WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se reúne pela primeira vez nesta sexta-feira na cidade italiana de Taormina (sul) com seus aliados do G-7, que esperam saber mais sobre as intenções do líder da maior potência mundial.
Os chefes de Estado e de governo das outras seis maiores potências econômicas ocidentais se perguntam sobre as medidas que o novo presidente americano vai tomar sobre temas como o aquecimento global e o acordo de Paris, o comércio internacional e a Coreia do Norte.
Quatro meses depois do início da 45.ª presidência dos Estados Unidos, muitos são os assuntos que continuam pendentes.
Donald Trump, que se comprometeu a esclarecer a posição dos Estados Unidos sobre as mudanças climáticas antes da cúpula, chega sem uma resposta ao evento.
O presidente adiou a decisão e acredita nos conselho de seus assessores mais próximos, entre eles sua filha, Ivanka, que acompanha o pai em sua primeira viagem internacional, de nove dias.
A Itália, que preside neste ano o G-7, composto também por Japão, Alemanha, França, Canadá e Grã Bretanha, ainda mantém a esperança de encontrar um terreno comum.
Peito 'aberto'
Os seis chefes de Estado e de governo desejam se apresentar com o peito "aberto" ao novo presidente dos Estados Unidos e evitar dar a impressão de aliar-se contra ele, segundo explicaram fontes diplomáticas italianas.
"Isso não impedirá que alguns países, entre eles a Itália e a Alemanha, reiterem sua posição sobre a importância que o acordo de Paris tem sobre a mudança climática", assegurou a mesma fonte.
A chanceler alemã, Angela Merkel, reforçou nesta semana a posição da Alemanha assim como seu compromisso para reduzir as emissões de gases pelo efeito estufa.
"Vou tentar convencer os céticos", adiantou nesta quarta-feira a veterana política.
Outro tema importante é o relacionado com o comércio internacional. Os chamados "sherpas", assessores das delegações, continuam negociando vários pontos de uma declaração comum.
"O presidente Trump vai encerrar sua primeira viagem internacional na Sicília, na cúpula do G-7, onde ressaltará a liderança dos Estados Unidos e denunciará as práticas desleais no comércio internacional", advertiu o influente assessor americano para a Segurança Nacional, Herbert Raymond McMaster.
Com essas declarações o tom subiu e as "possibilidades de fricções são muito altas", comentou Julianne Smith, analista do Centro para a Segurança das América(CNAS).
"Há líderes que não acreditam na visão da economia que Trump tem", acrescentou.
A presidência italiana do G-7 também quer trazer para o primeiro plano a situação da África, não só por sua proximidade geográfica, como também para buscar uma saída conjunta ao grave fenômeno das migrações.
Por isso, convidou os líderes de cinco países africanos: Tunísia, Níger, Nigéria, Quênia e Etiópia, de onde vêm boa parte dos imigrantes e refugiados que fogem das guerras e da fome.
Apesar disso, os líderes do G-7 concordaram até agora em só mencionar o tema na declaração final sem ir além, segundo fontes diplomáticas italianas.
O texto final será muito mais curto do que os das cúpulas anteriores, um reflexo fiel da complexa situação mundial.
Um terreno comum
Além das dificuldades para entender a nova linha da administração americana, vários líderes do G-7 acabam de ser eleitos, entre eles o da França.
Os líderes do G-7 certamente vão encontrar um terreno comum através da declaração que emitirão contra o terrorismo, na qual reconhecem a necessidade de estar unidos para combater esse flagelo.
Uma mensagem forte, promovida pelo primeiro ministro italiano Paolo Gentiloni, e decidido após o terrível atentado em Manchester, no Reino Unido, que causou a morte de 22 pessoas, entre elas várias crianças e adolescentes.
O presidente dos Estados Unidos conclui em Taormina uma viagem de nove dias com etapas na Arábia Saudita, em Israel, no Vaticano e em Bruxelas, que o manteve longe das polêmicas em seu país sobre o papel da Rússia em sua campanha eleitoral.
Nesse contexto, um eventual retorno da Rússia ao G-8, como no passado, seria inconveniente, segundo várias fontes diplomáticas. / AFP