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Opinião|Por que as mudanças climáticas multiplicam as ameaças atuais, guerras e conflitos armados inclusive


As mudanças climáticas causam destruição física e mortes e podem gerar movimentos migratórios de larga escala que fariam crises como a causada pela guerra da Síria parecerem simples

Por Filipe Figueiredo

A desinformação e a tacanhice ideológica fazem com que muitas pessoas ainda possuam perspectivas obsoletas sobre as mudanças climáticas agravadas pela ação humana. Desde a negação pura e simples, como se não existisse uma vasta produção científica comprovando os efeitos da ação humana no clima terrestre, até a insistência em estereótipos bobos que esvaziam o problema.

Um deles é que mudanças climáticas são preocupação de “hippies”, de militantes ecológicos que “abraçam árvores”. Nada mais distante da realidade, que consiste de um debate multifacetado, que inclui o problema da segurança climática.

As mudanças climáticas são uma ameaça. Para toda a humanidade, embora de forma desigual, com regiões mais vulneráveis, seja por sua posição geográfica, seja pela pobreza e pela falta de desenvolvimento. Essa ameaça, tal como uma pandemia, não respeita nem e nem acordos internacionais.

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Vista aérea do baixo nível das águas do Rio Amazonas em Puerto Narino, Colômbia; fluxo do Rio Amazonas foi reduzido em 90% devido à falta de chuvas que afeta a fronteira com Brasil e Peru, acessível apenas por água Foto: Luis Acosta/AFP

As mudanças climáticas já causam destruição física e mortes, mas também afetam a disponibilidade de energia, a produção de alimentos, a qualidade de vida e podem gerar movimentos migratórios de larga escala que fariam crises como a causada pela guerra da Síria parecerem simples.

É importante frisar esse aspecto das mudanças climáticas não pela defesa da necessidade de uma suposta militarização, até porque a solução definitiva do problema não passa pela alçada militar. O destaque é pelo fato que mudanças climáticas não são mais apenas ameaças para gerações futuras. As mudanças climáticas são um multiplicador de ameaças atuais, ameaças tais que podem sim desencadear reações militares e até mesmo conflitos.

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A relação entre mudanças climáticas e segurança fica evidenciada quando o tema é debatido em diversos fóruns dedicados à defesa e segurança, como a brasileira Conferência do Forte de Copacabana. Um exemplo de crise em que as fragilidades são amplificadas pelas mudanças climáticas é a atual crise em torno do Lago Chade. Localizado na fronteira quádrupla entre Nigéria, Níger, Chade e Camarões, o lago de água doce é essencial para a agricultura, para a pesca e para o abastecimento de água potável da população ao seu redor.

Quando da chegada europeia na região, o lago tinha cerca de vinte e oito mil quilômetros quadrados. A ação humana, entretanto, seja pelo desvio de sua água, seja pelas mudanças climáticas, o reduziu para cerca de quatro mil quilômetros quadrados. A desertificação contribuiu para que seus arredores tenham se tornado um berço de crises, com grupos armados disputando os recursos restantes e se associando ao terrorismo extremista islâmico. Ao leste, as crises de refugiados do Sudão e do Sudão do Sul foram e são agravadas por questões ambientais. O que, claro, não exclui a ação política e militar humana.

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Não é recente a hipótese de que água potável será recurso motivador de guerras. A relação da água com conflitos é tripartite. Ela pode ser causa do conflito, com uma guerra pelo controle ao acesso à água. Pode ser vítima do conflito, com o abastecimento de água interrompido ou prejudicado. E pode ser também arma de conflito, vide os poços envenenados desde a Idade Antiga. As mudanças climáticas causam e aceleram um processo que deixa cada vez mais próximo o dia em que a água será a razão de um conflito de larga escala entre Estados.

As mudanças climáticas também causarão desdobramentos na região do Ártico, com o degelo em curso aumentando as rotas comerciais pelo norte, região que é, desde a Guerra Fria, ponto focal de disputa geopolítica entre EUA, Rússia e seus respectivos aliados. Engana-se, entretanto, quem acha que esse assunto será de alçada apenas das potências ou dos países de uma determinada região. O colapso climático pode causar consequências inimagináveis e, se segurança é uma prioridade da comunidade internacional, o combate às mudanças climáticas deveria estar no topo da lista de preocupações.

A desinformação e a tacanhice ideológica fazem com que muitas pessoas ainda possuam perspectivas obsoletas sobre as mudanças climáticas agravadas pela ação humana. Desde a negação pura e simples, como se não existisse uma vasta produção científica comprovando os efeitos da ação humana no clima terrestre, até a insistência em estereótipos bobos que esvaziam o problema.

Um deles é que mudanças climáticas são preocupação de “hippies”, de militantes ecológicos que “abraçam árvores”. Nada mais distante da realidade, que consiste de um debate multifacetado, que inclui o problema da segurança climática.

As mudanças climáticas são uma ameaça. Para toda a humanidade, embora de forma desigual, com regiões mais vulneráveis, seja por sua posição geográfica, seja pela pobreza e pela falta de desenvolvimento. Essa ameaça, tal como uma pandemia, não respeita nem e nem acordos internacionais.

Vista aérea do baixo nível das águas do Rio Amazonas em Puerto Narino, Colômbia; fluxo do Rio Amazonas foi reduzido em 90% devido à falta de chuvas que afeta a fronteira com Brasil e Peru, acessível apenas por água Foto: Luis Acosta/AFP

As mudanças climáticas já causam destruição física e mortes, mas também afetam a disponibilidade de energia, a produção de alimentos, a qualidade de vida e podem gerar movimentos migratórios de larga escala que fariam crises como a causada pela guerra da Síria parecerem simples.

É importante frisar esse aspecto das mudanças climáticas não pela defesa da necessidade de uma suposta militarização, até porque a solução definitiva do problema não passa pela alçada militar. O destaque é pelo fato que mudanças climáticas não são mais apenas ameaças para gerações futuras. As mudanças climáticas são um multiplicador de ameaças atuais, ameaças tais que podem sim desencadear reações militares e até mesmo conflitos.

A relação entre mudanças climáticas e segurança fica evidenciada quando o tema é debatido em diversos fóruns dedicados à defesa e segurança, como a brasileira Conferência do Forte de Copacabana. Um exemplo de crise em que as fragilidades são amplificadas pelas mudanças climáticas é a atual crise em torno do Lago Chade. Localizado na fronteira quádrupla entre Nigéria, Níger, Chade e Camarões, o lago de água doce é essencial para a agricultura, para a pesca e para o abastecimento de água potável da população ao seu redor.

Quando da chegada europeia na região, o lago tinha cerca de vinte e oito mil quilômetros quadrados. A ação humana, entretanto, seja pelo desvio de sua água, seja pelas mudanças climáticas, o reduziu para cerca de quatro mil quilômetros quadrados. A desertificação contribuiu para que seus arredores tenham se tornado um berço de crises, com grupos armados disputando os recursos restantes e se associando ao terrorismo extremista islâmico. Ao leste, as crises de refugiados do Sudão e do Sudão do Sul foram e são agravadas por questões ambientais. O que, claro, não exclui a ação política e militar humana.

Não é recente a hipótese de que água potável será recurso motivador de guerras. A relação da água com conflitos é tripartite. Ela pode ser causa do conflito, com uma guerra pelo controle ao acesso à água. Pode ser vítima do conflito, com o abastecimento de água interrompido ou prejudicado. E pode ser também arma de conflito, vide os poços envenenados desde a Idade Antiga. As mudanças climáticas causam e aceleram um processo que deixa cada vez mais próximo o dia em que a água será a razão de um conflito de larga escala entre Estados.

As mudanças climáticas também causarão desdobramentos na região do Ártico, com o degelo em curso aumentando as rotas comerciais pelo norte, região que é, desde a Guerra Fria, ponto focal de disputa geopolítica entre EUA, Rússia e seus respectivos aliados. Engana-se, entretanto, quem acha que esse assunto será de alçada apenas das potências ou dos países de uma determinada região. O colapso climático pode causar consequências inimagináveis e, se segurança é uma prioridade da comunidade internacional, o combate às mudanças climáticas deveria estar no topo da lista de preocupações.

A desinformação e a tacanhice ideológica fazem com que muitas pessoas ainda possuam perspectivas obsoletas sobre as mudanças climáticas agravadas pela ação humana. Desde a negação pura e simples, como se não existisse uma vasta produção científica comprovando os efeitos da ação humana no clima terrestre, até a insistência em estereótipos bobos que esvaziam o problema.

Um deles é que mudanças climáticas são preocupação de “hippies”, de militantes ecológicos que “abraçam árvores”. Nada mais distante da realidade, que consiste de um debate multifacetado, que inclui o problema da segurança climática.

As mudanças climáticas são uma ameaça. Para toda a humanidade, embora de forma desigual, com regiões mais vulneráveis, seja por sua posição geográfica, seja pela pobreza e pela falta de desenvolvimento. Essa ameaça, tal como uma pandemia, não respeita nem e nem acordos internacionais.

Vista aérea do baixo nível das águas do Rio Amazonas em Puerto Narino, Colômbia; fluxo do Rio Amazonas foi reduzido em 90% devido à falta de chuvas que afeta a fronteira com Brasil e Peru, acessível apenas por água Foto: Luis Acosta/AFP

As mudanças climáticas já causam destruição física e mortes, mas também afetam a disponibilidade de energia, a produção de alimentos, a qualidade de vida e podem gerar movimentos migratórios de larga escala que fariam crises como a causada pela guerra da Síria parecerem simples.

É importante frisar esse aspecto das mudanças climáticas não pela defesa da necessidade de uma suposta militarização, até porque a solução definitiva do problema não passa pela alçada militar. O destaque é pelo fato que mudanças climáticas não são mais apenas ameaças para gerações futuras. As mudanças climáticas são um multiplicador de ameaças atuais, ameaças tais que podem sim desencadear reações militares e até mesmo conflitos.

A relação entre mudanças climáticas e segurança fica evidenciada quando o tema é debatido em diversos fóruns dedicados à defesa e segurança, como a brasileira Conferência do Forte de Copacabana. Um exemplo de crise em que as fragilidades são amplificadas pelas mudanças climáticas é a atual crise em torno do Lago Chade. Localizado na fronteira quádrupla entre Nigéria, Níger, Chade e Camarões, o lago de água doce é essencial para a agricultura, para a pesca e para o abastecimento de água potável da população ao seu redor.

Quando da chegada europeia na região, o lago tinha cerca de vinte e oito mil quilômetros quadrados. A ação humana, entretanto, seja pelo desvio de sua água, seja pelas mudanças climáticas, o reduziu para cerca de quatro mil quilômetros quadrados. A desertificação contribuiu para que seus arredores tenham se tornado um berço de crises, com grupos armados disputando os recursos restantes e se associando ao terrorismo extremista islâmico. Ao leste, as crises de refugiados do Sudão e do Sudão do Sul foram e são agravadas por questões ambientais. O que, claro, não exclui a ação política e militar humana.

Não é recente a hipótese de que água potável será recurso motivador de guerras. A relação da água com conflitos é tripartite. Ela pode ser causa do conflito, com uma guerra pelo controle ao acesso à água. Pode ser vítima do conflito, com o abastecimento de água interrompido ou prejudicado. E pode ser também arma de conflito, vide os poços envenenados desde a Idade Antiga. As mudanças climáticas causam e aceleram um processo que deixa cada vez mais próximo o dia em que a água será a razão de um conflito de larga escala entre Estados.

As mudanças climáticas também causarão desdobramentos na região do Ártico, com o degelo em curso aumentando as rotas comerciais pelo norte, região que é, desde a Guerra Fria, ponto focal de disputa geopolítica entre EUA, Rússia e seus respectivos aliados. Engana-se, entretanto, quem acha que esse assunto será de alçada apenas das potências ou dos países de uma determinada região. O colapso climático pode causar consequências inimagináveis e, se segurança é uma prioridade da comunidade internacional, o combate às mudanças climáticas deveria estar no topo da lista de preocupações.

A desinformação e a tacanhice ideológica fazem com que muitas pessoas ainda possuam perspectivas obsoletas sobre as mudanças climáticas agravadas pela ação humana. Desde a negação pura e simples, como se não existisse uma vasta produção científica comprovando os efeitos da ação humana no clima terrestre, até a insistência em estereótipos bobos que esvaziam o problema.

Um deles é que mudanças climáticas são preocupação de “hippies”, de militantes ecológicos que “abraçam árvores”. Nada mais distante da realidade, que consiste de um debate multifacetado, que inclui o problema da segurança climática.

As mudanças climáticas são uma ameaça. Para toda a humanidade, embora de forma desigual, com regiões mais vulneráveis, seja por sua posição geográfica, seja pela pobreza e pela falta de desenvolvimento. Essa ameaça, tal como uma pandemia, não respeita nem e nem acordos internacionais.

Vista aérea do baixo nível das águas do Rio Amazonas em Puerto Narino, Colômbia; fluxo do Rio Amazonas foi reduzido em 90% devido à falta de chuvas que afeta a fronteira com Brasil e Peru, acessível apenas por água Foto: Luis Acosta/AFP

As mudanças climáticas já causam destruição física e mortes, mas também afetam a disponibilidade de energia, a produção de alimentos, a qualidade de vida e podem gerar movimentos migratórios de larga escala que fariam crises como a causada pela guerra da Síria parecerem simples.

É importante frisar esse aspecto das mudanças climáticas não pela defesa da necessidade de uma suposta militarização, até porque a solução definitiva do problema não passa pela alçada militar. O destaque é pelo fato que mudanças climáticas não são mais apenas ameaças para gerações futuras. As mudanças climáticas são um multiplicador de ameaças atuais, ameaças tais que podem sim desencadear reações militares e até mesmo conflitos.

A relação entre mudanças climáticas e segurança fica evidenciada quando o tema é debatido em diversos fóruns dedicados à defesa e segurança, como a brasileira Conferência do Forte de Copacabana. Um exemplo de crise em que as fragilidades são amplificadas pelas mudanças climáticas é a atual crise em torno do Lago Chade. Localizado na fronteira quádrupla entre Nigéria, Níger, Chade e Camarões, o lago de água doce é essencial para a agricultura, para a pesca e para o abastecimento de água potável da população ao seu redor.

Quando da chegada europeia na região, o lago tinha cerca de vinte e oito mil quilômetros quadrados. A ação humana, entretanto, seja pelo desvio de sua água, seja pelas mudanças climáticas, o reduziu para cerca de quatro mil quilômetros quadrados. A desertificação contribuiu para que seus arredores tenham se tornado um berço de crises, com grupos armados disputando os recursos restantes e se associando ao terrorismo extremista islâmico. Ao leste, as crises de refugiados do Sudão e do Sudão do Sul foram e são agravadas por questões ambientais. O que, claro, não exclui a ação política e militar humana.

Não é recente a hipótese de que água potável será recurso motivador de guerras. A relação da água com conflitos é tripartite. Ela pode ser causa do conflito, com uma guerra pelo controle ao acesso à água. Pode ser vítima do conflito, com o abastecimento de água interrompido ou prejudicado. E pode ser também arma de conflito, vide os poços envenenados desde a Idade Antiga. As mudanças climáticas causam e aceleram um processo que deixa cada vez mais próximo o dia em que a água será a razão de um conflito de larga escala entre Estados.

As mudanças climáticas também causarão desdobramentos na região do Ártico, com o degelo em curso aumentando as rotas comerciais pelo norte, região que é, desde a Guerra Fria, ponto focal de disputa geopolítica entre EUA, Rússia e seus respectivos aliados. Engana-se, entretanto, quem acha que esse assunto será de alçada apenas das potências ou dos países de uma determinada região. O colapso climático pode causar consequências inimagináveis e, se segurança é uma prioridade da comunidade internacional, o combate às mudanças climáticas deveria estar no topo da lista de preocupações.

Opinião por Filipe Figueiredo

Filipe Figueiredo é graduado em história pela USP, comentarista de política internacional e criador dos podcasts Xadrez Verbal e Fronteiras Invisíveis do Futebol, sobre política internacional e história

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