A família do presidente americano Joe Biden o encorajou a seguir na campanha à reeleição apesar do desempenho considerado desastroso no primeiro embate direto contra Donald Trump. Algumas pessoas próximas ao democrata criticam os assessores pelo resultado do debate.
Biden se reuniu com a mulher Jill, os filhos e os netos no fim de semana em Camp David, em Maryland, o retiro dos presidentes dos Estados Unidos. Embora reconheçam que ele se saiu mal no debate, a família acredita que ele ainda pode mostrar ser capaz de governar o país por mais quatro anos.
Um dos mais enfáticos na defesa de que o presidente deve se manter na disputa foi filho Hunter Biden, disse uma das pessoas com conhecimento sobre as discussões, que falou sob condição de anonimato. A família passou a mensagem de que está unida e alguns tentam descobrir como podem ser úteis na campanha. Um dos netos teria expressado interesse em se envolver mais e conversar com influenciadores.
Alguns familiares se voltaram contra os assessores Ron Klain, Anita Dunn e Bob Bauer, criticados pelo desempenho de Biden no debate. Membros da família questionaram por que Biden foi sobrecarregado com estatísticas na preparação e parecia pálido com a maquiagem, embora tivesse chegado bronzeado a Atlanta, palco do embate com Trump.
Pessoas com conhecimento sobre as discussões, no entanto, afirmam que Joe e Jill Biden não endossaram as críticas aos assessores. Não há, até o momento, indícios de que ele fará trocas na equipe da campanha.
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Publicamente, John Morgan, importante doador democrata próximo do irmão de Biden, Frank, culpou os assessores pela preparação. “Seria como se você pegasse um boxeador que ia ter uma luta pelo título e o colocasse em uma sauna por 15 horas e então dissesse: ‘Vá lutar’”, disse. “Eu acredito que o debate é somente sobre Ron Klain, Bob Bauer e Anita Dunn.”
Entre os democratas, contudo, há quem diga sob reserva que é injusto culpar os assessores pelas falhas do presidente.
Biden admitiu, inclusive publicamente, ter se saído mal no debate, que deixou o partido em pânico. O presidente se confundiu em alguns momentos e teve dificuldades para completar respostas chegando a “congelar” enquanto criticava as políticas fiscais de Trump.
O desempenho aumentou a pressão para que o presidente, de 81 anos, abrisse mão da disputa antes da convenção nacional do partido. Uma pesquisa divulgada pela CBS News depois do debate mostrou que apenas 27% dos eleitores consideram que Biden tem saúde mental para atuar como presidente dos Estados Unidos. Antes do debate, o número era de 35%. No recorte dos eleitores democratas, 45% afirmam que presidente não deveria tentar a reeleição.
Apesar da pressão, no entanto, a campanha rejeita a possibilidade de Biden deixar a disputa. Pessoas próximas ao presidente afirmam que ele é um homem orgulhoso e não deve desistir, a menos que encontre uma saída digna.
Depois do desastre, Biden tem discutido com os seus conselheiros o que fazer para mudar a narrativa. Entrevistas estão entre as opções na mesa, mas nada foi decidido. Nos últimos dias, ele e sua equipe buscaram os doares de campanha para evitar que abandonem o barco e aliados saíram em defesa do líder democrata na TV americana
Em comício na Carolina do Norte, no dia seguinte ao debate, Biden reagiu ao crescente questionamento sobre a sua aptidão para ocupar a Casa Branca. “Sei que não sou um homem jovem, para dizer o óbvio”, disse aplaudido por apoiadores.
“Eu sei que não ando tão rápido como antes, apesar de ter apenas 40 anos (risos). Não falo tão bem como antes. Não debato tão bem como no passado. Mas aqui está o que eu sei: sei como dizer a verdade. Eu sei o certo do errado. Eu sei como fazer esse trabalho”, concluiu./NY TIMES