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Opinião|Não é apenas de Trump e Kamala que vivem as eleições pelo mundo


Por motivos compreensíveis, o pleito dos EUA atrai a maioria dos olhares, mas essa não é a única eleição do momento, com o mais recente final de semana recheado de corridas eleitorais

Por Filipe Figueiredo

Falta menos de uma semana para as eleições presidenciais dos EUA de 2024, uma das mais apertadas da História do país. Donald Trump quer se tornar o segundo presidente de seu país a ser eleito para um segundo mandato não-consecutivo, algo que não ocorre desde Grover Cleveland, em 1892. Kamala Harris quer ser a primeira mulher da História no cargo. Por motivos compreensíveis, o pleito dos EUA atrai a maioria dos olhares, mas essa não é a única eleição do momento, com o mais recente final de semana recheado de corridas eleitorais.

No último sábado, a Geórgia foi às urnas e tudo indica que o país mergulhará novamente em protestos e em possível violência política. Como muitos países ex-soviéticos, a política georgiana é clivada não apenas entre direita e esquerda, mas também em setores pró-Rússia e setores que favorecem a aproximação com a União Europeia e com os EUA. O partido Sonho Georgiano, fundado como pró-UE, hoje é o maior partido da política do país, com bandeiras pró-Rússia.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, enfrenta a vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, nas eleições americanas de 2024  Foto: AP / AP
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Considerando que o país do Cáucaso tem duas partes de seu território atualmente ocupadas militarmente pela Rússia, desde 2008, a argumentação de seus apoiadores é que os governos anteriores “traíram” os interesses do país e despertaram uma retaliação russa. O partido foi o vencedor das eleições, com mais da metade dos votos e expressiva maioria no parlamento, especialmente devido ao voto rural, mas denúncias generalizadas de corrupção e irregularidades motivaram a presidente Salome Zourabichvili, pró-UE e nascida na França, a não reconhecer os resultados, apoiada por protestos populares.

Dois países do leste europeu membros da UE e da OTAN também foram às urnas. A Bulgária em uma espantosa sétima eleição em menos de quatro anos, e tudo indica que o país balcânico ainda não conseguirá formar um governo viável. Já na Lituânia, o Partido Social Democrata, de esquerda, teve o melhor desempenho de sua longa história. O país provavelmente será governado por uma coalizão entre social-democratas e verdes. No caso lituano, entretanto, há uma curiosidade. Os partidos verdes locais não são ecossocialistas, mas ligados aos pequenos agricultores, sendo socialmente conservadores e adotando políticas verdes especialmente por razões econômicas.

Oposicionistas protestam contra os resultados das eleições parlamentares da Geórgia no centro de Tbilisi, Geórgia  Foto: Vano Shlamov/AFP
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A esquerda também teve bom desempenho no Uruguai, onde as eleições presidenciais irão para o segundo turno, entre Yamandú Orsi, da Frente Ampla de esquerda, e Álvaro Delgado, do conservador Partido Nacional, os “blancos”. Pelas pesquisas, a esquerda retornará ao poder no país, com vitória de Orsi no segundo turno. Ele já teve 46,2% dos votos no primeiro turno, e o alto comparecimento eleitoral dificulta as chances de virada de Delgada. Já no Chile, as eleições regionais e municipais consagraram as alianças dos maiores partidos, o que pode induzir análises precipitadas e talvez equivocadas.

A coalizão Chile Vamos, da direita conservadora tradicional do finado Sebastián Piñera, conquistou 122 prefeituras, seguida da coalizão de esquerda, apoiada por Gabriel Boric, com 111 prefeituras. Enquanto isso, os Republicanos do pinochetista José Antonio Kast conquistaram apenas oito prefeituras. Não é razoável descartar Kast da eleição presidencial de 2025, entretanto, já que sua imagem e suas pautas são muito mais de âmbito nacional.

O candidato presidencial da Frente Ampla, Yamandú Orsi, participa de um comício após os resultados do primeiro turno das eleições presidenciais do Uruguai  Foto: Natacha Pisarenko/AP
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Finalmente, no Japão, os conservadores do Partido Liberal Democrata tiveram seu segundo pior desempenho na História. O novo governo de Ishiba Shigeru, com os nomes no costume japonês, começa já sob o signo da crise, sem maioria após a desastrada aposta em eleições antecipadas. Os recentes escândalos de corrupção e de envolvimento com igrejas bilionárias cobrou o preço do partido. Um governo de oposição, entretanto, é improvável, dada a configuração da casa.

Já nos EUA e seu sistema indireto de pleito, é virtualmente impossível qualquer previsão ou análise no momento. Algumas pessoas implicam com a classificação do sistema eleitoral dos EUA como um sistema indireto, porém, não apenas existe um Colégio Eleitoral como ele é formado pela soma dos assentos de ambas as casas do Congresso dos EUA. O Senado representa os estados, não a população, “dando” dois votos por estado conquistado e permitindo distorções como um candidato vencer sem a maioria dos votos. Pelas pesquisas, dos 538 assentos, 226 estão relativamente seguros para Kamala Harris e 219 para Trump.

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Os outros 93 votos do Colégio Eleitoral são dos decisivos estados pêndulo, todos empatados dentro das margens de erro das pesquisas. Trump, entretanto, tem uma vantagem perante Kamala Harris. Sua capacidade de mobilizar o eleitorado é muito maior. O trumpista fiel votará faça chuva ou faça sol, o que é importantíssimo em um país onde o voto não é apenas facultativo, mas em um dia útil. Kamala Harris terá como principal arma apenas o fato de não ser Trump, embora sofra críticas do eleitorado jovem e não-branco pelo apoio do governo Biden a Israel. Votos que podem fazer falta no dia 5 de novembro.

Falta menos de uma semana para as eleições presidenciais dos EUA de 2024, uma das mais apertadas da História do país. Donald Trump quer se tornar o segundo presidente de seu país a ser eleito para um segundo mandato não-consecutivo, algo que não ocorre desde Grover Cleveland, em 1892. Kamala Harris quer ser a primeira mulher da História no cargo. Por motivos compreensíveis, o pleito dos EUA atrai a maioria dos olhares, mas essa não é a única eleição do momento, com o mais recente final de semana recheado de corridas eleitorais.

No último sábado, a Geórgia foi às urnas e tudo indica que o país mergulhará novamente em protestos e em possível violência política. Como muitos países ex-soviéticos, a política georgiana é clivada não apenas entre direita e esquerda, mas também em setores pró-Rússia e setores que favorecem a aproximação com a União Europeia e com os EUA. O partido Sonho Georgiano, fundado como pró-UE, hoje é o maior partido da política do país, com bandeiras pró-Rússia.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, enfrenta a vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, nas eleições americanas de 2024  Foto: AP / AP

Considerando que o país do Cáucaso tem duas partes de seu território atualmente ocupadas militarmente pela Rússia, desde 2008, a argumentação de seus apoiadores é que os governos anteriores “traíram” os interesses do país e despertaram uma retaliação russa. O partido foi o vencedor das eleições, com mais da metade dos votos e expressiva maioria no parlamento, especialmente devido ao voto rural, mas denúncias generalizadas de corrupção e irregularidades motivaram a presidente Salome Zourabichvili, pró-UE e nascida na França, a não reconhecer os resultados, apoiada por protestos populares.

Dois países do leste europeu membros da UE e da OTAN também foram às urnas. A Bulgária em uma espantosa sétima eleição em menos de quatro anos, e tudo indica que o país balcânico ainda não conseguirá formar um governo viável. Já na Lituânia, o Partido Social Democrata, de esquerda, teve o melhor desempenho de sua longa história. O país provavelmente será governado por uma coalizão entre social-democratas e verdes. No caso lituano, entretanto, há uma curiosidade. Os partidos verdes locais não são ecossocialistas, mas ligados aos pequenos agricultores, sendo socialmente conservadores e adotando políticas verdes especialmente por razões econômicas.

Oposicionistas protestam contra os resultados das eleições parlamentares da Geórgia no centro de Tbilisi, Geórgia  Foto: Vano Shlamov/AFP

A esquerda também teve bom desempenho no Uruguai, onde as eleições presidenciais irão para o segundo turno, entre Yamandú Orsi, da Frente Ampla de esquerda, e Álvaro Delgado, do conservador Partido Nacional, os “blancos”. Pelas pesquisas, a esquerda retornará ao poder no país, com vitória de Orsi no segundo turno. Ele já teve 46,2% dos votos no primeiro turno, e o alto comparecimento eleitoral dificulta as chances de virada de Delgada. Já no Chile, as eleições regionais e municipais consagraram as alianças dos maiores partidos, o que pode induzir análises precipitadas e talvez equivocadas.

A coalizão Chile Vamos, da direita conservadora tradicional do finado Sebastián Piñera, conquistou 122 prefeituras, seguida da coalizão de esquerda, apoiada por Gabriel Boric, com 111 prefeituras. Enquanto isso, os Republicanos do pinochetista José Antonio Kast conquistaram apenas oito prefeituras. Não é razoável descartar Kast da eleição presidencial de 2025, entretanto, já que sua imagem e suas pautas são muito mais de âmbito nacional.

O candidato presidencial da Frente Ampla, Yamandú Orsi, participa de um comício após os resultados do primeiro turno das eleições presidenciais do Uruguai  Foto: Natacha Pisarenko/AP

Finalmente, no Japão, os conservadores do Partido Liberal Democrata tiveram seu segundo pior desempenho na História. O novo governo de Ishiba Shigeru, com os nomes no costume japonês, começa já sob o signo da crise, sem maioria após a desastrada aposta em eleições antecipadas. Os recentes escândalos de corrupção e de envolvimento com igrejas bilionárias cobrou o preço do partido. Um governo de oposição, entretanto, é improvável, dada a configuração da casa.

Já nos EUA e seu sistema indireto de pleito, é virtualmente impossível qualquer previsão ou análise no momento. Algumas pessoas implicam com a classificação do sistema eleitoral dos EUA como um sistema indireto, porém, não apenas existe um Colégio Eleitoral como ele é formado pela soma dos assentos de ambas as casas do Congresso dos EUA. O Senado representa os estados, não a população, “dando” dois votos por estado conquistado e permitindo distorções como um candidato vencer sem a maioria dos votos. Pelas pesquisas, dos 538 assentos, 226 estão relativamente seguros para Kamala Harris e 219 para Trump.

Os outros 93 votos do Colégio Eleitoral são dos decisivos estados pêndulo, todos empatados dentro das margens de erro das pesquisas. Trump, entretanto, tem uma vantagem perante Kamala Harris. Sua capacidade de mobilizar o eleitorado é muito maior. O trumpista fiel votará faça chuva ou faça sol, o que é importantíssimo em um país onde o voto não é apenas facultativo, mas em um dia útil. Kamala Harris terá como principal arma apenas o fato de não ser Trump, embora sofra críticas do eleitorado jovem e não-branco pelo apoio do governo Biden a Israel. Votos que podem fazer falta no dia 5 de novembro.

Falta menos de uma semana para as eleições presidenciais dos EUA de 2024, uma das mais apertadas da História do país. Donald Trump quer se tornar o segundo presidente de seu país a ser eleito para um segundo mandato não-consecutivo, algo que não ocorre desde Grover Cleveland, em 1892. Kamala Harris quer ser a primeira mulher da História no cargo. Por motivos compreensíveis, o pleito dos EUA atrai a maioria dos olhares, mas essa não é a única eleição do momento, com o mais recente final de semana recheado de corridas eleitorais.

No último sábado, a Geórgia foi às urnas e tudo indica que o país mergulhará novamente em protestos e em possível violência política. Como muitos países ex-soviéticos, a política georgiana é clivada não apenas entre direita e esquerda, mas também em setores pró-Rússia e setores que favorecem a aproximação com a União Europeia e com os EUA. O partido Sonho Georgiano, fundado como pró-UE, hoje é o maior partido da política do país, com bandeiras pró-Rússia.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, enfrenta a vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, nas eleições americanas de 2024  Foto: AP / AP

Considerando que o país do Cáucaso tem duas partes de seu território atualmente ocupadas militarmente pela Rússia, desde 2008, a argumentação de seus apoiadores é que os governos anteriores “traíram” os interesses do país e despertaram uma retaliação russa. O partido foi o vencedor das eleições, com mais da metade dos votos e expressiva maioria no parlamento, especialmente devido ao voto rural, mas denúncias generalizadas de corrupção e irregularidades motivaram a presidente Salome Zourabichvili, pró-UE e nascida na França, a não reconhecer os resultados, apoiada por protestos populares.

Dois países do leste europeu membros da UE e da OTAN também foram às urnas. A Bulgária em uma espantosa sétima eleição em menos de quatro anos, e tudo indica que o país balcânico ainda não conseguirá formar um governo viável. Já na Lituânia, o Partido Social Democrata, de esquerda, teve o melhor desempenho de sua longa história. O país provavelmente será governado por uma coalizão entre social-democratas e verdes. No caso lituano, entretanto, há uma curiosidade. Os partidos verdes locais não são ecossocialistas, mas ligados aos pequenos agricultores, sendo socialmente conservadores e adotando políticas verdes especialmente por razões econômicas.

Oposicionistas protestam contra os resultados das eleições parlamentares da Geórgia no centro de Tbilisi, Geórgia  Foto: Vano Shlamov/AFP

A esquerda também teve bom desempenho no Uruguai, onde as eleições presidenciais irão para o segundo turno, entre Yamandú Orsi, da Frente Ampla de esquerda, e Álvaro Delgado, do conservador Partido Nacional, os “blancos”. Pelas pesquisas, a esquerda retornará ao poder no país, com vitória de Orsi no segundo turno. Ele já teve 46,2% dos votos no primeiro turno, e o alto comparecimento eleitoral dificulta as chances de virada de Delgada. Já no Chile, as eleições regionais e municipais consagraram as alianças dos maiores partidos, o que pode induzir análises precipitadas e talvez equivocadas.

A coalizão Chile Vamos, da direita conservadora tradicional do finado Sebastián Piñera, conquistou 122 prefeituras, seguida da coalizão de esquerda, apoiada por Gabriel Boric, com 111 prefeituras. Enquanto isso, os Republicanos do pinochetista José Antonio Kast conquistaram apenas oito prefeituras. Não é razoável descartar Kast da eleição presidencial de 2025, entretanto, já que sua imagem e suas pautas são muito mais de âmbito nacional.

O candidato presidencial da Frente Ampla, Yamandú Orsi, participa de um comício após os resultados do primeiro turno das eleições presidenciais do Uruguai  Foto: Natacha Pisarenko/AP

Finalmente, no Japão, os conservadores do Partido Liberal Democrata tiveram seu segundo pior desempenho na História. O novo governo de Ishiba Shigeru, com os nomes no costume japonês, começa já sob o signo da crise, sem maioria após a desastrada aposta em eleições antecipadas. Os recentes escândalos de corrupção e de envolvimento com igrejas bilionárias cobrou o preço do partido. Um governo de oposição, entretanto, é improvável, dada a configuração da casa.

Já nos EUA e seu sistema indireto de pleito, é virtualmente impossível qualquer previsão ou análise no momento. Algumas pessoas implicam com a classificação do sistema eleitoral dos EUA como um sistema indireto, porém, não apenas existe um Colégio Eleitoral como ele é formado pela soma dos assentos de ambas as casas do Congresso dos EUA. O Senado representa os estados, não a população, “dando” dois votos por estado conquistado e permitindo distorções como um candidato vencer sem a maioria dos votos. Pelas pesquisas, dos 538 assentos, 226 estão relativamente seguros para Kamala Harris e 219 para Trump.

Os outros 93 votos do Colégio Eleitoral são dos decisivos estados pêndulo, todos empatados dentro das margens de erro das pesquisas. Trump, entretanto, tem uma vantagem perante Kamala Harris. Sua capacidade de mobilizar o eleitorado é muito maior. O trumpista fiel votará faça chuva ou faça sol, o que é importantíssimo em um país onde o voto não é apenas facultativo, mas em um dia útil. Kamala Harris terá como principal arma apenas o fato de não ser Trump, embora sofra críticas do eleitorado jovem e não-branco pelo apoio do governo Biden a Israel. Votos que podem fazer falta no dia 5 de novembro.

Falta menos de uma semana para as eleições presidenciais dos EUA de 2024, uma das mais apertadas da História do país. Donald Trump quer se tornar o segundo presidente de seu país a ser eleito para um segundo mandato não-consecutivo, algo que não ocorre desde Grover Cleveland, em 1892. Kamala Harris quer ser a primeira mulher da História no cargo. Por motivos compreensíveis, o pleito dos EUA atrai a maioria dos olhares, mas essa não é a única eleição do momento, com o mais recente final de semana recheado de corridas eleitorais.

No último sábado, a Geórgia foi às urnas e tudo indica que o país mergulhará novamente em protestos e em possível violência política. Como muitos países ex-soviéticos, a política georgiana é clivada não apenas entre direita e esquerda, mas também em setores pró-Rússia e setores que favorecem a aproximação com a União Europeia e com os EUA. O partido Sonho Georgiano, fundado como pró-UE, hoje é o maior partido da política do país, com bandeiras pró-Rússia.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, enfrenta a vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, nas eleições americanas de 2024  Foto: AP / AP

Considerando que o país do Cáucaso tem duas partes de seu território atualmente ocupadas militarmente pela Rússia, desde 2008, a argumentação de seus apoiadores é que os governos anteriores “traíram” os interesses do país e despertaram uma retaliação russa. O partido foi o vencedor das eleições, com mais da metade dos votos e expressiva maioria no parlamento, especialmente devido ao voto rural, mas denúncias generalizadas de corrupção e irregularidades motivaram a presidente Salome Zourabichvili, pró-UE e nascida na França, a não reconhecer os resultados, apoiada por protestos populares.

Dois países do leste europeu membros da UE e da OTAN também foram às urnas. A Bulgária em uma espantosa sétima eleição em menos de quatro anos, e tudo indica que o país balcânico ainda não conseguirá formar um governo viável. Já na Lituânia, o Partido Social Democrata, de esquerda, teve o melhor desempenho de sua longa história. O país provavelmente será governado por uma coalizão entre social-democratas e verdes. No caso lituano, entretanto, há uma curiosidade. Os partidos verdes locais não são ecossocialistas, mas ligados aos pequenos agricultores, sendo socialmente conservadores e adotando políticas verdes especialmente por razões econômicas.

Oposicionistas protestam contra os resultados das eleições parlamentares da Geórgia no centro de Tbilisi, Geórgia  Foto: Vano Shlamov/AFP

A esquerda também teve bom desempenho no Uruguai, onde as eleições presidenciais irão para o segundo turno, entre Yamandú Orsi, da Frente Ampla de esquerda, e Álvaro Delgado, do conservador Partido Nacional, os “blancos”. Pelas pesquisas, a esquerda retornará ao poder no país, com vitória de Orsi no segundo turno. Ele já teve 46,2% dos votos no primeiro turno, e o alto comparecimento eleitoral dificulta as chances de virada de Delgada. Já no Chile, as eleições regionais e municipais consagraram as alianças dos maiores partidos, o que pode induzir análises precipitadas e talvez equivocadas.

A coalizão Chile Vamos, da direita conservadora tradicional do finado Sebastián Piñera, conquistou 122 prefeituras, seguida da coalizão de esquerda, apoiada por Gabriel Boric, com 111 prefeituras. Enquanto isso, os Republicanos do pinochetista José Antonio Kast conquistaram apenas oito prefeituras. Não é razoável descartar Kast da eleição presidencial de 2025, entretanto, já que sua imagem e suas pautas são muito mais de âmbito nacional.

O candidato presidencial da Frente Ampla, Yamandú Orsi, participa de um comício após os resultados do primeiro turno das eleições presidenciais do Uruguai  Foto: Natacha Pisarenko/AP

Finalmente, no Japão, os conservadores do Partido Liberal Democrata tiveram seu segundo pior desempenho na História. O novo governo de Ishiba Shigeru, com os nomes no costume japonês, começa já sob o signo da crise, sem maioria após a desastrada aposta em eleições antecipadas. Os recentes escândalos de corrupção e de envolvimento com igrejas bilionárias cobrou o preço do partido. Um governo de oposição, entretanto, é improvável, dada a configuração da casa.

Já nos EUA e seu sistema indireto de pleito, é virtualmente impossível qualquer previsão ou análise no momento. Algumas pessoas implicam com a classificação do sistema eleitoral dos EUA como um sistema indireto, porém, não apenas existe um Colégio Eleitoral como ele é formado pela soma dos assentos de ambas as casas do Congresso dos EUA. O Senado representa os estados, não a população, “dando” dois votos por estado conquistado e permitindo distorções como um candidato vencer sem a maioria dos votos. Pelas pesquisas, dos 538 assentos, 226 estão relativamente seguros para Kamala Harris e 219 para Trump.

Os outros 93 votos do Colégio Eleitoral são dos decisivos estados pêndulo, todos empatados dentro das margens de erro das pesquisas. Trump, entretanto, tem uma vantagem perante Kamala Harris. Sua capacidade de mobilizar o eleitorado é muito maior. O trumpista fiel votará faça chuva ou faça sol, o que é importantíssimo em um país onde o voto não é apenas facultativo, mas em um dia útil. Kamala Harris terá como principal arma apenas o fato de não ser Trump, embora sofra críticas do eleitorado jovem e não-branco pelo apoio do governo Biden a Israel. Votos que podem fazer falta no dia 5 de novembro.

Opinião por Filipe Figueiredo

Filipe Figueiredo é graduado em história pela USP, comentarista de política internacional e criador dos podcasts Xadrez Verbal e Fronteiras Invisíveis do Futebol, sobre política internacional e história

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