ASSOCIATED PRESS - O fim da coalizão do premiê Mario Draghi na terceira maior economia da zona do euro e a incerteza do que os eleitores italianos decidirão nas urnas foram um golpe desestabilizador para a Itália e a Europa em meio ao aumento da inflação e à guerra da Rússia na Ucrânia.
A instabilidade na Itália pode se espalhar pela Europa, que também enfrenta problemas econômicos. Draghi assumiu o status de estadista enquanto a União Europeia lutava para manter uma frente unida contra a Rússia, cujo gás natural é importado por vários países europeus, principalmente Itália e Alemanha.
Draghi foi um fervoroso defensor da Ucrânia, mesmo quando os líderes do Movimento 5 Estrelas e da Liga, dois partidos favoráveis à Rússia, pareciam vacilar em seu apoio ao fornecimento de armas a Kiev. O premiê tornou-se uma voz de liderança na resposta da Europa à invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro.
Uma foto de Draghi, conversando com os líderes da França e da Alemanha em um trem para Kiev, rapidamente se tornou a imagem icônica da Itália como um dos mais fortes apoiadores da Ucrânia. O premiê também pressionou pela candidatura ucraniana à adesão à União Europeia.
Pesquisas de opinião indicam que o Partido Democrático, de centro-esquerda, e o partido de direita Irmãos da Itália, que permaneceu na oposição, estão empatados.
O Irmãos da Itália há muito tempo é aliado do Forza Italia, de centro-direita, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, e da Liga, de Matteo Salvini, sugerindo que uma aliança de centro-direita, provavelmente, prevalecerá em qualquer eleição e poderá impulsionar a líder do Irmãos da Itália, Giorgia Meloni, a se tornar a primeira mulher premiê da Itália.
Amizade
Alguns analistas observaram que o governo de Draghi entrou em colapso em grande parte graças a líderes políticos que anteriormente tinham laços com o presidente russo, Vladimir Putin. Berlusconi passou férias com Putin e o considera um amigo; Salvini se opôs às sanções da UE contra a Rússia após a anexação da Península da Crimeia, em 2014; e o líder do Movimento 5 Estrelas, Giuseppe Conte, se opôs à ajuda militar italiana à Ucrânia.