Poderia-se suspeitar de forças ocultas. Merkel está na reta final de sua vida política, já abdicou de uma nova candidatura para permanecer na direção do CDU. Quando isso foi anunciado, os abutres, muitos anos calados pela mão de ferro da chanceler, saíram voando de suas tocas e começaram a briga pela chefia do partido. A dinâmica se semelha a uma montanha russa na disputa de quem chega mais rápido. A ida para Buenos Aires será a última de sua carreira política no contexto do G20.
A pane
O avião do Exército alemão (Bundeswehr) deixou a Base Militar do Aeroporto de Tegel em direção a capital Argentina, onde lideres mais e menos democráticos e legitimados tem na pauta temas de grande importância como o assassinato do jornalista Khashoggi na embaixada da Arábia Saudita, a crise na Ucrânia, a Guerra Comercial entre grandes potências, entre outros terá que ser iniciada sem a líder da mais robusta economia da UE.
Uma hora depois de decolar de Berlim, o avião mais importante do exército e que carrega o nome de Konrad Adenaier, o primeiro chanceler alemão e do tipo Airbus 340, teve falha total no sistema de comunicação e perdeu, por completo, o contato com qualquer lugar. Este quadro é tido na aviação como "Acidente Perigoso".
No momento em que o defeito foi constatado pelos pilotos, a aeronave, que levava uma vasta comitiva entre representantes de empresas do cacife de Global Player, jornalistas além da chanceler e seu Ministro das Finanças, o social democrata Olaf Schulz, sobrevoava a Holanda, informa o Portal Spiegel Online.
Sucata
Normalmente a chanceler tem um avião reserva para casos de pane, porem na noite de quinta-feira (29), a aronave-reserva se encontrava em Berlim. Por que, só Deus sabe. Provavelmente um erro crasso de planejamento logístico. O piloto achou por demais arriscado voltar a Berlim com o sistema de comunicação morto. Foi somente através de um telefone satélite que os pilotos conseguiram contactar a Torre do Aeroporto de Bonna-Colônia, na região da Renânia do Norte-Vestfalia, para acertar os detalhes da aterrissagem.
Como se não bastasse o susto vivido pela tripulação, ao aterrissar em Colónia, mais problemas de urgência. Como o aeroporto da cidade a beira do Reno está sofrendo reformas, só uma pista e curta demais estava disponível para o A-340 A aterrissagem colocou os pilotos frente um perigoso desafio. Como o avião ainda estava abarrotado de combustível, a aeronave estava pesada demais, a freiada foi brutal, os freios esquentaram e a presença do Corpo de Bombeiros se fez necessária ao redor da pista.
Nunca em nenhuma convenção do G20, Merkel chegou atrasada ou se quer faltou. Existe grande simbologia em volta do caos causado pela condição de sucata que os equipamentos do Exército alemão se tornarm. Desde 2014 as falhas no Arsenal são motivo de chacota no país. O próprio governo Merkel economizou tanto nesta pasta, que agora a faturar sairá bem cara, sem falar no mico que será quando Merkel chegar na capital Argentina. Olaf Scholz tuitou que recebera muitos torpedos zoando com frases: "Quer que eu te arrume uma aeronave da KLM?".
A lista de panes do Exército alemão, é longa: Desde 2014 os problemas não param de ocupar pautas na mídia. Drohne, Helicópteros que não voam, submarinos que só servem para decoração e aviões reserva em terreno errado sem nenhuma serventia.
A Ministra da Defesa, Von der Leyen terá que dar muitas explicações aos alemães e os programas de sátira política já tem pano pra manga suficiente para os próximos episódios. A gravidade da situação se espelha no fato que a ministra foi informada imediatamente logo depois da pane do sistema de comunicação. Segunda ainda o artigo veiculado no Portal Spiegel Online, a ambiciosa ministra que tem planos de suceder Merkel teria ligado durante horas para parceiros europeus em busca de um avião emprestado. Entretanto, aviões VIP para chefes de governo são coisas raras na Europa no quesito disponibilidade.
Deixa vez não foi "somente" um mico, mas situação de urgência grave que tange a chanceler, seu ministro, Schulz, e grande comitiva que a acompanha.
O Porta-Voz se equivocou ao anunciar, de forma precoce, que Merkel seguiria ainda na noite de quinta-feira (29) para Buenos Aires, o que não se concretizou. A aeronave-reserva planejada para estar sempre à disposição, está em Berlim e para avião de carreira, era tarde do dia e os procedimentos de segurança exigem tempo.
Os caminhos que levam a Argentina serão dolorosos para a chanceler que passa esta noite num hotel em Bonn e voa nas primeiras horas de sábado em avião de carreira até Madri, pela IBERIA e de lá para Buenos Aires, onde ela chega somente no final da tarde horário local.O marido de Merkel, Joachim Sauer e toda a comitiva de jornalistas a bordo, ficam na Alemanha e, decerto, irão pingados para Buenos Aires.
Em rápido pronunciamento a jornalistas no hotel em Bonn, ela declarou:" Foi uma urgência muito seria, mas por sorte tínhamos uma excelente equipe de bordo".
Segundo várias fontes de agências de notícias foi uma Aeromoça que interrompeu a conversa, que acontecia no momento e que e de praxe nesses voos entre políticos e jornalistas e teria dito:"É muiiiito importante!" e o piloto teria informado a chanceler sobre a emergência. O fato da aeromoça ter interrompido a conversa da chanceler com a imprensa, mostra claramente a gravidade da situação. Esse transtorno é somente um dos abacaxis que a chanceler terá que enfrentar, pelo menos, até o final do ano. Conciliar o governo e o novo ou nova diretora do partido CDU, será outro.