O grupo terrorista Hamas anunciou nesta segunda-feira, 6, que aceitou uma proposta de Egito e Catar de cessar-fogo para pôr fim à guerra de sete meses com Israel na Faixa de Gaza. O gabinete de Binyamin Netanyahu, por outro lado, disse que o plano para trégua está longes das suas exigências, mas que vai manter as negociações.
Enquanto isso, o Exército israelense ataca Rafah, no sul da Faixa de Gaza, horas depois de ordenar que cerca de 100 mil palestinos se deslocassem da cidade, sinalizando que a invasão terrestre há muito prometida pelas Forças de Defesa de Israel (FDI) seria iminente.
Os Estados Unidos apontaram que estão avaliando a resposta do Hamas e discutindo o plano de cessar-fogo com negociadores do Catar e Egito.
De acordo com Khalil al-Hayya, que representou o grupo terrorista nas negociações, o plano que o Hamas está disposto a aceitar é dividido em três fases, de 42 dias cada, com a meta de cessar-fogo permanente. A proposta inclui a retirada do Exército de Israel da Faixa de Gaza, a volta dos deslocados e a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos, disse à Al-Jazeera (emissora do Catar que foi proibida em Israel).
O gabinete do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu respondeu que a proposta estava “longe das exigências essenciais de Israel”, mas que mesmo assim enviaria negociadores para discutir a trégua. Israel indicou anteriormente que o cessar-fogo permanente permitiria a reorganização do grupo terrorista e que só estaria disposto a uma pausa temporária nos combates.
O ministério de Relações Exteriores do Catar anunciou que enviará uma delegação ao Cairo no esforço para fechar o acordo. “A delegação do Catar chegará ao Egito na terça-feira para reativar as negociações indiretas entre as duas partes”, disse em comunicado o porta-voz Majed al Ansari acrescentando que o país tem a esperança de chegar a um cessar-fogo “imediato e permanente na Faixa de Gaza em troca de prisioneiros e reféns.”
Ofensiva em Rafah
Em meio às negociações por cessar-fogo, Israel aprovou a operação em Rafah e lançou ataques na cidade nesta segunda-feira. Os aliados mais próximos de Tel-Aviv, incluindo os EUA, apontaram que Israel não deveria atacar a cidade de Rafah, que faz fronteira com o Egito. A operação aumentou a preocupação da comunidade internacional com a catástrofe humanitária na Faixa de Gaza. Mais de 1 milhão de palestinos se deslocaram para a cidade por conta da guerra.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversou nesta segunda-feira com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, e reiterou as preocupações dos EUA sobre uma invasão de Rafah. Biden disse que um cessar-fogo com o grupo terrorista Hamas é a melhor maneira de proteger as vidas dos reféns israelenses detidos em Gaza, de acordo com um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, que conversou com a Associated Press sob condição de anonimato.
Uma multidão de civis palestinos comemorou a notícia de um possível cessar-fogo, com tiros para o alto e pessoas chorando.
Israel recebe notícia com cautela
As autoridades israelenses receberam a notícia de que o grupo terrorista Hamas aceitou uma proposta de cessar-fogo com cautela. Um oficial israelense apontou à Reuters que o anúncio do Hamas parece ter sido uma encenação para colocar a culpa em Israel pelo fracasso nas negociações.
Saiba mais
O Canal 12 de Israel afirma que oficiais israelenses disseram que existem diferenças entre a proposta apresentada ao Hamas por Cairo e o documento que foi acordado entre Israel e Egito. As principais divergências incluem uma possível data para o fim da guerra.
De acordo com as informações, o grupo terrorista Hamas tem dificultado as negociações, demandando que a guerra acabasse durante a primeira fase do cessar-fogo, que duraria 40 dias.
O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, rejeitou a proposta do Hamas. “Há apenas uma resposta aos truques do Hamas: uma ofensiva em Rafah, com aumento da pressão militar, que derrote totalmente o grupo terrorista”.
Oficial do Hamas diz que acordo depende de Israel
Um oficial do grupo terrorista Hamas disse à AFP que “a bola está no campo de Israel”, depois que o grupo terrorista anunciou que aceitou uma proposta de cessar-fogo na Faixa de Gaza apresentada por Egito e Catar.
“A bola está agora no campo de Israel, que pode escolher entre aceitar o acordo de cessar-fogo ou colocar obstáculos no seu caminho”, declarou este o oficial, que pediu para não revelar a sua identidade./com AP e AFP