Imagem de Putin sai manchada após rebelião de Grupo Wagner, dizem analistas


Para especialistas, o presidente russo teria mostrado força caso tivesse derrotado o grupo mercenário e qualquer negociação pode ser mal vista para ambos os lados

Por Daniel Gateno
Atualização:

Mesmo com o anúncio do chefe do Grupo Wagner, Ievgeni Prighozhin, de que o grupo mercenário pausaria a sua marcha até Moscou, a imagem do presidente da Rússia, Vladimir Putin, sai manchada perante a população russa. A análise é do professor de relações internacionais da ESPM, Gunther Rudzit. “Putin sairia desta situação como um líder forte se tivesse esmagado as forças do Grupo Wagner, se tivesse prendido Prighozhin. Não imagino as relações entre o grupo e o governo voltando ao que eram após este episódio, ninguém vai aceitar isso”, afirma o especialista. “Temos mais incertezas do que certezas neste momento”, completa o professor.

Neste sábado, Prighozhin anunciou que as tropas iriam retornar aos acampamentos, o que marcou o fim de um dia de hostilidades entre a organização paramilitar e o governo do presidente da Rússia, Vladimir Putin. Segundo Prighozhin, o grupo chegou a ficar a 200 quilômetros da capital Moscou e esteve presente nas regiões de Rostov, Voronej e Lipetsk. Antes do anúncio do chefe do Grupo Wagner, o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, aliado de Putin, garantiu que havia negociado com o líder paramilitar para “parar os movimentos” de seus homens e evitar uma nova escalada.

Um soldado fica em cima de um veículo blindado do Grupo Wagner, enquanto guarda uma área no prédio do Distrito Militar do Sul em uma rua em Rostov-on-Don, Rússia Foto: AP / AP
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Para o especialista e professor da ESPM, o avanço do Grupo Wagner dentro do território russo é um sinal de fraqueza das forças russas. “Ficou claro que o Serviço de Segurança Nacional da Rússia não estava preparado para enfrentar o Grupo Wagner, que é um grupo profissional que estava lutando na Ucrânia. As forças russas estavam preparadas para lidar contra civis, mas não uma ameaça como esse grupo mercenário”, avalia Rudzit. Para o professor, o grupo teria conseguido chegar até Moscou caso não tivesse recuado.

Em meio à retirada das tropas, analistas especulam sobre qual será o futuro da relação entre o grupo Wagner e o governo russo.

Para o professor de relações internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador da Universidade de Harvard, Vitelio Brustolin, o exército russo deseja que o grupo Wagner seja incluído dentro das forças armadas, mas tem a oposição de Prighozhin, que usa as tropas para missões fora do território russo.

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“O grupo se transformou em um instrumento de política externa da Rússia e realiza missões em diversos países da África como Sudão e República Centro-Africana. A relação do grupo com Putin era de confiança e agora isso está incerto”, acrescenta Brustolin.

Para Gunther Rudzit, um novo confronto entre o Grupo Wagner e o governo russo não está descartado. “Costumo dizer que na Rússia tudo é possível, ninguém estava prevendo o que aconteceu neste sábado e Moscou tem essa tradição de quebrar acordos, então não sabemos por mais quanto tempo teremos essa realidade”, completou.

O chefe do Grupo Wagner, Ievegni Prighozin, retirou as suas tropas do caminho de Moscou após uma negociação mediada por Belarus Foto: Assessoria de imprensa do Grupo Wagner/ AP
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Demandas

O chefe do Grupo Wagner vem criticando o ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu, e o chefe do Estado-Maior russo, Valeri Gerasimov, há meses e havia afirmado que a marcha a Moscou só seria pausada se os dois fossem retirados de seus cargos.

“As declarações do Putin na manhã deste sábado haviam sinalizado que o presidente russo não iria tirar Shoigu e Gerasimov de seus cargos. O Prighozhin até respondeu que o presidente russo preferia dois comandantes ineficazes do que 25 mil russos leais”, afirma o professor de relações internacionais da UFF Vitelio Brustolin.

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, faz um discurso televisionado após o avanço das tropas do Grupo Wagner Foto: Pavel Bedniakov / AP

Para Brustolin, é improvável que Putin tenha concordado em retirar Shoigu e Gerasimov de seus cargos para que o Grupo Wagner retirasse as suas tropas que estavam indo em direção a capital russa.

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“As declarações contra Shoigu e Gerasimov foram ofensivas. É muito estranho um país como a Rússia, que pune com 15 anos de prisão pessoas que chamam uma guerra de guerra, que haja alguém que não é militar, que é de um grupo paramilitar, e faz esse tipo de ofensa contra as maiores autoridades militares do país”, completou o pesquisador. O Kremlim anunciou neste sábado que o chefe do grupo Wagner não será processado pelo motim e que os combatentes que participaram da rebelião não serão punidos.

Mesmo com o anúncio do chefe do Grupo Wagner, Ievgeni Prighozhin, de que o grupo mercenário pausaria a sua marcha até Moscou, a imagem do presidente da Rússia, Vladimir Putin, sai manchada perante a população russa. A análise é do professor de relações internacionais da ESPM, Gunther Rudzit. “Putin sairia desta situação como um líder forte se tivesse esmagado as forças do Grupo Wagner, se tivesse prendido Prighozhin. Não imagino as relações entre o grupo e o governo voltando ao que eram após este episódio, ninguém vai aceitar isso”, afirma o especialista. “Temos mais incertezas do que certezas neste momento”, completa o professor.

Neste sábado, Prighozhin anunciou que as tropas iriam retornar aos acampamentos, o que marcou o fim de um dia de hostilidades entre a organização paramilitar e o governo do presidente da Rússia, Vladimir Putin. Segundo Prighozhin, o grupo chegou a ficar a 200 quilômetros da capital Moscou e esteve presente nas regiões de Rostov, Voronej e Lipetsk. Antes do anúncio do chefe do Grupo Wagner, o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, aliado de Putin, garantiu que havia negociado com o líder paramilitar para “parar os movimentos” de seus homens e evitar uma nova escalada.

Um soldado fica em cima de um veículo blindado do Grupo Wagner, enquanto guarda uma área no prédio do Distrito Militar do Sul em uma rua em Rostov-on-Don, Rússia Foto: AP / AP

Para o especialista e professor da ESPM, o avanço do Grupo Wagner dentro do território russo é um sinal de fraqueza das forças russas. “Ficou claro que o Serviço de Segurança Nacional da Rússia não estava preparado para enfrentar o Grupo Wagner, que é um grupo profissional que estava lutando na Ucrânia. As forças russas estavam preparadas para lidar contra civis, mas não uma ameaça como esse grupo mercenário”, avalia Rudzit. Para o professor, o grupo teria conseguido chegar até Moscou caso não tivesse recuado.

Em meio à retirada das tropas, analistas especulam sobre qual será o futuro da relação entre o grupo Wagner e o governo russo.

Para o professor de relações internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador da Universidade de Harvard, Vitelio Brustolin, o exército russo deseja que o grupo Wagner seja incluído dentro das forças armadas, mas tem a oposição de Prighozhin, que usa as tropas para missões fora do território russo.

“O grupo se transformou em um instrumento de política externa da Rússia e realiza missões em diversos países da África como Sudão e República Centro-Africana. A relação do grupo com Putin era de confiança e agora isso está incerto”, acrescenta Brustolin.

Para Gunther Rudzit, um novo confronto entre o Grupo Wagner e o governo russo não está descartado. “Costumo dizer que na Rússia tudo é possível, ninguém estava prevendo o que aconteceu neste sábado e Moscou tem essa tradição de quebrar acordos, então não sabemos por mais quanto tempo teremos essa realidade”, completou.

O chefe do Grupo Wagner, Ievegni Prighozin, retirou as suas tropas do caminho de Moscou após uma negociação mediada por Belarus Foto: Assessoria de imprensa do Grupo Wagner/ AP

Demandas

O chefe do Grupo Wagner vem criticando o ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu, e o chefe do Estado-Maior russo, Valeri Gerasimov, há meses e havia afirmado que a marcha a Moscou só seria pausada se os dois fossem retirados de seus cargos.

“As declarações do Putin na manhã deste sábado haviam sinalizado que o presidente russo não iria tirar Shoigu e Gerasimov de seus cargos. O Prighozhin até respondeu que o presidente russo preferia dois comandantes ineficazes do que 25 mil russos leais”, afirma o professor de relações internacionais da UFF Vitelio Brustolin.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, faz um discurso televisionado após o avanço das tropas do Grupo Wagner Foto: Pavel Bedniakov / AP

Para Brustolin, é improvável que Putin tenha concordado em retirar Shoigu e Gerasimov de seus cargos para que o Grupo Wagner retirasse as suas tropas que estavam indo em direção a capital russa.

“As declarações contra Shoigu e Gerasimov foram ofensivas. É muito estranho um país como a Rússia, que pune com 15 anos de prisão pessoas que chamam uma guerra de guerra, que haja alguém que não é militar, que é de um grupo paramilitar, e faz esse tipo de ofensa contra as maiores autoridades militares do país”, completou o pesquisador. O Kremlim anunciou neste sábado que o chefe do grupo Wagner não será processado pelo motim e que os combatentes que participaram da rebelião não serão punidos.

Mesmo com o anúncio do chefe do Grupo Wagner, Ievgeni Prighozhin, de que o grupo mercenário pausaria a sua marcha até Moscou, a imagem do presidente da Rússia, Vladimir Putin, sai manchada perante a população russa. A análise é do professor de relações internacionais da ESPM, Gunther Rudzit. “Putin sairia desta situação como um líder forte se tivesse esmagado as forças do Grupo Wagner, se tivesse prendido Prighozhin. Não imagino as relações entre o grupo e o governo voltando ao que eram após este episódio, ninguém vai aceitar isso”, afirma o especialista. “Temos mais incertezas do que certezas neste momento”, completa o professor.

Neste sábado, Prighozhin anunciou que as tropas iriam retornar aos acampamentos, o que marcou o fim de um dia de hostilidades entre a organização paramilitar e o governo do presidente da Rússia, Vladimir Putin. Segundo Prighozhin, o grupo chegou a ficar a 200 quilômetros da capital Moscou e esteve presente nas regiões de Rostov, Voronej e Lipetsk. Antes do anúncio do chefe do Grupo Wagner, o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, aliado de Putin, garantiu que havia negociado com o líder paramilitar para “parar os movimentos” de seus homens e evitar uma nova escalada.

Um soldado fica em cima de um veículo blindado do Grupo Wagner, enquanto guarda uma área no prédio do Distrito Militar do Sul em uma rua em Rostov-on-Don, Rússia Foto: AP / AP

Para o especialista e professor da ESPM, o avanço do Grupo Wagner dentro do território russo é um sinal de fraqueza das forças russas. “Ficou claro que o Serviço de Segurança Nacional da Rússia não estava preparado para enfrentar o Grupo Wagner, que é um grupo profissional que estava lutando na Ucrânia. As forças russas estavam preparadas para lidar contra civis, mas não uma ameaça como esse grupo mercenário”, avalia Rudzit. Para o professor, o grupo teria conseguido chegar até Moscou caso não tivesse recuado.

Em meio à retirada das tropas, analistas especulam sobre qual será o futuro da relação entre o grupo Wagner e o governo russo.

Para o professor de relações internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador da Universidade de Harvard, Vitelio Brustolin, o exército russo deseja que o grupo Wagner seja incluído dentro das forças armadas, mas tem a oposição de Prighozhin, que usa as tropas para missões fora do território russo.

“O grupo se transformou em um instrumento de política externa da Rússia e realiza missões em diversos países da África como Sudão e República Centro-Africana. A relação do grupo com Putin era de confiança e agora isso está incerto”, acrescenta Brustolin.

Para Gunther Rudzit, um novo confronto entre o Grupo Wagner e o governo russo não está descartado. “Costumo dizer que na Rússia tudo é possível, ninguém estava prevendo o que aconteceu neste sábado e Moscou tem essa tradição de quebrar acordos, então não sabemos por mais quanto tempo teremos essa realidade”, completou.

O chefe do Grupo Wagner, Ievegni Prighozin, retirou as suas tropas do caminho de Moscou após uma negociação mediada por Belarus Foto: Assessoria de imprensa do Grupo Wagner/ AP

Demandas

O chefe do Grupo Wagner vem criticando o ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu, e o chefe do Estado-Maior russo, Valeri Gerasimov, há meses e havia afirmado que a marcha a Moscou só seria pausada se os dois fossem retirados de seus cargos.

“As declarações do Putin na manhã deste sábado haviam sinalizado que o presidente russo não iria tirar Shoigu e Gerasimov de seus cargos. O Prighozhin até respondeu que o presidente russo preferia dois comandantes ineficazes do que 25 mil russos leais”, afirma o professor de relações internacionais da UFF Vitelio Brustolin.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, faz um discurso televisionado após o avanço das tropas do Grupo Wagner Foto: Pavel Bedniakov / AP

Para Brustolin, é improvável que Putin tenha concordado em retirar Shoigu e Gerasimov de seus cargos para que o Grupo Wagner retirasse as suas tropas que estavam indo em direção a capital russa.

“As declarações contra Shoigu e Gerasimov foram ofensivas. É muito estranho um país como a Rússia, que pune com 15 anos de prisão pessoas que chamam uma guerra de guerra, que haja alguém que não é militar, que é de um grupo paramilitar, e faz esse tipo de ofensa contra as maiores autoridades militares do país”, completou o pesquisador. O Kremlim anunciou neste sábado que o chefe do grupo Wagner não será processado pelo motim e que os combatentes que participaram da rebelião não serão punidos.

Mesmo com o anúncio do chefe do Grupo Wagner, Ievgeni Prighozhin, de que o grupo mercenário pausaria a sua marcha até Moscou, a imagem do presidente da Rússia, Vladimir Putin, sai manchada perante a população russa. A análise é do professor de relações internacionais da ESPM, Gunther Rudzit. “Putin sairia desta situação como um líder forte se tivesse esmagado as forças do Grupo Wagner, se tivesse prendido Prighozhin. Não imagino as relações entre o grupo e o governo voltando ao que eram após este episódio, ninguém vai aceitar isso”, afirma o especialista. “Temos mais incertezas do que certezas neste momento”, completa o professor.

Neste sábado, Prighozhin anunciou que as tropas iriam retornar aos acampamentos, o que marcou o fim de um dia de hostilidades entre a organização paramilitar e o governo do presidente da Rússia, Vladimir Putin. Segundo Prighozhin, o grupo chegou a ficar a 200 quilômetros da capital Moscou e esteve presente nas regiões de Rostov, Voronej e Lipetsk. Antes do anúncio do chefe do Grupo Wagner, o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, aliado de Putin, garantiu que havia negociado com o líder paramilitar para “parar os movimentos” de seus homens e evitar uma nova escalada.

Um soldado fica em cima de um veículo blindado do Grupo Wagner, enquanto guarda uma área no prédio do Distrito Militar do Sul em uma rua em Rostov-on-Don, Rússia Foto: AP / AP

Para o especialista e professor da ESPM, o avanço do Grupo Wagner dentro do território russo é um sinal de fraqueza das forças russas. “Ficou claro que o Serviço de Segurança Nacional da Rússia não estava preparado para enfrentar o Grupo Wagner, que é um grupo profissional que estava lutando na Ucrânia. As forças russas estavam preparadas para lidar contra civis, mas não uma ameaça como esse grupo mercenário”, avalia Rudzit. Para o professor, o grupo teria conseguido chegar até Moscou caso não tivesse recuado.

Em meio à retirada das tropas, analistas especulam sobre qual será o futuro da relação entre o grupo Wagner e o governo russo.

Para o professor de relações internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador da Universidade de Harvard, Vitelio Brustolin, o exército russo deseja que o grupo Wagner seja incluído dentro das forças armadas, mas tem a oposição de Prighozhin, que usa as tropas para missões fora do território russo.

“O grupo se transformou em um instrumento de política externa da Rússia e realiza missões em diversos países da África como Sudão e República Centro-Africana. A relação do grupo com Putin era de confiança e agora isso está incerto”, acrescenta Brustolin.

Para Gunther Rudzit, um novo confronto entre o Grupo Wagner e o governo russo não está descartado. “Costumo dizer que na Rússia tudo é possível, ninguém estava prevendo o que aconteceu neste sábado e Moscou tem essa tradição de quebrar acordos, então não sabemos por mais quanto tempo teremos essa realidade”, completou.

O chefe do Grupo Wagner, Ievegni Prighozin, retirou as suas tropas do caminho de Moscou após uma negociação mediada por Belarus Foto: Assessoria de imprensa do Grupo Wagner/ AP

Demandas

O chefe do Grupo Wagner vem criticando o ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu, e o chefe do Estado-Maior russo, Valeri Gerasimov, há meses e havia afirmado que a marcha a Moscou só seria pausada se os dois fossem retirados de seus cargos.

“As declarações do Putin na manhã deste sábado haviam sinalizado que o presidente russo não iria tirar Shoigu e Gerasimov de seus cargos. O Prighozhin até respondeu que o presidente russo preferia dois comandantes ineficazes do que 25 mil russos leais”, afirma o professor de relações internacionais da UFF Vitelio Brustolin.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, faz um discurso televisionado após o avanço das tropas do Grupo Wagner Foto: Pavel Bedniakov / AP

Para Brustolin, é improvável que Putin tenha concordado em retirar Shoigu e Gerasimov de seus cargos para que o Grupo Wagner retirasse as suas tropas que estavam indo em direção a capital russa.

“As declarações contra Shoigu e Gerasimov foram ofensivas. É muito estranho um país como a Rússia, que pune com 15 anos de prisão pessoas que chamam uma guerra de guerra, que haja alguém que não é militar, que é de um grupo paramilitar, e faz esse tipo de ofensa contra as maiores autoridades militares do país”, completou o pesquisador. O Kremlim anunciou neste sábado que o chefe do grupo Wagner não será processado pelo motim e que os combatentes que participaram da rebelião não serão punidos.

Mesmo com o anúncio do chefe do Grupo Wagner, Ievgeni Prighozhin, de que o grupo mercenário pausaria a sua marcha até Moscou, a imagem do presidente da Rússia, Vladimir Putin, sai manchada perante a população russa. A análise é do professor de relações internacionais da ESPM, Gunther Rudzit. “Putin sairia desta situação como um líder forte se tivesse esmagado as forças do Grupo Wagner, se tivesse prendido Prighozhin. Não imagino as relações entre o grupo e o governo voltando ao que eram após este episódio, ninguém vai aceitar isso”, afirma o especialista. “Temos mais incertezas do que certezas neste momento”, completa o professor.

Neste sábado, Prighozhin anunciou que as tropas iriam retornar aos acampamentos, o que marcou o fim de um dia de hostilidades entre a organização paramilitar e o governo do presidente da Rússia, Vladimir Putin. Segundo Prighozhin, o grupo chegou a ficar a 200 quilômetros da capital Moscou e esteve presente nas regiões de Rostov, Voronej e Lipetsk. Antes do anúncio do chefe do Grupo Wagner, o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, aliado de Putin, garantiu que havia negociado com o líder paramilitar para “parar os movimentos” de seus homens e evitar uma nova escalada.

Um soldado fica em cima de um veículo blindado do Grupo Wagner, enquanto guarda uma área no prédio do Distrito Militar do Sul em uma rua em Rostov-on-Don, Rússia Foto: AP / AP

Para o especialista e professor da ESPM, o avanço do Grupo Wagner dentro do território russo é um sinal de fraqueza das forças russas. “Ficou claro que o Serviço de Segurança Nacional da Rússia não estava preparado para enfrentar o Grupo Wagner, que é um grupo profissional que estava lutando na Ucrânia. As forças russas estavam preparadas para lidar contra civis, mas não uma ameaça como esse grupo mercenário”, avalia Rudzit. Para o professor, o grupo teria conseguido chegar até Moscou caso não tivesse recuado.

Em meio à retirada das tropas, analistas especulam sobre qual será o futuro da relação entre o grupo Wagner e o governo russo.

Para o professor de relações internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador da Universidade de Harvard, Vitelio Brustolin, o exército russo deseja que o grupo Wagner seja incluído dentro das forças armadas, mas tem a oposição de Prighozhin, que usa as tropas para missões fora do território russo.

“O grupo se transformou em um instrumento de política externa da Rússia e realiza missões em diversos países da África como Sudão e República Centro-Africana. A relação do grupo com Putin era de confiança e agora isso está incerto”, acrescenta Brustolin.

Para Gunther Rudzit, um novo confronto entre o Grupo Wagner e o governo russo não está descartado. “Costumo dizer que na Rússia tudo é possível, ninguém estava prevendo o que aconteceu neste sábado e Moscou tem essa tradição de quebrar acordos, então não sabemos por mais quanto tempo teremos essa realidade”, completou.

O chefe do Grupo Wagner, Ievegni Prighozin, retirou as suas tropas do caminho de Moscou após uma negociação mediada por Belarus Foto: Assessoria de imprensa do Grupo Wagner/ AP

Demandas

O chefe do Grupo Wagner vem criticando o ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu, e o chefe do Estado-Maior russo, Valeri Gerasimov, há meses e havia afirmado que a marcha a Moscou só seria pausada se os dois fossem retirados de seus cargos.

“As declarações do Putin na manhã deste sábado haviam sinalizado que o presidente russo não iria tirar Shoigu e Gerasimov de seus cargos. O Prighozhin até respondeu que o presidente russo preferia dois comandantes ineficazes do que 25 mil russos leais”, afirma o professor de relações internacionais da UFF Vitelio Brustolin.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, faz um discurso televisionado após o avanço das tropas do Grupo Wagner Foto: Pavel Bedniakov / AP

Para Brustolin, é improvável que Putin tenha concordado em retirar Shoigu e Gerasimov de seus cargos para que o Grupo Wagner retirasse as suas tropas que estavam indo em direção a capital russa.

“As declarações contra Shoigu e Gerasimov foram ofensivas. É muito estranho um país como a Rússia, que pune com 15 anos de prisão pessoas que chamam uma guerra de guerra, que haja alguém que não é militar, que é de um grupo paramilitar, e faz esse tipo de ofensa contra as maiores autoridades militares do país”, completou o pesquisador. O Kremlim anunciou neste sábado que o chefe do grupo Wagner não será processado pelo motim e que os combatentes que participaram da rebelião não serão punidos.

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