THE NEW YORK TIMES - Ovidio Guzmán López, um dos quatro filhos de Joaquín Guzmán Loera, o traficante mexicano mais conhecido como El Chapo, foi extraditado para Chicago na sexta-feira, 15, para ser julgado por um vasto conjunto de acusações federais de tráfico de drogas, de acordo com seu advogado e autoridades americanas.
A extradição ocorreu pouco mais de nove meses depois de Guzmán López ter sido preso pelas autoridades mexicanas em Culiacán, uma cidade no noroeste do México que há muito tempo é a base do cartel de drogas de Sinaloa, a organização criminosa que seu pai ajudou a tornar proeminente.
Faz quase quatro anos desde a calamitosa primeira prisão de López, que provocou uma reação violenta e sangrenta em Culiacán por pistoleiros do cartel. A situação foi tão destrutiva que as autoridades acabaram sendo forçadas a soltá-lo.
Depois que El Chapo foi condenado em um julgamento histórico no Brooklyn em 2019 e sentenciado à prisão perpétua, os investigadores do FBI, da Administração de Repressão às Drogas e das Investigações de Segurança Interna redobraram a atenção sobre seus quatro filhos.
Eles herdaram partes do império fragmentado do pai. Por fim, os filhos - conhecidos coletivamente como Los Chapitos - foram acusados em uma série de processos em Washington, Chicago e Nova York.
O caso contra Guzmán López em Chicago, onde ele será julgado, baseou-se no trabalho de investigadores dessa cidade, bem como de Washington e San Diego, e incorporou um vasto conjunto de provas de um grupo de testemunhas que colaboraram.
A acusação de 40 páginas contra ele e seus irmãos - Iván Archivaldo Guzmán Salazar, Jesús Alfredo Guzmán Salazar e Joaquín Guzmán López - faz uma análise abrangente da venda de drogas e de crimes violentos que remontam, em alguns casos, a 2008.
Espera-se que Ovidio Guzmán López compareça ao Tribunal Distrital Federal de Chicago na segunda-feira, 18. Ele será representado no caso por Jeffrey Lichtman, um advogado que também representou seu pai.
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A extradição de López, que aterrissou em Chicago na noite de sexta-feira, é um raro sucesso nas conturbadas tentativas de processar Los Chapitos.
As rivalidades entre agências governamentais dos EUA, que resultaram em várias acusações contra ele e seus irmãos, também levaram a consequências mais sérias, incluindo uma oportunidade perdida no ano passado de capturar Jesús Alfredo Guzmán Salazar no estado de Sinaloa, no oeste do México.
O fato de Guzmán López ser julgado em Chicago foi uma perda especialmente para os promotores de Nova York, que apresentaram acusações abrangentes contra ele e seus irmãos em abril, com foco em seus esforços para traficar a droga mortal fentanil através da fronteira.
Agora que López será processado em Chicago, ainda não está claro o que acontecerá com a acusação de Nova York, que ofereceu uma visão panorâmica de como o fentanil foi criado, transportado e, por fim, vendido nas ruas das cidades americanas.
Acusações
Os promotores de Chicago afirmam que, depois que El Chapo foi preso no México em 2016 e extraditado para Nova York no ano seguinte, Guzmán López e seus irmãos assumiram sua posição de liderança no cartel, juntamente com dois dos parceiros de seu pai: Ismael Zambada García e Dámaso López Núñez.
López Núñez foi preso em 2017 e posteriormente testemunhou contra El Chapo em seu julgamento no Brooklyn. Zambada, agora com 70 anos, continua foragido no México.
O processo em Chicago acusa Guzmán López - conhecido como El Ratón, ou o Rato - de atuar como “coordenador logístico” do cartel, ajudando a supervisionar grandes carregamentos de cocaína, heroína, metanfetamina e maconha para os Estados Unidos.
A acusação também diz que ele ajudou a movimentar os lucros das drogas dos consumidores americanos para serem transferidos para o México - e lavados lá.
Ainda assim, estava longe de ser certo que a extradição de Guzmán, conhecido há muito tempo como o menos bem-sucedido dos filhos de El Chapo, teria qualquer efeito significativo sobre as atividades do cartel.
Na melhor das hipóteses, poderia ajudar a encerrar o doloroso desastre de sua primeira prisão fracassada, que um analista de segurança descreveu na época como “um programa ruim da Netflix”.
El Chapo e seus filhos não são os únicos membros da família Guzmán a enfrentar o escrutínio dos investigadores federais. A esposa mais recente de Guzmán, Emma Coronel Aispuro, foi acusada em 2021 de ajudá-lo a administrar sua organização de drogas e de conspirar para tirá-lo da prisão depois que ele foi capturado em 2014.
Emma posteriormente se declarou culpada e foi condenada a três anos de prisão. Ela foi recentemente libertada da custódia.