HONG KONG - Um tribunal de Hong Kong condenou no sábado, 11, a quatro meses de prisão três organizadores de vigílias ocorridas no começo deste ano em um protesto pelo Massacre da Praça da Paz Celestial, em Pequim, em 1989.
Três dirigentes da Aliança de Hong Kong, entidade que organiza as vigílias à luz de velas há três décadas, foram condenados por não terem entregue à polícia registros de reuniões e contas bancárias da entidade. A polícia dizia apurar se a organização era formada por “agentes estrangeiros”.
A Aliança de Hong Kong organiza vigílias anuais em memória das vítimas da sangrenta repressão aos protestos pró-democracia na Praça da Paz Celestial em Pequim em 4 de junho de 1989. Não há números oficiais de vítimas, mas contagens não oficiais dizem que entre 2 mil e 4 mil pessoas foram mortas e outras 30 mil foram feridas nos protestos.
O juiz Peter Law escreveu em sua decisão que a segurança nacional é uma questão de importância fundamental e que a sentença deve ser “punitiva e suficientemente dissuasiva”.
Um dos condenados, Chow Hang-tung, que está sendo julgado ao lado de Tang Ngok-kwan e Tsui Hon-kwong, disse ao tribunal que “quando o exercício do poder é baseado em mentiras, a insubordinação é a única maneira de ser humano”.
“Sabemos que não somos agentes estrangeiros e nada surgiu durante este longo ano de provação para provar o contrário”, disse ao se referir ao período deque durou o julgamento.
De acordo com a lei de segurança nacional, imposta por Pequim após grandes protestos pró-democracia em 2019, a polícia pode solicitar informações de qualquer pessoa ou grupo classificado como “agente estrangeiro” em Hong Kong.
Os promotores nunca apontaram durante o julgamento para qual entidade estrangeira a Alliance estaria trabalhando.
Tang e Tsui foram libertados provisoriamente enquanto aguardam novos recursos, mas Chow permanecerá detido enquanto aguarda outro julgamento em um caso diferente.
Nabila Massrali, porta-voz do chefe da diplomacia da União Europeia (UE), disse em um tuíte que a sentença é “outro exemplo de como as autoridades abusam da legislação para suprimir as liberdades fundamentais”. | AFP