Em meio à disputa entre o Twitter e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, afirmou acreditar que o "Facebook não deve ser o árbitro da verdade de tudo o que as pessoas dizem online".
As declarações foram dadas em entrevista à Fox News na quarta-feira, 27, após Trump ter alertado empresas de mídias sociais que o governo federal poderia "regular fortemente" ou até "fechá-las" se continuassem a "silenciar vozes conservadoras".
"As empresas privadas provavelmente não deveriam estar, especialmente essas empresas de plataformas, não deveriam estar em posição de fazer isso", disse Zuckerberg. O empresário afirmou entender o que o governo gostaria de fazer, mas discordou. "Acredito que um governo escolher censurar uma plataforma porque está preocupado com censura não me parece exatamente a reflexão correta".
Horas depois, o CEO do Twitter, Jack Dorsey, respondeu que a plataforma vai continuar a mostrar informações incorretas sobre eleições no mundo. "Isso não nos torna um 'árbitro da verdade'. Nossa intenção é conectar os pontos de declarações conflitantes e mostrar as informações em disputa para que as pessoas possam julgar por si mesmas", escreveu.
Para Dorsey, mais transparência é fundamental para que as pessoas possam ver claramente o porquê das ações da rede social usada por líderes mundo afora. Na terça-feira, o Twitter marcou pela primeira vez com um alerta para que seus usuários checassem publicações do presidente americano. As mensagens incorretas se referiam à votação nas eleições presidenciais de novembro deste ano.
Trump sugere que exista fraude no envio das cédulas aos eleitores pelos correios. Abaixo das duas postagens de Trump, que tem 80 milhões de seguidores, o Twitter inseriu um ponto de exclamação azul com um link, aconselhando os leitores a "obter informações sobre as cédulas por correio".
O link redireciona os usuários para uma página com uma mensagem do próprio Twitter e com notícias de veículos como The Washington Post e CNN que desmentem as alegações do presidente.
Um porta-voz do Twitter, citado pelo jornal The New York Times, afirmou que as marcas nos dois posts foram incluídas porque os tuítes “contêm informações potencialmente enganosas sobre os processos de votação, e foram marcados para fornecer um contexto adicional”.
A rede social confirmou que foi a primeira vez que sinalizou tuítes de Trump, medida alinhada com a nova política da empresa para alertar sobre fake news. As regras foram introduzidas este ano, inicialmente para lidar notícias não confiáveis sobre o coronavírus.
Embora o presidente dos EUA frequentemente use sua conta para fazer declarações questionáveis e lançar ataques pessoais, o Twitter vinha resistindo a agir contra Trump, sob o argumento de que permitir tuítes controversos de políticos incentiva a discussão e ajuda a responsabilizá-los.
Nós últimos meses, porém, tem aumentando a pressão popular e política para que as redes sociais ajam contra a disseminação de fake news. Governos em todo o mundo passaram a exigir das empresas de mídias sociais regulamentações mais rígidas para evitar a propagação desse tipo de conteúdo. / The New York Times e Washington Post