De Beirute a Nova York

Assad, presidente da Síria, dá entrevista exclusiva ao blog - Parte 1 (Colinas do Golã e Israel)


Eu estive na semana passada em Damasco, na Síria, para entrevistar o presidente Bashar al Assad. Hoje, de volta a Nova York, vou publicar a primeira parte da entrevista exclusiva concedida a mim no seu palácio na capital síria. Mais para a frente, falarei os bastidores. A segunda parte da conversa será publicada aqui no blog na terça de manhã. Neste trecho, abaixo, me focarei na questão das colinas do Golã e das negociações com Israel. Líbano, EUA, Iraque, Irã e política interna síria ficarão para o próximo post. Portanto, aguardem o próximo post antes de reclamar se fiz ou não determinada pergunta. Quem quiser se adiantar, pode ler a íntegra na edição impressa do Estadão deste domingo.

Por gustavochacra

Entrevista já repercutiu nos jornais israelenses (Justo, obrigado pela dica). Vocês podem ler no Yediot http://www.ynetnews.com/articles/0,7340,L-3911534,00.html e no Haaretz http://www.haaretz.com/news/diplomacy-defense/syria-wants-brazil-to-help-negotiate-mideast-peace-1.298642

Críticos e aliados concordam que o líder é peca-chave nas principais questões do Oriente Médio. Seu país exerce influência sobre o Líbano por meio do Hezbollah e outros grupos, dá refúgio a 1,2 milhão de iraquianos e 500 mil palestinos, abriga escritórios do Hamas em Damasco, tem uma parte de seu território ocupado por Israel, além de ser hoje o principal aliado do Irã no mundo. Voltando a se aproximar lentamente dos EUA e do Líbano, Assad diz lamentar não ter chegado a um acordo de paz com Israel no fim de 2008. Segundo o líder sírio, o então premiê israelense, Ehud Olmert, havia concordado em se retirar da totalidade das Colinas do Golan, ocupadas na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Mas, dias depois, eclodiu a guerra em Gaza e o acordo, mediado pela Turquia, naufragou (mais informações na página seguinte). Com viagem marcada para o Brasil, onde deve se reunir na quarta-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o líder sírio recebeu o Estado em uma ala residencial de seu palácio em Damasco. Assad elogiou o papel do Brasil como mediador de conflitos e pedirá a Lula para que ajude na negociação de um acordo com os israelenses.

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Como o sr. vê o envolvimento do Brasil no Oriente Médio?Assad - No passado, víamos o Brasil como um país amigo. Mas o considerávamos apenas parte da América do Sul. Nos últimos oito anos, começamos a ver o Brasil como uma força emergente no cenário internacional. Na minha visão, o esforço conjunto de Brasil e Turquia na questão nuclear iraniana elevou o papel brasileiro a um novo patamar. Por isso, esperamos que o Brasil possa atuar para estabilizar o Oriente Médio. O exemplo do acordo com o Irã foi uma conquista importante. Como nossa prioridade, na Síria, é o processo de paz, vou discutir isso com o presidente Lula quando eu estiver no Brasil.

Lula e Erdogan (premiê da Turquia) poderiam servir de mediadores entre a Síria e Israel? A Turquia já teve este papel no passado. Assad - O chanceler brasileiro (Celso Amorim) disse que o Brasil está interessado no processo de paz e nós consideramos bem-vinda a ajuda do Brasil. Dependemos de credibilidade nessas negociações e o Brasil a possui na região. Claro, há um obstáculo, que é a distância geográfica do Brasil. Talvez não seja o melhor lugar para termos negociações. O local poderia ser a Turquia, mas o esforço poderia incluir outros países. O Brasil seria importante para convencer os israelenses a aceitarem negociações por intermédio da Turquia. Claro, isso foi antes do ataque contra a flotilha (de Gaza). Não sei se os turcos estariam interessados agora por causa do problema entre eles e Israel.

Sr. Bashar Assad, a Síria esteve perto de um acordo com Israel em 2008?Assad - Em 2008, estávamos muito, muito, muito perto. Faltavam apenas alguns detalhes. Ehud Olmert (então premiê de Israel) estava na Turquia e (Recep Tayyip) Erdogan conversava comigo ao telefone. Enquanto Olmert ficava na outra sala, Erdogan, eu e seus ministros passamos horas discutindo o assunto. Olmert disse a Erdogan que voltaria a Israel para apresentar o plano a seus ministros e nos daria uma resposta nos dias seguintes. Mas, em seguida, atacou Gaza e isso foi uma surpresa tanto para a Síria quanto para a Turquia.

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Então Israel concordou em sair de parte das Colinas do Golan?Assad - Concordou em sair de todo o Golan, não de apenas uma parte.

Israel pediu à Síria que rompesse os laços com o Hamas, Hezbollah e Irã nas negociações mediadas pelos turcos? Assad - Não, eles não pediram. Mas eles falaram disso com outros (países). Nós não queríamos discutir esta ou aquela organização. O problema é a ocupação. Enquanto não houver a retirada das terras ocupadas, não há como discutir outros assuntos. Portanto, se os israelenses estivessem falando sério, trabalhariam para uma paz que incluísse a retirada dos territórios. Quando fizerem isso, não terão mais nenhum problema na região. Por que ter organizações lutando contra os israelenses se Israel não estiver ocupando suas terras?

Por que a questão do Golã não é mencionada internacionalmente? Mesmo Ahmadinejad, seu aliado, a ignora em seus discursos. Assad- Até mesmo na Síria não falamos tanto do Golan. Falamos da Palestina mais do que do Golan porque o problema começou com a ocupação da Palestina. A ocupação do Golan e dos territórios no Líbano vieram depois. Achamos importante resolver o problema palestino para solucionar as questões do Golan e do Líbano. Além disso, na Palestina, todo um país é ocupado, na totalidade de seu território.

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Como o sr. vê o novo governo israelense? É mais complicado negociar com ele do que com o Olmert ou Yitzhak Rabin (premiê israelense assassinado em 1995)?

Assad- Não dá para avaliar o governo sem avaliar a sociedade israelense. Esta mudança na direção da direita e do extremismo começou algumas décadas atrás. Rabin pagou com a vida o preço de ter ido na direção da paz. Portanto, o extremismo está presente na sociedade. Foi a população israelense que assassinou Rabin, não o governo. Depois de Rabin, tivemos muitos governos e nenhum deles trabalhou pela paz. Eles apenas falam de paz. Para nós, na Síria, não há grande diferença entre esses governos.

Comentários islamofóbicos, anti-semitas e anti-árabes ou que coloquem um povo ou uma religião como superiores não serão publicados. Tampouco ataques entre leitores ou contra o blogueiro. Pessoas que insistirem em ataques pessoais não terão mais seus comentários publicados. Não é permitido postar vídeo. Todos os posts devem ter relação com algum dos temas acima. O blog está aberto a discussões educadas e com pontos de vista diferentes

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O jornalista Gustavo Chacra, mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia, é correspondente de "O Estado de S. Paulo" em Nova York. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Yemen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al Qaeda no Yemen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo em 2009, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

Entrevista já repercutiu nos jornais israelenses (Justo, obrigado pela dica). Vocês podem ler no Yediot http://www.ynetnews.com/articles/0,7340,L-3911534,00.html e no Haaretz http://www.haaretz.com/news/diplomacy-defense/syria-wants-brazil-to-help-negotiate-mideast-peace-1.298642

Críticos e aliados concordam que o líder é peca-chave nas principais questões do Oriente Médio. Seu país exerce influência sobre o Líbano por meio do Hezbollah e outros grupos, dá refúgio a 1,2 milhão de iraquianos e 500 mil palestinos, abriga escritórios do Hamas em Damasco, tem uma parte de seu território ocupado por Israel, além de ser hoje o principal aliado do Irã no mundo. Voltando a se aproximar lentamente dos EUA e do Líbano, Assad diz lamentar não ter chegado a um acordo de paz com Israel no fim de 2008. Segundo o líder sírio, o então premiê israelense, Ehud Olmert, havia concordado em se retirar da totalidade das Colinas do Golan, ocupadas na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Mas, dias depois, eclodiu a guerra em Gaza e o acordo, mediado pela Turquia, naufragou (mais informações na página seguinte). Com viagem marcada para o Brasil, onde deve se reunir na quarta-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o líder sírio recebeu o Estado em uma ala residencial de seu palácio em Damasco. Assad elogiou o papel do Brasil como mediador de conflitos e pedirá a Lula para que ajude na negociação de um acordo com os israelenses.

Como o sr. vê o envolvimento do Brasil no Oriente Médio?Assad - No passado, víamos o Brasil como um país amigo. Mas o considerávamos apenas parte da América do Sul. Nos últimos oito anos, começamos a ver o Brasil como uma força emergente no cenário internacional. Na minha visão, o esforço conjunto de Brasil e Turquia na questão nuclear iraniana elevou o papel brasileiro a um novo patamar. Por isso, esperamos que o Brasil possa atuar para estabilizar o Oriente Médio. O exemplo do acordo com o Irã foi uma conquista importante. Como nossa prioridade, na Síria, é o processo de paz, vou discutir isso com o presidente Lula quando eu estiver no Brasil.

Lula e Erdogan (premiê da Turquia) poderiam servir de mediadores entre a Síria e Israel? A Turquia já teve este papel no passado. Assad - O chanceler brasileiro (Celso Amorim) disse que o Brasil está interessado no processo de paz e nós consideramos bem-vinda a ajuda do Brasil. Dependemos de credibilidade nessas negociações e o Brasil a possui na região. Claro, há um obstáculo, que é a distância geográfica do Brasil. Talvez não seja o melhor lugar para termos negociações. O local poderia ser a Turquia, mas o esforço poderia incluir outros países. O Brasil seria importante para convencer os israelenses a aceitarem negociações por intermédio da Turquia. Claro, isso foi antes do ataque contra a flotilha (de Gaza). Não sei se os turcos estariam interessados agora por causa do problema entre eles e Israel.

Sr. Bashar Assad, a Síria esteve perto de um acordo com Israel em 2008?Assad - Em 2008, estávamos muito, muito, muito perto. Faltavam apenas alguns detalhes. Ehud Olmert (então premiê de Israel) estava na Turquia e (Recep Tayyip) Erdogan conversava comigo ao telefone. Enquanto Olmert ficava na outra sala, Erdogan, eu e seus ministros passamos horas discutindo o assunto. Olmert disse a Erdogan que voltaria a Israel para apresentar o plano a seus ministros e nos daria uma resposta nos dias seguintes. Mas, em seguida, atacou Gaza e isso foi uma surpresa tanto para a Síria quanto para a Turquia.

Então Israel concordou em sair de parte das Colinas do Golan?Assad - Concordou em sair de todo o Golan, não de apenas uma parte.

Israel pediu à Síria que rompesse os laços com o Hamas, Hezbollah e Irã nas negociações mediadas pelos turcos? Assad - Não, eles não pediram. Mas eles falaram disso com outros (países). Nós não queríamos discutir esta ou aquela organização. O problema é a ocupação. Enquanto não houver a retirada das terras ocupadas, não há como discutir outros assuntos. Portanto, se os israelenses estivessem falando sério, trabalhariam para uma paz que incluísse a retirada dos territórios. Quando fizerem isso, não terão mais nenhum problema na região. Por que ter organizações lutando contra os israelenses se Israel não estiver ocupando suas terras?

Por que a questão do Golã não é mencionada internacionalmente? Mesmo Ahmadinejad, seu aliado, a ignora em seus discursos. Assad- Até mesmo na Síria não falamos tanto do Golan. Falamos da Palestina mais do que do Golan porque o problema começou com a ocupação da Palestina. A ocupação do Golan e dos territórios no Líbano vieram depois. Achamos importante resolver o problema palestino para solucionar as questões do Golan e do Líbano. Além disso, na Palestina, todo um país é ocupado, na totalidade de seu território.

Como o sr. vê o novo governo israelense? É mais complicado negociar com ele do que com o Olmert ou Yitzhak Rabin (premiê israelense assassinado em 1995)?

Assad- Não dá para avaliar o governo sem avaliar a sociedade israelense. Esta mudança na direção da direita e do extremismo começou algumas décadas atrás. Rabin pagou com a vida o preço de ter ido na direção da paz. Portanto, o extremismo está presente na sociedade. Foi a população israelense que assassinou Rabin, não o governo. Depois de Rabin, tivemos muitos governos e nenhum deles trabalhou pela paz. Eles apenas falam de paz. Para nós, na Síria, não há grande diferença entre esses governos.

Comentários islamofóbicos, anti-semitas e anti-árabes ou que coloquem um povo ou uma religião como superiores não serão publicados. Tampouco ataques entre leitores ou contra o blogueiro. Pessoas que insistirem em ataques pessoais não terão mais seus comentários publicados. Não é permitido postar vídeo. Todos os posts devem ter relação com algum dos temas acima. O blog está aberto a discussões educadas e com pontos de vista diferentes

O jornalista Gustavo Chacra, mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia, é correspondente de "O Estado de S. Paulo" em Nova York. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Yemen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al Qaeda no Yemen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo em 2009, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

Entrevista já repercutiu nos jornais israelenses (Justo, obrigado pela dica). Vocês podem ler no Yediot http://www.ynetnews.com/articles/0,7340,L-3911534,00.html e no Haaretz http://www.haaretz.com/news/diplomacy-defense/syria-wants-brazil-to-help-negotiate-mideast-peace-1.298642

Críticos e aliados concordam que o líder é peca-chave nas principais questões do Oriente Médio. Seu país exerce influência sobre o Líbano por meio do Hezbollah e outros grupos, dá refúgio a 1,2 milhão de iraquianos e 500 mil palestinos, abriga escritórios do Hamas em Damasco, tem uma parte de seu território ocupado por Israel, além de ser hoje o principal aliado do Irã no mundo. Voltando a se aproximar lentamente dos EUA e do Líbano, Assad diz lamentar não ter chegado a um acordo de paz com Israel no fim de 2008. Segundo o líder sírio, o então premiê israelense, Ehud Olmert, havia concordado em se retirar da totalidade das Colinas do Golan, ocupadas na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Mas, dias depois, eclodiu a guerra em Gaza e o acordo, mediado pela Turquia, naufragou (mais informações na página seguinte). Com viagem marcada para o Brasil, onde deve se reunir na quarta-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o líder sírio recebeu o Estado em uma ala residencial de seu palácio em Damasco. Assad elogiou o papel do Brasil como mediador de conflitos e pedirá a Lula para que ajude na negociação de um acordo com os israelenses.

Como o sr. vê o envolvimento do Brasil no Oriente Médio?Assad - No passado, víamos o Brasil como um país amigo. Mas o considerávamos apenas parte da América do Sul. Nos últimos oito anos, começamos a ver o Brasil como uma força emergente no cenário internacional. Na minha visão, o esforço conjunto de Brasil e Turquia na questão nuclear iraniana elevou o papel brasileiro a um novo patamar. Por isso, esperamos que o Brasil possa atuar para estabilizar o Oriente Médio. O exemplo do acordo com o Irã foi uma conquista importante. Como nossa prioridade, na Síria, é o processo de paz, vou discutir isso com o presidente Lula quando eu estiver no Brasil.

Lula e Erdogan (premiê da Turquia) poderiam servir de mediadores entre a Síria e Israel? A Turquia já teve este papel no passado. Assad - O chanceler brasileiro (Celso Amorim) disse que o Brasil está interessado no processo de paz e nós consideramos bem-vinda a ajuda do Brasil. Dependemos de credibilidade nessas negociações e o Brasil a possui na região. Claro, há um obstáculo, que é a distância geográfica do Brasil. Talvez não seja o melhor lugar para termos negociações. O local poderia ser a Turquia, mas o esforço poderia incluir outros países. O Brasil seria importante para convencer os israelenses a aceitarem negociações por intermédio da Turquia. Claro, isso foi antes do ataque contra a flotilha (de Gaza). Não sei se os turcos estariam interessados agora por causa do problema entre eles e Israel.

Sr. Bashar Assad, a Síria esteve perto de um acordo com Israel em 2008?Assad - Em 2008, estávamos muito, muito, muito perto. Faltavam apenas alguns detalhes. Ehud Olmert (então premiê de Israel) estava na Turquia e (Recep Tayyip) Erdogan conversava comigo ao telefone. Enquanto Olmert ficava na outra sala, Erdogan, eu e seus ministros passamos horas discutindo o assunto. Olmert disse a Erdogan que voltaria a Israel para apresentar o plano a seus ministros e nos daria uma resposta nos dias seguintes. Mas, em seguida, atacou Gaza e isso foi uma surpresa tanto para a Síria quanto para a Turquia.

Então Israel concordou em sair de parte das Colinas do Golan?Assad - Concordou em sair de todo o Golan, não de apenas uma parte.

Israel pediu à Síria que rompesse os laços com o Hamas, Hezbollah e Irã nas negociações mediadas pelos turcos? Assad - Não, eles não pediram. Mas eles falaram disso com outros (países). Nós não queríamos discutir esta ou aquela organização. O problema é a ocupação. Enquanto não houver a retirada das terras ocupadas, não há como discutir outros assuntos. Portanto, se os israelenses estivessem falando sério, trabalhariam para uma paz que incluísse a retirada dos territórios. Quando fizerem isso, não terão mais nenhum problema na região. Por que ter organizações lutando contra os israelenses se Israel não estiver ocupando suas terras?

Por que a questão do Golã não é mencionada internacionalmente? Mesmo Ahmadinejad, seu aliado, a ignora em seus discursos. Assad- Até mesmo na Síria não falamos tanto do Golan. Falamos da Palestina mais do que do Golan porque o problema começou com a ocupação da Palestina. A ocupação do Golan e dos territórios no Líbano vieram depois. Achamos importante resolver o problema palestino para solucionar as questões do Golan e do Líbano. Além disso, na Palestina, todo um país é ocupado, na totalidade de seu território.

Como o sr. vê o novo governo israelense? É mais complicado negociar com ele do que com o Olmert ou Yitzhak Rabin (premiê israelense assassinado em 1995)?

Assad- Não dá para avaliar o governo sem avaliar a sociedade israelense. Esta mudança na direção da direita e do extremismo começou algumas décadas atrás. Rabin pagou com a vida o preço de ter ido na direção da paz. Portanto, o extremismo está presente na sociedade. Foi a população israelense que assassinou Rabin, não o governo. Depois de Rabin, tivemos muitos governos e nenhum deles trabalhou pela paz. Eles apenas falam de paz. Para nós, na Síria, não há grande diferença entre esses governos.

Comentários islamofóbicos, anti-semitas e anti-árabes ou que coloquem um povo ou uma religião como superiores não serão publicados. Tampouco ataques entre leitores ou contra o blogueiro. Pessoas que insistirem em ataques pessoais não terão mais seus comentários publicados. Não é permitido postar vídeo. Todos os posts devem ter relação com algum dos temas acima. O blog está aberto a discussões educadas e com pontos de vista diferentes

O jornalista Gustavo Chacra, mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia, é correspondente de "O Estado de S. Paulo" em Nova York. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Yemen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al Qaeda no Yemen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo em 2009, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

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