O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse na quinta-feira, 7, que ele e o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, estavam se preparando para ter uma “come-to-Jesus meeting” (ou uma conversa “venha a jesus” em tradução livre) sobre a crise humanitária na Faixa de Gaza, de acordo com áudios divulgados nas redes sociais nesta sexta-feira.
A expressão “come-to-Jesus meeting” é usada pelos americanos para simbolizar uma conversa franca, direta.
A fala de Biden destaca as crescentes tensões entre ele e Netanyahu nas últimas semanas, à medida que o número de mortos de civis em Gaza aumenta e Biden sofre pressão política interna e externa para fazer Israel concordar com um cessar-fogo.
Nos últimos dias, Biden expressou esperança de que pelo menos um acordo de cessar-fogo de seis semanas fosse estabelecido até o Ramadã, o mês sagrado muçulmano que começa em poucos dias. Mas Israel e o grupo terrorista Hamas chegaram a um impasse nas negociações para recuperar reféns feitos durante o ataque de 7 de Outubro em Israel, em troca de um cessar-fogo permanente e da retirada das tropas israelenses de Gaza.
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Na sexta-feira, quando questionado por repórteres se um acordo ainda poderia ser alcançado até o Ramadã, Biden afirmou: “Parece difícil”.
Os comentários do presidente foram capturados em um microfone durante uma conversa que o presidente americano considerava ser uma conversa privada com o senador democrata Michael Bennet, do Colorado, após o discurso sobre o Estado da União, em Washington.
De acordo com a gravação da conversa, Bennet encorajou o presidente a “continuar pressionando” para garantir o avanço da assistência humanitária em Gaza enquanto Israel trava a sua guerra contra o Hamas, conflito para a qual os EUA tem papel fundamental no envio de recursos financeiros e armamentos para Israel.
“Eu disse a ele: ‘Bibi’ - não repita isso - eu disse: ‘Você e eu teremos uma conversa ‘venha a Jesus’”, disse Biden, referindo-se ao primeiro-ministro pelo apelido.
Biden foi informado por um assessor que seu microfone ainda estava ligado e que a conversa estava sendo gravada. “Estou com um microfone aqui?” disse Biden. “Bom. Isso é bom.”
Biden tinha acabado de discusar em horário nobre ao Congresso americano e pediu a Israel para reduzir as vítimas civis e permitir maiores envios de quantidades de alimentos, medicamentos e outras ajudas no na região em conflito. As autoridades de saúde de Gaza afirmam que 30 mil pessoas foram mortas na ofensiva israelense em Gaza, a maioria delas civis. Milhões de residentes foram deslocados e milhares enfrentam a fome.
“No entanto, Israel também tem a responsabilidade fundamental de proteger civis inocentes em Gaza”, disse Biden no seu discurso. “Esta guerra teve um impacto maior sobre civis inocentes do que todas as guerras anteriores em Gaza juntas.”
Biden apoiou fortemente o direito de Israel de invadir Gaza depois que os terroristas do Hamas cruzaram a fronteira em 7 de outubro e mataram mais de 1.200 israelenses, segundo as autoridades locais.
Os Estados Unidos continuaram a fornecer armas a Israel e a bloquear resoluções da ONU que exigem um cessar-fogo, apoiando a posição de Netanyahu de que um cessar-fogo permanente seria uma vitória para o Hamas, que os Estados Unidos consideram um grupo terrorista.
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Mas o custo civil da campanha de bombardeamento de Israel, juntamente com os níveis crescentes de fome e doenças em Gaza, provocou indignação internacional, e aumentaram os apelos para que os Estados Unidos usassem a sua influência sobre Israel para conseguir um cessar-fogo. Nos Estados Unidos, Biden enfrentou fortes críticas sobre a questão por uma ala de democratas progressistas e árabes-americanos que foram importantes para sua coalizão vencedora em 2020, principalmente no estado de Michigan.
O discurso de Biden na quinta-feira parecia ter como objetivo, em parte, consertar essas rusgas. Ele também anunciou que os militares americanos construiriam um porto temporário na região.
“À liderança de Israel, digo o seguinte: a assistência humanitária não pode ser uma consideração secundária ou uma moeda de troca”, disse Biden no seu discurso. “Proteger e salvar vidas inocentes tem que ser uma prioridade.”
Biden reconheceu seu comentário ao senador Bennet quando questionado sobre por jornalistas antes de embarcar para outros compromissos na sexta-feira. “Eu não disse isso no discurso”, pontuou. Mas quando questionado sobre os comentários após o discurso, Biden disse aos repórteres: “Vocês estão espionando as coisas”.
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