WASHINGTON - O pedido de verba para financiar a proteção ambiental no Brasil tem sido colocado na mesa pelo governo Bolsonaro nas conversas com os Estados Unidos, mas os americanos têm deixado claro que o foco deles é outro. "Em termos de financiamento, continuamos a concentrar nossa conversa em torno das medidas que precisam ser tomadas para combater o desmatamento ilegal ao invés de olhar para fluxos de financiamento específicos", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, em entrevista coletiva nesta terça-feira, ao responder pergunta do Estadão.
Os diplomatas americanos têm insistido com o Brasil que antes de destinar dinheiro a projetos ambientais querem ver resultados dos compromissos que estão sendo assumidos pelo presidente Jair Bolsonaro. Em carta ao presidente dos EUA, Joe Biden, Bolsonaro se comprometeu em acabar com o desmatamento ilegal até 2030.
"Conhecemos o compromisso do Brasil de acabar com o desmatamento até 2030. Queremos ver passos muito claros e tangíveis para aumentar a fiscalização efetiva e um sinal político de que o desmatamento ilegal não será tolerado", disse Price, nesta terça-feira.
O governo americano quer que o Brasil apresente na Cúpula do Clima organizada por Biden nesta semana a estratégia de como pretende alcançar o objetivo com resultados vistos ainda neste ano, nos próximos meses. O recado tem sido dado publicamente e nos bastidores diariamente pela diplomacia americana.
"O enfrentamento da crise climática requer parcerias globais com grandes impactos. E, claro, o Brasil será um parceiro fundamental aqui na busca e implementação de soluções para essa crise. O Brasil é uma das maiores economias do mundo e líder regional. O Brasil tem a responsabilidade de liderar", disse Price.
A Cúpula do Clima organizada pela Casa Branca reunirá 40 líderes do mundo inteiro a partir de quinta-feira. Será o maior desafio das relações entre Brasil e Estados Unidos desde o início do governo Joe Biden, que fez da preocupação climática um pilar da sua política externa.