Filha de líder cubano luta contra homofobia


Mariela contesta o pai, Raúl Castro, e tenta romper políticas contra homossexuais adotadas pela revolução

Por Renata Miranda

A bandeira do arco-íris estampada no broche que a sexóloga cubana Mariela leva no peito é um afronta para o governo da ilha. Defensora de direitos iguais para homossexuais e ferrenha crítica das políticas homofóbicas adotadas pelo Estado, Mariela poderia ser apenas mais uma das muitas pessoas que criticam o regime, não fosse um pequeno detalhe: ela carrega o sobrenome Castro, é sobrinha de Fidel e filha do presidente, Raúl. A reivindicação de Mariela é simples, mas complexa para os padrões históricos de Cuba - onde, nos anos 60, os homossexuais eram classificados como "contrarrevolucionários" e chegaram a ser confinados ou executados no "paredón". "Há muito preconceito em nossas instituições militares com relação aos homossexuais", afirmou Mariela, de 46 anos, que também é diretora do Centro Nacional de Educação Sexual (Cenesex). "Essa é uma velha discussão na qual eu ainda não consegui avançar com meu pai." Para a socióloga Janelle Hippe, as declarações de Mariela têm pressionado o governo cubano por mudanças e alguns resultados já são visíveis. "O trabalho que ela vem fazendo deu a visibilidade que o assunto precisava e nunca teve", afirmou Janelle ao Estado. A socióloga da Queen?s University, do Canadá, participou no início do mês de um debate com Mariela para tentar entender o papel da sexualidade na Revolução Cubana. "Cuba começou a permitir eventos relacionados ao orgulho gay e também está aumentando as iniciativas de educação sexual para prevenir doenças." Uma dessas iniciativas foi o apoio do governo a um desfile pelas ruas de Havana realizado na semana passada para marcar o Dia Mundial Contra a Homofobia. Centenas de homossexuais, travestis e transexuais compareceram ao evento, que também contou com a presença do presidente da Assembleia Nacional, Ricardo Alarcón. Outra conquista de Mariela foi a autorização concedida pelo governo cubano ao sistema de saúde para fazer cirurgias gratuitas de troca de sexo, em junho do ano passado. SEGUNDAS INTENÇÕES Apesar das opiniões defendidas por Mariela, alguns analistas afirmam que ainda é bastante difícil diferenciar com certeza as políticas do governo das da filha do presidente. "Mariela tem grande influência no Cenesex, mas não sabemos se em conversas privadas com seu pai ela realmente sugere ideias e apoia mudanças", afirmou a pesquisadora Vanessa Lopez, do Instituto para Estudos Cubanos e Cubano-americanos da Universidade de Miami, nos EUA. "Ela poderia fazer muita diferença no futuro, mas não tem um posto importante no governo e é apenas a filha do presidente." Para o analista Dave Thomas, Mariela só fala de assuntos que têm a aprovação prévia do governo. "Mesmo com os avanços alcançados, ainda há muito a ser feito para acabar com o preconceito contra homossexuais em Cuba."

A bandeira do arco-íris estampada no broche que a sexóloga cubana Mariela leva no peito é um afronta para o governo da ilha. Defensora de direitos iguais para homossexuais e ferrenha crítica das políticas homofóbicas adotadas pelo Estado, Mariela poderia ser apenas mais uma das muitas pessoas que criticam o regime, não fosse um pequeno detalhe: ela carrega o sobrenome Castro, é sobrinha de Fidel e filha do presidente, Raúl. A reivindicação de Mariela é simples, mas complexa para os padrões históricos de Cuba - onde, nos anos 60, os homossexuais eram classificados como "contrarrevolucionários" e chegaram a ser confinados ou executados no "paredón". "Há muito preconceito em nossas instituições militares com relação aos homossexuais", afirmou Mariela, de 46 anos, que também é diretora do Centro Nacional de Educação Sexual (Cenesex). "Essa é uma velha discussão na qual eu ainda não consegui avançar com meu pai." Para a socióloga Janelle Hippe, as declarações de Mariela têm pressionado o governo cubano por mudanças e alguns resultados já são visíveis. "O trabalho que ela vem fazendo deu a visibilidade que o assunto precisava e nunca teve", afirmou Janelle ao Estado. A socióloga da Queen?s University, do Canadá, participou no início do mês de um debate com Mariela para tentar entender o papel da sexualidade na Revolução Cubana. "Cuba começou a permitir eventos relacionados ao orgulho gay e também está aumentando as iniciativas de educação sexual para prevenir doenças." Uma dessas iniciativas foi o apoio do governo a um desfile pelas ruas de Havana realizado na semana passada para marcar o Dia Mundial Contra a Homofobia. Centenas de homossexuais, travestis e transexuais compareceram ao evento, que também contou com a presença do presidente da Assembleia Nacional, Ricardo Alarcón. Outra conquista de Mariela foi a autorização concedida pelo governo cubano ao sistema de saúde para fazer cirurgias gratuitas de troca de sexo, em junho do ano passado. SEGUNDAS INTENÇÕES Apesar das opiniões defendidas por Mariela, alguns analistas afirmam que ainda é bastante difícil diferenciar com certeza as políticas do governo das da filha do presidente. "Mariela tem grande influência no Cenesex, mas não sabemos se em conversas privadas com seu pai ela realmente sugere ideias e apoia mudanças", afirmou a pesquisadora Vanessa Lopez, do Instituto para Estudos Cubanos e Cubano-americanos da Universidade de Miami, nos EUA. "Ela poderia fazer muita diferença no futuro, mas não tem um posto importante no governo e é apenas a filha do presidente." Para o analista Dave Thomas, Mariela só fala de assuntos que têm a aprovação prévia do governo. "Mesmo com os avanços alcançados, ainda há muito a ser feito para acabar com o preconceito contra homossexuais em Cuba."

A bandeira do arco-íris estampada no broche que a sexóloga cubana Mariela leva no peito é um afronta para o governo da ilha. Defensora de direitos iguais para homossexuais e ferrenha crítica das políticas homofóbicas adotadas pelo Estado, Mariela poderia ser apenas mais uma das muitas pessoas que criticam o regime, não fosse um pequeno detalhe: ela carrega o sobrenome Castro, é sobrinha de Fidel e filha do presidente, Raúl. A reivindicação de Mariela é simples, mas complexa para os padrões históricos de Cuba - onde, nos anos 60, os homossexuais eram classificados como "contrarrevolucionários" e chegaram a ser confinados ou executados no "paredón". "Há muito preconceito em nossas instituições militares com relação aos homossexuais", afirmou Mariela, de 46 anos, que também é diretora do Centro Nacional de Educação Sexual (Cenesex). "Essa é uma velha discussão na qual eu ainda não consegui avançar com meu pai." Para a socióloga Janelle Hippe, as declarações de Mariela têm pressionado o governo cubano por mudanças e alguns resultados já são visíveis. "O trabalho que ela vem fazendo deu a visibilidade que o assunto precisava e nunca teve", afirmou Janelle ao Estado. A socióloga da Queen?s University, do Canadá, participou no início do mês de um debate com Mariela para tentar entender o papel da sexualidade na Revolução Cubana. "Cuba começou a permitir eventos relacionados ao orgulho gay e também está aumentando as iniciativas de educação sexual para prevenir doenças." Uma dessas iniciativas foi o apoio do governo a um desfile pelas ruas de Havana realizado na semana passada para marcar o Dia Mundial Contra a Homofobia. Centenas de homossexuais, travestis e transexuais compareceram ao evento, que também contou com a presença do presidente da Assembleia Nacional, Ricardo Alarcón. Outra conquista de Mariela foi a autorização concedida pelo governo cubano ao sistema de saúde para fazer cirurgias gratuitas de troca de sexo, em junho do ano passado. SEGUNDAS INTENÇÕES Apesar das opiniões defendidas por Mariela, alguns analistas afirmam que ainda é bastante difícil diferenciar com certeza as políticas do governo das da filha do presidente. "Mariela tem grande influência no Cenesex, mas não sabemos se em conversas privadas com seu pai ela realmente sugere ideias e apoia mudanças", afirmou a pesquisadora Vanessa Lopez, do Instituto para Estudos Cubanos e Cubano-americanos da Universidade de Miami, nos EUA. "Ela poderia fazer muita diferença no futuro, mas não tem um posto importante no governo e é apenas a filha do presidente." Para o analista Dave Thomas, Mariela só fala de assuntos que têm a aprovação prévia do governo. "Mesmo com os avanços alcançados, ainda há muito a ser feito para acabar com o preconceito contra homossexuais em Cuba."

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