BOGOTÁ ― O governo da Colômbia suspendeu nesta quarta-feira, 4, o cessar-fogo que havia determinado em dezembro com o Exército de Libertação Nacional (ELN), última guerrilha ativa no país, após o grupo negar que tenha feito um acordo para parar suas operações ofensivas.
O anúncio foi feito na manhã desta quarta pelo ministro do Interior da Colômbia, Alfonso Prada. “Ante a posição assumida publicamente no dia de ontem (terça) decidimos suspender os efeitos jurídicos do decreto”, disse Prada a meios de comunicação.
O decreto citado pelo ministro estabelecia uma trégua bilateral com o ELN entre 1° de janeiro e 30 de junho, e foi anunciado pelo presidente Gustavo Petro em 31 de dezembro de 2022 (madrugada do dia 1º no Brasil). Na ocasião, Petro havia anunciado também tréguas bilaterais com os grupos Segunda Marquetalia, o Estado-Maior Central, o AGC (Autodefesas Gaitanistas da Colômbia) e as Autodefesas de Sierra Nevada. Essas tréguas continuam em vigor.
Interpretações
Em dezembro, o ELN havia anunciado uma trégua para o período de Natal e festas de fim de ano. A medida é uma prática do grupo há anos e sempre é declarada de forma unilateral. Ao fazer o anúncio, a guerrilha pediu que as forças de segurança respeitassem e agissem de acordo com as diretrizes do governo nacional, que busca a paz total no país.
“O ELN em várias oportunidades plantou a importância de avançar em um cessar-fogo bilateral. Em 19 de dezembro, após declarar uma trégua unilateral, a organização pediu que o governo nacional atuasse em consonância com sua vontade de paz e estudasse a possibilidade de um cessar-fogo bilateral. Sob esse entendimento, o governo da Colômbia decretou o cessar-fogo bilateral”, explicou Prada, sobre o que motivou a ação do governo.
Na terça-feira, o ELN divulgou um comunicado dizendo que não havia feito nenhum acordo com o governo federal para um cessar-fogo bilateral e que tal medida deveria resultar da mesa de diálogos de paz - que devem ocorrer no México neste ano.
Apesar da suspensão do acordo, o governo afirmou que continua na intenção de chegar a uma trégua bilateral, o principal objetivo do governo dentro da sua política de “paz total”, que pretende extinguir o conflito armado que persiste na Colômbia.
A dissolução da guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em 2017, um ano após um acordo firmado entre o grupo e o governo de Juan Manuel Santos, não foi suficiente para encerrar o ciclo de violência no país, que ainda tem outros grupos criminosos, dissidências das Farc e o ELN atuando./ AFP