WILMINGTON, EUA - Hunter Biden, filho do presidente americano, Joe Biden, foi condenado nesta terça-feira,11, por um júri do Estado do Delaware, nos Estados Unidos, por compra ilegal de arma quando era usuário de drogas, em 2018. O juiz do caso ainda precisa determinar a pena, que pode chegar a 25 anos de prisão e uma multa de US$ 750 mil.
O caso, cuja sentença será conhecida em até seis meses, marca a primeira condenação criminal de um filho de um presidente no exercício do mandato. Biden está em campanha pela reeleição em novembro.
Os promotores disseram que ele mentiu em um formulário ao comprar um revólver Colt Cobra em outubro de 2018, declarando que não era usuário ou viciado em drogas, apesar de ter problemas com crack.
Hunter se declarou inocente de acusações criminais que incluíam mentir sobre seu vício quando preencheu um documento de triagem do governo para o revólver. Ele ficou com a arma ilegalmente por 11 dias.
Biden disse recentemente que não usaria o perdão presidencial caso seu filho fosse condenado. Pouco depois do veredicto, durante uma conferência em Washington de uma organização que defende restrições mais duras ao uso de armas, Biden listou uma série de realizações durante sua administração, mas não mencionou o caso do filho.
Politização do judiciário
O julgamento em Wilmington durou pouco mais de uma semana e a decisão foi conhecida 11 dias após o ex-presidente dos EUA Donald Trump, que tenta voltar à Casa Branca como candidato republicano, ter sido condenado por fraude contábil ao ocultar um pagamento de US$ 130 mil para comprar o silêncio da atriz pornô Stormy Daniels na eleição de 2016.
A condenação de Hunter também foi conhecida em um momento em que republicanos acusam democratas de politizar o Sistema Judiciário em uma tentativa de impedir Trump de retomar a Casa Branca. No dia 4, o secretário de Justiça dos EUA, Merrick Garland, foi convocado pela Câmara e rejeitou as acusações dos republicanos, dizendo que eles estavam espalhando teorias da conspiração que poderiam colocar em risco agentes federais.
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Após a condenação de Trump, republicanos do Congresso prometeram reter o financiamento do Departamento de Justiça e até de promotores locais. O próprio Trump disse que estava determinado a buscar vingança pelo seu caso se for eleito novamente.
O deputado Jim McGovern, o principal democrata na Comissão de Regras da Câmara, criticou seus colegas republicanos ontem por aceitarem o veredicto de Hunter, após dizerem que a condenação de Trump foi resultado de um sistema fraudado.
“O contraste hoje (ontem) é simplesmente impressionante. Aparentemente, quando um republicano é condenado, (o sistema) é uma arma. Mas quando um democrata é condenado, isso é justiça”, disse McGovern.
Mas para Trump, a condenação do filho de seu adversário político não foi o bastante. Sua campanha chamou o veredicto de “nada mais do que uma distração dos crimes reais da Família do Crime Biden”. Trump e seus aliados acusaram, sem provas, Biden de agir, quando era vice-presidente dos EUA, para promover os interesses comerciais de seus parentes no estrangeiro.
Pouco impacto nos votos
O processo em Delaware, junto com outras acusações de evasão fiscal contra Hunter na Califórnia, complica os esforços dos democratas para manter o foco em Trump, o primeiro ex-presidente a ser declarado culpado na Justiça criminal.
Hunter esteve por muito tempo na mira dos republicanos, que promoveram uma exaustiva investigação contra ele no Congresso por corrupção e tráfico de influência, embora nunca tenham sido apresentadas acusações formais.
Seus negócios na China e na Ucrânia também serviram de base para que os republicanos tentassem abrir processos de impeachment para destituir seu pai, o que não prosperou.
Assim como no caso de Trump, o julgamento de Hunter deve ter impacto reduzido na escolha dos eleitores, ainda que alguns deles desistam de votar em Biden. Pesquisa da Emerson College da semana passada mostrou que 64% dos eleitores disseram que o julgamento não teria impacto em suas decisões; 24% afirmaram que ele os torna menos propensos a apoiar o democrata e 12% disseram que ficariam mais propensos a apoiá-lo./AP