O Chipre anunciou que um segundo navio de ajuda humanitária está pronto para partir rumo à Faixa de Gaza, com 240 toneladas de alimentos a serem destinados para aliviar a crise humanitária no enclave, cinco meses após o início da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas.
As condições meteorológicas previstas “de domingo até o final da próxima semana”, no entanto, provavelmente atrasarão o envio, afirmou a World Central Kitchen (WCK), instituição de caridade fundada pelo chef de cozinha José Andrés, que faz parte da organização da missão.
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As negociações por cessar-fogo em Gaza devem ser retomadas neste domingo, 17, no Catar. Além dos bombardeios e dos combates, a ONU teme a fome generalizada no enclave, especialmente no norte, devastado pela guerra e de difícil acesso. A situação é tão dramática que “os médicos já não veem bebês de tamanho normal”, afirmou Dominic Allen, chefe do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) para os territórios palestinos.
Um primeiro navio de ajuda humanitária terminou de descarregar no sábado, 16, 200 toneladas de alimentos para a população do território. A ajuda, descarregada via um cais temporário, está sendo “preparada para a distribuição”, afirmou a WCK, e inclui arroz, farinha, lentilha, feijão, atum e carne enlatada. A instituição não especificou quando será distribuída a ajuda, que será utilizada para preparar refeições para os habitantes do norte da Faixa de Gaza, onde a situação humanitária é especialmente catastrófica.
Operado pela ONG espanhola Open Arms, esse primeiro navio partiu rumo à Faixa de Gaza a partir do porto de Lárnaca, no Chipre, inaugurando um corredor marítimo aberto por iniciativa da União Europeia com apoio de outros países. O navio deixou o Chipre na terça-feira, 12, rebocando uma barcaça carregada com alimentos enviados pela WCK, e chegou na sexta-feira, 15, ao território palestino. O Exército israelense afirmou que a embarcação foi submetida a um “controle de segurança completo” e que enviou tropas “para proteger a área” onde a ajuda foi descarregada, na costa sudoeste da Cidade de Gaza.
O corredor marítimo foi uma das soluções apontadas pela comunidade internacional para combater a fome em Gaza, em resposta à falta de ajuda que chega por terra. A comunidade internacional e ONGs alertam, no entanto, que a ajuda enviada pelo mar ou pelo ar será sempre muito inferior àquela que pode ser encaminhada por terra.
A guerra em Gaza foi desencadeada pelo ataque do grupo terrorista Hamas em 7 de outubro, quando seus terroristas mataram cerca de 1.160 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses. Além disso, cerca de 250 pessoas foram sequestradas. Segundo Israel, 130 ainda estão retidas em Gaza, das quais 32 podem estar mortas. Em resposta, Israel prometeu “aniquilar” o grupo terrorista Hamas e lançou uma ofensiva que matou 31.553 pessoas na Faixa de Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território, que é controlado pelo grupo terrorista Hamas.
Enquanto uma trégua é negociada nos bastidores, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, aprovou os “planos de ação” do Exército para realizar uma operação terrestre em Rafah, onde, segundo a ONU, estão aglomeradas quase 1,5 milhão de pessoas, a maioria deslocada pela guerra. “O Exército israelense está pronto para a parte operacional e para a retirada da população”, afirmou seu gabinete.
Essa operação, há muito anunciada, gera preocupação internacional, mesmo entre os principais aliados de Israel, como os Estados Unidos. O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, instou Israel a desistir, “em nome da humanidade”, de seus planos de invadir Rafah. / AFP