LA PAZ - Policiais que fazem a guarda externa do palácio presidencial da Bolívia, em La Paz, deixaram seus postos e se amotinaram em um quartel próximo à praça Murillo neste sábado, 9. O local passou a ser protegido apenas por oficiais e suboficiais.
O presidente Evo Morales não estava presente quando os homens se retiraram e os funcionários que trabalhavam ali saíram do prédio.
Redes de televisão transmitiram os momentos em que inúmeros policiais chegaram à sede da Unidade Tática de Operações (Utop), em apoio aos motins da sexta-feira, 8, nas cidades de Cochabamba, Chiquisaca e Santa Cruz.
Redes de televisão transmitiram os momentos em que inúmeros policiais chegaram à sede da Unidade Tática de Operações (Utop), em apoio aos motins da sexta-feira, 8, nas cidades de Cochabamba, Chuquisaca e Santa Cruz.
Grupos de policiais têm se mostrado abertamente descontentes com o governo do país. Dentre suas demandas estão melhores condições de trabalho e a renúncia do presidente.
Os motins ocorrem em meio a uma crise política e social que a Bolívia vive desde as eleições de 20 de outubro. Evo Morales convocou seus apoiadores, nos últimos dias, para defenderem o resultado declarado pela justiça eleitoral do país e classificou as denúncias de fraude como "tentativa de golpe de estado" por parte da oposição e de movimentos populares.
O Ministério das Relações Exteriores boliviano divulgou um comunicado no qual disse que os motins "põem em evidência a implementação de um golpe de Estado provocado por grupos cívicos radicais" e que os policiais que fazem o protesto "abandonaram seu papel constitucional de zelar pela segurança da sociedade e das instituições do Estado".
Por outro lado, a deputada opositora Shirley Franco, que chegou acompanhada de outros congressistas à sede da Utop, argumentou que "um golpe de Estado acontece quando se rompe a ordem constitucional, quando as autoridades não respeitam a Constituição".
"Na Bolívia temos como golpistas Evo Morales e o Movimento ao Socialismo (MAS, o partido governista)", disse Franco em alusão às duas últimas eleições presidenciais, nas quais o governante disputou a reeleição com aval do Tribunal Constitucional, apesar do limite de dois mandatos seguidos estabelecido na Carta Magna.
O resultado da eleição de outubro culminou em protestos por todo o país e, até o momento, se contabilizam três mortes e mais de 300 feridos. / EFE e AP