Governo Lula silencia sobre decisão de Maduro de proibir opositores de disputar eleição na Venezuela


Outros países da América do Sul, como a Argentina, o Uruguai, o Paraguai e o Equador, condenaram a inelegibilidade da ex-deputada María Corina Machado; Itamaraty não se pronunciou

Por Redação
Atualização:

BRASÍLIA - Quatro dias depois de a ditadura da Venezuela decidir inabilitar a candidatura da principal candidata da oposição, María Corina Machado, para as eleições presidenciais deste ano, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não se manifestou sobre a medida, que provocou a reimposição de sanções por parte dos EUA ao governo de Nicolás Maduro.

Outros países da América do Sul, como a Argentina, o Uruguai, o Paraguai e o Equador, condenaram a inelegibilidade da ex-deputada. Já governos de esquerda da Colômbia, com Gustavo Petro, e do México, com Andrés Manuel López Obrador, também optaram pelo silêncio.

Questionado pelo Estadão se a diplomacia brasileira pretendia se manifestar sobre a inabilitação de María Corina Machado, o Itamaraty não se pronunciou oficialmente até a publicação desta reportagem. O ministro Mauro Vieira também preferiu não falar.

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Reservadamente, no entanto, diplomatas do Itamaraty dizem que a decisão de Maduro é um sinal de retrocesso, mas argumentam que se posicionar oficialmente agora seria precipitado, já que ainda faltam mais de seis meses para a eleição e o acordo de Barbados, que definiu a realização de eleições livres e libertação de prisioneiros políticos em troca do alívio nas sanções, ainda está vivo.

Lula e Maduro durante reunião no Planalto 

Aliado histórico do chavismo, Lula tem trabalhado desde que retornou à presidência, no ano passado, para reabilitar Maduro na América do Sul. Em maio, recebeu o ditador em Brasília com honras de chefes de Estado, durante a reunião que tentava recriar a União de Nações Sul-Americanas.

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A posição de Lula em relação a Maduro na época provocou protestos dos presidentes do Uruguai, Luis Lacalle Pou, de centro-direita, e do Chile, o esquerdista Gabriel Boric.

Acordo de Barbados

Uma avaliação corrente no governo é que os países que mediaram os Acordos de Barbados, assinados em outubro de 2023, deverão ainda trocar contatos entre si, entender toda a situação e buscar ouvir os dois lados. Os acordos foram mediados pela Noruega, com participação do México, Estados Unidos, Barbados, Países Baixos, Rússia e Colômbia.

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Na ocasião da assinatura, em 17 de outubro, Lula publicou uma mensagem saudando o entendimento entre opositores e o regime chavista e enviou o assessor especial e ex-chanceler Celso Amorim a Bridgetown. O presidente e interlocutores do governo petista haviam participado de conversas para buscar estabelecer um entendimento.

Lula defendeu o levantamento de sanções unilaterais impostas pelos Estados Unidos - e que agora voltaram a ser aplicadas pelo governo Joe Biden.

Próximo de Caracas, o Brasil teve de agir no fim do ano para aliviar as tensões entre Venezuela e Guiana, depois que Maduro ameaçou anexar a província do Essequibo por meio de ação militar. Após reuniões bilaterais no Caribe em dezembro, a crise esfriou.

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A nova embaixadora do Brasil em Caracas, Glivânia Maria de Oliveira, ainda não assumiu o posto na capital venezuelana e deve chegar ao país nas próximas semanas. / COLABOROU FELIPE FRAZÃO

BRASÍLIA - Quatro dias depois de a ditadura da Venezuela decidir inabilitar a candidatura da principal candidata da oposição, María Corina Machado, para as eleições presidenciais deste ano, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não se manifestou sobre a medida, que provocou a reimposição de sanções por parte dos EUA ao governo de Nicolás Maduro.

Outros países da América do Sul, como a Argentina, o Uruguai, o Paraguai e o Equador, condenaram a inelegibilidade da ex-deputada. Já governos de esquerda da Colômbia, com Gustavo Petro, e do México, com Andrés Manuel López Obrador, também optaram pelo silêncio.

Questionado pelo Estadão se a diplomacia brasileira pretendia se manifestar sobre a inabilitação de María Corina Machado, o Itamaraty não se pronunciou oficialmente até a publicação desta reportagem. O ministro Mauro Vieira também preferiu não falar.

Reservadamente, no entanto, diplomatas do Itamaraty dizem que a decisão de Maduro é um sinal de retrocesso, mas argumentam que se posicionar oficialmente agora seria precipitado, já que ainda faltam mais de seis meses para a eleição e o acordo de Barbados, que definiu a realização de eleições livres e libertação de prisioneiros políticos em troca do alívio nas sanções, ainda está vivo.

Lula e Maduro durante reunião no Planalto 

Aliado histórico do chavismo, Lula tem trabalhado desde que retornou à presidência, no ano passado, para reabilitar Maduro na América do Sul. Em maio, recebeu o ditador em Brasília com honras de chefes de Estado, durante a reunião que tentava recriar a União de Nações Sul-Americanas.

A posição de Lula em relação a Maduro na época provocou protestos dos presidentes do Uruguai, Luis Lacalle Pou, de centro-direita, e do Chile, o esquerdista Gabriel Boric.

Acordo de Barbados

Uma avaliação corrente no governo é que os países que mediaram os Acordos de Barbados, assinados em outubro de 2023, deverão ainda trocar contatos entre si, entender toda a situação e buscar ouvir os dois lados. Os acordos foram mediados pela Noruega, com participação do México, Estados Unidos, Barbados, Países Baixos, Rússia e Colômbia.

Na ocasião da assinatura, em 17 de outubro, Lula publicou uma mensagem saudando o entendimento entre opositores e o regime chavista e enviou o assessor especial e ex-chanceler Celso Amorim a Bridgetown. O presidente e interlocutores do governo petista haviam participado de conversas para buscar estabelecer um entendimento.

Lula defendeu o levantamento de sanções unilaterais impostas pelos Estados Unidos - e que agora voltaram a ser aplicadas pelo governo Joe Biden.

Próximo de Caracas, o Brasil teve de agir no fim do ano para aliviar as tensões entre Venezuela e Guiana, depois que Maduro ameaçou anexar a província do Essequibo por meio de ação militar. Após reuniões bilaterais no Caribe em dezembro, a crise esfriou.

A nova embaixadora do Brasil em Caracas, Glivânia Maria de Oliveira, ainda não assumiu o posto na capital venezuelana e deve chegar ao país nas próximas semanas. / COLABOROU FELIPE FRAZÃO

BRASÍLIA - Quatro dias depois de a ditadura da Venezuela decidir inabilitar a candidatura da principal candidata da oposição, María Corina Machado, para as eleições presidenciais deste ano, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não se manifestou sobre a medida, que provocou a reimposição de sanções por parte dos EUA ao governo de Nicolás Maduro.

Outros países da América do Sul, como a Argentina, o Uruguai, o Paraguai e o Equador, condenaram a inelegibilidade da ex-deputada. Já governos de esquerda da Colômbia, com Gustavo Petro, e do México, com Andrés Manuel López Obrador, também optaram pelo silêncio.

Questionado pelo Estadão se a diplomacia brasileira pretendia se manifestar sobre a inabilitação de María Corina Machado, o Itamaraty não se pronunciou oficialmente até a publicação desta reportagem. O ministro Mauro Vieira também preferiu não falar.

Reservadamente, no entanto, diplomatas do Itamaraty dizem que a decisão de Maduro é um sinal de retrocesso, mas argumentam que se posicionar oficialmente agora seria precipitado, já que ainda faltam mais de seis meses para a eleição e o acordo de Barbados, que definiu a realização de eleições livres e libertação de prisioneiros políticos em troca do alívio nas sanções, ainda está vivo.

Lula e Maduro durante reunião no Planalto 

Aliado histórico do chavismo, Lula tem trabalhado desde que retornou à presidência, no ano passado, para reabilitar Maduro na América do Sul. Em maio, recebeu o ditador em Brasília com honras de chefes de Estado, durante a reunião que tentava recriar a União de Nações Sul-Americanas.

A posição de Lula em relação a Maduro na época provocou protestos dos presidentes do Uruguai, Luis Lacalle Pou, de centro-direita, e do Chile, o esquerdista Gabriel Boric.

Acordo de Barbados

Uma avaliação corrente no governo é que os países que mediaram os Acordos de Barbados, assinados em outubro de 2023, deverão ainda trocar contatos entre si, entender toda a situação e buscar ouvir os dois lados. Os acordos foram mediados pela Noruega, com participação do México, Estados Unidos, Barbados, Países Baixos, Rússia e Colômbia.

Na ocasião da assinatura, em 17 de outubro, Lula publicou uma mensagem saudando o entendimento entre opositores e o regime chavista e enviou o assessor especial e ex-chanceler Celso Amorim a Bridgetown. O presidente e interlocutores do governo petista haviam participado de conversas para buscar estabelecer um entendimento.

Lula defendeu o levantamento de sanções unilaterais impostas pelos Estados Unidos - e que agora voltaram a ser aplicadas pelo governo Joe Biden.

Próximo de Caracas, o Brasil teve de agir no fim do ano para aliviar as tensões entre Venezuela e Guiana, depois que Maduro ameaçou anexar a província do Essequibo por meio de ação militar. Após reuniões bilaterais no Caribe em dezembro, a crise esfriou.

A nova embaixadora do Brasil em Caracas, Glivânia Maria de Oliveira, ainda não assumiu o posto na capital venezuelana e deve chegar ao país nas próximas semanas. / COLABOROU FELIPE FRAZÃO

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