O FBI acredita que o atirador Thomas Matthew Crooks, 20, que atentou contra o ex-presidente Donald Trump agiu sozinho. Os investigadores ainda buscam a motivação para o ataque a tiros que interrompeu o comício do líder republicano, deixando um morto e dois feridos.
O atirador vivia em um bairro de classe média em Bethel Park, a cerca de 80 quilômetros de Butler, palco do atentado. Ele foi descrito como um homem quieto e solitário, não tinha histórico de doenças mentais e não indicava ter crenças políticas fortes. O porta-voz do FBI Anthony Gugliemi disse que a análise dos perfis de Thomas Matthew Crooks nas redes sociais não apontou, até o momento, ameaças ou mensagens com discurso de ódio e que ele não estava no radar da agência.
Ainda de acordo com o FBI, o prédio de onde ele abriu fogo estava fora do perímetro para o comício - e, portanto, deveria ser protegido pela polícia local, não pelo Serviço Secreto dos Estados Unidos. Havia quatro equipes de contra-atiradores cobrindo o evento de campanha, duas do Serviço Secreto e duas de agências policiais locais, disse ele Gugliemi.
Desse ponto da investigação, afirmou o porta-voz, o FBI acredita que os policiais locais foram alertados sobre atividades suspeitas e tentaram localizar o atirador, mas o perderam de vista. Então, ele subiu no telhado e rapidamente começou a atirar. De acordo com Anthony Gugliemi, ele não estava acampado lá antes de abrir fogo.
O esclarecimento de que o prédio usado pelo atirador estaria sob a proteção da polícia local ocorre no momento em que o Serviço Secreto dos Estados Unidos está sob escrutínio, alvo de questionamentos sobre possíveis falhas. O presidente Joe Biden pediu uma “revisão independente” das medidas de segurança antes e depois da tentativa de assassinato do ex-presidente Donald Trump.
Pouco antes de os tiros serem disparados, os participantes do comício notaram o homem subindo no telhado de um prédio próximo e alertaram as autoridades locais, de acordo com dois policiais que falaram sob condição de anonimato à Associated Press.
Ainda segundo o relato, um agente subiu no telhado e encontrou Thomas Matthew Crooks, mas acabou recuando depois que o atirador apontou o fuzil para ele. Crooks teria rapidamente se voltado e atirado várias vezes na direção de Donald Trump. Na sequência, foi abatido por contra-atiradores do Serviço Secreto dos Estados Unidos, antes que o líder republicano fosse retirado do palco com o rosto ensanguentado.
O atentado está sendo investigado pelo FBI como tentativa de assassinato e terrorismo doméstico.
A agência confirmou que a arma usada no tiroteio era um fuzil do tipo AR-15, comprado legalmente. A arma foi localizada na cena do crime, ao lado do corpo do Crooks. Quando os investigadores revistaram o carro do atirador, encontraram um dispositivo suspeito, que foi inspecionado por técnicos em bombas.
Autoridades da agência afirmaram que o celular, o fuzil usado no ataque e um dispositivo explosivo “rudimentar” foram encaminhados para análise em laboratório.
Ainda segundo representantes do FBI, A família do atirador está cooperando com investigadores federais. As investigações apontam que a arma usada no ataque teria sido comparada pelo pai de Thomas Matthew Crooks. Familiares não retornaram várias mensagens da Associated Press solicitando comentários.
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Diretor do FBI diz que não deixará ‘pedra sobre pedra’
O diretor do FBI, Christopher Wray, afirmou hoje que as autoridades “não deixarão pedra sobre pedra” na investigação da tentativa de assassinato do ex-presidente Donald Trump. Numa chamada aos repórteres, ele classificou o episódio como um “ataque à democracia e ao nosso processo democrático”.
“Uma tentativa de assassinar um candidato presidencial só pode ser descrita como absolutamente desprezível e não será tolerada neste país”, disse Christopher Wray.
Donald Trump foi atingido na orelha. “Percebi imediatamente que algo estava errado, pois ouvi um zumbido, tiros e imediatamente senti a bala rasgando a pele. Houve muito sangramento, então percebi o que estava acontecendo”, relatou em sua primeira manifestação após o atentado, ainda na noite de sábado.
Trump voltou a público neste domingo para dizer que está “ansioso” para a Convenção Nacional do Partido Republicano, marcada para começar na segunda-feira. Posteriormente, ele disse que considerou adiar sua ida a Milwaukee, Wisconsin, mas decidiu não mudar a sua programação por causa do atentado.
A Convenção vai confirmar Trump como candidato às eleições, em novembro. A expectativa é que ele anuncie o seu companheiro de chapa.
O presidente Joe Biden, que condenou o ataque e se solidarizou com o adversário, prometeu que as agências federais terão todos os recursos necessários para a investigação. E disse que ordenou o reforço da segurança para a Convenção Nacional Republicana.
Veja a cronologia do atentado
6h02 (horário local)
Trump sobe ao palco ao som de “God Bless the U.S.A.” (Deus abençoe os EUA). Ele acena para a multidão que o aplaude e começa seu discurso, com espectadores à sua frente e atrás dele em assentos.
18h10
Depois que os participantes do comício notam um homem subindo no telhado de um prédio próximo, um policial local sobe no telhado, disseram dois agentes à AP. O atirador, identificado pelo FBI como Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, aponta seu rifle para o policial, que desce a escada. Crooks então dispara rapidamente.
Quando o primeiro estrondo soa, Trump diz: “Oh”. Ele leva a mão à orelha direita e olha antes de se abaixar. Agentes do Serviço Secreto correm para o palco e se amontoam sobre o ex-presidente para protegê-lo.
Os contra-atiradores do Serviço Secreto revidam e matam o atirador.
Cerca de um minuto após os disparos, vídeo mostra Trump se levantando e estendendo a mão direita em direção ao seu rosto, que estava manchado de sangue. O ex-presidente deixa o palco com o punho erguido.
6h50
O Serviço Secreto diz que “o ex-presidente está seguro”./COM AP E NY TIMES