Hezbollah entenda a “mensagem” de Israel com seus ataques por pager e walkie-talkies. Caso contrário, o Oriente Médio poderá ver em breve um conflito muito mais amplo e destrutivo.

Pessoas têm travado guerras organizadas desde o alvorecer da civilização na antiga Mesopotâmia — principalmente no atual Iraque — há mais de 6.000 anos. No entanto, nunca nesse tempo, força militar alguma experimentou o que o Hezbollah tem visto nos últimos dias.

Na terça-feira, milhares de pagers usados pela mílicia xiita libanesa explodiram, matando pelo menos 12 pessoas e ferindo quase 3.000. Na quarta-feira, mais dispositivos eletrônicos pertencentes ao Hezbollah — desta vez rádios portáteis, conhecidos como walkie-talkies — também explodiram, matando 20 pessoas e ferindo outras 300.

Israel não reivindicou oficialmente a responsabilidade por este ataque inovador e sofisticado, mas foi amplamente reportado como o autor das explosões. Agentes israelenses, aparentemente, conseguiram inserir pequenas quantidades de explosivos nos pagers e walkie-talkies antes de eles chegarem ao Hezbollah e, então, foram capazes de detoná-los remotamente via sinal de rádio. Foi um golpe de mestre da guerra clandestina que atingiu o Hezbollah em uma das principais vulnerabilidades de qualquer força de combate moderna: suas redes de comunicação.

Imagem mostra libanesa lendo o Alcorão próximo a covas de combatentes do Hezbollah nesta quinta-feira, 19. Explosão de pagers matou uma dezena de membros da milícia xiita esta semana Foto: Hussein Malla/AP

Antes do século XIX, os exércitos tendiam a ser limitados em tamanho e concentrados em batalhas porque a única maneira de espalhar comandos era gritando ou usando mensageiros — geralmente a cavalo. O advento, primeiro, do telégrafo, depois dos telefones de campo e, então, no século XX, dos rádios bidirecionais, tornou possível para os exércitos se expandir em tamanho e manobrar por vastas distâncias enquanto permaneciam em contato com seus comandantes.

O resultado foi o tipo de guerra de movimento rápido sinônimo da blitzkrieg alemã durante a 2ª Guerra Mundial e, mais tarde, das forças israelenses na Guerra dos Seis Dias de 1967 e das forças americanas na Guerra do Golfo de 1991. Atualmente, todas as forças de combate do mundo, inclusive o Hezbollah, dependem de meios eletrônicos de comunicação. Isso, por sua vez, cria enormes vulnerabilidades que podem ser exploradas por um inimigo capaz. Na verdade, as forças dos EUA fariam bem em aprender uma lição com o que o Hezbollah acabou de vivenciar, pois seus próprios nós de comunicação poderiam ser alvo de um adversário como a China ou a Rússia em um conflito futuro.

Hasan Nasrallah, líder do Hezbollah, já havia alertado seus agentes para evitarem telefones celulares, pois sabia que as forças de Israel, especialmente a Unidade 8200 (o equivalente à Agência de Segurança Nacional dos EUA ou ao GCHQ do Reino Unido), poderiam facilmente triangular as transmissões de celulares e matar os usuários com munições guiadas com precisão.

De fato, Fuad Shukr, um comandante sênior do Hezbollah, foi morto durante um ataque aéreo israelense em Beirute em julho, supostamente depois de lhe telefonarem e dizerem para ele ir ao seu apartamento no sétimo andar de um arranha-céu em Beirute. Pouco tempo depois, uma bomba ou míssil israelense atingiu o apartamento. Não é de se admirar Nasrallah avisando os seguidores que os celulares são “dispositivos de vigilância” e “agentes letais capazes de fornecer informações detalhadas e precisas”.

Nasrallah, sem dúvida, acreditava que seus agentes poderiam se comunicar e se manter seguros usando walkie-talkies ou pagers. Não é bem assim, agora ele sabe. Os ataques desta semana forçarão o Hezbollah a descobrir outras maneiras de direcionar suas forças. Embora esses métodos existam, nenhum é tão eficiente quanto os dispositivos eletrônicos.

O principal líder do Hamas, Yehiya Sinwar, manteve-se vivo desde o lançamento do ataque terrorista em outubro do ano passado, adotando o uso de tecnologias antigas. Como observou o The Wall Street Journal: “Sinwar tem evitado telefonemas, mensagens de texto e outras comunicações eletrônicas que Israel pode rastrear e levaram à morte de outros militantes. Em vez disso, ele está usando um sistema complexo de mensageiros, códigos e anotações manuscritas que lhe permitem dirigir as operações do Hamas mesmo quando está escondido em túneis subterrâneos”.

Captura de vídeo mostra walkie-talkie que explodiu dentro de uma casa em Baalbek, no leste do Líbano, nesta quarta-feira, 18. Agentes israelenses implantaram milhares de explosivos nos dispositivos de comunicação Foto: Reprodução/via AP

Isso é o melhor que Sinwar pode fazer, e é suficiente para seus objetivos, mas o Hamas tem apenas capacidades militares rudimentares após muitos meses de ataques israelenses. Ocasionalmente, os terroristas do Hamas saem dos túneis para atacar as forças israelenses, mas o Hamas não é mais capaz de realizar operações em grande escala utilizando milhares de combatentes. O Hezbollah, por outro lado, ainda é uma organização vasta que alega ter 100.000 combatentes (embora as estimativas externas coloquem o número entre 20.000 e 50.000) e emprega um arsenal de cerca de 120.000 a 200.000 foguetes e mísseis. Se Nasrallah tiver que depender de mensageiros para controlar suas forças, sua capacidade de operar com eficiência será gravemente prejudicada, especialmente se tiverem que enfrentar um ataque total de Israel.

A questão agora é se a operação de sabotagem desta semana foi um prelúdio para uma ofensiva militar israelense maior ou uma alternativa a ela. Desde o ataque do Hamas em 7 de outubro, o Hezbollah tem bombardeado o norte de Israel, forçando dezenas de milhares de civis israelenses a deixarem suas casas e provocando ataques israelenses contra as forças do Hezbollah.

A troca de acusações ameaçou se transformar em uma guerra mais ampla em várias ocasiões, mais recentemente após a morte de Shukr e do líder do Hamas, Ismael Haniyeh, em Teerã. No mês passado, Israel e o Hezbollah se afastaram da beira do abismo, pelo menos temporariamente, mas muitos membros das Forças de Defesa de Israel e do gabinete israelense estão pedindo uma ofensiva maior contra o Hezbollah para possibilitar que cerca de 60.000 israelenses retornem às suas casas no norte.

De fato, muitos generais das Forças de Defesa de Israel querem concluir um cessar-fogo em Gaza para que possam redirecionar suas forças contra o Hezbollah. Em visita ao Comando Norte, Herzl Halevi, chefe do Estado-Maior das IDF, advertiu na quarta-feira que “estamos prontos para realmente fazer o que for necessário” para acabar com o bombardeio do Hezbollah e disse que “o preço para o Hezbollah” seria “alto”.

Até agora, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu tem evitado uma grande guerra contra o Hezbollah, preferindo se concentrar no Hamas. Mas, embora ele ainda não esteja se movendo em direção a um cessar-fogo em Gaza (medida impopular entre seus parceiros de coalizão de direita), o líder israelense agora está sinalizando apoio a um ataque maior contra o Hezbollah.

Espera-se que o Hezbollah entenda a “mensagem” de Israel com seus ataques por pager e walkie-talkies. Caso contrário, o Oriente Médio poderá ver em breve um conflito muito mais amplo e destrutivo.

Opinião por Max Boot

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