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Opinião|Le Pen foi derrotada, mas ainda é o principal nome na política francesa


União da esquerda e do centro para derrotar o Reagrupamento Nacional, de Le Pen, mostra que direitista deve continuar pautando o debate público da França nos próximos anos

Por Filipe Figueiredo

Marine Le Pen continua o principal nome na política francesa. No último dia sete de julho foi realizado o segundo turno das eleições legislativas francesas, convocadas pelo presidente Emmanuel Macron um mês antes, após as eleições para o Parlamento Europeu. Após um enorme esforço político, o resultado do pleito manterá Le Pen e o seu partido Reagrupamento Nacional fora do poder, mas ainda como o nome forte nas próximas eleições.

A eleição teve um comparecimento eleitoral de mais de 66%, o maior desde 1997. Além disso, pela primeira vez na História, a participação se manteve praticamente igual de um turno para o outro. Esse alto comparecimento mostra a importância do pleito para os franceses e foi motivado, em boa parte, pela rejeição à Le Pen e seu partido, classificado como de ultradireita, mas que pode ser classificado como de extrema direita.

Essa é a classificação formal francesa, inclusive. Em setembro de 2023, o Ministério do Interior classificou o RN como extrema direita para as eleições para o Senado. O partido não concordou com a classificação e entrou com uma ação contra o ato. O Conselho de Estado, que é consultor jurídico do Executivo e suprema corte administrativa, rejeitou a queixa e afirmou que não há abuso de poder ou violação de princípios na classificação.

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Imagem mostra Marine Le Pen, líder do partido Reagrupamento Nacional (RN), ao lado dos novos deputados eleitos para a Assembleia da França. Apesar de não ter conquistado maioria parlamentar, Le Pen permanece a principal figura da França Foto: Bertrand Guay/AFP

O resultado final contrariou as pesquisas e trouxe alívio para Macron e boa parte da população francesa, que enxerga em Le Pen uma ameaça à constituição com seu plano de “preferência nacional”, que na prática criaria cidadãos de segunda classe. A Nova Frente Popular, formada por partidos que vão da centro-esquerda até a extrema esquerda do Novo Partido Anticapitalista, ficou em primeiro, com 180 dos 577 assentos, ganhando 49 a mais.

Em segundo lugar ficaram os macronistas do Juntos, com 159 cadeiras, uma perda de 86 assentos. A coalizão da RN, liderada por Jordan Bardella, tenente de Le Pen, conquistou 142 cadeiras, registrando o maior crescimento, em 53 cadeiras. Os Republicanos conservadores ficaram com 39 assentos. Os assentos restantes estão pulverizados em partidos regionais e menores, ou candidaturas independentes.

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Esse resultado significa uma coalizão entre macronistas e a NFP, para isolar Le Pen? Não. Macron vai resistir a fazer uma coalizão com o partido França Insubmissa, integrante da NFP e liderado por Jean-Luc Mélenchon, que ficou em terceiro lugar nas últimas eleições presidenciais de 2022. Com isso, não pode ser descartado um racha na NFP, com algum partido como o Partido Socialista ou os ecologistas se unindo a Macron.

Essa é uma das razões para dizer que Le Pen continua o principal nome na política francesa. Sua coalizão ficou em terceiro, mas seu partido terá a maior bancada, com 125 cadeiras. O França Insubmissa, maior partido da coalizão vencedora, terá 78 cadeiras, enquanto o PS possui 65 cadeiras. Mesmo a coalizão macronista, com menos riscos de rachaduras, é dividida em vários partidos.

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A outra razão do apontamento é o fato de que a coalizão do RN teve mais de dez milhões de votos em cada turno, sendo a mais votada em ambos. Para derrotar a RN foi necessária uma ampla concertação política entre esquerda e Macronistas para tirarem candidatos em distritos onde a outra coalizão tinha mais chance de vitória. Isso ocorreu em mais de duzentos distritos, após o inédito número de 311 distritos com três ou até quatro candidatos.

Mesmo esse concerto foi falho, já que, em setenta distritos, a disputa tripla foi mantida, por insistência ou dos macronistas ou da FI. E não é a primeira vez que esse tipo de acordo político, de “frente ampla”, teve que ser organizada para deter o avanço de Le Pen, que segue pautando o debate. No curto prazo, essa união de forças funcionou, mas, e no médio prazo? O fato é que o futuro da França ainda está em aberto e será preciso fazer muita política.

Marine Le Pen continua o principal nome na política francesa. No último dia sete de julho foi realizado o segundo turno das eleições legislativas francesas, convocadas pelo presidente Emmanuel Macron um mês antes, após as eleições para o Parlamento Europeu. Após um enorme esforço político, o resultado do pleito manterá Le Pen e o seu partido Reagrupamento Nacional fora do poder, mas ainda como o nome forte nas próximas eleições.

A eleição teve um comparecimento eleitoral de mais de 66%, o maior desde 1997. Além disso, pela primeira vez na História, a participação se manteve praticamente igual de um turno para o outro. Esse alto comparecimento mostra a importância do pleito para os franceses e foi motivado, em boa parte, pela rejeição à Le Pen e seu partido, classificado como de ultradireita, mas que pode ser classificado como de extrema direita.

Essa é a classificação formal francesa, inclusive. Em setembro de 2023, o Ministério do Interior classificou o RN como extrema direita para as eleições para o Senado. O partido não concordou com a classificação e entrou com uma ação contra o ato. O Conselho de Estado, que é consultor jurídico do Executivo e suprema corte administrativa, rejeitou a queixa e afirmou que não há abuso de poder ou violação de princípios na classificação.

Imagem mostra Marine Le Pen, líder do partido Reagrupamento Nacional (RN), ao lado dos novos deputados eleitos para a Assembleia da França. Apesar de não ter conquistado maioria parlamentar, Le Pen permanece a principal figura da França Foto: Bertrand Guay/AFP

O resultado final contrariou as pesquisas e trouxe alívio para Macron e boa parte da população francesa, que enxerga em Le Pen uma ameaça à constituição com seu plano de “preferência nacional”, que na prática criaria cidadãos de segunda classe. A Nova Frente Popular, formada por partidos que vão da centro-esquerda até a extrema esquerda do Novo Partido Anticapitalista, ficou em primeiro, com 180 dos 577 assentos, ganhando 49 a mais.

Em segundo lugar ficaram os macronistas do Juntos, com 159 cadeiras, uma perda de 86 assentos. A coalizão da RN, liderada por Jordan Bardella, tenente de Le Pen, conquistou 142 cadeiras, registrando o maior crescimento, em 53 cadeiras. Os Republicanos conservadores ficaram com 39 assentos. Os assentos restantes estão pulverizados em partidos regionais e menores, ou candidaturas independentes.

Esse resultado significa uma coalizão entre macronistas e a NFP, para isolar Le Pen? Não. Macron vai resistir a fazer uma coalizão com o partido França Insubmissa, integrante da NFP e liderado por Jean-Luc Mélenchon, que ficou em terceiro lugar nas últimas eleições presidenciais de 2022. Com isso, não pode ser descartado um racha na NFP, com algum partido como o Partido Socialista ou os ecologistas se unindo a Macron.

Essa é uma das razões para dizer que Le Pen continua o principal nome na política francesa. Sua coalizão ficou em terceiro, mas seu partido terá a maior bancada, com 125 cadeiras. O França Insubmissa, maior partido da coalizão vencedora, terá 78 cadeiras, enquanto o PS possui 65 cadeiras. Mesmo a coalizão macronista, com menos riscos de rachaduras, é dividida em vários partidos.

A outra razão do apontamento é o fato de que a coalizão do RN teve mais de dez milhões de votos em cada turno, sendo a mais votada em ambos. Para derrotar a RN foi necessária uma ampla concertação política entre esquerda e Macronistas para tirarem candidatos em distritos onde a outra coalizão tinha mais chance de vitória. Isso ocorreu em mais de duzentos distritos, após o inédito número de 311 distritos com três ou até quatro candidatos.

Mesmo esse concerto foi falho, já que, em setenta distritos, a disputa tripla foi mantida, por insistência ou dos macronistas ou da FI. E não é a primeira vez que esse tipo de acordo político, de “frente ampla”, teve que ser organizada para deter o avanço de Le Pen, que segue pautando o debate. No curto prazo, essa união de forças funcionou, mas, e no médio prazo? O fato é que o futuro da França ainda está em aberto e será preciso fazer muita política.

Marine Le Pen continua o principal nome na política francesa. No último dia sete de julho foi realizado o segundo turno das eleições legislativas francesas, convocadas pelo presidente Emmanuel Macron um mês antes, após as eleições para o Parlamento Europeu. Após um enorme esforço político, o resultado do pleito manterá Le Pen e o seu partido Reagrupamento Nacional fora do poder, mas ainda como o nome forte nas próximas eleições.

A eleição teve um comparecimento eleitoral de mais de 66%, o maior desde 1997. Além disso, pela primeira vez na História, a participação se manteve praticamente igual de um turno para o outro. Esse alto comparecimento mostra a importância do pleito para os franceses e foi motivado, em boa parte, pela rejeição à Le Pen e seu partido, classificado como de ultradireita, mas que pode ser classificado como de extrema direita.

Essa é a classificação formal francesa, inclusive. Em setembro de 2023, o Ministério do Interior classificou o RN como extrema direita para as eleições para o Senado. O partido não concordou com a classificação e entrou com uma ação contra o ato. O Conselho de Estado, que é consultor jurídico do Executivo e suprema corte administrativa, rejeitou a queixa e afirmou que não há abuso de poder ou violação de princípios na classificação.

Imagem mostra Marine Le Pen, líder do partido Reagrupamento Nacional (RN), ao lado dos novos deputados eleitos para a Assembleia da França. Apesar de não ter conquistado maioria parlamentar, Le Pen permanece a principal figura da França Foto: Bertrand Guay/AFP

O resultado final contrariou as pesquisas e trouxe alívio para Macron e boa parte da população francesa, que enxerga em Le Pen uma ameaça à constituição com seu plano de “preferência nacional”, que na prática criaria cidadãos de segunda classe. A Nova Frente Popular, formada por partidos que vão da centro-esquerda até a extrema esquerda do Novo Partido Anticapitalista, ficou em primeiro, com 180 dos 577 assentos, ganhando 49 a mais.

Em segundo lugar ficaram os macronistas do Juntos, com 159 cadeiras, uma perda de 86 assentos. A coalizão da RN, liderada por Jordan Bardella, tenente de Le Pen, conquistou 142 cadeiras, registrando o maior crescimento, em 53 cadeiras. Os Republicanos conservadores ficaram com 39 assentos. Os assentos restantes estão pulverizados em partidos regionais e menores, ou candidaturas independentes.

Esse resultado significa uma coalizão entre macronistas e a NFP, para isolar Le Pen? Não. Macron vai resistir a fazer uma coalizão com o partido França Insubmissa, integrante da NFP e liderado por Jean-Luc Mélenchon, que ficou em terceiro lugar nas últimas eleições presidenciais de 2022. Com isso, não pode ser descartado um racha na NFP, com algum partido como o Partido Socialista ou os ecologistas se unindo a Macron.

Essa é uma das razões para dizer que Le Pen continua o principal nome na política francesa. Sua coalizão ficou em terceiro, mas seu partido terá a maior bancada, com 125 cadeiras. O França Insubmissa, maior partido da coalizão vencedora, terá 78 cadeiras, enquanto o PS possui 65 cadeiras. Mesmo a coalizão macronista, com menos riscos de rachaduras, é dividida em vários partidos.

A outra razão do apontamento é o fato de que a coalizão do RN teve mais de dez milhões de votos em cada turno, sendo a mais votada em ambos. Para derrotar a RN foi necessária uma ampla concertação política entre esquerda e Macronistas para tirarem candidatos em distritos onde a outra coalizão tinha mais chance de vitória. Isso ocorreu em mais de duzentos distritos, após o inédito número de 311 distritos com três ou até quatro candidatos.

Mesmo esse concerto foi falho, já que, em setenta distritos, a disputa tripla foi mantida, por insistência ou dos macronistas ou da FI. E não é a primeira vez que esse tipo de acordo político, de “frente ampla”, teve que ser organizada para deter o avanço de Le Pen, que segue pautando o debate. No curto prazo, essa união de forças funcionou, mas, e no médio prazo? O fato é que o futuro da França ainda está em aberto e será preciso fazer muita política.

Opinião por Filipe Figueiredo

Filipe Figueiredo é graduado em história pela USP, comentarista de política internacional e criador dos podcasts Xadrez Verbal e Fronteiras Invisíveis do Futebol, sobre política internacional e história

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