Houthis, baluches e curdos: quem são as minorias envolvidas na nova crise no Oriente Médio


O Irã realizou ataques na Síria, Iraque e Paquistão e ressaltou que não terá “limites” para defender a soberania do país, em meio a outros conflitos na região envolvendo grupos terroristas apoiados por Teerã

Por Daniel Gateno

O Oriente Médio está em chamas com uma nova escalada de conflitos na região, agravada pela guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza desde o dia 7 de outubro. Após as escaramuças entre Tel-Aviv e o grupo islâmico radical Hezbollah no Líbano e o assédio do grupo Houthi no Iêmen contra navios no Mar Vermelho, os EUA iniciaram uma série de ataques contra o grupo iemenita e o Irã, que financia diversas organizações terroristas na região, tomou a dianteira e atacou alvos na Síria, Curdistão iraquiano e na região do Baluchistão, que fica no Paquistão.

Teerã realizou ataques na terça-feira, 16, contra o território do Paquistão e do Iraque, desestabilizando as relações diplomáticas entre o país persa e os dois vizinhos, que convocaram os seus embaixadores no Irã e pediram a saída do chefe do corpo diplomático iraniano em Bagdá e Islamabad.

Um dia depois dos ataques promovidos pelo Irã nos vizinhos Paquistão, na Síria e no Iraque, o ministro da Defesa iraniano, Mohammad Reza Ashtiani, declarou na quarta-feira, 17, que o seu país não terá qualquer limite” na utilização de suas capacidades mísseis contra os inimigos, se assim for necessário.

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Paquistaneses protestam contra os bombardeios iranianos que atingiram o país na quarta-feira, 17  Foto: Anjum Naveed / AP

Saiba mais sobre os grupos envolvidos na nova crise do Oriente Médio e qual é a relação deles com o Irã:

Houthis

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Quem são os Houthis?

Os Houthis são um braço armado de uma minoria muçulmana xiita do Iêmen, chamados de zaiditas. O grupo foi formado nos 1990 para combater o governo de Ali Abdullah Saleh, que ficou na presidência do Iêmen de 1990 até 2012.

O movimento foi fundado por Houssein Al-Houthi, que morreu em 2004. Atualmente, o grupo é liderado por Abdul-Malik Al-Houthi, e eles lutam contra o governo do Iêmen há cerca de duas décadas e agora controlam o noroeste do país e sua capital, Sanaa.

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Eles construíram sua ideologia em torno da oposição a Israel e aos Estados Unidos, vendo-se como parte do “eixo de resistência” liderado pelo Irã, juntamente com o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza e o Hezbollah no Líbano.

Um soldado armado grupo Houthi passa pela bandeira do Iêmen, em Sana, capital do país que é controlada pelo grupo Houthi  Foto: Yahya Arhab / EFE

Em 2014, uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita interveio para tentar restaurar o governo original do país depois que os Houthis tomaram a capital, iniciando uma guerra civil que matou centenas de milhares de pessoas. O governo do Iêmen apoiado por Riad e os Houthis concordaram com um cessar-fogo em dezembro do ano passado, que foi catapultado pelo acordo de reconhecimento de laços diplomáticos entre Irã e Arábia Saudita em março de 2023, depois de terem cortado as relações em 2016.

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Quando a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas começou em 7 de outubro, os Houthis declararam seu apoio aos terroristas do Hamas e disseram que atacariam qualquer navio que viajasse para Israel ou saísse de lá. O grupo apontou que estava atacando as embarcações em solidariedade ao povo palestino.

Desde novembro, os Houthis lançaram 27 ataques com drones e mísseis contra embarcações no Mar Vermelho e no Golfo de Aden que, segundo eles, estariam indo em direção a portos israelenses ou saindo deles. Os ataques foram repudiados por diversos países do Ocidente e segundo o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, prejudicaram navios ligados a mais de 40 países.

As maiores empresas de contêineres do mundo, a MSC e a Maersk, disseram que estão evitando a região, e as empresas de transporte ficam com opções difíceis. O redirecionamento das embarcações ao redor da África acrescenta mais 4.000 milhas e 10 dias às rotas de navegação, além de exigir mais combustível.

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Na semana passada, uma coalizão liderada pelos Estados Unidos iniciou uma série de ataques contra a infraestrutura militar dos Houthis, que retaliaram contra embarcações americanas e de outros países no Mar Vermelho. Na quarta-feira, O governo de Joe Biden decidiu designar os rebeldes houthi, do Iêmen, como uma organização terrorista, reimpondo em partes as sanções que suspendeu há quase três anos.

Iranianos queimam a bandeira de Israel, Estados Unidos e Reino Unido durante um protesto pelo ataques americanos a alvos dos Houthis, no Iêmen  Foto: Vahid Salemi / AP

Qual é a relação entre os Houthis e o Irã?

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Assim como os Houthis, o regime iraniano também é xiita, e passou a apoiar mais o grupo iemenita a partir de 2014, com treinamento militar e o envio de armas. Os houthis reforçaram seu arsenal nos últimos anos, que agora inclui mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos e drones de longo alcance. Os analistas atribuem essa expansão ao apoio do Irã, que tem fornecido milícias em todo o Oriente Médio para expandir sua própria influência.

“A partir do momento em que a Arábia Saudita interveio na guerra civil do Iêmen, as autoridades americanas acusaram a Guarda Revolucionária do Irã o Hezbollah de treinar e armar os Houthis locais”, apontou um relatório do Instituto do Oriente Médio, think-thank baseada em Washington.

De acordo com o relatório do instituto, o Irã tem boas razões para considerar que o apoio aos Houthis valeu a pena, porque aumentou a pressão sobre os sauditas para concordarem com uma trégua diplomática com os iranianos em março do ano passado.

Curdos

Quem são os curdos?

Os curdos fazem parte de uma etnia de cerca de 30 milhões de pessoas e estão espalhados entre seis diferentes países: Turquia, Armênia, Azerbaijão, Iraque, Irã e Síria.

A maioria dos curdos segue o islamismo, mas existem curdos de outras religiões. Eles reivindicam a criação do Curdistão nas regiões habitadas por eles. O ativismo curdo pela independência sofre duras repressões em diversos países, como na Turquia. Os cursos se envolvem em diversos conflitos no Oriente Médio e participam de grupos armados, como o Partido dos Trabalhadores Curdos, o PKK, que é considerado um grupo terrorista na Turquia. Milícias curdas também lutaram contra a expansão do Estado Islâmico no Iraque e se envolveram na guerra civil da Síria.

O Curdistão Iraquiano se tornou uma região autônoma no Iraque em 1991. A capital do Curdistão Iraquiano é Erbil e a região faz fronteira com Irã, Turquia e Síria. Em 1992, os curdos iraquianos elegeram um Parlamento e formaram um governo, mas as instituições do país ficaram paralisadas por conta de confrontos entre dois partidos políticos curdos da região do Iraque, o Partido Democrático do Curdistão (PDC) e a União Patriótica do Curdistão (UPC). Em 2003, os curdos fizeram parte da coalizão internacional liderada pelos EUA que derrubou Saddam Hussein, além de terem lutado contra o Estado Islâmico.

Bombeiros observam uma casa atacada por forças iranianas em Erbil, capital do Curdistão iraquiano  Foto: Safin Hamid/ AFP

Qual é a relação do Curdistão iraquiano com o Irã?

O conflito entre Irã e o Curdistão iraquiano se baseia na intenção de diversos grupos armados curdos de estabelecerem um Estado curdo que envolveria partes do Iraque e também do Irã. O país persa possui uma fronteira com a região autônoma e Teerã avalia que grupos armados curdos em sua fronteira são uma ameaça de segurança à soberania do país. Forças curdas do lado iraniano também lutam pela independência e têm relações com os curdos do Iraque.

Em agosto do ano passado, o Irã anunciou que chegou a um acordo com o Iraque para que Bagda obrigasse os grupos armados curdos a se retirarem da fronteira com o país persa. O Irã escalou o conflito após a morte de Mahsa Amini, jovem curda de 22 anos que morreu enquanto estava detida pela polícia da moralidade, o que levou a diversos protestos na região. Teerã acusa os curdos de incitarem os protestos.

Na terça-feira, 16, a Guarda Revolucionária do Irã anunciou que atacou um local de “espionagem” de Israel na região do Curdistão iraquiano. De acordo com autoridades curdas, quatro pessoas morreram e seis ficaram feridas.

Manifestantes protestam contra a morte de duas crianças após ataques iranianos contra o Curdistão iraquiano  Foto: Safin Hamid/AFP

Teerã apontou que o “quartel-general de espionagem” da agência de inteligência israelense Mossad havia sido usado para planejar atos “terroristas” contra o Irã. Autoridades curdas negaram as alegações e Tel-Aviv não se pronunciou sobre o ocorrido.

As forças iranianas “sempre usam desculpas infundadas para atacar Erbil”, disse o Conselho de Segurança Regional Curdo em um comunicado, acrescentando que a capital regional do Curdistão iraquiano é uma “região estável e nunca foi uma ameaça para qualquer parte”.“Esta é uma violação flagrante da soberania da região do Curdistão e do Iraque, e o governo federal e a comunidade internacional não devem permanecer calados em relação a este crime”, afirmou o conselho.

O vice-presidente do parlamento regional do Curdistão, Hemin Hawrami, identificou os mortos como sendo um empresário iraquiano e a sua família. Condenando o ataque, Masrour Barzani, primeiro-ministro do Curdistão, apontou nas redes sociais que trabalhará com aliados internacionais nos próximos dias “para impedir novos ataques brutais”.

O governo do Iraque pediu o retorno de seu embaixador em Teerã para consultas e convocou o encarregado diplomático iraniano em Bagdá para esclarecimentos.

Baluches

O que é o Baluchistão?

O Baluchistão é uma província do Paquistão que faz fronteira com o Irã e com o Afeganistão. A área recebeu o nome em homenagem ao grupo étnico baluche, que se divide entre o Paquistão, Irã e Afeganistão. A maioria deste grupo étnico reside no Baluchistão, que é a maior província do Paquistão. A maioria dos baluches são muçulmanos sunitas.

De acordo com o censo populacional mais recente, a população total do Baluchistão consiste em 6,5 milhões de uma população total do Paquistão de 131 milhões. As condições socioeconómicas dos Baluchis são péssimas, com mais de 50% vivendo abaixo da linha da pobreza.

Grupos armados do Baluchistão desejam que a região se torne autônoma e consiga um Estado independente, que envolva a região paquistanesa e também uma província do Irã, que conta com um grande número de Baluchis. O grupo étnico já entrou em diversos conflitos com forças do Paquistão desde os anos 40. Islamabad acusa a Índia de apoiar grupos armados no Baluchistão, assim como o grupo terrorista Taleban, que controla o Afeganistão.

O líder supremo do Irã, Ayatollah Ali Khamenei, participa de uma reunião com clérigos iranianos em Teerã, Irã  Foto: Escritório do Líder Supremo do Irã / EFE

Qual é a relação do Baluchistão com o Irã?

O desejo por independência do Baluchistão no Paquistão também atinge a província iraniana de Sistão-Baluchistão, onde a minoria Baluchi possui um braço armado separatista chamado Jaish ul-Adl, que significa Exército da Justiça, em árabe.

O Irã lançou na terça-feira, 16, ataques de mísseis contra alvos no Paquistão e no Iraque, visando o que descreveu como bases do grupo armado Jaish al-Adl. O Paquistão disse que os ataques mataram duas crianças e feriram outras três, no que descreveu como uma “violação não provocada” de seu espaço aéreo.

Acredita-se que o ataque iraniano tenha atingido a cidade de Sabz Koh, a cerca de 45 km da fronteira iraniana e a 90 km da cidade mais próxima, Panjgur. O Jaish al-Adl é um grupo militante sunita fundado em 2012 que opera principalmente do outro lado da fronteira com o Paquistão. Os militantes já reivindicaram atentados a bomba e sequestraram policiais de fronteira iranianos no passado.

No Irã, a minoria muçulmana sunita balúchi se queixa de discriminação no Estado de maioria muçulmana xiita, enquanto grupos separatistas balúchis continuam um movimento insurgente contra o governo paquistanês.

O ataque de Teerã seria uma retaliação a um atentado contra uma cerimônia pela morte do líder da Guarda Revolucionária, Qasan Soleimani, que deixou mais de 80 mortos no inicio do mês e foi reivindicada pelo Estado Islâmico.

Em resposta aos ataques em seu território, a Força Aérea do Paquistão lançou ataques aéreos no início desta quinta-feira, 18, contra o Irã, supostamente contra posições de grupos radicais, e matou ao menos sete pessoas. Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Paquistão, as forças do país realizaram “ataques militares de precisão” contra o que chamou de esconderijos terroristas no sudeste do Irã.

O Oriente Médio está em chamas com uma nova escalada de conflitos na região, agravada pela guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza desde o dia 7 de outubro. Após as escaramuças entre Tel-Aviv e o grupo islâmico radical Hezbollah no Líbano e o assédio do grupo Houthi no Iêmen contra navios no Mar Vermelho, os EUA iniciaram uma série de ataques contra o grupo iemenita e o Irã, que financia diversas organizações terroristas na região, tomou a dianteira e atacou alvos na Síria, Curdistão iraquiano e na região do Baluchistão, que fica no Paquistão.

Teerã realizou ataques na terça-feira, 16, contra o território do Paquistão e do Iraque, desestabilizando as relações diplomáticas entre o país persa e os dois vizinhos, que convocaram os seus embaixadores no Irã e pediram a saída do chefe do corpo diplomático iraniano em Bagdá e Islamabad.

Um dia depois dos ataques promovidos pelo Irã nos vizinhos Paquistão, na Síria e no Iraque, o ministro da Defesa iraniano, Mohammad Reza Ashtiani, declarou na quarta-feira, 17, que o seu país não terá qualquer limite” na utilização de suas capacidades mísseis contra os inimigos, se assim for necessário.

Paquistaneses protestam contra os bombardeios iranianos que atingiram o país na quarta-feira, 17  Foto: Anjum Naveed / AP

Saiba mais sobre os grupos envolvidos na nova crise do Oriente Médio e qual é a relação deles com o Irã:

Houthis

Quem são os Houthis?

Os Houthis são um braço armado de uma minoria muçulmana xiita do Iêmen, chamados de zaiditas. O grupo foi formado nos 1990 para combater o governo de Ali Abdullah Saleh, que ficou na presidência do Iêmen de 1990 até 2012.

O movimento foi fundado por Houssein Al-Houthi, que morreu em 2004. Atualmente, o grupo é liderado por Abdul-Malik Al-Houthi, e eles lutam contra o governo do Iêmen há cerca de duas décadas e agora controlam o noroeste do país e sua capital, Sanaa.

Eles construíram sua ideologia em torno da oposição a Israel e aos Estados Unidos, vendo-se como parte do “eixo de resistência” liderado pelo Irã, juntamente com o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza e o Hezbollah no Líbano.

Um soldado armado grupo Houthi passa pela bandeira do Iêmen, em Sana, capital do país que é controlada pelo grupo Houthi  Foto: Yahya Arhab / EFE

Em 2014, uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita interveio para tentar restaurar o governo original do país depois que os Houthis tomaram a capital, iniciando uma guerra civil que matou centenas de milhares de pessoas. O governo do Iêmen apoiado por Riad e os Houthis concordaram com um cessar-fogo em dezembro do ano passado, que foi catapultado pelo acordo de reconhecimento de laços diplomáticos entre Irã e Arábia Saudita em março de 2023, depois de terem cortado as relações em 2016.

Quando a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas começou em 7 de outubro, os Houthis declararam seu apoio aos terroristas do Hamas e disseram que atacariam qualquer navio que viajasse para Israel ou saísse de lá. O grupo apontou que estava atacando as embarcações em solidariedade ao povo palestino.

Desde novembro, os Houthis lançaram 27 ataques com drones e mísseis contra embarcações no Mar Vermelho e no Golfo de Aden que, segundo eles, estariam indo em direção a portos israelenses ou saindo deles. Os ataques foram repudiados por diversos países do Ocidente e segundo o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, prejudicaram navios ligados a mais de 40 países.

As maiores empresas de contêineres do mundo, a MSC e a Maersk, disseram que estão evitando a região, e as empresas de transporte ficam com opções difíceis. O redirecionamento das embarcações ao redor da África acrescenta mais 4.000 milhas e 10 dias às rotas de navegação, além de exigir mais combustível.

Na semana passada, uma coalizão liderada pelos Estados Unidos iniciou uma série de ataques contra a infraestrutura militar dos Houthis, que retaliaram contra embarcações americanas e de outros países no Mar Vermelho. Na quarta-feira, O governo de Joe Biden decidiu designar os rebeldes houthi, do Iêmen, como uma organização terrorista, reimpondo em partes as sanções que suspendeu há quase três anos.

Iranianos queimam a bandeira de Israel, Estados Unidos e Reino Unido durante um protesto pelo ataques americanos a alvos dos Houthis, no Iêmen  Foto: Vahid Salemi / AP

Qual é a relação entre os Houthis e o Irã?

Assim como os Houthis, o regime iraniano também é xiita, e passou a apoiar mais o grupo iemenita a partir de 2014, com treinamento militar e o envio de armas. Os houthis reforçaram seu arsenal nos últimos anos, que agora inclui mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos e drones de longo alcance. Os analistas atribuem essa expansão ao apoio do Irã, que tem fornecido milícias em todo o Oriente Médio para expandir sua própria influência.

“A partir do momento em que a Arábia Saudita interveio na guerra civil do Iêmen, as autoridades americanas acusaram a Guarda Revolucionária do Irã o Hezbollah de treinar e armar os Houthis locais”, apontou um relatório do Instituto do Oriente Médio, think-thank baseada em Washington.

De acordo com o relatório do instituto, o Irã tem boas razões para considerar que o apoio aos Houthis valeu a pena, porque aumentou a pressão sobre os sauditas para concordarem com uma trégua diplomática com os iranianos em março do ano passado.

Curdos

Quem são os curdos?

Os curdos fazem parte de uma etnia de cerca de 30 milhões de pessoas e estão espalhados entre seis diferentes países: Turquia, Armênia, Azerbaijão, Iraque, Irã e Síria.

A maioria dos curdos segue o islamismo, mas existem curdos de outras religiões. Eles reivindicam a criação do Curdistão nas regiões habitadas por eles. O ativismo curdo pela independência sofre duras repressões em diversos países, como na Turquia. Os cursos se envolvem em diversos conflitos no Oriente Médio e participam de grupos armados, como o Partido dos Trabalhadores Curdos, o PKK, que é considerado um grupo terrorista na Turquia. Milícias curdas também lutaram contra a expansão do Estado Islâmico no Iraque e se envolveram na guerra civil da Síria.

O Curdistão Iraquiano se tornou uma região autônoma no Iraque em 1991. A capital do Curdistão Iraquiano é Erbil e a região faz fronteira com Irã, Turquia e Síria. Em 1992, os curdos iraquianos elegeram um Parlamento e formaram um governo, mas as instituições do país ficaram paralisadas por conta de confrontos entre dois partidos políticos curdos da região do Iraque, o Partido Democrático do Curdistão (PDC) e a União Patriótica do Curdistão (UPC). Em 2003, os curdos fizeram parte da coalizão internacional liderada pelos EUA que derrubou Saddam Hussein, além de terem lutado contra o Estado Islâmico.

Bombeiros observam uma casa atacada por forças iranianas em Erbil, capital do Curdistão iraquiano  Foto: Safin Hamid/ AFP

Qual é a relação do Curdistão iraquiano com o Irã?

O conflito entre Irã e o Curdistão iraquiano se baseia na intenção de diversos grupos armados curdos de estabelecerem um Estado curdo que envolveria partes do Iraque e também do Irã. O país persa possui uma fronteira com a região autônoma e Teerã avalia que grupos armados curdos em sua fronteira são uma ameaça de segurança à soberania do país. Forças curdas do lado iraniano também lutam pela independência e têm relações com os curdos do Iraque.

Em agosto do ano passado, o Irã anunciou que chegou a um acordo com o Iraque para que Bagda obrigasse os grupos armados curdos a se retirarem da fronteira com o país persa. O Irã escalou o conflito após a morte de Mahsa Amini, jovem curda de 22 anos que morreu enquanto estava detida pela polícia da moralidade, o que levou a diversos protestos na região. Teerã acusa os curdos de incitarem os protestos.

Na terça-feira, 16, a Guarda Revolucionária do Irã anunciou que atacou um local de “espionagem” de Israel na região do Curdistão iraquiano. De acordo com autoridades curdas, quatro pessoas morreram e seis ficaram feridas.

Manifestantes protestam contra a morte de duas crianças após ataques iranianos contra o Curdistão iraquiano  Foto: Safin Hamid/AFP

Teerã apontou que o “quartel-general de espionagem” da agência de inteligência israelense Mossad havia sido usado para planejar atos “terroristas” contra o Irã. Autoridades curdas negaram as alegações e Tel-Aviv não se pronunciou sobre o ocorrido.

As forças iranianas “sempre usam desculpas infundadas para atacar Erbil”, disse o Conselho de Segurança Regional Curdo em um comunicado, acrescentando que a capital regional do Curdistão iraquiano é uma “região estável e nunca foi uma ameaça para qualquer parte”.“Esta é uma violação flagrante da soberania da região do Curdistão e do Iraque, e o governo federal e a comunidade internacional não devem permanecer calados em relação a este crime”, afirmou o conselho.

O vice-presidente do parlamento regional do Curdistão, Hemin Hawrami, identificou os mortos como sendo um empresário iraquiano e a sua família. Condenando o ataque, Masrour Barzani, primeiro-ministro do Curdistão, apontou nas redes sociais que trabalhará com aliados internacionais nos próximos dias “para impedir novos ataques brutais”.

O governo do Iraque pediu o retorno de seu embaixador em Teerã para consultas e convocou o encarregado diplomático iraniano em Bagdá para esclarecimentos.

Baluches

O que é o Baluchistão?

O Baluchistão é uma província do Paquistão que faz fronteira com o Irã e com o Afeganistão. A área recebeu o nome em homenagem ao grupo étnico baluche, que se divide entre o Paquistão, Irã e Afeganistão. A maioria deste grupo étnico reside no Baluchistão, que é a maior província do Paquistão. A maioria dos baluches são muçulmanos sunitas.

De acordo com o censo populacional mais recente, a população total do Baluchistão consiste em 6,5 milhões de uma população total do Paquistão de 131 milhões. As condições socioeconómicas dos Baluchis são péssimas, com mais de 50% vivendo abaixo da linha da pobreza.

Grupos armados do Baluchistão desejam que a região se torne autônoma e consiga um Estado independente, que envolva a região paquistanesa e também uma província do Irã, que conta com um grande número de Baluchis. O grupo étnico já entrou em diversos conflitos com forças do Paquistão desde os anos 40. Islamabad acusa a Índia de apoiar grupos armados no Baluchistão, assim como o grupo terrorista Taleban, que controla o Afeganistão.

O líder supremo do Irã, Ayatollah Ali Khamenei, participa de uma reunião com clérigos iranianos em Teerã, Irã  Foto: Escritório do Líder Supremo do Irã / EFE

Qual é a relação do Baluchistão com o Irã?

O desejo por independência do Baluchistão no Paquistão também atinge a província iraniana de Sistão-Baluchistão, onde a minoria Baluchi possui um braço armado separatista chamado Jaish ul-Adl, que significa Exército da Justiça, em árabe.

O Irã lançou na terça-feira, 16, ataques de mísseis contra alvos no Paquistão e no Iraque, visando o que descreveu como bases do grupo armado Jaish al-Adl. O Paquistão disse que os ataques mataram duas crianças e feriram outras três, no que descreveu como uma “violação não provocada” de seu espaço aéreo.

Acredita-se que o ataque iraniano tenha atingido a cidade de Sabz Koh, a cerca de 45 km da fronteira iraniana e a 90 km da cidade mais próxima, Panjgur. O Jaish al-Adl é um grupo militante sunita fundado em 2012 que opera principalmente do outro lado da fronteira com o Paquistão. Os militantes já reivindicaram atentados a bomba e sequestraram policiais de fronteira iranianos no passado.

No Irã, a minoria muçulmana sunita balúchi se queixa de discriminação no Estado de maioria muçulmana xiita, enquanto grupos separatistas balúchis continuam um movimento insurgente contra o governo paquistanês.

O ataque de Teerã seria uma retaliação a um atentado contra uma cerimônia pela morte do líder da Guarda Revolucionária, Qasan Soleimani, que deixou mais de 80 mortos no inicio do mês e foi reivindicada pelo Estado Islâmico.

Em resposta aos ataques em seu território, a Força Aérea do Paquistão lançou ataques aéreos no início desta quinta-feira, 18, contra o Irã, supostamente contra posições de grupos radicais, e matou ao menos sete pessoas. Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Paquistão, as forças do país realizaram “ataques militares de precisão” contra o que chamou de esconderijos terroristas no sudeste do Irã.

O Oriente Médio está em chamas com uma nova escalada de conflitos na região, agravada pela guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza desde o dia 7 de outubro. Após as escaramuças entre Tel-Aviv e o grupo islâmico radical Hezbollah no Líbano e o assédio do grupo Houthi no Iêmen contra navios no Mar Vermelho, os EUA iniciaram uma série de ataques contra o grupo iemenita e o Irã, que financia diversas organizações terroristas na região, tomou a dianteira e atacou alvos na Síria, Curdistão iraquiano e na região do Baluchistão, que fica no Paquistão.

Teerã realizou ataques na terça-feira, 16, contra o território do Paquistão e do Iraque, desestabilizando as relações diplomáticas entre o país persa e os dois vizinhos, que convocaram os seus embaixadores no Irã e pediram a saída do chefe do corpo diplomático iraniano em Bagdá e Islamabad.

Um dia depois dos ataques promovidos pelo Irã nos vizinhos Paquistão, na Síria e no Iraque, o ministro da Defesa iraniano, Mohammad Reza Ashtiani, declarou na quarta-feira, 17, que o seu país não terá qualquer limite” na utilização de suas capacidades mísseis contra os inimigos, se assim for necessário.

Paquistaneses protestam contra os bombardeios iranianos que atingiram o país na quarta-feira, 17  Foto: Anjum Naveed / AP

Saiba mais sobre os grupos envolvidos na nova crise do Oriente Médio e qual é a relação deles com o Irã:

Houthis

Quem são os Houthis?

Os Houthis são um braço armado de uma minoria muçulmana xiita do Iêmen, chamados de zaiditas. O grupo foi formado nos 1990 para combater o governo de Ali Abdullah Saleh, que ficou na presidência do Iêmen de 1990 até 2012.

O movimento foi fundado por Houssein Al-Houthi, que morreu em 2004. Atualmente, o grupo é liderado por Abdul-Malik Al-Houthi, e eles lutam contra o governo do Iêmen há cerca de duas décadas e agora controlam o noroeste do país e sua capital, Sanaa.

Eles construíram sua ideologia em torno da oposição a Israel e aos Estados Unidos, vendo-se como parte do “eixo de resistência” liderado pelo Irã, juntamente com o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza e o Hezbollah no Líbano.

Um soldado armado grupo Houthi passa pela bandeira do Iêmen, em Sana, capital do país que é controlada pelo grupo Houthi  Foto: Yahya Arhab / EFE

Em 2014, uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita interveio para tentar restaurar o governo original do país depois que os Houthis tomaram a capital, iniciando uma guerra civil que matou centenas de milhares de pessoas. O governo do Iêmen apoiado por Riad e os Houthis concordaram com um cessar-fogo em dezembro do ano passado, que foi catapultado pelo acordo de reconhecimento de laços diplomáticos entre Irã e Arábia Saudita em março de 2023, depois de terem cortado as relações em 2016.

Quando a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas começou em 7 de outubro, os Houthis declararam seu apoio aos terroristas do Hamas e disseram que atacariam qualquer navio que viajasse para Israel ou saísse de lá. O grupo apontou que estava atacando as embarcações em solidariedade ao povo palestino.

Desde novembro, os Houthis lançaram 27 ataques com drones e mísseis contra embarcações no Mar Vermelho e no Golfo de Aden que, segundo eles, estariam indo em direção a portos israelenses ou saindo deles. Os ataques foram repudiados por diversos países do Ocidente e segundo o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, prejudicaram navios ligados a mais de 40 países.

As maiores empresas de contêineres do mundo, a MSC e a Maersk, disseram que estão evitando a região, e as empresas de transporte ficam com opções difíceis. O redirecionamento das embarcações ao redor da África acrescenta mais 4.000 milhas e 10 dias às rotas de navegação, além de exigir mais combustível.

Na semana passada, uma coalizão liderada pelos Estados Unidos iniciou uma série de ataques contra a infraestrutura militar dos Houthis, que retaliaram contra embarcações americanas e de outros países no Mar Vermelho. Na quarta-feira, O governo de Joe Biden decidiu designar os rebeldes houthi, do Iêmen, como uma organização terrorista, reimpondo em partes as sanções que suspendeu há quase três anos.

Iranianos queimam a bandeira de Israel, Estados Unidos e Reino Unido durante um protesto pelo ataques americanos a alvos dos Houthis, no Iêmen  Foto: Vahid Salemi / AP

Qual é a relação entre os Houthis e o Irã?

Assim como os Houthis, o regime iraniano também é xiita, e passou a apoiar mais o grupo iemenita a partir de 2014, com treinamento militar e o envio de armas. Os houthis reforçaram seu arsenal nos últimos anos, que agora inclui mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos e drones de longo alcance. Os analistas atribuem essa expansão ao apoio do Irã, que tem fornecido milícias em todo o Oriente Médio para expandir sua própria influência.

“A partir do momento em que a Arábia Saudita interveio na guerra civil do Iêmen, as autoridades americanas acusaram a Guarda Revolucionária do Irã o Hezbollah de treinar e armar os Houthis locais”, apontou um relatório do Instituto do Oriente Médio, think-thank baseada em Washington.

De acordo com o relatório do instituto, o Irã tem boas razões para considerar que o apoio aos Houthis valeu a pena, porque aumentou a pressão sobre os sauditas para concordarem com uma trégua diplomática com os iranianos em março do ano passado.

Curdos

Quem são os curdos?

Os curdos fazem parte de uma etnia de cerca de 30 milhões de pessoas e estão espalhados entre seis diferentes países: Turquia, Armênia, Azerbaijão, Iraque, Irã e Síria.

A maioria dos curdos segue o islamismo, mas existem curdos de outras religiões. Eles reivindicam a criação do Curdistão nas regiões habitadas por eles. O ativismo curdo pela independência sofre duras repressões em diversos países, como na Turquia. Os cursos se envolvem em diversos conflitos no Oriente Médio e participam de grupos armados, como o Partido dos Trabalhadores Curdos, o PKK, que é considerado um grupo terrorista na Turquia. Milícias curdas também lutaram contra a expansão do Estado Islâmico no Iraque e se envolveram na guerra civil da Síria.

O Curdistão Iraquiano se tornou uma região autônoma no Iraque em 1991. A capital do Curdistão Iraquiano é Erbil e a região faz fronteira com Irã, Turquia e Síria. Em 1992, os curdos iraquianos elegeram um Parlamento e formaram um governo, mas as instituições do país ficaram paralisadas por conta de confrontos entre dois partidos políticos curdos da região do Iraque, o Partido Democrático do Curdistão (PDC) e a União Patriótica do Curdistão (UPC). Em 2003, os curdos fizeram parte da coalizão internacional liderada pelos EUA que derrubou Saddam Hussein, além de terem lutado contra o Estado Islâmico.

Bombeiros observam uma casa atacada por forças iranianas em Erbil, capital do Curdistão iraquiano  Foto: Safin Hamid/ AFP

Qual é a relação do Curdistão iraquiano com o Irã?

O conflito entre Irã e o Curdistão iraquiano se baseia na intenção de diversos grupos armados curdos de estabelecerem um Estado curdo que envolveria partes do Iraque e também do Irã. O país persa possui uma fronteira com a região autônoma e Teerã avalia que grupos armados curdos em sua fronteira são uma ameaça de segurança à soberania do país. Forças curdas do lado iraniano também lutam pela independência e têm relações com os curdos do Iraque.

Em agosto do ano passado, o Irã anunciou que chegou a um acordo com o Iraque para que Bagda obrigasse os grupos armados curdos a se retirarem da fronteira com o país persa. O Irã escalou o conflito após a morte de Mahsa Amini, jovem curda de 22 anos que morreu enquanto estava detida pela polícia da moralidade, o que levou a diversos protestos na região. Teerã acusa os curdos de incitarem os protestos.

Na terça-feira, 16, a Guarda Revolucionária do Irã anunciou que atacou um local de “espionagem” de Israel na região do Curdistão iraquiano. De acordo com autoridades curdas, quatro pessoas morreram e seis ficaram feridas.

Manifestantes protestam contra a morte de duas crianças após ataques iranianos contra o Curdistão iraquiano  Foto: Safin Hamid/AFP

Teerã apontou que o “quartel-general de espionagem” da agência de inteligência israelense Mossad havia sido usado para planejar atos “terroristas” contra o Irã. Autoridades curdas negaram as alegações e Tel-Aviv não se pronunciou sobre o ocorrido.

As forças iranianas “sempre usam desculpas infundadas para atacar Erbil”, disse o Conselho de Segurança Regional Curdo em um comunicado, acrescentando que a capital regional do Curdistão iraquiano é uma “região estável e nunca foi uma ameaça para qualquer parte”.“Esta é uma violação flagrante da soberania da região do Curdistão e do Iraque, e o governo federal e a comunidade internacional não devem permanecer calados em relação a este crime”, afirmou o conselho.

O vice-presidente do parlamento regional do Curdistão, Hemin Hawrami, identificou os mortos como sendo um empresário iraquiano e a sua família. Condenando o ataque, Masrour Barzani, primeiro-ministro do Curdistão, apontou nas redes sociais que trabalhará com aliados internacionais nos próximos dias “para impedir novos ataques brutais”.

O governo do Iraque pediu o retorno de seu embaixador em Teerã para consultas e convocou o encarregado diplomático iraniano em Bagdá para esclarecimentos.

Baluches

O que é o Baluchistão?

O Baluchistão é uma província do Paquistão que faz fronteira com o Irã e com o Afeganistão. A área recebeu o nome em homenagem ao grupo étnico baluche, que se divide entre o Paquistão, Irã e Afeganistão. A maioria deste grupo étnico reside no Baluchistão, que é a maior província do Paquistão. A maioria dos baluches são muçulmanos sunitas.

De acordo com o censo populacional mais recente, a população total do Baluchistão consiste em 6,5 milhões de uma população total do Paquistão de 131 milhões. As condições socioeconómicas dos Baluchis são péssimas, com mais de 50% vivendo abaixo da linha da pobreza.

Grupos armados do Baluchistão desejam que a região se torne autônoma e consiga um Estado independente, que envolva a região paquistanesa e também uma província do Irã, que conta com um grande número de Baluchis. O grupo étnico já entrou em diversos conflitos com forças do Paquistão desde os anos 40. Islamabad acusa a Índia de apoiar grupos armados no Baluchistão, assim como o grupo terrorista Taleban, que controla o Afeganistão.

O líder supremo do Irã, Ayatollah Ali Khamenei, participa de uma reunião com clérigos iranianos em Teerã, Irã  Foto: Escritório do Líder Supremo do Irã / EFE

Qual é a relação do Baluchistão com o Irã?

O desejo por independência do Baluchistão no Paquistão também atinge a província iraniana de Sistão-Baluchistão, onde a minoria Baluchi possui um braço armado separatista chamado Jaish ul-Adl, que significa Exército da Justiça, em árabe.

O Irã lançou na terça-feira, 16, ataques de mísseis contra alvos no Paquistão e no Iraque, visando o que descreveu como bases do grupo armado Jaish al-Adl. O Paquistão disse que os ataques mataram duas crianças e feriram outras três, no que descreveu como uma “violação não provocada” de seu espaço aéreo.

Acredita-se que o ataque iraniano tenha atingido a cidade de Sabz Koh, a cerca de 45 km da fronteira iraniana e a 90 km da cidade mais próxima, Panjgur. O Jaish al-Adl é um grupo militante sunita fundado em 2012 que opera principalmente do outro lado da fronteira com o Paquistão. Os militantes já reivindicaram atentados a bomba e sequestraram policiais de fronteira iranianos no passado.

No Irã, a minoria muçulmana sunita balúchi se queixa de discriminação no Estado de maioria muçulmana xiita, enquanto grupos separatistas balúchis continuam um movimento insurgente contra o governo paquistanês.

O ataque de Teerã seria uma retaliação a um atentado contra uma cerimônia pela morte do líder da Guarda Revolucionária, Qasan Soleimani, que deixou mais de 80 mortos no inicio do mês e foi reivindicada pelo Estado Islâmico.

Em resposta aos ataques em seu território, a Força Aérea do Paquistão lançou ataques aéreos no início desta quinta-feira, 18, contra o Irã, supostamente contra posições de grupos radicais, e matou ao menos sete pessoas. Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Paquistão, as forças do país realizaram “ataques militares de precisão” contra o que chamou de esconderijos terroristas no sudeste do Irã.

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