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Opinião|Biden deu vexame no primeiro debate contra Donald Trump e deixa democratas enrascados; veja vídeo


Em contexto político que já questionava a aptidão física e mental de Biden, a pior coisa que poderia acontecer era ele parecer ‘velhinho’ na frente de todos. Foi o que aconteceu

Por Filipe Figueiredo

Em 2002, ao comentar o fracasso democrata nas primeiras eleições de meio de mandato de George W. Bush, Bill Clinton disse que o “forte e errado” vence o “fraco, mesmo que certo”. Desde então, a frase de Clinton tornou-se um mantra, quase um clichê, nas análises eleitorais dos EUA. Com o perdão do clichê, é inevitável recorrer a essa frase sobre a política eleitoral dos EUA ao se analisar o primeiro debate entre Joe Biden e Donald Trump.

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O formato do debate por si já foi criticável. Foi combinado que os jornalistas moderadores poderiam silenciar o microfone de quem não tivesse a fala, com o tempo de fala de cada candidato cronometrado, o que não funcionou bem. Em ao menos três vezes ouviu-se o outro candidato durante a fala de um. Principalmente, se a proposta era tornar o debate mais dinâmico e direto, não funcionou.

Os candidatos, especialmente Donald Trump, frequentemente usavam o tempo de resposta da pergunta subsequente para retomar o assunto anterior. Por exemplo, ao ser perguntado sobre seu suposto plano de deportar pessoas dos EUA, Trump retomou a réplica anterior de Biden. Ao ser perguntado sobre as exigências de Putin perante a Ucrânia, Trump retomou o assunto anterior sobre veteranos de guerra.

Joe Biden deixa o palco durante intervalo do primeiro debate com Donald Trump em Atlanta.  Foto: Gerald Herbert/Associated Press
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Outro aspecto questionável do debate foi a ausência de alguma checagem em tempo real do que era dito, algo essencial no século XXI. Os mediadores tiveram uma postura passiva na maior parte do tempo, salvo na última pergunta, sobre se Trump aceitaria os resultados da eleição. Trump manteve suas estratégias. Primeiro, criar um inimigo comum, o “imigrante”, que estaria cometendo todos os crimes possíveis e vão destruir a segurança social.

Segundo, soltar uma enxurrada de mentiras, mentindo sobre praticamente todos os índices econômicos de seu governo. Desmentir isso apenas posteriormente, encerrada a transmissão, não adianta em nada no ano de 2024 e o jornalismo precisa ter compromisso com a verdade factual. O debate também teve seus momentos surreais, como quando ambos os candidatos discutiram sobre quem teria o melhor aproveitamento no golfe.

Independente das críticas ao formato e dos momentos surreais, o debate foi vexaminoso para Joe Biden. Já pipocam notícias e especulações de que o Partido Democrata estaria desesperado. Um debate televisionado possui duas funções: seduzir eleitores indecisos e movimentar a sua própria base eleitoral. Joe Biden não conseguiu nenhuma das duas coisas, pelo contrário, somente trouxe insegurança.

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Em um contexto político que já questionava a aptidão mental e física de Biden, a pior coisa que podia acontecer era ele parecer um “velhinho” debilitado na frente de todos. E foi exatamente isso o que aconteceu, com voz fraca, respostas confusas que foram interrompidas pelo cronômetro e, enquanto Trump falava, Biden muitas vezes tinha um olhar perdido, com expressões faciais passivas.

“Bombeiros” democratas saíram “revelando” que ele estaria com um resfriado, por isso a voz fraca. Claro, no verão, em meio a uma onda de calor. Biden demorou 44 minutos para trazer o fato de que Trump foi condenado criminalmente e, ao final do debate, teve um lampejo de firmeza ao chamar Trump de “chorão” que não sabe perder. Apenas três anos mais novo, Trump demonstrou muito mais rapidez de raciocínio e traquejo. O “forte” segundo Clinton.

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Ex-presidente Donald Trump durante o primeiro debate da eleição americana em Atlanta.  Foto: Gerald Herbert/Associated Press

Se a eleição fosse amanhã, Trump levaria com facilidade. Esse debate tornou imperativo uma correção de rota para os democratas. Biden deveria esperar uma semana e vir a público com alguma justificativa, como “atender aos amorosos pedidos de sua família”, e abrir caminho para outra candidatura. A última vez que o presidente no cargo não concorreu foi com o democrata Lyndon Johnson, em 1968. Os democratas perderam mesmo assim.

A vice-presidente Kamala Harris, que basicamente sumiu nesses quatro anos, não gostou de falar de uma “mudança de rota” após o debate, e defendeu Biden. Ainda assim, os democratas têm dois meses até a sua convenção nacional, e dinheiro não falta pra campanha. Biden deveria ter mantido o plano inicial, de 2020, de ser um presidente de apenas um mandato e preparar uma sucessão. Isso não foi feito e agora a conta chegou, com um candidato fraco.

Em 2002, ao comentar o fracasso democrata nas primeiras eleições de meio de mandato de George W. Bush, Bill Clinton disse que o “forte e errado” vence o “fraco, mesmo que certo”. Desde então, a frase de Clinton tornou-se um mantra, quase um clichê, nas análises eleitorais dos EUA. Com o perdão do clichê, é inevitável recorrer a essa frase sobre a política eleitoral dos EUA ao se analisar o primeiro debate entre Joe Biden e Donald Trump.

O formato do debate por si já foi criticável. Foi combinado que os jornalistas moderadores poderiam silenciar o microfone de quem não tivesse a fala, com o tempo de fala de cada candidato cronometrado, o que não funcionou bem. Em ao menos três vezes ouviu-se o outro candidato durante a fala de um. Principalmente, se a proposta era tornar o debate mais dinâmico e direto, não funcionou.

Os candidatos, especialmente Donald Trump, frequentemente usavam o tempo de resposta da pergunta subsequente para retomar o assunto anterior. Por exemplo, ao ser perguntado sobre seu suposto plano de deportar pessoas dos EUA, Trump retomou a réplica anterior de Biden. Ao ser perguntado sobre as exigências de Putin perante a Ucrânia, Trump retomou o assunto anterior sobre veteranos de guerra.

Joe Biden deixa o palco durante intervalo do primeiro debate com Donald Trump em Atlanta.  Foto: Gerald Herbert/Associated Press

Outro aspecto questionável do debate foi a ausência de alguma checagem em tempo real do que era dito, algo essencial no século XXI. Os mediadores tiveram uma postura passiva na maior parte do tempo, salvo na última pergunta, sobre se Trump aceitaria os resultados da eleição. Trump manteve suas estratégias. Primeiro, criar um inimigo comum, o “imigrante”, que estaria cometendo todos os crimes possíveis e vão destruir a segurança social.

Segundo, soltar uma enxurrada de mentiras, mentindo sobre praticamente todos os índices econômicos de seu governo. Desmentir isso apenas posteriormente, encerrada a transmissão, não adianta em nada no ano de 2024 e o jornalismo precisa ter compromisso com a verdade factual. O debate também teve seus momentos surreais, como quando ambos os candidatos discutiram sobre quem teria o melhor aproveitamento no golfe.

Independente das críticas ao formato e dos momentos surreais, o debate foi vexaminoso para Joe Biden. Já pipocam notícias e especulações de que o Partido Democrata estaria desesperado. Um debate televisionado possui duas funções: seduzir eleitores indecisos e movimentar a sua própria base eleitoral. Joe Biden não conseguiu nenhuma das duas coisas, pelo contrário, somente trouxe insegurança.

Em um contexto político que já questionava a aptidão mental e física de Biden, a pior coisa que podia acontecer era ele parecer um “velhinho” debilitado na frente de todos. E foi exatamente isso o que aconteceu, com voz fraca, respostas confusas que foram interrompidas pelo cronômetro e, enquanto Trump falava, Biden muitas vezes tinha um olhar perdido, com expressões faciais passivas.

“Bombeiros” democratas saíram “revelando” que ele estaria com um resfriado, por isso a voz fraca. Claro, no verão, em meio a uma onda de calor. Biden demorou 44 minutos para trazer o fato de que Trump foi condenado criminalmente e, ao final do debate, teve um lampejo de firmeza ao chamar Trump de “chorão” que não sabe perder. Apenas três anos mais novo, Trump demonstrou muito mais rapidez de raciocínio e traquejo. O “forte” segundo Clinton.

Ex-presidente Donald Trump durante o primeiro debate da eleição americana em Atlanta.  Foto: Gerald Herbert/Associated Press

Se a eleição fosse amanhã, Trump levaria com facilidade. Esse debate tornou imperativo uma correção de rota para os democratas. Biden deveria esperar uma semana e vir a público com alguma justificativa, como “atender aos amorosos pedidos de sua família”, e abrir caminho para outra candidatura. A última vez que o presidente no cargo não concorreu foi com o democrata Lyndon Johnson, em 1968. Os democratas perderam mesmo assim.

A vice-presidente Kamala Harris, que basicamente sumiu nesses quatro anos, não gostou de falar de uma “mudança de rota” após o debate, e defendeu Biden. Ainda assim, os democratas têm dois meses até a sua convenção nacional, e dinheiro não falta pra campanha. Biden deveria ter mantido o plano inicial, de 2020, de ser um presidente de apenas um mandato e preparar uma sucessão. Isso não foi feito e agora a conta chegou, com um candidato fraco.

Em 2002, ao comentar o fracasso democrata nas primeiras eleições de meio de mandato de George W. Bush, Bill Clinton disse que o “forte e errado” vence o “fraco, mesmo que certo”. Desde então, a frase de Clinton tornou-se um mantra, quase um clichê, nas análises eleitorais dos EUA. Com o perdão do clichê, é inevitável recorrer a essa frase sobre a política eleitoral dos EUA ao se analisar o primeiro debate entre Joe Biden e Donald Trump.

O formato do debate por si já foi criticável. Foi combinado que os jornalistas moderadores poderiam silenciar o microfone de quem não tivesse a fala, com o tempo de fala de cada candidato cronometrado, o que não funcionou bem. Em ao menos três vezes ouviu-se o outro candidato durante a fala de um. Principalmente, se a proposta era tornar o debate mais dinâmico e direto, não funcionou.

Os candidatos, especialmente Donald Trump, frequentemente usavam o tempo de resposta da pergunta subsequente para retomar o assunto anterior. Por exemplo, ao ser perguntado sobre seu suposto plano de deportar pessoas dos EUA, Trump retomou a réplica anterior de Biden. Ao ser perguntado sobre as exigências de Putin perante a Ucrânia, Trump retomou o assunto anterior sobre veteranos de guerra.

Joe Biden deixa o palco durante intervalo do primeiro debate com Donald Trump em Atlanta.  Foto: Gerald Herbert/Associated Press

Outro aspecto questionável do debate foi a ausência de alguma checagem em tempo real do que era dito, algo essencial no século XXI. Os mediadores tiveram uma postura passiva na maior parte do tempo, salvo na última pergunta, sobre se Trump aceitaria os resultados da eleição. Trump manteve suas estratégias. Primeiro, criar um inimigo comum, o “imigrante”, que estaria cometendo todos os crimes possíveis e vão destruir a segurança social.

Segundo, soltar uma enxurrada de mentiras, mentindo sobre praticamente todos os índices econômicos de seu governo. Desmentir isso apenas posteriormente, encerrada a transmissão, não adianta em nada no ano de 2024 e o jornalismo precisa ter compromisso com a verdade factual. O debate também teve seus momentos surreais, como quando ambos os candidatos discutiram sobre quem teria o melhor aproveitamento no golfe.

Independente das críticas ao formato e dos momentos surreais, o debate foi vexaminoso para Joe Biden. Já pipocam notícias e especulações de que o Partido Democrata estaria desesperado. Um debate televisionado possui duas funções: seduzir eleitores indecisos e movimentar a sua própria base eleitoral. Joe Biden não conseguiu nenhuma das duas coisas, pelo contrário, somente trouxe insegurança.

Em um contexto político que já questionava a aptidão mental e física de Biden, a pior coisa que podia acontecer era ele parecer um “velhinho” debilitado na frente de todos. E foi exatamente isso o que aconteceu, com voz fraca, respostas confusas que foram interrompidas pelo cronômetro e, enquanto Trump falava, Biden muitas vezes tinha um olhar perdido, com expressões faciais passivas.

“Bombeiros” democratas saíram “revelando” que ele estaria com um resfriado, por isso a voz fraca. Claro, no verão, em meio a uma onda de calor. Biden demorou 44 minutos para trazer o fato de que Trump foi condenado criminalmente e, ao final do debate, teve um lampejo de firmeza ao chamar Trump de “chorão” que não sabe perder. Apenas três anos mais novo, Trump demonstrou muito mais rapidez de raciocínio e traquejo. O “forte” segundo Clinton.

Ex-presidente Donald Trump durante o primeiro debate da eleição americana em Atlanta.  Foto: Gerald Herbert/Associated Press

Se a eleição fosse amanhã, Trump levaria com facilidade. Esse debate tornou imperativo uma correção de rota para os democratas. Biden deveria esperar uma semana e vir a público com alguma justificativa, como “atender aos amorosos pedidos de sua família”, e abrir caminho para outra candidatura. A última vez que o presidente no cargo não concorreu foi com o democrata Lyndon Johnson, em 1968. Os democratas perderam mesmo assim.

A vice-presidente Kamala Harris, que basicamente sumiu nesses quatro anos, não gostou de falar de uma “mudança de rota” após o debate, e defendeu Biden. Ainda assim, os democratas têm dois meses até a sua convenção nacional, e dinheiro não falta pra campanha. Biden deveria ter mantido o plano inicial, de 2020, de ser um presidente de apenas um mandato e preparar uma sucessão. Isso não foi feito e agora a conta chegou, com um candidato fraco.

Opinião por Filipe Figueiredo

Filipe Figueiredo é graduado em história pela USP, comentarista de política internacional e criador dos podcasts Xadrez Verbal e Fronteiras Invisíveis do Futebol, sobre política internacional e história

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