Príncipe Harry se torna o 1º membro da família real britânica a depor à Justiça desde o século 19


Esperado depoimento do príncipe Harry no tribunal esta semana será a primeira vez que um membro proeminente da família real britânica será interrogado em mais de 130 anos

Por Claire Moses
Atualização:

THE NEW YORK TIMES – O aguardado depoimento do príncipe Harry nesta terça-feira, 6 sobre um caso de grampos telefônicos será a primeira vez em mais de 130 anos que um membro proeminente da família real britânica é interrogado em uma corte.

A última vez que isso ocorreu foi em 1891, e não foi nada bom para a família real.

O príncipe Albert Edward — filho da rainha Victoria que viria a se tornar o rei Edward VII em 1901 — deu depoimento como testemunha em um caso de injúria centrado em torno de um jogo de bacará malsucedido ao qual o então príncipe esteve presente.

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O príncipe Harry deixa o Royal Courts Of Justice, em Londres, em março de 2023; primeiro depoimento de um membro da família real em 130 anos  Foto: Kirsty Wigglesworth / AP

Um dos jogadores, sir William Gordon-Cumming, havia sido acusado de trapaça. O príncipe se colocou do lado dos acusadores, e Gordon-Cumming foi condenado.

Uma reportagem local publicada na época, conforme citação no Guardian, afirmou que o depoimento de Edward durou cerca de 20 minutos e que “o exauriu notavelmente e o deixou extremamente nervoso”. A reportagem também declarava que Edward não parecia confortável com a situação. Também era incomum naquela época que um membro da família real — ninguém menos que o futuro rei — comparecesse diante de uma tribunal.

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“Quando uma questão mais premente, mais objetiva que o normal, lhe foi colocada, observou-se que o rosto do príncipe ruboresceu consideravelmente e logo tornou a empalidecer”, afirmou a reportagem.

O comentarista especializado na família real britânica Richard Fitzwilliams afirmou: “Nós podemos perceber a partir desta leitura por que foi decidido subsequentemente que isso não configura algo desejável para a família real. O episódio mostrou que não é possível proteger totalmente de escrutínio nem mesmo o filho da rainha”.

Um livro publicado em 1899 revelou uma carta de Edward na qual ele denunciou o escândalo e expressou a “dor profunda e irritação” que sofreu. “Um julgamento recente, que ninguém deplora mais do que eu e o qual eu fui incapaz de evitar, permitiu à imprensa perpetrar os ataques mais amargos e injustos contra minha pessoa, sabendo que eu estava indefeso”, escreveu Edward.

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“Todo o assunto agora se desvaneceu, e eu considero, portanto, que seria inoportuno para mim aludir novamente de qualquer forma pública ao doloroso assunto que trouxe tamanha torrente de abusos sobre mim”, continuou o então príncipe.

O depoimento de Edward em 1891 não foi a primeira ocasião em que o futuro rei compareceu diante de um tribunal. Duas décadas antes, ele havia prestado depoimento no processo de divórcio de Harriet Mordaunt, mulher de um parlamentar inglês que apontou Edward como um de seus amantes. (O que Edward negou no tribunal.) Durante aquele julgamento, o então príncipe parece ter se sentado no banco das testemunhas apenas por poucos minutos, afirmou Fitzwilliams, e aquele comparecimento à corte pareceu surtir menos impacto sobre sua reputação.

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Edward — “Bertie” para os íntimos — tinha reputação de mulherengo e era conhecido por sua paixão pelo carteado.

Há diferenças fundamentais entre o comparecimento de Harry diante do tribunal nesta terça-feira e os depoimentos de Edward. Edward foi convocado enquanto testemunha nas duas ocasiões em que compareceu à corte, enquanto Harry é um dos demandantes no processo, o que quer dizer que ele sabia que um interrogatório estava em seu futuro.

Além disso, ainda que Harry seja membro do primeiro escalão da família real, ele abandonou as funções da realeza — e nunca foi o primeiro na linha de sucessão ao trono, ao contrário de Edward, que era príncipe-herdeiro quando foi convocado a depor. Ainda assim, se as perguntas fizerem Harry tropeçar, poderia ser embaraçoso, afirmam comentaristas da realeza. “Não haverá a rede de proteção que ele teve em várias entrevistas”, disse Fitzwilliams.

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Nem toda a imprensa foi hostil a Edward em 1891. Num artigo sobre o último dia de depoimentos no caso de trapaça no bacará, o New York Times escreveu que o então príncipe foi “afável como sempre” e “se vestiu impecavelmente” para a ocasião.

Edward foi rei por apenas nove anos. Em 1910, ele morreu de pneumonia, deixando o trono para seu filho George. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

THE NEW YORK TIMES – O aguardado depoimento do príncipe Harry nesta terça-feira, 6 sobre um caso de grampos telefônicos será a primeira vez em mais de 130 anos que um membro proeminente da família real britânica é interrogado em uma corte.

A última vez que isso ocorreu foi em 1891, e não foi nada bom para a família real.

O príncipe Albert Edward — filho da rainha Victoria que viria a se tornar o rei Edward VII em 1901 — deu depoimento como testemunha em um caso de injúria centrado em torno de um jogo de bacará malsucedido ao qual o então príncipe esteve presente.

O príncipe Harry deixa o Royal Courts Of Justice, em Londres, em março de 2023; primeiro depoimento de um membro da família real em 130 anos  Foto: Kirsty Wigglesworth / AP

Um dos jogadores, sir William Gordon-Cumming, havia sido acusado de trapaça. O príncipe se colocou do lado dos acusadores, e Gordon-Cumming foi condenado.

Uma reportagem local publicada na época, conforme citação no Guardian, afirmou que o depoimento de Edward durou cerca de 20 minutos e que “o exauriu notavelmente e o deixou extremamente nervoso”. A reportagem também declarava que Edward não parecia confortável com a situação. Também era incomum naquela época que um membro da família real — ninguém menos que o futuro rei — comparecesse diante de uma tribunal.

“Quando uma questão mais premente, mais objetiva que o normal, lhe foi colocada, observou-se que o rosto do príncipe ruboresceu consideravelmente e logo tornou a empalidecer”, afirmou a reportagem.

O comentarista especializado na família real britânica Richard Fitzwilliams afirmou: “Nós podemos perceber a partir desta leitura por que foi decidido subsequentemente que isso não configura algo desejável para a família real. O episódio mostrou que não é possível proteger totalmente de escrutínio nem mesmo o filho da rainha”.

Um livro publicado em 1899 revelou uma carta de Edward na qual ele denunciou o escândalo e expressou a “dor profunda e irritação” que sofreu. “Um julgamento recente, que ninguém deplora mais do que eu e o qual eu fui incapaz de evitar, permitiu à imprensa perpetrar os ataques mais amargos e injustos contra minha pessoa, sabendo que eu estava indefeso”, escreveu Edward.

“Todo o assunto agora se desvaneceu, e eu considero, portanto, que seria inoportuno para mim aludir novamente de qualquer forma pública ao doloroso assunto que trouxe tamanha torrente de abusos sobre mim”, continuou o então príncipe.

O depoimento de Edward em 1891 não foi a primeira ocasião em que o futuro rei compareceu diante de um tribunal. Duas décadas antes, ele havia prestado depoimento no processo de divórcio de Harriet Mordaunt, mulher de um parlamentar inglês que apontou Edward como um de seus amantes. (O que Edward negou no tribunal.) Durante aquele julgamento, o então príncipe parece ter se sentado no banco das testemunhas apenas por poucos minutos, afirmou Fitzwilliams, e aquele comparecimento à corte pareceu surtir menos impacto sobre sua reputação.

Edward — “Bertie” para os íntimos — tinha reputação de mulherengo e era conhecido por sua paixão pelo carteado.

Há diferenças fundamentais entre o comparecimento de Harry diante do tribunal nesta terça-feira e os depoimentos de Edward. Edward foi convocado enquanto testemunha nas duas ocasiões em que compareceu à corte, enquanto Harry é um dos demandantes no processo, o que quer dizer que ele sabia que um interrogatório estava em seu futuro.

Além disso, ainda que Harry seja membro do primeiro escalão da família real, ele abandonou as funções da realeza — e nunca foi o primeiro na linha de sucessão ao trono, ao contrário de Edward, que era príncipe-herdeiro quando foi convocado a depor. Ainda assim, se as perguntas fizerem Harry tropeçar, poderia ser embaraçoso, afirmam comentaristas da realeza. “Não haverá a rede de proteção que ele teve em várias entrevistas”, disse Fitzwilliams.

Nem toda a imprensa foi hostil a Edward em 1891. Num artigo sobre o último dia de depoimentos no caso de trapaça no bacará, o New York Times escreveu que o então príncipe foi “afável como sempre” e “se vestiu impecavelmente” para a ocasião.

Edward foi rei por apenas nove anos. Em 1910, ele morreu de pneumonia, deixando o trono para seu filho George. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

THE NEW YORK TIMES – O aguardado depoimento do príncipe Harry nesta terça-feira, 6 sobre um caso de grampos telefônicos será a primeira vez em mais de 130 anos que um membro proeminente da família real britânica é interrogado em uma corte.

A última vez que isso ocorreu foi em 1891, e não foi nada bom para a família real.

O príncipe Albert Edward — filho da rainha Victoria que viria a se tornar o rei Edward VII em 1901 — deu depoimento como testemunha em um caso de injúria centrado em torno de um jogo de bacará malsucedido ao qual o então príncipe esteve presente.

O príncipe Harry deixa o Royal Courts Of Justice, em Londres, em março de 2023; primeiro depoimento de um membro da família real em 130 anos  Foto: Kirsty Wigglesworth / AP

Um dos jogadores, sir William Gordon-Cumming, havia sido acusado de trapaça. O príncipe se colocou do lado dos acusadores, e Gordon-Cumming foi condenado.

Uma reportagem local publicada na época, conforme citação no Guardian, afirmou que o depoimento de Edward durou cerca de 20 minutos e que “o exauriu notavelmente e o deixou extremamente nervoso”. A reportagem também declarava que Edward não parecia confortável com a situação. Também era incomum naquela época que um membro da família real — ninguém menos que o futuro rei — comparecesse diante de uma tribunal.

“Quando uma questão mais premente, mais objetiva que o normal, lhe foi colocada, observou-se que o rosto do príncipe ruboresceu consideravelmente e logo tornou a empalidecer”, afirmou a reportagem.

O comentarista especializado na família real britânica Richard Fitzwilliams afirmou: “Nós podemos perceber a partir desta leitura por que foi decidido subsequentemente que isso não configura algo desejável para a família real. O episódio mostrou que não é possível proteger totalmente de escrutínio nem mesmo o filho da rainha”.

Um livro publicado em 1899 revelou uma carta de Edward na qual ele denunciou o escândalo e expressou a “dor profunda e irritação” que sofreu. “Um julgamento recente, que ninguém deplora mais do que eu e o qual eu fui incapaz de evitar, permitiu à imprensa perpetrar os ataques mais amargos e injustos contra minha pessoa, sabendo que eu estava indefeso”, escreveu Edward.

“Todo o assunto agora se desvaneceu, e eu considero, portanto, que seria inoportuno para mim aludir novamente de qualquer forma pública ao doloroso assunto que trouxe tamanha torrente de abusos sobre mim”, continuou o então príncipe.

O depoimento de Edward em 1891 não foi a primeira ocasião em que o futuro rei compareceu diante de um tribunal. Duas décadas antes, ele havia prestado depoimento no processo de divórcio de Harriet Mordaunt, mulher de um parlamentar inglês que apontou Edward como um de seus amantes. (O que Edward negou no tribunal.) Durante aquele julgamento, o então príncipe parece ter se sentado no banco das testemunhas apenas por poucos minutos, afirmou Fitzwilliams, e aquele comparecimento à corte pareceu surtir menos impacto sobre sua reputação.

Edward — “Bertie” para os íntimos — tinha reputação de mulherengo e era conhecido por sua paixão pelo carteado.

Há diferenças fundamentais entre o comparecimento de Harry diante do tribunal nesta terça-feira e os depoimentos de Edward. Edward foi convocado enquanto testemunha nas duas ocasiões em que compareceu à corte, enquanto Harry é um dos demandantes no processo, o que quer dizer que ele sabia que um interrogatório estava em seu futuro.

Além disso, ainda que Harry seja membro do primeiro escalão da família real, ele abandonou as funções da realeza — e nunca foi o primeiro na linha de sucessão ao trono, ao contrário de Edward, que era príncipe-herdeiro quando foi convocado a depor. Ainda assim, se as perguntas fizerem Harry tropeçar, poderia ser embaraçoso, afirmam comentaristas da realeza. “Não haverá a rede de proteção que ele teve em várias entrevistas”, disse Fitzwilliams.

Nem toda a imprensa foi hostil a Edward em 1891. Num artigo sobre o último dia de depoimentos no caso de trapaça no bacará, o New York Times escreveu que o então príncipe foi “afável como sempre” e “se vestiu impecavelmente” para a ocasião.

Edward foi rei por apenas nove anos. Em 1910, ele morreu de pneumonia, deixando o trono para seu filho George. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

THE NEW YORK TIMES – O aguardado depoimento do príncipe Harry nesta terça-feira, 6 sobre um caso de grampos telefônicos será a primeira vez em mais de 130 anos que um membro proeminente da família real britânica é interrogado em uma corte.

A última vez que isso ocorreu foi em 1891, e não foi nada bom para a família real.

O príncipe Albert Edward — filho da rainha Victoria que viria a se tornar o rei Edward VII em 1901 — deu depoimento como testemunha em um caso de injúria centrado em torno de um jogo de bacará malsucedido ao qual o então príncipe esteve presente.

O príncipe Harry deixa o Royal Courts Of Justice, em Londres, em março de 2023; primeiro depoimento de um membro da família real em 130 anos  Foto: Kirsty Wigglesworth / AP

Um dos jogadores, sir William Gordon-Cumming, havia sido acusado de trapaça. O príncipe se colocou do lado dos acusadores, e Gordon-Cumming foi condenado.

Uma reportagem local publicada na época, conforme citação no Guardian, afirmou que o depoimento de Edward durou cerca de 20 minutos e que “o exauriu notavelmente e o deixou extremamente nervoso”. A reportagem também declarava que Edward não parecia confortável com a situação. Também era incomum naquela época que um membro da família real — ninguém menos que o futuro rei — comparecesse diante de uma tribunal.

“Quando uma questão mais premente, mais objetiva que o normal, lhe foi colocada, observou-se que o rosto do príncipe ruboresceu consideravelmente e logo tornou a empalidecer”, afirmou a reportagem.

O comentarista especializado na família real britânica Richard Fitzwilliams afirmou: “Nós podemos perceber a partir desta leitura por que foi decidido subsequentemente que isso não configura algo desejável para a família real. O episódio mostrou que não é possível proteger totalmente de escrutínio nem mesmo o filho da rainha”.

Um livro publicado em 1899 revelou uma carta de Edward na qual ele denunciou o escândalo e expressou a “dor profunda e irritação” que sofreu. “Um julgamento recente, que ninguém deplora mais do que eu e o qual eu fui incapaz de evitar, permitiu à imprensa perpetrar os ataques mais amargos e injustos contra minha pessoa, sabendo que eu estava indefeso”, escreveu Edward.

“Todo o assunto agora se desvaneceu, e eu considero, portanto, que seria inoportuno para mim aludir novamente de qualquer forma pública ao doloroso assunto que trouxe tamanha torrente de abusos sobre mim”, continuou o então príncipe.

O depoimento de Edward em 1891 não foi a primeira ocasião em que o futuro rei compareceu diante de um tribunal. Duas décadas antes, ele havia prestado depoimento no processo de divórcio de Harriet Mordaunt, mulher de um parlamentar inglês que apontou Edward como um de seus amantes. (O que Edward negou no tribunal.) Durante aquele julgamento, o então príncipe parece ter se sentado no banco das testemunhas apenas por poucos minutos, afirmou Fitzwilliams, e aquele comparecimento à corte pareceu surtir menos impacto sobre sua reputação.

Edward — “Bertie” para os íntimos — tinha reputação de mulherengo e era conhecido por sua paixão pelo carteado.

Há diferenças fundamentais entre o comparecimento de Harry diante do tribunal nesta terça-feira e os depoimentos de Edward. Edward foi convocado enquanto testemunha nas duas ocasiões em que compareceu à corte, enquanto Harry é um dos demandantes no processo, o que quer dizer que ele sabia que um interrogatório estava em seu futuro.

Além disso, ainda que Harry seja membro do primeiro escalão da família real, ele abandonou as funções da realeza — e nunca foi o primeiro na linha de sucessão ao trono, ao contrário de Edward, que era príncipe-herdeiro quando foi convocado a depor. Ainda assim, se as perguntas fizerem Harry tropeçar, poderia ser embaraçoso, afirmam comentaristas da realeza. “Não haverá a rede de proteção que ele teve em várias entrevistas”, disse Fitzwilliams.

Nem toda a imprensa foi hostil a Edward em 1891. Num artigo sobre o último dia de depoimentos no caso de trapaça no bacará, o New York Times escreveu que o então príncipe foi “afável como sempre” e “se vestiu impecavelmente” para a ocasião.

Edward foi rei por apenas nove anos. Em 1910, ele morreu de pneumonia, deixando o trono para seu filho George. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

THE NEW YORK TIMES – O aguardado depoimento do príncipe Harry nesta terça-feira, 6 sobre um caso de grampos telefônicos será a primeira vez em mais de 130 anos que um membro proeminente da família real britânica é interrogado em uma corte.

A última vez que isso ocorreu foi em 1891, e não foi nada bom para a família real.

O príncipe Albert Edward — filho da rainha Victoria que viria a se tornar o rei Edward VII em 1901 — deu depoimento como testemunha em um caso de injúria centrado em torno de um jogo de bacará malsucedido ao qual o então príncipe esteve presente.

O príncipe Harry deixa o Royal Courts Of Justice, em Londres, em março de 2023; primeiro depoimento de um membro da família real em 130 anos  Foto: Kirsty Wigglesworth / AP

Um dos jogadores, sir William Gordon-Cumming, havia sido acusado de trapaça. O príncipe se colocou do lado dos acusadores, e Gordon-Cumming foi condenado.

Uma reportagem local publicada na época, conforme citação no Guardian, afirmou que o depoimento de Edward durou cerca de 20 minutos e que “o exauriu notavelmente e o deixou extremamente nervoso”. A reportagem também declarava que Edward não parecia confortável com a situação. Também era incomum naquela época que um membro da família real — ninguém menos que o futuro rei — comparecesse diante de uma tribunal.

“Quando uma questão mais premente, mais objetiva que o normal, lhe foi colocada, observou-se que o rosto do príncipe ruboresceu consideravelmente e logo tornou a empalidecer”, afirmou a reportagem.

O comentarista especializado na família real britânica Richard Fitzwilliams afirmou: “Nós podemos perceber a partir desta leitura por que foi decidido subsequentemente que isso não configura algo desejável para a família real. O episódio mostrou que não é possível proteger totalmente de escrutínio nem mesmo o filho da rainha”.

Um livro publicado em 1899 revelou uma carta de Edward na qual ele denunciou o escândalo e expressou a “dor profunda e irritação” que sofreu. “Um julgamento recente, que ninguém deplora mais do que eu e o qual eu fui incapaz de evitar, permitiu à imprensa perpetrar os ataques mais amargos e injustos contra minha pessoa, sabendo que eu estava indefeso”, escreveu Edward.

“Todo o assunto agora se desvaneceu, e eu considero, portanto, que seria inoportuno para mim aludir novamente de qualquer forma pública ao doloroso assunto que trouxe tamanha torrente de abusos sobre mim”, continuou o então príncipe.

O depoimento de Edward em 1891 não foi a primeira ocasião em que o futuro rei compareceu diante de um tribunal. Duas décadas antes, ele havia prestado depoimento no processo de divórcio de Harriet Mordaunt, mulher de um parlamentar inglês que apontou Edward como um de seus amantes. (O que Edward negou no tribunal.) Durante aquele julgamento, o então príncipe parece ter se sentado no banco das testemunhas apenas por poucos minutos, afirmou Fitzwilliams, e aquele comparecimento à corte pareceu surtir menos impacto sobre sua reputação.

Edward — “Bertie” para os íntimos — tinha reputação de mulherengo e era conhecido por sua paixão pelo carteado.

Há diferenças fundamentais entre o comparecimento de Harry diante do tribunal nesta terça-feira e os depoimentos de Edward. Edward foi convocado enquanto testemunha nas duas ocasiões em que compareceu à corte, enquanto Harry é um dos demandantes no processo, o que quer dizer que ele sabia que um interrogatório estava em seu futuro.

Além disso, ainda que Harry seja membro do primeiro escalão da família real, ele abandonou as funções da realeza — e nunca foi o primeiro na linha de sucessão ao trono, ao contrário de Edward, que era príncipe-herdeiro quando foi convocado a depor. Ainda assim, se as perguntas fizerem Harry tropeçar, poderia ser embaraçoso, afirmam comentaristas da realeza. “Não haverá a rede de proteção que ele teve em várias entrevistas”, disse Fitzwilliams.

Nem toda a imprensa foi hostil a Edward em 1891. Num artigo sobre o último dia de depoimentos no caso de trapaça no bacará, o New York Times escreveu que o então príncipe foi “afável como sempre” e “se vestiu impecavelmente” para a ocasião.

Edward foi rei por apenas nove anos. Em 1910, ele morreu de pneumonia, deixando o trono para seu filho George. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

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