RIO - O encontro de ministros das Relações Exteriores do G-20 reúne autoridades de 30 países e 15 organizações internacionais, entre elas a União Africana e a União Europeia, no Rio. Eles chegaram à Marina da Glória sob forte esquema de segurança, com batedores da Polícia Rodoviária Federal e sobrevoo de helicópteros.
A reunião discute a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, na Faixa de Gaza, e entre a Rússia e a Ucrânia, no Leste Europeu. Por causa da divisão que marca as controvérsias as entre potências, o governo brasileiro busca formas de concentrar as discussões na realização da Cúpula de Líderes, a ser realizada em novembro.
Nesse sentido, o Itamaraty quer evitar impasses e desistiu de tentar elaborar uma declaração consensual subscrita pelos ministros e representantes dos países.
O encontro de dois dias terá enviados das principais potências do mundo, mas nem todos os chanceleres vieram. Quatro países-membros não enviaram chanceleres: China, Índia, Itália e Austrália.
Dos cinco membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas, somente a China decidiu enviar um representante de menor escalão. Wang Yi, chanceler chinês, visitou o Brasil em janeiro. Estados Unidos, Rússia, Reino Unido e França despacharam ao Rio seus ministros de Relações Exteriores.
A Índia, última organizadora do G-20 em 2023, também não enviou o ministro Subrahmanyam Jaishankar, que tem compromissos políticos no país. China e Índia são, respectivamente, segunda e quinta maior economia do mundo, e somam as maiores populações, com ligeira vantagem dos indianos, mas ambos na casa de 1,4 bilhão de habitantes cada.
Os chanceleres da Itália, Antonio Tajani, e da Austrália, Penny Wong, não vieram ao Rio - no caso da australiana, por razões de saúde de sua mãe.
O encontro de chanceleres é a primeira grande reunião do principal fórum de cooperação econômica e financeira do mundo, com representação das maiores e mais industrializadas economias. Segundo a organização, atualmente o G-20 representa 85% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, mais de 75% do comércio mundial e cerca de dois terços da população mundial.
Na tarde desta quarta-feira, dia 21, os ministros vão compartilhas visões sobre a conjuntura global, e na manhã de quinta-feira, dia 22, pretendem discutir a reforma das instituições de governança global, sobretudo as Nações Unidas e o Conselho de Segurança e instituições financeiras, como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O tema é uma das prioridades estabelecidas pelo Brasil, ao lado do combate à fome e à pobreza, transição energética, mudança do clima e desenvolvimento sustentável.
O encontro será presidido e aberto pelo ministro Mauro Viera. Somente o discurso inaugural do chanceler brasileiro será transmitido, reiterando mensagens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O argumento da organização brasileira é que essa costuma ser a praxe no G-20.
O modelo amplifica a exposição de autoridades do país que preside o fórum temporariamente, mas acaba por ocultar manifestações divergentes e discordâncias entre o grupo. As divisões se tornaram mais recorrentes recentemente, sobretudo com as guerras entre Israel e o grupo terrorista Hamas, no Oriente Médio, e entre Rússia e Ucrânia, no Leste Europeu.
Confira abaixo a lista de autoridades confirmadas pelo governo brasileiro
Países e organizações afiliadas ao G-20 (21)
Brasil - Mauro Vieira (Ministro das Relações Exteriores)
África do Sul - Naledi Pandor (Ministra das Relações Exteriores)
Argentina - Diana Mondino (Ministra das Relações Exteriores)
Canadá - Mélanie Joly (Ministra das Relações Exteriores)
França - Stéphane Séjourné (Ministro das Relações Exteriores)
Alemanha - Annalena Baerbock (Ministra das Relações Exteriores)
Indonésia - Retno Lestari Priansari Marsudi (Ministro das Relações Exteriores)
Japão - Yoko Kamikawa (Ministra das Relações Exteriores)
México - Alicia Bárcena (Ministra das Relações Exteriores)
República da Coreia - Cho Tae-yul (Ministro das Relações Exteriores)
Rússia - Sergey Lavrov (Ministro das Relações Exteriores)
Arábia Saudita - Faisal bin Farhan Al-Saud (Ministro das Relações Exteriores)
Turquia - Hakan Fidan (Ministro das Relações Exteriores)
Reino Unido - David Cameron (Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros)
Estados Unidos da América - Antony Blinken (Secretário de Estado)
Índia - Vellamvelly Muraleedharan (Ministro de Estado das Relações Exteriores)*
Austrália - Katy Gallagher (Ministra das Finanças, Ministra da Mulher, Ministra da Função Pública)*
China - Ma Zhaoxu (Vice-Ministro Executivo das Relações Exteriores)*
Itália - Edmondo Cirielli (Vice-Ministro das Relações Exteriores)*
União Africana - Albert M. Muchanga (Comissário do Comércio e Indústria)
União Europeia - Josep Borrell (Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança)
*(quatro países membros do G-20 não enviaram chanceleres ao Rio)
Países convidados do G-20 (11)
Angola - José Massano (Ministro da Cooperação Econômica)
Bolívia - Celinda Sosa Lunda (Ministra das Relações Exteriores)
Egito - Sameh Shoukry (Ministro das Relações Exteriores)
Nigéria - Samson Sunday Itegboje (Embaixador)
Noruega - Espen Barth Eide (Ministro das Relações Exteriores)
Paraguai - Ruben Ramirez (Ministro das Relações Exteriores)
Portugal - João Gomes Cravinho (Ministro dos Negócios Estrangeiros)
Singapura - Mohamad Maliki Bin Osman (Ministro de Estado no Gabinete do Primeiro Ministro)
Espanha - Diego Martínez Belío (Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Globais)
Emirados Árabes Unidos - Ahmed bin Ali Al Sayegh (Ministro de Estado das Relações Exteriores)
Uruguai - Omar Paganini Herrera (Ministro das Relações Exteriores)
Organizações internacionais (13)
OTCA - Vanessa Grazziotin (Diretora Executiva)
CAF - Sergio Díaz-Granados Guida (Presidente Executivo)
CPLP - Zacarias da Costa (Secretário Executivo)
FAO - Qu Dongyu (Diretor Geral)
JID - Amanda Glassman (Conselheira Executiva)
OIT - Vinicius Carvalho Pinheiro (Diretor do Escritório da OIT no Brasil)
FMI - Kristina Kostial (Diretora Adjunta)
ONU - Amina J. Mohammed (Secretária-Geral Adjunta)
UNCTAD - Rebecca Grynspan (Secretária Geral)
UNESCO - Audrey Azoulay (Diretora Geral)
WB - Johannes Zutt (Diretor Nacional para o Brasil)
OMS - Stéphanie Seydoux (Enviada da OMS para Assuntos Multilaterais)
OMC - John Hancock (Conselheiro de Desenvolvimento de Políticas)