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Opinião|É um exagero falar em vitória da extrema direita no Parlamento Europeu


O fato de os partidos nacionalistas e de extrema direita estarem pulverizados em diversas frentes partidárias mostra que eles não agem em concerto ou de forma monolítica

Por Filipe Figueiredo
Atualização:

O último dia nove de junho foi agitado no calendário eleitoral europeu. Foram quatro eleições nacionais, dois referendos nacionais e, principalmente, a eleição para o Parlamento Europeu, o segundo maior sufrágio do mundo em número de eleitores. A reação inicial e instintiva de muitas pessoas foi apontar uma suposta vitória da direita nacionalista e da extrema direita no pleito europeu, mas um olhar mais atento desafia essa perspectiva.

Enquanto essa coluna é escrita, ainda não temos os resultados finais, apenas as projeções oficiais e os resultados finais de alguns países-membros. Os números finais podem ser ligeiramente diferentes, com uma ou duas cadeiras a mais ou a menos para cada grupo citado. “Grupo”, nesse caso, é cada frente partidária europeia, uma organização transnacional que atua nas instituições da União Europeia formada por partidos nacionais.

A líder do Reagrupamento Nacional, Marine Le Pen, participa de um debate em Paris, França  Foto: Julien De Rosa/AP
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O primeiro lugar foi mantido pelo grupo Partido Popular Europeu, uma frente conservadora clássica de centro-direita cujos integrantes são, por exemplo, a União Democrata-Cristã alemã e seu partido irmão, o Partido Popular espanhol e o Partido Social Democrata, que atualmente governa Portugal. O PPE foi de 176 para 186 cadeiras, seguido pela Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas, que manteve o segundo lugar.

O grupo formado por social-democratas foi de 139 para 135 cadeiras. O grupo liberal Renovar a Europa foi um dos grandes perdedores do pleito, indo de 102 para 79 cadeiras, mas mantendo o posto de terceira maior bancada. Os verdes, com 71 cadeiras, eram a quarta maior bancada, e agora serão apenas a sexta, com 53 cadeiras, sendo os outros grandes perdedores dessa eleição.

Os verdes precisarão repaginar sua imagem e seu discurso com os impactos energéticos após a invasão da Ucrânia pela Rússia de Vladimir Putin. Olhando para os números do pleito, pode-se atestar que todos os três grupos que podem ser considerados à esquerda do centro diminuíram, já que a frente Esquerda continua como o menor grupo partidário da casa, com 36 cadeiras, menos do que a soma dos eurodeputados independentes.

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A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, participa de uma coletiva de imprensa em Roma, Itália  Foto: Filippo Monteforte/AFP

O grupo Reformistas e Conservadores Europeus ficou com 73 cadeiras, antes ocupando 69. Esse é o grupo dos partidos Fratelli d’Italia, da premiê da Itália, Giorgia Meloni, e Vox, espanhol neofranquista. Já o grupo Identidade e Democracia, liderado pelo francês Reunião Nacional de Marine Le Pen, saltou de 49 para 58 cadeiras. O “identidade” nesse caso dialoga com o Movimento Identitário, um eufemismo que grupos racistas europeus se deram.

Somando os dois grupos de direita nacionalista e de extrema direita, eles ficaram com 131 cadeiras de 720, 18,1% do parlamento. Antes, ocupavam 118 assentos de 705, 16,7% da casa.

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Ou seja, nada de um crescimento assombroso. Isso não quer dizer que a ameaça interna à integração europeia não teve ganhos. O RN de Le Pen se tornou o maior partido francês no Parlamento Europeu, com 30 das 81 cadeiras do país.

Junto com isso, o Alternativa para a Alemanha, conhecido pela sigla em alemão AFD, que abraçou o revisionismo escancarado do nazismo, se tornou a segunda bancada da Alemanha, com 17 das 96 cadeiras.

França e Alemanha são os dois principais pilares da União Europeia, e o crescimento da extrema direita nesses dois países gera um efeito sísmico no restante da UE, favorecendo a corrosão institucional do bloco.

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Além disso, o motivo de não termos mencionado o AFD em nenhuma frente partidária europeia é pelo fato de que ele fazia parte dos Identitários, mas foram expulsos por Le Pen depois que o revisionismo nazista começou a gerar repercussão muito negativa. Oficialmente, eles assumem como “não inscritos”, lembrete de que muitos eurodeputados independentes e de outros grupos são também de extrema direita.

O fato dos partidos nacionalistas e de extrema direita estarem pulverizados em diversas frentes partidárias mostra que eles não agem em concerto ou de forma monolítica. São unidos em poucas pautas, como imigração, e enxergam no Parlamento Europeu seu palco ideal, com “Bruxelas” servindo de grande espantalho nacionalista. As principais forças pela integração da União Europeia podem respirar tranquilas. Ao menos por enquanto.

O último dia nove de junho foi agitado no calendário eleitoral europeu. Foram quatro eleições nacionais, dois referendos nacionais e, principalmente, a eleição para o Parlamento Europeu, o segundo maior sufrágio do mundo em número de eleitores. A reação inicial e instintiva de muitas pessoas foi apontar uma suposta vitória da direita nacionalista e da extrema direita no pleito europeu, mas um olhar mais atento desafia essa perspectiva.

Enquanto essa coluna é escrita, ainda não temos os resultados finais, apenas as projeções oficiais e os resultados finais de alguns países-membros. Os números finais podem ser ligeiramente diferentes, com uma ou duas cadeiras a mais ou a menos para cada grupo citado. “Grupo”, nesse caso, é cada frente partidária europeia, uma organização transnacional que atua nas instituições da União Europeia formada por partidos nacionais.

A líder do Reagrupamento Nacional, Marine Le Pen, participa de um debate em Paris, França  Foto: Julien De Rosa/AP

O primeiro lugar foi mantido pelo grupo Partido Popular Europeu, uma frente conservadora clássica de centro-direita cujos integrantes são, por exemplo, a União Democrata-Cristã alemã e seu partido irmão, o Partido Popular espanhol e o Partido Social Democrata, que atualmente governa Portugal. O PPE foi de 176 para 186 cadeiras, seguido pela Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas, que manteve o segundo lugar.

O grupo formado por social-democratas foi de 139 para 135 cadeiras. O grupo liberal Renovar a Europa foi um dos grandes perdedores do pleito, indo de 102 para 79 cadeiras, mas mantendo o posto de terceira maior bancada. Os verdes, com 71 cadeiras, eram a quarta maior bancada, e agora serão apenas a sexta, com 53 cadeiras, sendo os outros grandes perdedores dessa eleição.

Os verdes precisarão repaginar sua imagem e seu discurso com os impactos energéticos após a invasão da Ucrânia pela Rússia de Vladimir Putin. Olhando para os números do pleito, pode-se atestar que todos os três grupos que podem ser considerados à esquerda do centro diminuíram, já que a frente Esquerda continua como o menor grupo partidário da casa, com 36 cadeiras, menos do que a soma dos eurodeputados independentes.

A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, participa de uma coletiva de imprensa em Roma, Itália  Foto: Filippo Monteforte/AFP

O grupo Reformistas e Conservadores Europeus ficou com 73 cadeiras, antes ocupando 69. Esse é o grupo dos partidos Fratelli d’Italia, da premiê da Itália, Giorgia Meloni, e Vox, espanhol neofranquista. Já o grupo Identidade e Democracia, liderado pelo francês Reunião Nacional de Marine Le Pen, saltou de 49 para 58 cadeiras. O “identidade” nesse caso dialoga com o Movimento Identitário, um eufemismo que grupos racistas europeus se deram.

Somando os dois grupos de direita nacionalista e de extrema direita, eles ficaram com 131 cadeiras de 720, 18,1% do parlamento. Antes, ocupavam 118 assentos de 705, 16,7% da casa.

Ou seja, nada de um crescimento assombroso. Isso não quer dizer que a ameaça interna à integração europeia não teve ganhos. O RN de Le Pen se tornou o maior partido francês no Parlamento Europeu, com 30 das 81 cadeiras do país.

Junto com isso, o Alternativa para a Alemanha, conhecido pela sigla em alemão AFD, que abraçou o revisionismo escancarado do nazismo, se tornou a segunda bancada da Alemanha, com 17 das 96 cadeiras.

França e Alemanha são os dois principais pilares da União Europeia, e o crescimento da extrema direita nesses dois países gera um efeito sísmico no restante da UE, favorecendo a corrosão institucional do bloco.

Além disso, o motivo de não termos mencionado o AFD em nenhuma frente partidária europeia é pelo fato de que ele fazia parte dos Identitários, mas foram expulsos por Le Pen depois que o revisionismo nazista começou a gerar repercussão muito negativa. Oficialmente, eles assumem como “não inscritos”, lembrete de que muitos eurodeputados independentes e de outros grupos são também de extrema direita.

O fato dos partidos nacionalistas e de extrema direita estarem pulverizados em diversas frentes partidárias mostra que eles não agem em concerto ou de forma monolítica. São unidos em poucas pautas, como imigração, e enxergam no Parlamento Europeu seu palco ideal, com “Bruxelas” servindo de grande espantalho nacionalista. As principais forças pela integração da União Europeia podem respirar tranquilas. Ao menos por enquanto.

O último dia nove de junho foi agitado no calendário eleitoral europeu. Foram quatro eleições nacionais, dois referendos nacionais e, principalmente, a eleição para o Parlamento Europeu, o segundo maior sufrágio do mundo em número de eleitores. A reação inicial e instintiva de muitas pessoas foi apontar uma suposta vitória da direita nacionalista e da extrema direita no pleito europeu, mas um olhar mais atento desafia essa perspectiva.

Enquanto essa coluna é escrita, ainda não temos os resultados finais, apenas as projeções oficiais e os resultados finais de alguns países-membros. Os números finais podem ser ligeiramente diferentes, com uma ou duas cadeiras a mais ou a menos para cada grupo citado. “Grupo”, nesse caso, é cada frente partidária europeia, uma organização transnacional que atua nas instituições da União Europeia formada por partidos nacionais.

A líder do Reagrupamento Nacional, Marine Le Pen, participa de um debate em Paris, França  Foto: Julien De Rosa/AP

O primeiro lugar foi mantido pelo grupo Partido Popular Europeu, uma frente conservadora clássica de centro-direita cujos integrantes são, por exemplo, a União Democrata-Cristã alemã e seu partido irmão, o Partido Popular espanhol e o Partido Social Democrata, que atualmente governa Portugal. O PPE foi de 176 para 186 cadeiras, seguido pela Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas, que manteve o segundo lugar.

O grupo formado por social-democratas foi de 139 para 135 cadeiras. O grupo liberal Renovar a Europa foi um dos grandes perdedores do pleito, indo de 102 para 79 cadeiras, mas mantendo o posto de terceira maior bancada. Os verdes, com 71 cadeiras, eram a quarta maior bancada, e agora serão apenas a sexta, com 53 cadeiras, sendo os outros grandes perdedores dessa eleição.

Os verdes precisarão repaginar sua imagem e seu discurso com os impactos energéticos após a invasão da Ucrânia pela Rússia de Vladimir Putin. Olhando para os números do pleito, pode-se atestar que todos os três grupos que podem ser considerados à esquerda do centro diminuíram, já que a frente Esquerda continua como o menor grupo partidário da casa, com 36 cadeiras, menos do que a soma dos eurodeputados independentes.

A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, participa de uma coletiva de imprensa em Roma, Itália  Foto: Filippo Monteforte/AFP

O grupo Reformistas e Conservadores Europeus ficou com 73 cadeiras, antes ocupando 69. Esse é o grupo dos partidos Fratelli d’Italia, da premiê da Itália, Giorgia Meloni, e Vox, espanhol neofranquista. Já o grupo Identidade e Democracia, liderado pelo francês Reunião Nacional de Marine Le Pen, saltou de 49 para 58 cadeiras. O “identidade” nesse caso dialoga com o Movimento Identitário, um eufemismo que grupos racistas europeus se deram.

Somando os dois grupos de direita nacionalista e de extrema direita, eles ficaram com 131 cadeiras de 720, 18,1% do parlamento. Antes, ocupavam 118 assentos de 705, 16,7% da casa.

Ou seja, nada de um crescimento assombroso. Isso não quer dizer que a ameaça interna à integração europeia não teve ganhos. O RN de Le Pen se tornou o maior partido francês no Parlamento Europeu, com 30 das 81 cadeiras do país.

Junto com isso, o Alternativa para a Alemanha, conhecido pela sigla em alemão AFD, que abraçou o revisionismo escancarado do nazismo, se tornou a segunda bancada da Alemanha, com 17 das 96 cadeiras.

França e Alemanha são os dois principais pilares da União Europeia, e o crescimento da extrema direita nesses dois países gera um efeito sísmico no restante da UE, favorecendo a corrosão institucional do bloco.

Além disso, o motivo de não termos mencionado o AFD em nenhuma frente partidária europeia é pelo fato de que ele fazia parte dos Identitários, mas foram expulsos por Le Pen depois que o revisionismo nazista começou a gerar repercussão muito negativa. Oficialmente, eles assumem como “não inscritos”, lembrete de que muitos eurodeputados independentes e de outros grupos são também de extrema direita.

O fato dos partidos nacionalistas e de extrema direita estarem pulverizados em diversas frentes partidárias mostra que eles não agem em concerto ou de forma monolítica. São unidos em poucas pautas, como imigração, e enxergam no Parlamento Europeu seu palco ideal, com “Bruxelas” servindo de grande espantalho nacionalista. As principais forças pela integração da União Europeia podem respirar tranquilas. Ao menos por enquanto.

O último dia nove de junho foi agitado no calendário eleitoral europeu. Foram quatro eleições nacionais, dois referendos nacionais e, principalmente, a eleição para o Parlamento Europeu, o segundo maior sufrágio do mundo em número de eleitores. A reação inicial e instintiva de muitas pessoas foi apontar uma suposta vitória da direita nacionalista e da extrema direita no pleito europeu, mas um olhar mais atento desafia essa perspectiva.

Enquanto essa coluna é escrita, ainda não temos os resultados finais, apenas as projeções oficiais e os resultados finais de alguns países-membros. Os números finais podem ser ligeiramente diferentes, com uma ou duas cadeiras a mais ou a menos para cada grupo citado. “Grupo”, nesse caso, é cada frente partidária europeia, uma organização transnacional que atua nas instituições da União Europeia formada por partidos nacionais.

A líder do Reagrupamento Nacional, Marine Le Pen, participa de um debate em Paris, França  Foto: Julien De Rosa/AP

O primeiro lugar foi mantido pelo grupo Partido Popular Europeu, uma frente conservadora clássica de centro-direita cujos integrantes são, por exemplo, a União Democrata-Cristã alemã e seu partido irmão, o Partido Popular espanhol e o Partido Social Democrata, que atualmente governa Portugal. O PPE foi de 176 para 186 cadeiras, seguido pela Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas, que manteve o segundo lugar.

O grupo formado por social-democratas foi de 139 para 135 cadeiras. O grupo liberal Renovar a Europa foi um dos grandes perdedores do pleito, indo de 102 para 79 cadeiras, mas mantendo o posto de terceira maior bancada. Os verdes, com 71 cadeiras, eram a quarta maior bancada, e agora serão apenas a sexta, com 53 cadeiras, sendo os outros grandes perdedores dessa eleição.

Os verdes precisarão repaginar sua imagem e seu discurso com os impactos energéticos após a invasão da Ucrânia pela Rússia de Vladimir Putin. Olhando para os números do pleito, pode-se atestar que todos os três grupos que podem ser considerados à esquerda do centro diminuíram, já que a frente Esquerda continua como o menor grupo partidário da casa, com 36 cadeiras, menos do que a soma dos eurodeputados independentes.

A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, participa de uma coletiva de imprensa em Roma, Itália  Foto: Filippo Monteforte/AFP

O grupo Reformistas e Conservadores Europeus ficou com 73 cadeiras, antes ocupando 69. Esse é o grupo dos partidos Fratelli d’Italia, da premiê da Itália, Giorgia Meloni, e Vox, espanhol neofranquista. Já o grupo Identidade e Democracia, liderado pelo francês Reunião Nacional de Marine Le Pen, saltou de 49 para 58 cadeiras. O “identidade” nesse caso dialoga com o Movimento Identitário, um eufemismo que grupos racistas europeus se deram.

Somando os dois grupos de direita nacionalista e de extrema direita, eles ficaram com 131 cadeiras de 720, 18,1% do parlamento. Antes, ocupavam 118 assentos de 705, 16,7% da casa.

Ou seja, nada de um crescimento assombroso. Isso não quer dizer que a ameaça interna à integração europeia não teve ganhos. O RN de Le Pen se tornou o maior partido francês no Parlamento Europeu, com 30 das 81 cadeiras do país.

Junto com isso, o Alternativa para a Alemanha, conhecido pela sigla em alemão AFD, que abraçou o revisionismo escancarado do nazismo, se tornou a segunda bancada da Alemanha, com 17 das 96 cadeiras.

França e Alemanha são os dois principais pilares da União Europeia, e o crescimento da extrema direita nesses dois países gera um efeito sísmico no restante da UE, favorecendo a corrosão institucional do bloco.

Além disso, o motivo de não termos mencionado o AFD em nenhuma frente partidária europeia é pelo fato de que ele fazia parte dos Identitários, mas foram expulsos por Le Pen depois que o revisionismo nazista começou a gerar repercussão muito negativa. Oficialmente, eles assumem como “não inscritos”, lembrete de que muitos eurodeputados independentes e de outros grupos são também de extrema direita.

O fato dos partidos nacionalistas e de extrema direita estarem pulverizados em diversas frentes partidárias mostra que eles não agem em concerto ou de forma monolítica. São unidos em poucas pautas, como imigração, e enxergam no Parlamento Europeu seu palco ideal, com “Bruxelas” servindo de grande espantalho nacionalista. As principais forças pela integração da União Europeia podem respirar tranquilas. Ao menos por enquanto.

O último dia nove de junho foi agitado no calendário eleitoral europeu. Foram quatro eleições nacionais, dois referendos nacionais e, principalmente, a eleição para o Parlamento Europeu, o segundo maior sufrágio do mundo em número de eleitores. A reação inicial e instintiva de muitas pessoas foi apontar uma suposta vitória da direita nacionalista e da extrema direita no pleito europeu, mas um olhar mais atento desafia essa perspectiva.

Enquanto essa coluna é escrita, ainda não temos os resultados finais, apenas as projeções oficiais e os resultados finais de alguns países-membros. Os números finais podem ser ligeiramente diferentes, com uma ou duas cadeiras a mais ou a menos para cada grupo citado. “Grupo”, nesse caso, é cada frente partidária europeia, uma organização transnacional que atua nas instituições da União Europeia formada por partidos nacionais.

A líder do Reagrupamento Nacional, Marine Le Pen, participa de um debate em Paris, França  Foto: Julien De Rosa/AP

O primeiro lugar foi mantido pelo grupo Partido Popular Europeu, uma frente conservadora clássica de centro-direita cujos integrantes são, por exemplo, a União Democrata-Cristã alemã e seu partido irmão, o Partido Popular espanhol e o Partido Social Democrata, que atualmente governa Portugal. O PPE foi de 176 para 186 cadeiras, seguido pela Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas, que manteve o segundo lugar.

O grupo formado por social-democratas foi de 139 para 135 cadeiras. O grupo liberal Renovar a Europa foi um dos grandes perdedores do pleito, indo de 102 para 79 cadeiras, mas mantendo o posto de terceira maior bancada. Os verdes, com 71 cadeiras, eram a quarta maior bancada, e agora serão apenas a sexta, com 53 cadeiras, sendo os outros grandes perdedores dessa eleição.

Os verdes precisarão repaginar sua imagem e seu discurso com os impactos energéticos após a invasão da Ucrânia pela Rússia de Vladimir Putin. Olhando para os números do pleito, pode-se atestar que todos os três grupos que podem ser considerados à esquerda do centro diminuíram, já que a frente Esquerda continua como o menor grupo partidário da casa, com 36 cadeiras, menos do que a soma dos eurodeputados independentes.

A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, participa de uma coletiva de imprensa em Roma, Itália  Foto: Filippo Monteforte/AFP

O grupo Reformistas e Conservadores Europeus ficou com 73 cadeiras, antes ocupando 69. Esse é o grupo dos partidos Fratelli d’Italia, da premiê da Itália, Giorgia Meloni, e Vox, espanhol neofranquista. Já o grupo Identidade e Democracia, liderado pelo francês Reunião Nacional de Marine Le Pen, saltou de 49 para 58 cadeiras. O “identidade” nesse caso dialoga com o Movimento Identitário, um eufemismo que grupos racistas europeus se deram.

Somando os dois grupos de direita nacionalista e de extrema direita, eles ficaram com 131 cadeiras de 720, 18,1% do parlamento. Antes, ocupavam 118 assentos de 705, 16,7% da casa.

Ou seja, nada de um crescimento assombroso. Isso não quer dizer que a ameaça interna à integração europeia não teve ganhos. O RN de Le Pen se tornou o maior partido francês no Parlamento Europeu, com 30 das 81 cadeiras do país.

Junto com isso, o Alternativa para a Alemanha, conhecido pela sigla em alemão AFD, que abraçou o revisionismo escancarado do nazismo, se tornou a segunda bancada da Alemanha, com 17 das 96 cadeiras.

França e Alemanha são os dois principais pilares da União Europeia, e o crescimento da extrema direita nesses dois países gera um efeito sísmico no restante da UE, favorecendo a corrosão institucional do bloco.

Além disso, o motivo de não termos mencionado o AFD em nenhuma frente partidária europeia é pelo fato de que ele fazia parte dos Identitários, mas foram expulsos por Le Pen depois que o revisionismo nazista começou a gerar repercussão muito negativa. Oficialmente, eles assumem como “não inscritos”, lembrete de que muitos eurodeputados independentes e de outros grupos são também de extrema direita.

O fato dos partidos nacionalistas e de extrema direita estarem pulverizados em diversas frentes partidárias mostra que eles não agem em concerto ou de forma monolítica. São unidos em poucas pautas, como imigração, e enxergam no Parlamento Europeu seu palco ideal, com “Bruxelas” servindo de grande espantalho nacionalista. As principais forças pela integração da União Europeia podem respirar tranquilas. Ao menos por enquanto.

Opinião por Filipe Figueiredo

Filipe Figueiredo é graduado em história pela USP, comentarista de política internacional e criador dos podcasts Xadrez Verbal e Fronteiras Invisíveis do Futebol, sobre política internacional e história

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