BUFFALO, NOVA YORK - Um homem armado invadiu um supermercado em Buffalo, no Estado de Nova York, neste sábado, 14, e atirou contra as pessoas, matando 10 e ferindo outras 3. Segundo autoridades, o crime teve motivação racial. Entre as 13 pessoas atingidas, 11 eram negras (10 morreram) e 2, brancas, segundo a polícia.
O supermercado fica em um bairro predominantemente negro, cerca de 5 km ao norte do centro de Buffalo, que tem 255 mil habitantes e é a segunda cidade mais populosa do Estado de Nova York. Além disso, autoridades policiais investigam a publicação de um manifesto racista na internet por parte do atirador. O texto inclui o desejo de expulsar dos Estados Unidos todas as pessoas que não descendem de europeus.
A área ao redor é principalmente residencial. “Este foi um crime de ódio com motivação racial direta”, disse John Garcia, xerife do condado de Eerie, onde fica Buffalo. “Isso foi pura maldade”.
A polícia disse que o atirador, identificado como Payton S. Gendron, um jovem branco de 18 anos, é de fora da cidade. Ele transmitiu o ataque a tiros ao vivo online no site Twitch, plataforma de transmissão de videogames. Gendron foi preso após o ataque na loja da rede regional de supermercados Tops Friendly Markets.
O homem estava fortemente armado e usando equipamento tático e colete à prova de balas, disse a polícia. Segundo as autoridades, ele saiu de seu carro e atirou em quatro pessoas no estacionamento, matando três delas. Em seguida, entrou na loja e continuou atirando.
Stephen Belongia, agente especial encarregado do FBI no escritório de Buffalo, disse que o ataque estava sendo investigado como um crime de ódio e um “caso de extremismo violento com motivação racial”.
Byron Brown, prefeito de Buffalo, disse que o atirador está sob custódia, sem direito à fiança. “O atirador não era desta comunidade, e viajou por horas até aqui para cometer este crime contra nosso povo.”
Jaye Emmons, uma assistente social de 49 anos que mora a um quarteirão e meio do supermercado, estava assistindo a um vídeo quando “de repente ouviu uma enorme quantidade de disparos”, disse. Ela estima ter ouvido 60 disparos. “O que ouvi foi algo descomunal. Balas sendo disparadas sem parar, saindo de uma arma militar”, disse ela.
Braedyn Kephart e Shane Hill, ambos com 20 anos, entraram no estacionamento no momento em que o atirador estava saindo. “Ele estava lá com a arma apontada para o queixo. Pensamos, o que diabos está acontecendo? Por que esse garoto tem uma arma apontada para o rosto?”, Kephart disse. Ele então caiu de joelhos “arrancou o capacete, largou a arma e foi abordado pela polícia”, contou à AP.
Nos minutos após o atentado, vídeos e imagens que pareciam ter sido capturados pelo atirador circularam nas redes sociais. Nas imagens, um insulto racial parece ter sido escrito no cano de sua arma. Ele transmitiu tudo ao vivo pelo Twitch. A empresa afirmou que retirou o canal dele do ar dois minutos depois do início das cenas de violência na transmissão e em seguida o bloqueou.
Ataque a tiros em Buffalo
Histórico de ataques a tiros nos EUA
De acordo com a organização Gun Violence Archive, este foi o 159º ataque a tiros nos Estados Unidos em 2022, e o atentado com o maior número de vítimas este ano no país. No dia anterior ao ataque, a polícia de Dallas afirmou que estava investigando uma série de tiroteios em Koreatown como crimes de ódio.
Há um mês, um atirador feriu 10 pessoas dentro de um trem do metrô do Brooklyn, em Nova York, e aumentou as tensões na cidade. No ano passado, 10 pessoas ficaram mortas depois de um tiroteio em massa dentro de um supermercado no Colorado.
O massacre deste sábado causou ondas de choque em uma nação instável, dominada por tensões raciais, violência armada e uma série de crimes de ódio.
Segundo um dos investigadores informou à Associated Press, a polícia investiga se o atirador de Buffalo havia postado um manifesto online em que são descritas crenças racistas, anti-imigrantes e anti-semitas, incluindo o desejo de expulsar dos Estados Unidos todas as pessoas não descendentes de europeus. Ele teria se inspirado no atirador que matou 51 pessoas em duas mesquitas em Christchurch, Nova Zelândia, em 2019.
O Estados Unidos registrou outros massacres recentes com motivações racistas. Em 2019, mais de 20 pessoas foram mortas em um Walmart em El Paso, no qual o atirador expressou ódio aos latinos; no ano anterior, um ataque antissemita foi feito em uma sinagoga de Pittsburg em 2018 e deixou 11 mortos. Em 2015, nove paroquianos negros morreram assassinados em Charleston. /AP, NYT e REUTERS