A senadora Hillary Clinton deve "suspender" oficialmente hoje sua campanha presidencial ao formalizar seu apoio a Barack Obama, que venceu a disputa pela nomeação democrata e será o candidato do partido à presidência dos EUA na eleição de novembro. A decisão de "suspender" a campanha, em vez de "encerrá-la", foi divulgada por assessores de Hillary citados pela TV CNN e pelo jornal The Washington Post. Isso significa que Hillary pretende continuar a arrecadar fundos para pagar os US$ 30 milhões que sua candidatura deixou em dívidas. Williams Gonçalves, da UERJ, analisa o futuro político de Hillary Clinton Acredita-se que a principal negociação entre ela e Obama no momento seja a respeito de dinheiro. A campanha de Obama não pode transferir recursos diretamente para Hillary, mas o senador poderia solicitar a seus doadores que ajudassem a ex-primeira-dama. ENCONTRO SECRETO Na noite de quinta-feira, os dois se encontraram na casa da senadora californiana Dianne Feinstein, em Washington. De acordo com The New York Times, a reunião foi um pedido de Hillary. "Eles conversaram por uma hora", disse Dianne. "Só os dois. Cada um trouxe um conselheiro, mas (os conselheiros) ficaram em outra sala." Hillary e Obama instruíram seus assessores a não revelar detalhes do encontro e divulgaram um comunicado dizendo que "tiveram uma discussão produtiva sobre o que deve ser feito para garantir a vitória democrata em novembro". Ontem, um grupo de partidários de Hillary intitulado Vote Both ("Vote em Ambos"), que defende a chapa Obama-Hillary, anunciou que já recolheu 25 mil assinaturas para pressionar o senador a aceitá-la como vice. Ao mesmo tempo, um outro grupo de eleitores de Hillary, irritado com a nomeação de Obama, pôs no ar um site de apoio ao candidato republicano John McCain. Até a noite de ontem, o movimento contava com cerca de 10 mil adesões. Enquanto não se define o papel que Hillary terá na corrida presidencial, Obama continua em campanha nacional. Ontem, ele foi obrigado a mudar sua opinião sobre Jerusalém. O senador afirma agora que palestinos e israelenses devem negociar o futuro da cidade. Na quarta-feira, os líderes palestinos se irritaram com um discurso de quarta-feira no qual o senador definiu Jerusalém como "capital indivisível" de Israel. Os EUA e muitos outros governos não consideram que a cidade seja capital de Israel - as embaixadas ficam em Tel-Aviv - e não reconhecem a anexação de Jerusalém Oriental após sua captura, em 1967. IMIGRAÇÃO McCain disse ontem que pretende dar prioridade aos tratados de livre comércio com países da América Latina. "O livre comércio será minha primeira preocupação. Com ele, virá a democracia", afirmou. Ele disse ainda que é contra a anistia aos 12 milhões de imigrantes ilegais que vivem nos EUA. Procurando dar um toque feminino à campanha, McCain recrutou para sua equipe a ex-executiva da HP Carly Fiorina. Há meses Carly vem defendendo publicamente as propostas econômicas do republicano.