E quem são os drusos? Drusos seguem uma religião derivada do islamismo, mas com identidade própria, concentrada na região do Levante - Líbano, Síria e Israel, além de uma Diáspora muito forte na Venezuela. Mas meu foco não é na parte teológica, e sim no papel dos drusos na política do Oriente Médio.
Na Síria, os drusos, assim como a maior parte dos cristãos e dos muçulmanos alauítas, costumam apoiar o regime de Bashar al Assad. Eles se concetram acima de tudo na região de Sweida, na fronteira com a Jordânia, e nas colinas do Golã. Durante o mandato francês, a França propôs a construção de um Estado (Jabal al Druze) nesta área. Seria um dos cinco Estados da grande Síria - os outros seriam o Líbano, que seria controlado pelos cristãos, um para os alauítas na atual costa mediterrânea da Síria (Tartus e Latakia), e outros dois - um ao redor de Damasco e outro ao redor de Aleppo. No fim, apenas o Líbano ficou separado, com o restante sendo englobado na Síria.
No Líbano, os drusos seguem seus líderes, sendo o mais importante deles Walid Jumblat. Atualmente, mantém uma posição de independência na política libanesa, navegando para diferentes lados de acordo com o faro político de Jumblat, uma das figuras políticas mais respeitadas do mundo árabe. Mas há facções drusas rivais dele. E os drusos costumam viver no Shuf, que é uma porção dos montes do Líbano um pouco ao sul da costa de Beirute.
Em Israel, os drusos se dividem em dois grupos. Os drusos da Galileia se sentem integralmente parte da sociedade israelense, fazendo Exército inclusive. Já os do Golã, anexado por Israel em ato não reconhecido pela ONU, mantêm lealdade a Assad e optam por não se envolver em temas de Israel-Palestina. Historicamente, muitos drusos do Golã mantêm relações familiares e sociais com os drusos do lado sírio.
Enfim, este é mais um post para mostrar as nuances dos conflitos no Oriente Médio.
Guga Chacra, blogueiro de política internacional do Estadão e comentarista do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires