Hesitação de Scholz põe Ocidente em compasso de espera em crise na Ucrânia; leia a análise


O início vacilante de Scholz no comando do governo alemão já afetou a popularidade de seu partido, o SPD

Por ARNE DELFS E BIRGIT JENNEN/ BLOOMBERG

Olaf Scholz é chanceler da Alemanha há quase dois meses, mas o Ocidente ainda espera que ele assuma as rédeas do cargo. Scholz está sob pressão para se posicionar sobre a Rússia e enfrenta dificuldades domésticas, incluindo o surto de covid e críticas a seus planos de gastos. Até agora, porém, ele não tem um plano claro para conter a crise. 

A magnitude do constrangimento de Scholz ficou evidente na quarta-feira, quando o jornal Sueddeutsche Zeitung publicou a manchete, “Onde está Scholz?”, que questionava o engajamento do chanceler nas tensões a respeito das tropas russas concentradas próximo à Ucrânia. Moscou negou repetidamente que tenha planos de invadir o país vizinho.

Naquela noite, Scholz tropeçou numa entrevista com a TV pública ZDF. Pressionado a responder a comentários do ex-chanceler Gerhard Schroeder — um social-democrata, como Scholz, que agora trabalha como lobista da indústria russa — acusando a Ucrânia de “demonstrações de força”, o líder de 63 anos e fala mansa afirmou: “Só há um chanceler — e sou eu”.

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Olaf Scholz acenapara a plateia em sua chegada à sede do partido SPD, em Berlim, um dia após as eleições gerais. Foto: Christof STACHE / AFP

O que Scholz não ainda fez foi expor um plano claro a respeito de como responder à crise. Em vez disso, ele repetiu seus tópicos comuns, especificamente que todas aquelas opções de impor sanções retaliatórias contra a Rússia estão sobre a mesa, mas enviar armas para ajudar a Ucrânia a se defender, não.

“A Rússia pagaria um preço alto se invadisse”, afirmou Scholz à emissora de TV ARD, no domingo, antes de partir para Washington. Na entrevista, ele defendeu a contribuição da Alemanha à Otan e seu estilo próprio de comunicação. Qualificar seu governo como elo frágil na estratégia da aliança em relação à Rússia é uma “falsa impressão”, afirmou Scholz.

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Ainda que assumir a chancelaria na esteira dos 16 anos de Merkel jamais pudesse ser algo fácil, Scholz dá poucas indicações a respeito da maneira que pretende aproveitar a ocasião. Na semana passada, ele não participou do debate em seu partido, o SPD, a respeito da política da legenda em relação à Rússia e se mobilizou pouco para impor maior presença na arena internacional — em contraste à diplomacia ativa do presidente francês, Emmanuel Macron.

O hesitante início de mandato de Scholz prejudicou a popularidade de seu partido. O apoio dos eleitores alemães caiu para 23%, abaixo do índice dos conservadores liderados pelos democrata-cristãos pela primeira vez desde antes da eleição de setembro.

O ex-ministro das Finanças conquistou uma vitória apertada com a promessa de combinar a estável estratégia de governo de Merkel com reformas para modernizar a economia da Alemanha. Desde então, ele reuniu uma coalizão de governo com seu SPD, de centro-esquerda, os verdes e os democrata-liberais, orientados para o mercado, com poucos sinais de tensão apesar das várias diferenças ideológicas.

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Desde então, porém, faltou à coalizão uma agenda clara. No combate ao coronavírus, seguramente um dos assuntos definidores da década, o governo alertou a respeito da falta de vacinas e posteriormente apertou as restrições contra pessoas não vacinadas. O número de novos casos de covid-19 provocados pela variante Ômicron continua extremamente elevado.

Em outro revés, a agência de auditoria de gastos públicos da Alemanha pediu que o governo renuncie aos seus planos de transferir 60 bilhões de euros (US$ 69 bilhões) do orçamento do ano passado para financiar futuros projetos climáticos, qualificando-os como incompatíveis com as regras constitucionais de gastos.

A empolgação inicial em torno do governo de Scholz está “dissipando-se a olhos vistos”, afirmou Manfred Guellner, diretor do instituto de pesquisas Forsa.

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A crise ucraniana é um teste crítico para Scholz, pois toca em numerosos aspectos que complicam sua posição. Domesticamente, seu partido, tradicionalmente favorável às relações com a Rússia, discorda a respeito de quão agressivamente deveria lidar com o  Kremlin.

Ainda que a culpa histórica pela 2.ª Guerra também desempenhe uma função na posição da Alemanha, segurança energética é uma preocupação mais imediata.

Enquanto a Alemanha fecha usinas nucleares e elimina gradualmente o uso do carvão, o país tem ficado mais dependente do gás russo para aquecer residências e abastecer de energia gigantes da indústria como BASF SE e Volkswagen AG. As consequências de um conflito militar na Ucrânia poderiam colocar em risco esse fornecimento.

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A reunião de Scholz com Biden deverá se provar crucial. Os líderes foram apresentados por Merkel na reunião do Grupo dos 20, em outubro, e a Casa Branca tem pressionado a Alemanha a desempenhar um papel mais ativo na geopolítica.

Mesmo que seja improvável que Scholz redirecione completamente a estratégia de política externa da Alemanha, ele poderia adotar uma posição mais firme — ou pelo menos mais clara. Se não o fizer, arrisca que rivais ocupem esse vazio.

A Casa Branca, enquanto isso, está enfatizando que não há discrepância entre suas visões e as do governo alemão e que os dois líderes estão alinhados em seus esforços de dissuadir a Rússia, assim como na promoção de um caminho diplomático para resolver a crise.

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No caso de uma agressão russa, existe acordo absoluto a respeito dos passos seguintes, incluindo tropas adicionais que teriam de ser acionadas ao flanco oriental e a imposição de um imenso pacote de sanções econômicas, de acordo com uma graduada autoridade do governo americano.

Num recente debate no Bundestag, Friedrich Merz, ex-antagonista de Merkel eleito em janeiro novo líder da CDU, afirmou que a Alemanha é vista atualmente como “reticente e não confiável” — uma situação pela qual ele culpa Scholz.

A visita de Scholz a Washington é o início de uma série de reuniões que poderiam dar a ele uma presença mais substancial na arena internacional. Depois que retornar a Berlim, Scholz se reunirá com os líderes das ex-repúblicas soviéticas Estônia, Letônia e Lituânia e com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

A iniciativa culmina na semana seguinte, quando Scholz deverá viajar para Kiev, em 14 de fevereiro. No dia seguinte, ele vai a Moscou negociar com o presidente Vladimir Putin.

A Ucrânia espera receber mais de 5 mil capacetes de proteção e um hospital de campanha da potência europeia. Andrij Melnyk, embaixador alemão no país, acusou o governo de  Scholz, em um tuíte, de estar com a cabeça enfiada na areia. “Essa política de avestruz tem de ser impedida”, afirmou ele. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Olaf Scholz é chanceler da Alemanha há quase dois meses, mas o Ocidente ainda espera que ele assuma as rédeas do cargo. Scholz está sob pressão para se posicionar sobre a Rússia e enfrenta dificuldades domésticas, incluindo o surto de covid e críticas a seus planos de gastos. Até agora, porém, ele não tem um plano claro para conter a crise. 

A magnitude do constrangimento de Scholz ficou evidente na quarta-feira, quando o jornal Sueddeutsche Zeitung publicou a manchete, “Onde está Scholz?”, que questionava o engajamento do chanceler nas tensões a respeito das tropas russas concentradas próximo à Ucrânia. Moscou negou repetidamente que tenha planos de invadir o país vizinho.

Naquela noite, Scholz tropeçou numa entrevista com a TV pública ZDF. Pressionado a responder a comentários do ex-chanceler Gerhard Schroeder — um social-democrata, como Scholz, que agora trabalha como lobista da indústria russa — acusando a Ucrânia de “demonstrações de força”, o líder de 63 anos e fala mansa afirmou: “Só há um chanceler — e sou eu”.

Olaf Scholz acenapara a plateia em sua chegada à sede do partido SPD, em Berlim, um dia após as eleições gerais. Foto: Christof STACHE / AFP

O que Scholz não ainda fez foi expor um plano claro a respeito de como responder à crise. Em vez disso, ele repetiu seus tópicos comuns, especificamente que todas aquelas opções de impor sanções retaliatórias contra a Rússia estão sobre a mesa, mas enviar armas para ajudar a Ucrânia a se defender, não.

“A Rússia pagaria um preço alto se invadisse”, afirmou Scholz à emissora de TV ARD, no domingo, antes de partir para Washington. Na entrevista, ele defendeu a contribuição da Alemanha à Otan e seu estilo próprio de comunicação. Qualificar seu governo como elo frágil na estratégia da aliança em relação à Rússia é uma “falsa impressão”, afirmou Scholz.

Ainda que assumir a chancelaria na esteira dos 16 anos de Merkel jamais pudesse ser algo fácil, Scholz dá poucas indicações a respeito da maneira que pretende aproveitar a ocasião. Na semana passada, ele não participou do debate em seu partido, o SPD, a respeito da política da legenda em relação à Rússia e se mobilizou pouco para impor maior presença na arena internacional — em contraste à diplomacia ativa do presidente francês, Emmanuel Macron.

O hesitante início de mandato de Scholz prejudicou a popularidade de seu partido. O apoio dos eleitores alemães caiu para 23%, abaixo do índice dos conservadores liderados pelos democrata-cristãos pela primeira vez desde antes da eleição de setembro.

O ex-ministro das Finanças conquistou uma vitória apertada com a promessa de combinar a estável estratégia de governo de Merkel com reformas para modernizar a economia da Alemanha. Desde então, ele reuniu uma coalizão de governo com seu SPD, de centro-esquerda, os verdes e os democrata-liberais, orientados para o mercado, com poucos sinais de tensão apesar das várias diferenças ideológicas.

Desde então, porém, faltou à coalizão uma agenda clara. No combate ao coronavírus, seguramente um dos assuntos definidores da década, o governo alertou a respeito da falta de vacinas e posteriormente apertou as restrições contra pessoas não vacinadas. O número de novos casos de covid-19 provocados pela variante Ômicron continua extremamente elevado.

Em outro revés, a agência de auditoria de gastos públicos da Alemanha pediu que o governo renuncie aos seus planos de transferir 60 bilhões de euros (US$ 69 bilhões) do orçamento do ano passado para financiar futuros projetos climáticos, qualificando-os como incompatíveis com as regras constitucionais de gastos.

A empolgação inicial em torno do governo de Scholz está “dissipando-se a olhos vistos”, afirmou Manfred Guellner, diretor do instituto de pesquisas Forsa.

A crise ucraniana é um teste crítico para Scholz, pois toca em numerosos aspectos que complicam sua posição. Domesticamente, seu partido, tradicionalmente favorável às relações com a Rússia, discorda a respeito de quão agressivamente deveria lidar com o  Kremlin.

Ainda que a culpa histórica pela 2.ª Guerra também desempenhe uma função na posição da Alemanha, segurança energética é uma preocupação mais imediata.

Enquanto a Alemanha fecha usinas nucleares e elimina gradualmente o uso do carvão, o país tem ficado mais dependente do gás russo para aquecer residências e abastecer de energia gigantes da indústria como BASF SE e Volkswagen AG. As consequências de um conflito militar na Ucrânia poderiam colocar em risco esse fornecimento.

A reunião de Scholz com Biden deverá se provar crucial. Os líderes foram apresentados por Merkel na reunião do Grupo dos 20, em outubro, e a Casa Branca tem pressionado a Alemanha a desempenhar um papel mais ativo na geopolítica.

Mesmo que seja improvável que Scholz redirecione completamente a estratégia de política externa da Alemanha, ele poderia adotar uma posição mais firme — ou pelo menos mais clara. Se não o fizer, arrisca que rivais ocupem esse vazio.

A Casa Branca, enquanto isso, está enfatizando que não há discrepância entre suas visões e as do governo alemão e que os dois líderes estão alinhados em seus esforços de dissuadir a Rússia, assim como na promoção de um caminho diplomático para resolver a crise.

No caso de uma agressão russa, existe acordo absoluto a respeito dos passos seguintes, incluindo tropas adicionais que teriam de ser acionadas ao flanco oriental e a imposição de um imenso pacote de sanções econômicas, de acordo com uma graduada autoridade do governo americano.

Num recente debate no Bundestag, Friedrich Merz, ex-antagonista de Merkel eleito em janeiro novo líder da CDU, afirmou que a Alemanha é vista atualmente como “reticente e não confiável” — uma situação pela qual ele culpa Scholz.

A visita de Scholz a Washington é o início de uma série de reuniões que poderiam dar a ele uma presença mais substancial na arena internacional. Depois que retornar a Berlim, Scholz se reunirá com os líderes das ex-repúblicas soviéticas Estônia, Letônia e Lituânia e com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

A iniciativa culmina na semana seguinte, quando Scholz deverá viajar para Kiev, em 14 de fevereiro. No dia seguinte, ele vai a Moscou negociar com o presidente Vladimir Putin.

A Ucrânia espera receber mais de 5 mil capacetes de proteção e um hospital de campanha da potência europeia. Andrij Melnyk, embaixador alemão no país, acusou o governo de  Scholz, em um tuíte, de estar com a cabeça enfiada na areia. “Essa política de avestruz tem de ser impedida”, afirmou ele. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Olaf Scholz é chanceler da Alemanha há quase dois meses, mas o Ocidente ainda espera que ele assuma as rédeas do cargo. Scholz está sob pressão para se posicionar sobre a Rússia e enfrenta dificuldades domésticas, incluindo o surto de covid e críticas a seus planos de gastos. Até agora, porém, ele não tem um plano claro para conter a crise. 

A magnitude do constrangimento de Scholz ficou evidente na quarta-feira, quando o jornal Sueddeutsche Zeitung publicou a manchete, “Onde está Scholz?”, que questionava o engajamento do chanceler nas tensões a respeito das tropas russas concentradas próximo à Ucrânia. Moscou negou repetidamente que tenha planos de invadir o país vizinho.

Naquela noite, Scholz tropeçou numa entrevista com a TV pública ZDF. Pressionado a responder a comentários do ex-chanceler Gerhard Schroeder — um social-democrata, como Scholz, que agora trabalha como lobista da indústria russa — acusando a Ucrânia de “demonstrações de força”, o líder de 63 anos e fala mansa afirmou: “Só há um chanceler — e sou eu”.

Olaf Scholz acenapara a plateia em sua chegada à sede do partido SPD, em Berlim, um dia após as eleições gerais. Foto: Christof STACHE / AFP

O que Scholz não ainda fez foi expor um plano claro a respeito de como responder à crise. Em vez disso, ele repetiu seus tópicos comuns, especificamente que todas aquelas opções de impor sanções retaliatórias contra a Rússia estão sobre a mesa, mas enviar armas para ajudar a Ucrânia a se defender, não.

“A Rússia pagaria um preço alto se invadisse”, afirmou Scholz à emissora de TV ARD, no domingo, antes de partir para Washington. Na entrevista, ele defendeu a contribuição da Alemanha à Otan e seu estilo próprio de comunicação. Qualificar seu governo como elo frágil na estratégia da aliança em relação à Rússia é uma “falsa impressão”, afirmou Scholz.

Ainda que assumir a chancelaria na esteira dos 16 anos de Merkel jamais pudesse ser algo fácil, Scholz dá poucas indicações a respeito da maneira que pretende aproveitar a ocasião. Na semana passada, ele não participou do debate em seu partido, o SPD, a respeito da política da legenda em relação à Rússia e se mobilizou pouco para impor maior presença na arena internacional — em contraste à diplomacia ativa do presidente francês, Emmanuel Macron.

O hesitante início de mandato de Scholz prejudicou a popularidade de seu partido. O apoio dos eleitores alemães caiu para 23%, abaixo do índice dos conservadores liderados pelos democrata-cristãos pela primeira vez desde antes da eleição de setembro.

O ex-ministro das Finanças conquistou uma vitória apertada com a promessa de combinar a estável estratégia de governo de Merkel com reformas para modernizar a economia da Alemanha. Desde então, ele reuniu uma coalizão de governo com seu SPD, de centro-esquerda, os verdes e os democrata-liberais, orientados para o mercado, com poucos sinais de tensão apesar das várias diferenças ideológicas.

Desde então, porém, faltou à coalizão uma agenda clara. No combate ao coronavírus, seguramente um dos assuntos definidores da década, o governo alertou a respeito da falta de vacinas e posteriormente apertou as restrições contra pessoas não vacinadas. O número de novos casos de covid-19 provocados pela variante Ômicron continua extremamente elevado.

Em outro revés, a agência de auditoria de gastos públicos da Alemanha pediu que o governo renuncie aos seus planos de transferir 60 bilhões de euros (US$ 69 bilhões) do orçamento do ano passado para financiar futuros projetos climáticos, qualificando-os como incompatíveis com as regras constitucionais de gastos.

A empolgação inicial em torno do governo de Scholz está “dissipando-se a olhos vistos”, afirmou Manfred Guellner, diretor do instituto de pesquisas Forsa.

A crise ucraniana é um teste crítico para Scholz, pois toca em numerosos aspectos que complicam sua posição. Domesticamente, seu partido, tradicionalmente favorável às relações com a Rússia, discorda a respeito de quão agressivamente deveria lidar com o  Kremlin.

Ainda que a culpa histórica pela 2.ª Guerra também desempenhe uma função na posição da Alemanha, segurança energética é uma preocupação mais imediata.

Enquanto a Alemanha fecha usinas nucleares e elimina gradualmente o uso do carvão, o país tem ficado mais dependente do gás russo para aquecer residências e abastecer de energia gigantes da indústria como BASF SE e Volkswagen AG. As consequências de um conflito militar na Ucrânia poderiam colocar em risco esse fornecimento.

A reunião de Scholz com Biden deverá se provar crucial. Os líderes foram apresentados por Merkel na reunião do Grupo dos 20, em outubro, e a Casa Branca tem pressionado a Alemanha a desempenhar um papel mais ativo na geopolítica.

Mesmo que seja improvável que Scholz redirecione completamente a estratégia de política externa da Alemanha, ele poderia adotar uma posição mais firme — ou pelo menos mais clara. Se não o fizer, arrisca que rivais ocupem esse vazio.

A Casa Branca, enquanto isso, está enfatizando que não há discrepância entre suas visões e as do governo alemão e que os dois líderes estão alinhados em seus esforços de dissuadir a Rússia, assim como na promoção de um caminho diplomático para resolver a crise.

No caso de uma agressão russa, existe acordo absoluto a respeito dos passos seguintes, incluindo tropas adicionais que teriam de ser acionadas ao flanco oriental e a imposição de um imenso pacote de sanções econômicas, de acordo com uma graduada autoridade do governo americano.

Num recente debate no Bundestag, Friedrich Merz, ex-antagonista de Merkel eleito em janeiro novo líder da CDU, afirmou que a Alemanha é vista atualmente como “reticente e não confiável” — uma situação pela qual ele culpa Scholz.

A visita de Scholz a Washington é o início de uma série de reuniões que poderiam dar a ele uma presença mais substancial na arena internacional. Depois que retornar a Berlim, Scholz se reunirá com os líderes das ex-repúblicas soviéticas Estônia, Letônia e Lituânia e com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

A iniciativa culmina na semana seguinte, quando Scholz deverá viajar para Kiev, em 14 de fevereiro. No dia seguinte, ele vai a Moscou negociar com o presidente Vladimir Putin.

A Ucrânia espera receber mais de 5 mil capacetes de proteção e um hospital de campanha da potência europeia. Andrij Melnyk, embaixador alemão no país, acusou o governo de  Scholz, em um tuíte, de estar com a cabeça enfiada na areia. “Essa política de avestruz tem de ser impedida”, afirmou ele. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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