HONG KONG - O governo pró-Pequim de Hong Kong suspendeu neste sábado, 15, o projeto de lei sobre extradições à China, pressionado pelas manifestações da oposição, que decidiu manter a mobilização até a retirada total do texto.
"O governo decidiu suspender o procedimento de emenda legislativa, reativar nossa comunicação com todos os setores da sociedade, trabalhar mais (...) e ouvir as diferentes visões da sociedade", disse Carrie Lam, chefe do Executivo.
A China expressou apoio à decisão. "Nós apoiamos, respeitamos e compreendemos esta decisão", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Geng Shuang, em um comunicado.
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Estudantes marcam presença nas ruas de Hong Kong após um dia de protestos e tensão. Eles são contra um projeto de de lei sobre extradição para a China continental.
Pouco depois do anúncio oficial, os líderes dos protestos informaram que vão manter a manifestação prevista para o domingo. "Temos de dizer ao governo que o povo de Hong Kong persistirá e manterá seus protestos até que o Executivo retire a lei", disse Jimmy Sham, da Frente Civil de Direitos Humanos.
Em 1997, o Reino Unido transferiu a soberania desta colônia para a China, com um status político e econômico especial.
Hong Kong registrou cenas de grande violência na quarta-feira, quando a polícia dispersou com gás lacrimogêneo e balas de borracha milhares de manifestantes.
Protesto contra lei de extradição termina em confronto em Hong Kong
Três dias antes, uma manifestação gigantesca de um milhão de pessoas exigiu a extinção da lei que, segundo seus críticos, deixaria as pessoas à mercê do sistema judicial da China continental. A nova manifestação aumentou a pressão sob Carrie Lam, mesmo dentro de suas fileiras, onde algumas vozes lhe pediram para recuar.
Neste sábado, em entrevista coletiva, a chefe do governo local anunciou a suspensão do projeto, afirmando que não havia data definida para reintroduzi-lo. "O conselho vai parar de trabalhar no projeto de lei até que tenhamos completado nossas explicações e ouvido as opiniões", disse. "Não pretendemos estabelecer um prazo para este trabalho."
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A quarta-feira é de manifestações em Hong Kong. Multidões estão nas ruas em protesto contra a lei que autoriza extradições para a China continental.
Segundo ela, a lei de extradição é necessária para resolver vácuos legais e evitar que Hong Kong se torne um refúgio para criminosos, mas admitiu que o governo subestimou a reação da opinião pública.
"Sinto um profundo pesar e lamento que as deficiências do nosso trabalho e outros fatores tenham despertado controvérsias substanciais e conflitos na sociedade após o período relativamente calmo dos últimos dois anos", afirmou.
Manifestante morre ao cair de prédio
Um manifestante que colocava um cartaz no alto de um prédio morreu neste sábado após perder o equilíbrio e cair, segundo a Autoridade de Saúde de Hong Kong. / AFP