Imigração, economia e democracia: como os principais temas da eleição nos EUA afetam a Geórgia


O Estado, sede do o primeiro debate entre Joe Biden e Donald Trump , é um laboratório das principais batalhas políticas que afetam o país

Por Daniel Gateno

ENVIADO ESPECIAL A ATLANTA, GEÓRGIA -O Estado da Geórgia fica a mais de 2000 km da fronteira com o México e não dava tanta importância para o tema imigração nas últimas eleições. Mas tudo mudou com o assassinato da estudante de enfermagem Laken Riley em fevereiro durante uma caminhada no campus da Universidade da Geórgia, em Athens.

O principal suspeito pela morte de Riley é Jose Ibarra, venezuelano que cruzou a fronteira com os Estados Unidos de forma ilegal e não tinha sua documentação regularizada. Desde então, o tema passou a ser um dos tópicos que mais preocupam os eleitores do Estado, que receberá o primeiro debate presidencial entre Joe Biden e Donald Trump nesta quinta-feira, 27.

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“Geralmente as pesquisas mostram que temas econômicos e o mercado de trabalho estão entre as principais preocupações dos cidadãos da Geórgia, mas neste momento imigração está no topo da lista entre republicanos e também democratas. Todos estão reconhecendo esta situação como uma crise”, avalia Greg Bluestein, jornalista e analista político do The Atlanta-Journal Constitution, o principal jornal do Estado da Geórgia.

O tema tomou proporções nacionais durante o discurso do Estado da União feito pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em março. Biden foi interrompido por Marjorie Taylor Greene, congressista republicana, que gritou o nome de Riley. O democrata disse que entendia o que era perder um filho e prestou condolências à família.

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Já Trump usou o caso para criticar o rival e sua política migratória, em um comício que contou com parentes de Riley em Roma, Geórgia.

Apoiadora do Partido Republicano ergue um cartaz com uma foto de Laken Riley, estudante assassinada em Athens, Geórgia; o principal suspeito é um venezuelano que entrou ilegalmente nos Estados Unidos  Foto: Mike Stewart/AP

O Partido Republicano tenta explorar este tema para vencer as eleições presidenciais na Geórgia após a vitória democrata no Estado em 2020, a primeira desde 1992. Donald Trump lidera as pesquisas de opinião e prometeu organizar a maior operação de deportação da história do país se vencer as eleições. A Geórgia é um swing state, Estado-pêndulo em português, definição dada aos Estados que não tem um comportamento eleitoral definido, podendo variar entre uma vitória democrata ou republicana, dependendo da eleição.

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“Os democratas não sabem o que fazer na fronteira. Eles não conseguem controlar. Esta é a política dos democratas, eles não querem prender imigrantes ilegais, eles nem usam a palavra ilegal. Eles preferem usar o termo ‘sem documentos’”, avalia Jason Shepherd, integrante do Partido Republicano que foi líder da legenda no condado de Cobb, na Geórgia.

“Nós precisamos de uma reforma no nosso sistema de imigração. Se uma pessoa quer passar por todas as dificuldades para cruzar a fronteira dos Estados Unidos apenas para ter um trabalho decente aqui, precisamos achar um jeito de trazer esta pessoa para os EUA de forma legal porque é esta pessoa que queremos aqui”.

A congressista Marjorie Taylor Greene grita o nome de Laken Riley durante o discurso de Estado da União do presidente americano Joe Biden, em Washington, Estados Unidos  Foto: Doug Mills/NYT
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Ibarra está preso de forma preventiva e declarou não ser culpado em seu primeiro julgamento. Ele foi indiciado por 10 crimes, entre eles homicídio doloso, homicídio qualificado e sequestro.

Imigração e economia são dois temas que favorecem os republicanos, admite Carolyn Bourdeaux, professora de ciência politica da Universidade da Geórgia e ex-congressista do Partido Democrata em Washington, representando o Estado da Geórgia.

Economia

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Apesar dos indicadores mostrarem um mercado de trabalho aquecido e uma taxa de inflação quase inalterada nos últimos meses, a alta dos preços segue prejudicando a população americana. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA subiu 0,3% em maio, mesma taxa de abril. Em relação a maio do ano passado, a inflação ficou em 3,3%, ligeiramente abaixo das projeções e abaixo dos 3,4% do mês passado na variação anual.

“As pessoas estão preocupadas com a economia, mesmo que agora estejamos bem, passamos por um período de alta inflação e alguns impactos disso continuam pesando na vida das pessoas”, avalia Bourdeaux. “Na área que eu vivo, em Gwinnett, na região metropolitana de Atlanta, os preços das casas subiram em 40% nos últimos dois anos, isso traz implicações significativas nos impostos das pessoas, na possibilidade de comprar uma casa, de alugar, e está pesando para as pessoas”, aponta a ex-congressista.

O tema é um dos mais falados na Assembleia Geral da Geórgia, em Atlanta, onde fica o Senado Estadual da Geórgia e a Câmara dos Representantes do Estado. Os senadores ficam em uma sala do lado direito e os congressistas do lado esquerdo. O acesso é livre para a população, que pode abordar os políticos do Estado todos os dias.

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Banners destacam o debate entre o ex-presidente Donald Trump e o presidente americano Joe Biden na sede da CNN americana em Atlanta, Geórgia  Foto: Christian Monterrosa/AFP

Os democratas tiveram uma estratégia melhor que a nossa em 2020 e incentivaram o voto dos mais jovens, destaca Emory Dunahoo Junior, congressista do distrito 31 da Geórgia, que conversou com a reportagem do Estadão durante uma pausa na sessão legislativa do dia. “Espero que estes jovens que votaram nos democratas pensem dessa vez que o café delas está duas vezes mais caro, que a gasolina está duas vezes mais cara, o aluguel. É preciso comparar como está a economia agora em relação a quatro, cinco anos atrás”.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump abraça Michaelah Monthomery, uma ativista conservadora da Geórgia, em um comício de campanha em Atlanta, Geórgia  Foto: Jason Allen/AP

Aborto

Assim como em todo o país, o tema aborto é um dos mais discutidos e polêmicos do Estado. Na Geórgia, o aborto é legal até a presença de batimentos cardíacos fetais detectáveis. A lei estadual define batimento cardíaco fetal detectável como “atividade cardíaca embrionária ou fetal ou contração rítmica constante”.

De acordo com especialistas, os batimentos cardíacos podem ser detectados no período de seis semanas de gravidez, apesar de o coração ainda não estar formado nesse ponto. Após esse período, o aborto é ilegal no Estado, segundo uma lei aprovada em 2019. Neste período, no entanto, dificilmente a gestação é detectada pela mulher.

Apesar desta lei estar em vigor, o caso tramita na Suprema Corte do Estado, principalmente porque a lei foi aprovada antes da Suprema Corte americana derrubar o precedente legal estabelecido pelo caso Roe versus Wade em 2022, que estava em vigor havia quase 50 anos, interrompendo a nível federal o aborto regulamentado no país.

Após a decisão, a prerrogativa de legislar sobre a interrupção de gravidez passou a ser exclusiva dos Estados americanos. “Este é um tema que tende a favorecer o Partido Democrata na Geórgia, principalmente para as mulheres”, destaca Bourdeaux.

Para o professor de ciência política da Universidade da Geórgia, Charles Bullock, questões relacionadas ao aborto devem mobilizar o eleitorado feminino com diploma superior em Estados-pêndulo, como a Geórgia.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, discursa na cerimônia de formatura da Morehouse College, em Atlanta, Estados Unidos  Foto: Alex Brandon/AP

Democracia

A democracia americana também deve ser um dos temas mais importantes do pleito. O ex-presidente Donald Trump contestou o resultado eleitoral na Geórgia, que terminou com vitória democrata em 2020, por uma diferença de menos de 12 mil votos.

Trump e 18 aliados foram indiciados, acusados pela promotora distrital do condado de Fulton, Fani Willis, de participar de um amplo esquema cujo objetivo era mudar ilegalmente o resultado da eleição vencida por Joe Biden em 2020. Após a derrota no pleito, o ex-presidente americano pediu ao secretário de Estado da Geórgia Brad Raffensperger que “encontrasse” votos para ele. O telefonema gravado e divulgado pelo jornal americano Washington Post foi um dos pontos de partida para investigação que durou mais de dois anos.

Na gravação, Trump repreende Raffensperger, tenta bajulá-lo, e o ameaça com vagas consequências criminais caso se recuse a ajudar. Durante a ligação, Raffensperger e o conselheiro geral de seu escritório rejeitaram as alegações de Trump e explicaram que a vitória de Biden na Geórgia foi justa e precisa.

O processo contra Trump no Estado afetou a rotina da Assembleia da Geórgia. “Estamos discutindo muito sobre o processo eleitoral desde que a administração Trump apontou que as eleições haviam sido fraudadas”, aponta Karla Brenner, congressista democrata do distrito 31 do Estado da Geórgia.

Votação

Os questionamentos de Trump em relação ao processo eleitoral prejudicaram os esforços republicanos em 2020. “Donald Trump estava se candidatando à reeleição, mas ao invés de tentar mostrar os ganhos de seu governo, focou mais em questionar o sistema eleitoral americano em 2020. O resultado disso foi que milhares de republicanos linha-dura ficaram em casa porque achavam que a eleição seria roubada. Estas pessoas poderiam ter mudado o panorama eleitoral”, aponta Greg Bluestein, jornalista e analista político do The Atlanta-Journal Constitution.

Por isso, a estratégia republicana é fazer com que as pessoas votem. “A população da Geórgia ainda é conservadora o suficiente para que o Estado seja considerado republicano”, aponta Emory Dunahoo Junior, que cita a vitória do governador republicano Brian Kemp em 2022 como uma prova disso.

“As pessoas não usaram o senso comum em 2020, elas acharam que a eleição seria roubada e por isso não votaram, mas se você não vota o seu voto não importa, então todo mundo precisa fazer isso”, completa o congressista.

Carolyn Bordeaux, do Partido Democrata, não está otimista em relação às perspectivas de vitória dos democratas no Estado em 2024. “Nós não temos a mesma infraestrutura que em 2020, perdemos eleições importantes para o governo e também para o Congresso em 2022, acho difícil que ocorra uma reversão disso em 2024″. A saída seria focar em republicanos com diploma superior que não tem simpatia por Donald Trump, segundo Bordeaux.

O empresário Colt Chambers foi líder dos jovens republicanos da Geórgia, mas se afastou da política partidária depois que o ex-presidente Donald Trump questionou os resultados das eleições  Foto: Daniel Gateno/Estadão

As atitudes do ex-presidente americano durante as últimas eleições presidenciais afastaram alguns republicanos como o empresário Colt Chambers, ex-líder do grupo de jovens republicanos da Geórgia. Chambers fez campanha para Trump em 2016 e 2020, mas ficou decepcionado com a forma como o ex-presidente lidou com a derrota nas urnas e se afastou do partido.

“Trump se comportou como uma criança após as eleições e aparelhou o partido, por isso precisei sair por um tempo da vida política”, avalia Chambers. O empresário ainda se considera republicano e apoiou Nikki Haley nas primárias da legenda.

Mesmo assim, Chambers ainda deve votar em Trump no mês de novembro. “Eu devo votar em Donald Trump em novembro porque sou fiel em relação aos meus valores republicanos. Ele não é a pessoa mais educada do mundo, mas suas políticas eram boas. Contudo, eu sei que muitos outros eleitores moderados do Partido Republicano não devem votar em novembro por conta dele”.

ENVIADO ESPECIAL A ATLANTA, GEÓRGIA -O Estado da Geórgia fica a mais de 2000 km da fronteira com o México e não dava tanta importância para o tema imigração nas últimas eleições. Mas tudo mudou com o assassinato da estudante de enfermagem Laken Riley em fevereiro durante uma caminhada no campus da Universidade da Geórgia, em Athens.

O principal suspeito pela morte de Riley é Jose Ibarra, venezuelano que cruzou a fronteira com os Estados Unidos de forma ilegal e não tinha sua documentação regularizada. Desde então, o tema passou a ser um dos tópicos que mais preocupam os eleitores do Estado, que receberá o primeiro debate presidencial entre Joe Biden e Donald Trump nesta quinta-feira, 27.

“Geralmente as pesquisas mostram que temas econômicos e o mercado de trabalho estão entre as principais preocupações dos cidadãos da Geórgia, mas neste momento imigração está no topo da lista entre republicanos e também democratas. Todos estão reconhecendo esta situação como uma crise”, avalia Greg Bluestein, jornalista e analista político do The Atlanta-Journal Constitution, o principal jornal do Estado da Geórgia.

O tema tomou proporções nacionais durante o discurso do Estado da União feito pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em março. Biden foi interrompido por Marjorie Taylor Greene, congressista republicana, que gritou o nome de Riley. O democrata disse que entendia o que era perder um filho e prestou condolências à família.

Já Trump usou o caso para criticar o rival e sua política migratória, em um comício que contou com parentes de Riley em Roma, Geórgia.

Apoiadora do Partido Republicano ergue um cartaz com uma foto de Laken Riley, estudante assassinada em Athens, Geórgia; o principal suspeito é um venezuelano que entrou ilegalmente nos Estados Unidos  Foto: Mike Stewart/AP

O Partido Republicano tenta explorar este tema para vencer as eleições presidenciais na Geórgia após a vitória democrata no Estado em 2020, a primeira desde 1992. Donald Trump lidera as pesquisas de opinião e prometeu organizar a maior operação de deportação da história do país se vencer as eleições. A Geórgia é um swing state, Estado-pêndulo em português, definição dada aos Estados que não tem um comportamento eleitoral definido, podendo variar entre uma vitória democrata ou republicana, dependendo da eleição.

“Os democratas não sabem o que fazer na fronteira. Eles não conseguem controlar. Esta é a política dos democratas, eles não querem prender imigrantes ilegais, eles nem usam a palavra ilegal. Eles preferem usar o termo ‘sem documentos’”, avalia Jason Shepherd, integrante do Partido Republicano que foi líder da legenda no condado de Cobb, na Geórgia.

“Nós precisamos de uma reforma no nosso sistema de imigração. Se uma pessoa quer passar por todas as dificuldades para cruzar a fronteira dos Estados Unidos apenas para ter um trabalho decente aqui, precisamos achar um jeito de trazer esta pessoa para os EUA de forma legal porque é esta pessoa que queremos aqui”.

A congressista Marjorie Taylor Greene grita o nome de Laken Riley durante o discurso de Estado da União do presidente americano Joe Biden, em Washington, Estados Unidos  Foto: Doug Mills/NYT

Ibarra está preso de forma preventiva e declarou não ser culpado em seu primeiro julgamento. Ele foi indiciado por 10 crimes, entre eles homicídio doloso, homicídio qualificado e sequestro.

Imigração e economia são dois temas que favorecem os republicanos, admite Carolyn Bourdeaux, professora de ciência politica da Universidade da Geórgia e ex-congressista do Partido Democrata em Washington, representando o Estado da Geórgia.

Economia

Apesar dos indicadores mostrarem um mercado de trabalho aquecido e uma taxa de inflação quase inalterada nos últimos meses, a alta dos preços segue prejudicando a população americana. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA subiu 0,3% em maio, mesma taxa de abril. Em relação a maio do ano passado, a inflação ficou em 3,3%, ligeiramente abaixo das projeções e abaixo dos 3,4% do mês passado na variação anual.

“As pessoas estão preocupadas com a economia, mesmo que agora estejamos bem, passamos por um período de alta inflação e alguns impactos disso continuam pesando na vida das pessoas”, avalia Bourdeaux. “Na área que eu vivo, em Gwinnett, na região metropolitana de Atlanta, os preços das casas subiram em 40% nos últimos dois anos, isso traz implicações significativas nos impostos das pessoas, na possibilidade de comprar uma casa, de alugar, e está pesando para as pessoas”, aponta a ex-congressista.

O tema é um dos mais falados na Assembleia Geral da Geórgia, em Atlanta, onde fica o Senado Estadual da Geórgia e a Câmara dos Representantes do Estado. Os senadores ficam em uma sala do lado direito e os congressistas do lado esquerdo. O acesso é livre para a população, que pode abordar os políticos do Estado todos os dias.

Banners destacam o debate entre o ex-presidente Donald Trump e o presidente americano Joe Biden na sede da CNN americana em Atlanta, Geórgia  Foto: Christian Monterrosa/AFP

Os democratas tiveram uma estratégia melhor que a nossa em 2020 e incentivaram o voto dos mais jovens, destaca Emory Dunahoo Junior, congressista do distrito 31 da Geórgia, que conversou com a reportagem do Estadão durante uma pausa na sessão legislativa do dia. “Espero que estes jovens que votaram nos democratas pensem dessa vez que o café delas está duas vezes mais caro, que a gasolina está duas vezes mais cara, o aluguel. É preciso comparar como está a economia agora em relação a quatro, cinco anos atrás”.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump abraça Michaelah Monthomery, uma ativista conservadora da Geórgia, em um comício de campanha em Atlanta, Geórgia  Foto: Jason Allen/AP

Aborto

Assim como em todo o país, o tema aborto é um dos mais discutidos e polêmicos do Estado. Na Geórgia, o aborto é legal até a presença de batimentos cardíacos fetais detectáveis. A lei estadual define batimento cardíaco fetal detectável como “atividade cardíaca embrionária ou fetal ou contração rítmica constante”.

De acordo com especialistas, os batimentos cardíacos podem ser detectados no período de seis semanas de gravidez, apesar de o coração ainda não estar formado nesse ponto. Após esse período, o aborto é ilegal no Estado, segundo uma lei aprovada em 2019. Neste período, no entanto, dificilmente a gestação é detectada pela mulher.

Apesar desta lei estar em vigor, o caso tramita na Suprema Corte do Estado, principalmente porque a lei foi aprovada antes da Suprema Corte americana derrubar o precedente legal estabelecido pelo caso Roe versus Wade em 2022, que estava em vigor havia quase 50 anos, interrompendo a nível federal o aborto regulamentado no país.

Após a decisão, a prerrogativa de legislar sobre a interrupção de gravidez passou a ser exclusiva dos Estados americanos. “Este é um tema que tende a favorecer o Partido Democrata na Geórgia, principalmente para as mulheres”, destaca Bourdeaux.

Para o professor de ciência política da Universidade da Geórgia, Charles Bullock, questões relacionadas ao aborto devem mobilizar o eleitorado feminino com diploma superior em Estados-pêndulo, como a Geórgia.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, discursa na cerimônia de formatura da Morehouse College, em Atlanta, Estados Unidos  Foto: Alex Brandon/AP

Democracia

A democracia americana também deve ser um dos temas mais importantes do pleito. O ex-presidente Donald Trump contestou o resultado eleitoral na Geórgia, que terminou com vitória democrata em 2020, por uma diferença de menos de 12 mil votos.

Trump e 18 aliados foram indiciados, acusados pela promotora distrital do condado de Fulton, Fani Willis, de participar de um amplo esquema cujo objetivo era mudar ilegalmente o resultado da eleição vencida por Joe Biden em 2020. Após a derrota no pleito, o ex-presidente americano pediu ao secretário de Estado da Geórgia Brad Raffensperger que “encontrasse” votos para ele. O telefonema gravado e divulgado pelo jornal americano Washington Post foi um dos pontos de partida para investigação que durou mais de dois anos.

Na gravação, Trump repreende Raffensperger, tenta bajulá-lo, e o ameaça com vagas consequências criminais caso se recuse a ajudar. Durante a ligação, Raffensperger e o conselheiro geral de seu escritório rejeitaram as alegações de Trump e explicaram que a vitória de Biden na Geórgia foi justa e precisa.

O processo contra Trump no Estado afetou a rotina da Assembleia da Geórgia. “Estamos discutindo muito sobre o processo eleitoral desde que a administração Trump apontou que as eleições haviam sido fraudadas”, aponta Karla Brenner, congressista democrata do distrito 31 do Estado da Geórgia.

Votação

Os questionamentos de Trump em relação ao processo eleitoral prejudicaram os esforços republicanos em 2020. “Donald Trump estava se candidatando à reeleição, mas ao invés de tentar mostrar os ganhos de seu governo, focou mais em questionar o sistema eleitoral americano em 2020. O resultado disso foi que milhares de republicanos linha-dura ficaram em casa porque achavam que a eleição seria roubada. Estas pessoas poderiam ter mudado o panorama eleitoral”, aponta Greg Bluestein, jornalista e analista político do The Atlanta-Journal Constitution.

Por isso, a estratégia republicana é fazer com que as pessoas votem. “A população da Geórgia ainda é conservadora o suficiente para que o Estado seja considerado republicano”, aponta Emory Dunahoo Junior, que cita a vitória do governador republicano Brian Kemp em 2022 como uma prova disso.

“As pessoas não usaram o senso comum em 2020, elas acharam que a eleição seria roubada e por isso não votaram, mas se você não vota o seu voto não importa, então todo mundo precisa fazer isso”, completa o congressista.

Carolyn Bordeaux, do Partido Democrata, não está otimista em relação às perspectivas de vitória dos democratas no Estado em 2024. “Nós não temos a mesma infraestrutura que em 2020, perdemos eleições importantes para o governo e também para o Congresso em 2022, acho difícil que ocorra uma reversão disso em 2024″. A saída seria focar em republicanos com diploma superior que não tem simpatia por Donald Trump, segundo Bordeaux.

O empresário Colt Chambers foi líder dos jovens republicanos da Geórgia, mas se afastou da política partidária depois que o ex-presidente Donald Trump questionou os resultados das eleições  Foto: Daniel Gateno/Estadão

As atitudes do ex-presidente americano durante as últimas eleições presidenciais afastaram alguns republicanos como o empresário Colt Chambers, ex-líder do grupo de jovens republicanos da Geórgia. Chambers fez campanha para Trump em 2016 e 2020, mas ficou decepcionado com a forma como o ex-presidente lidou com a derrota nas urnas e se afastou do partido.

“Trump se comportou como uma criança após as eleições e aparelhou o partido, por isso precisei sair por um tempo da vida política”, avalia Chambers. O empresário ainda se considera republicano e apoiou Nikki Haley nas primárias da legenda.

Mesmo assim, Chambers ainda deve votar em Trump no mês de novembro. “Eu devo votar em Donald Trump em novembro porque sou fiel em relação aos meus valores republicanos. Ele não é a pessoa mais educada do mundo, mas suas políticas eram boas. Contudo, eu sei que muitos outros eleitores moderados do Partido Republicano não devem votar em novembro por conta dele”.

ENVIADO ESPECIAL A ATLANTA, GEÓRGIA -O Estado da Geórgia fica a mais de 2000 km da fronteira com o México e não dava tanta importância para o tema imigração nas últimas eleições. Mas tudo mudou com o assassinato da estudante de enfermagem Laken Riley em fevereiro durante uma caminhada no campus da Universidade da Geórgia, em Athens.

O principal suspeito pela morte de Riley é Jose Ibarra, venezuelano que cruzou a fronteira com os Estados Unidos de forma ilegal e não tinha sua documentação regularizada. Desde então, o tema passou a ser um dos tópicos que mais preocupam os eleitores do Estado, que receberá o primeiro debate presidencial entre Joe Biden e Donald Trump nesta quinta-feira, 27.

“Geralmente as pesquisas mostram que temas econômicos e o mercado de trabalho estão entre as principais preocupações dos cidadãos da Geórgia, mas neste momento imigração está no topo da lista entre republicanos e também democratas. Todos estão reconhecendo esta situação como uma crise”, avalia Greg Bluestein, jornalista e analista político do The Atlanta-Journal Constitution, o principal jornal do Estado da Geórgia.

O tema tomou proporções nacionais durante o discurso do Estado da União feito pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em março. Biden foi interrompido por Marjorie Taylor Greene, congressista republicana, que gritou o nome de Riley. O democrata disse que entendia o que era perder um filho e prestou condolências à família.

Já Trump usou o caso para criticar o rival e sua política migratória, em um comício que contou com parentes de Riley em Roma, Geórgia.

Apoiadora do Partido Republicano ergue um cartaz com uma foto de Laken Riley, estudante assassinada em Athens, Geórgia; o principal suspeito é um venezuelano que entrou ilegalmente nos Estados Unidos  Foto: Mike Stewart/AP

O Partido Republicano tenta explorar este tema para vencer as eleições presidenciais na Geórgia após a vitória democrata no Estado em 2020, a primeira desde 1992. Donald Trump lidera as pesquisas de opinião e prometeu organizar a maior operação de deportação da história do país se vencer as eleições. A Geórgia é um swing state, Estado-pêndulo em português, definição dada aos Estados que não tem um comportamento eleitoral definido, podendo variar entre uma vitória democrata ou republicana, dependendo da eleição.

“Os democratas não sabem o que fazer na fronteira. Eles não conseguem controlar. Esta é a política dos democratas, eles não querem prender imigrantes ilegais, eles nem usam a palavra ilegal. Eles preferem usar o termo ‘sem documentos’”, avalia Jason Shepherd, integrante do Partido Republicano que foi líder da legenda no condado de Cobb, na Geórgia.

“Nós precisamos de uma reforma no nosso sistema de imigração. Se uma pessoa quer passar por todas as dificuldades para cruzar a fronteira dos Estados Unidos apenas para ter um trabalho decente aqui, precisamos achar um jeito de trazer esta pessoa para os EUA de forma legal porque é esta pessoa que queremos aqui”.

A congressista Marjorie Taylor Greene grita o nome de Laken Riley durante o discurso de Estado da União do presidente americano Joe Biden, em Washington, Estados Unidos  Foto: Doug Mills/NYT

Ibarra está preso de forma preventiva e declarou não ser culpado em seu primeiro julgamento. Ele foi indiciado por 10 crimes, entre eles homicídio doloso, homicídio qualificado e sequestro.

Imigração e economia são dois temas que favorecem os republicanos, admite Carolyn Bourdeaux, professora de ciência politica da Universidade da Geórgia e ex-congressista do Partido Democrata em Washington, representando o Estado da Geórgia.

Economia

Apesar dos indicadores mostrarem um mercado de trabalho aquecido e uma taxa de inflação quase inalterada nos últimos meses, a alta dos preços segue prejudicando a população americana. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA subiu 0,3% em maio, mesma taxa de abril. Em relação a maio do ano passado, a inflação ficou em 3,3%, ligeiramente abaixo das projeções e abaixo dos 3,4% do mês passado na variação anual.

“As pessoas estão preocupadas com a economia, mesmo que agora estejamos bem, passamos por um período de alta inflação e alguns impactos disso continuam pesando na vida das pessoas”, avalia Bourdeaux. “Na área que eu vivo, em Gwinnett, na região metropolitana de Atlanta, os preços das casas subiram em 40% nos últimos dois anos, isso traz implicações significativas nos impostos das pessoas, na possibilidade de comprar uma casa, de alugar, e está pesando para as pessoas”, aponta a ex-congressista.

O tema é um dos mais falados na Assembleia Geral da Geórgia, em Atlanta, onde fica o Senado Estadual da Geórgia e a Câmara dos Representantes do Estado. Os senadores ficam em uma sala do lado direito e os congressistas do lado esquerdo. O acesso é livre para a população, que pode abordar os políticos do Estado todos os dias.

Banners destacam o debate entre o ex-presidente Donald Trump e o presidente americano Joe Biden na sede da CNN americana em Atlanta, Geórgia  Foto: Christian Monterrosa/AFP

Os democratas tiveram uma estratégia melhor que a nossa em 2020 e incentivaram o voto dos mais jovens, destaca Emory Dunahoo Junior, congressista do distrito 31 da Geórgia, que conversou com a reportagem do Estadão durante uma pausa na sessão legislativa do dia. “Espero que estes jovens que votaram nos democratas pensem dessa vez que o café delas está duas vezes mais caro, que a gasolina está duas vezes mais cara, o aluguel. É preciso comparar como está a economia agora em relação a quatro, cinco anos atrás”.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump abraça Michaelah Monthomery, uma ativista conservadora da Geórgia, em um comício de campanha em Atlanta, Geórgia  Foto: Jason Allen/AP

Aborto

Assim como em todo o país, o tema aborto é um dos mais discutidos e polêmicos do Estado. Na Geórgia, o aborto é legal até a presença de batimentos cardíacos fetais detectáveis. A lei estadual define batimento cardíaco fetal detectável como “atividade cardíaca embrionária ou fetal ou contração rítmica constante”.

De acordo com especialistas, os batimentos cardíacos podem ser detectados no período de seis semanas de gravidez, apesar de o coração ainda não estar formado nesse ponto. Após esse período, o aborto é ilegal no Estado, segundo uma lei aprovada em 2019. Neste período, no entanto, dificilmente a gestação é detectada pela mulher.

Apesar desta lei estar em vigor, o caso tramita na Suprema Corte do Estado, principalmente porque a lei foi aprovada antes da Suprema Corte americana derrubar o precedente legal estabelecido pelo caso Roe versus Wade em 2022, que estava em vigor havia quase 50 anos, interrompendo a nível federal o aborto regulamentado no país.

Após a decisão, a prerrogativa de legislar sobre a interrupção de gravidez passou a ser exclusiva dos Estados americanos. “Este é um tema que tende a favorecer o Partido Democrata na Geórgia, principalmente para as mulheres”, destaca Bourdeaux.

Para o professor de ciência política da Universidade da Geórgia, Charles Bullock, questões relacionadas ao aborto devem mobilizar o eleitorado feminino com diploma superior em Estados-pêndulo, como a Geórgia.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, discursa na cerimônia de formatura da Morehouse College, em Atlanta, Estados Unidos  Foto: Alex Brandon/AP

Democracia

A democracia americana também deve ser um dos temas mais importantes do pleito. O ex-presidente Donald Trump contestou o resultado eleitoral na Geórgia, que terminou com vitória democrata em 2020, por uma diferença de menos de 12 mil votos.

Trump e 18 aliados foram indiciados, acusados pela promotora distrital do condado de Fulton, Fani Willis, de participar de um amplo esquema cujo objetivo era mudar ilegalmente o resultado da eleição vencida por Joe Biden em 2020. Após a derrota no pleito, o ex-presidente americano pediu ao secretário de Estado da Geórgia Brad Raffensperger que “encontrasse” votos para ele. O telefonema gravado e divulgado pelo jornal americano Washington Post foi um dos pontos de partida para investigação que durou mais de dois anos.

Na gravação, Trump repreende Raffensperger, tenta bajulá-lo, e o ameaça com vagas consequências criminais caso se recuse a ajudar. Durante a ligação, Raffensperger e o conselheiro geral de seu escritório rejeitaram as alegações de Trump e explicaram que a vitória de Biden na Geórgia foi justa e precisa.

O processo contra Trump no Estado afetou a rotina da Assembleia da Geórgia. “Estamos discutindo muito sobre o processo eleitoral desde que a administração Trump apontou que as eleições haviam sido fraudadas”, aponta Karla Brenner, congressista democrata do distrito 31 do Estado da Geórgia.

Votação

Os questionamentos de Trump em relação ao processo eleitoral prejudicaram os esforços republicanos em 2020. “Donald Trump estava se candidatando à reeleição, mas ao invés de tentar mostrar os ganhos de seu governo, focou mais em questionar o sistema eleitoral americano em 2020. O resultado disso foi que milhares de republicanos linha-dura ficaram em casa porque achavam que a eleição seria roubada. Estas pessoas poderiam ter mudado o panorama eleitoral”, aponta Greg Bluestein, jornalista e analista político do The Atlanta-Journal Constitution.

Por isso, a estratégia republicana é fazer com que as pessoas votem. “A população da Geórgia ainda é conservadora o suficiente para que o Estado seja considerado republicano”, aponta Emory Dunahoo Junior, que cita a vitória do governador republicano Brian Kemp em 2022 como uma prova disso.

“As pessoas não usaram o senso comum em 2020, elas acharam que a eleição seria roubada e por isso não votaram, mas se você não vota o seu voto não importa, então todo mundo precisa fazer isso”, completa o congressista.

Carolyn Bordeaux, do Partido Democrata, não está otimista em relação às perspectivas de vitória dos democratas no Estado em 2024. “Nós não temos a mesma infraestrutura que em 2020, perdemos eleições importantes para o governo e também para o Congresso em 2022, acho difícil que ocorra uma reversão disso em 2024″. A saída seria focar em republicanos com diploma superior que não tem simpatia por Donald Trump, segundo Bordeaux.

O empresário Colt Chambers foi líder dos jovens republicanos da Geórgia, mas se afastou da política partidária depois que o ex-presidente Donald Trump questionou os resultados das eleições  Foto: Daniel Gateno/Estadão

As atitudes do ex-presidente americano durante as últimas eleições presidenciais afastaram alguns republicanos como o empresário Colt Chambers, ex-líder do grupo de jovens republicanos da Geórgia. Chambers fez campanha para Trump em 2016 e 2020, mas ficou decepcionado com a forma como o ex-presidente lidou com a derrota nas urnas e se afastou do partido.

“Trump se comportou como uma criança após as eleições e aparelhou o partido, por isso precisei sair por um tempo da vida política”, avalia Chambers. O empresário ainda se considera republicano e apoiou Nikki Haley nas primárias da legenda.

Mesmo assim, Chambers ainda deve votar em Trump no mês de novembro. “Eu devo votar em Donald Trump em novembro porque sou fiel em relação aos meus valores republicanos. Ele não é a pessoa mais educada do mundo, mas suas políticas eram boas. Contudo, eu sei que muitos outros eleitores moderados do Partido Republicano não devem votar em novembro por conta dele”.

ENVIADO ESPECIAL A ATLANTA, GEÓRGIA -O Estado da Geórgia fica a mais de 2000 km da fronteira com o México e não dava tanta importância para o tema imigração nas últimas eleições. Mas tudo mudou com o assassinato da estudante de enfermagem Laken Riley em fevereiro durante uma caminhada no campus da Universidade da Geórgia, em Athens.

O principal suspeito pela morte de Riley é Jose Ibarra, venezuelano que cruzou a fronteira com os Estados Unidos de forma ilegal e não tinha sua documentação regularizada. Desde então, o tema passou a ser um dos tópicos que mais preocupam os eleitores do Estado, que receberá o primeiro debate presidencial entre Joe Biden e Donald Trump nesta quinta-feira, 27.

“Geralmente as pesquisas mostram que temas econômicos e o mercado de trabalho estão entre as principais preocupações dos cidadãos da Geórgia, mas neste momento imigração está no topo da lista entre republicanos e também democratas. Todos estão reconhecendo esta situação como uma crise”, avalia Greg Bluestein, jornalista e analista político do The Atlanta-Journal Constitution, o principal jornal do Estado da Geórgia.

O tema tomou proporções nacionais durante o discurso do Estado da União feito pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em março. Biden foi interrompido por Marjorie Taylor Greene, congressista republicana, que gritou o nome de Riley. O democrata disse que entendia o que era perder um filho e prestou condolências à família.

Já Trump usou o caso para criticar o rival e sua política migratória, em um comício que contou com parentes de Riley em Roma, Geórgia.

Apoiadora do Partido Republicano ergue um cartaz com uma foto de Laken Riley, estudante assassinada em Athens, Geórgia; o principal suspeito é um venezuelano que entrou ilegalmente nos Estados Unidos  Foto: Mike Stewart/AP

O Partido Republicano tenta explorar este tema para vencer as eleições presidenciais na Geórgia após a vitória democrata no Estado em 2020, a primeira desde 1992. Donald Trump lidera as pesquisas de opinião e prometeu organizar a maior operação de deportação da história do país se vencer as eleições. A Geórgia é um swing state, Estado-pêndulo em português, definição dada aos Estados que não tem um comportamento eleitoral definido, podendo variar entre uma vitória democrata ou republicana, dependendo da eleição.

“Os democratas não sabem o que fazer na fronteira. Eles não conseguem controlar. Esta é a política dos democratas, eles não querem prender imigrantes ilegais, eles nem usam a palavra ilegal. Eles preferem usar o termo ‘sem documentos’”, avalia Jason Shepherd, integrante do Partido Republicano que foi líder da legenda no condado de Cobb, na Geórgia.

“Nós precisamos de uma reforma no nosso sistema de imigração. Se uma pessoa quer passar por todas as dificuldades para cruzar a fronteira dos Estados Unidos apenas para ter um trabalho decente aqui, precisamos achar um jeito de trazer esta pessoa para os EUA de forma legal porque é esta pessoa que queremos aqui”.

A congressista Marjorie Taylor Greene grita o nome de Laken Riley durante o discurso de Estado da União do presidente americano Joe Biden, em Washington, Estados Unidos  Foto: Doug Mills/NYT

Ibarra está preso de forma preventiva e declarou não ser culpado em seu primeiro julgamento. Ele foi indiciado por 10 crimes, entre eles homicídio doloso, homicídio qualificado e sequestro.

Imigração e economia são dois temas que favorecem os republicanos, admite Carolyn Bourdeaux, professora de ciência politica da Universidade da Geórgia e ex-congressista do Partido Democrata em Washington, representando o Estado da Geórgia.

Economia

Apesar dos indicadores mostrarem um mercado de trabalho aquecido e uma taxa de inflação quase inalterada nos últimos meses, a alta dos preços segue prejudicando a população americana. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA subiu 0,3% em maio, mesma taxa de abril. Em relação a maio do ano passado, a inflação ficou em 3,3%, ligeiramente abaixo das projeções e abaixo dos 3,4% do mês passado na variação anual.

“As pessoas estão preocupadas com a economia, mesmo que agora estejamos bem, passamos por um período de alta inflação e alguns impactos disso continuam pesando na vida das pessoas”, avalia Bourdeaux. “Na área que eu vivo, em Gwinnett, na região metropolitana de Atlanta, os preços das casas subiram em 40% nos últimos dois anos, isso traz implicações significativas nos impostos das pessoas, na possibilidade de comprar uma casa, de alugar, e está pesando para as pessoas”, aponta a ex-congressista.

O tema é um dos mais falados na Assembleia Geral da Geórgia, em Atlanta, onde fica o Senado Estadual da Geórgia e a Câmara dos Representantes do Estado. Os senadores ficam em uma sala do lado direito e os congressistas do lado esquerdo. O acesso é livre para a população, que pode abordar os políticos do Estado todos os dias.

Banners destacam o debate entre o ex-presidente Donald Trump e o presidente americano Joe Biden na sede da CNN americana em Atlanta, Geórgia  Foto: Christian Monterrosa/AFP

Os democratas tiveram uma estratégia melhor que a nossa em 2020 e incentivaram o voto dos mais jovens, destaca Emory Dunahoo Junior, congressista do distrito 31 da Geórgia, que conversou com a reportagem do Estadão durante uma pausa na sessão legislativa do dia. “Espero que estes jovens que votaram nos democratas pensem dessa vez que o café delas está duas vezes mais caro, que a gasolina está duas vezes mais cara, o aluguel. É preciso comparar como está a economia agora em relação a quatro, cinco anos atrás”.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump abraça Michaelah Monthomery, uma ativista conservadora da Geórgia, em um comício de campanha em Atlanta, Geórgia  Foto: Jason Allen/AP

Aborto

Assim como em todo o país, o tema aborto é um dos mais discutidos e polêmicos do Estado. Na Geórgia, o aborto é legal até a presença de batimentos cardíacos fetais detectáveis. A lei estadual define batimento cardíaco fetal detectável como “atividade cardíaca embrionária ou fetal ou contração rítmica constante”.

De acordo com especialistas, os batimentos cardíacos podem ser detectados no período de seis semanas de gravidez, apesar de o coração ainda não estar formado nesse ponto. Após esse período, o aborto é ilegal no Estado, segundo uma lei aprovada em 2019. Neste período, no entanto, dificilmente a gestação é detectada pela mulher.

Apesar desta lei estar em vigor, o caso tramita na Suprema Corte do Estado, principalmente porque a lei foi aprovada antes da Suprema Corte americana derrubar o precedente legal estabelecido pelo caso Roe versus Wade em 2022, que estava em vigor havia quase 50 anos, interrompendo a nível federal o aborto regulamentado no país.

Após a decisão, a prerrogativa de legislar sobre a interrupção de gravidez passou a ser exclusiva dos Estados americanos. “Este é um tema que tende a favorecer o Partido Democrata na Geórgia, principalmente para as mulheres”, destaca Bourdeaux.

Para o professor de ciência política da Universidade da Geórgia, Charles Bullock, questões relacionadas ao aborto devem mobilizar o eleitorado feminino com diploma superior em Estados-pêndulo, como a Geórgia.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, discursa na cerimônia de formatura da Morehouse College, em Atlanta, Estados Unidos  Foto: Alex Brandon/AP

Democracia

A democracia americana também deve ser um dos temas mais importantes do pleito. O ex-presidente Donald Trump contestou o resultado eleitoral na Geórgia, que terminou com vitória democrata em 2020, por uma diferença de menos de 12 mil votos.

Trump e 18 aliados foram indiciados, acusados pela promotora distrital do condado de Fulton, Fani Willis, de participar de um amplo esquema cujo objetivo era mudar ilegalmente o resultado da eleição vencida por Joe Biden em 2020. Após a derrota no pleito, o ex-presidente americano pediu ao secretário de Estado da Geórgia Brad Raffensperger que “encontrasse” votos para ele. O telefonema gravado e divulgado pelo jornal americano Washington Post foi um dos pontos de partida para investigação que durou mais de dois anos.

Na gravação, Trump repreende Raffensperger, tenta bajulá-lo, e o ameaça com vagas consequências criminais caso se recuse a ajudar. Durante a ligação, Raffensperger e o conselheiro geral de seu escritório rejeitaram as alegações de Trump e explicaram que a vitória de Biden na Geórgia foi justa e precisa.

O processo contra Trump no Estado afetou a rotina da Assembleia da Geórgia. “Estamos discutindo muito sobre o processo eleitoral desde que a administração Trump apontou que as eleições haviam sido fraudadas”, aponta Karla Brenner, congressista democrata do distrito 31 do Estado da Geórgia.

Votação

Os questionamentos de Trump em relação ao processo eleitoral prejudicaram os esforços republicanos em 2020. “Donald Trump estava se candidatando à reeleição, mas ao invés de tentar mostrar os ganhos de seu governo, focou mais em questionar o sistema eleitoral americano em 2020. O resultado disso foi que milhares de republicanos linha-dura ficaram em casa porque achavam que a eleição seria roubada. Estas pessoas poderiam ter mudado o panorama eleitoral”, aponta Greg Bluestein, jornalista e analista político do The Atlanta-Journal Constitution.

Por isso, a estratégia republicana é fazer com que as pessoas votem. “A população da Geórgia ainda é conservadora o suficiente para que o Estado seja considerado republicano”, aponta Emory Dunahoo Junior, que cita a vitória do governador republicano Brian Kemp em 2022 como uma prova disso.

“As pessoas não usaram o senso comum em 2020, elas acharam que a eleição seria roubada e por isso não votaram, mas se você não vota o seu voto não importa, então todo mundo precisa fazer isso”, completa o congressista.

Carolyn Bordeaux, do Partido Democrata, não está otimista em relação às perspectivas de vitória dos democratas no Estado em 2024. “Nós não temos a mesma infraestrutura que em 2020, perdemos eleições importantes para o governo e também para o Congresso em 2022, acho difícil que ocorra uma reversão disso em 2024″. A saída seria focar em republicanos com diploma superior que não tem simpatia por Donald Trump, segundo Bordeaux.

O empresário Colt Chambers foi líder dos jovens republicanos da Geórgia, mas se afastou da política partidária depois que o ex-presidente Donald Trump questionou os resultados das eleições  Foto: Daniel Gateno/Estadão

As atitudes do ex-presidente americano durante as últimas eleições presidenciais afastaram alguns republicanos como o empresário Colt Chambers, ex-líder do grupo de jovens republicanos da Geórgia. Chambers fez campanha para Trump em 2016 e 2020, mas ficou decepcionado com a forma como o ex-presidente lidou com a derrota nas urnas e se afastou do partido.

“Trump se comportou como uma criança após as eleições e aparelhou o partido, por isso precisei sair por um tempo da vida política”, avalia Chambers. O empresário ainda se considera republicano e apoiou Nikki Haley nas primárias da legenda.

Mesmo assim, Chambers ainda deve votar em Trump no mês de novembro. “Eu devo votar em Donald Trump em novembro porque sou fiel em relação aos meus valores republicanos. Ele não é a pessoa mais educada do mundo, mas suas políticas eram boas. Contudo, eu sei que muitos outros eleitores moderados do Partido Republicano não devem votar em novembro por conta dele”.

ENVIADO ESPECIAL A ATLANTA, GEÓRGIA -O Estado da Geórgia fica a mais de 2000 km da fronteira com o México e não dava tanta importância para o tema imigração nas últimas eleições. Mas tudo mudou com o assassinato da estudante de enfermagem Laken Riley em fevereiro durante uma caminhada no campus da Universidade da Geórgia, em Athens.

O principal suspeito pela morte de Riley é Jose Ibarra, venezuelano que cruzou a fronteira com os Estados Unidos de forma ilegal e não tinha sua documentação regularizada. Desde então, o tema passou a ser um dos tópicos que mais preocupam os eleitores do Estado, que receberá o primeiro debate presidencial entre Joe Biden e Donald Trump nesta quinta-feira, 27.

“Geralmente as pesquisas mostram que temas econômicos e o mercado de trabalho estão entre as principais preocupações dos cidadãos da Geórgia, mas neste momento imigração está no topo da lista entre republicanos e também democratas. Todos estão reconhecendo esta situação como uma crise”, avalia Greg Bluestein, jornalista e analista político do The Atlanta-Journal Constitution, o principal jornal do Estado da Geórgia.

O tema tomou proporções nacionais durante o discurso do Estado da União feito pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em março. Biden foi interrompido por Marjorie Taylor Greene, congressista republicana, que gritou o nome de Riley. O democrata disse que entendia o que era perder um filho e prestou condolências à família.

Já Trump usou o caso para criticar o rival e sua política migratória, em um comício que contou com parentes de Riley em Roma, Geórgia.

Apoiadora do Partido Republicano ergue um cartaz com uma foto de Laken Riley, estudante assassinada em Athens, Geórgia; o principal suspeito é um venezuelano que entrou ilegalmente nos Estados Unidos  Foto: Mike Stewart/AP

O Partido Republicano tenta explorar este tema para vencer as eleições presidenciais na Geórgia após a vitória democrata no Estado em 2020, a primeira desde 1992. Donald Trump lidera as pesquisas de opinião e prometeu organizar a maior operação de deportação da história do país se vencer as eleições. A Geórgia é um swing state, Estado-pêndulo em português, definição dada aos Estados que não tem um comportamento eleitoral definido, podendo variar entre uma vitória democrata ou republicana, dependendo da eleição.

“Os democratas não sabem o que fazer na fronteira. Eles não conseguem controlar. Esta é a política dos democratas, eles não querem prender imigrantes ilegais, eles nem usam a palavra ilegal. Eles preferem usar o termo ‘sem documentos’”, avalia Jason Shepherd, integrante do Partido Republicano que foi líder da legenda no condado de Cobb, na Geórgia.

“Nós precisamos de uma reforma no nosso sistema de imigração. Se uma pessoa quer passar por todas as dificuldades para cruzar a fronteira dos Estados Unidos apenas para ter um trabalho decente aqui, precisamos achar um jeito de trazer esta pessoa para os EUA de forma legal porque é esta pessoa que queremos aqui”.

A congressista Marjorie Taylor Greene grita o nome de Laken Riley durante o discurso de Estado da União do presidente americano Joe Biden, em Washington, Estados Unidos  Foto: Doug Mills/NYT

Ibarra está preso de forma preventiva e declarou não ser culpado em seu primeiro julgamento. Ele foi indiciado por 10 crimes, entre eles homicídio doloso, homicídio qualificado e sequestro.

Imigração e economia são dois temas que favorecem os republicanos, admite Carolyn Bourdeaux, professora de ciência politica da Universidade da Geórgia e ex-congressista do Partido Democrata em Washington, representando o Estado da Geórgia.

Economia

Apesar dos indicadores mostrarem um mercado de trabalho aquecido e uma taxa de inflação quase inalterada nos últimos meses, a alta dos preços segue prejudicando a população americana. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA subiu 0,3% em maio, mesma taxa de abril. Em relação a maio do ano passado, a inflação ficou em 3,3%, ligeiramente abaixo das projeções e abaixo dos 3,4% do mês passado na variação anual.

“As pessoas estão preocupadas com a economia, mesmo que agora estejamos bem, passamos por um período de alta inflação e alguns impactos disso continuam pesando na vida das pessoas”, avalia Bourdeaux. “Na área que eu vivo, em Gwinnett, na região metropolitana de Atlanta, os preços das casas subiram em 40% nos últimos dois anos, isso traz implicações significativas nos impostos das pessoas, na possibilidade de comprar uma casa, de alugar, e está pesando para as pessoas”, aponta a ex-congressista.

O tema é um dos mais falados na Assembleia Geral da Geórgia, em Atlanta, onde fica o Senado Estadual da Geórgia e a Câmara dos Representantes do Estado. Os senadores ficam em uma sala do lado direito e os congressistas do lado esquerdo. O acesso é livre para a população, que pode abordar os políticos do Estado todos os dias.

Banners destacam o debate entre o ex-presidente Donald Trump e o presidente americano Joe Biden na sede da CNN americana em Atlanta, Geórgia  Foto: Christian Monterrosa/AFP

Os democratas tiveram uma estratégia melhor que a nossa em 2020 e incentivaram o voto dos mais jovens, destaca Emory Dunahoo Junior, congressista do distrito 31 da Geórgia, que conversou com a reportagem do Estadão durante uma pausa na sessão legislativa do dia. “Espero que estes jovens que votaram nos democratas pensem dessa vez que o café delas está duas vezes mais caro, que a gasolina está duas vezes mais cara, o aluguel. É preciso comparar como está a economia agora em relação a quatro, cinco anos atrás”.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump abraça Michaelah Monthomery, uma ativista conservadora da Geórgia, em um comício de campanha em Atlanta, Geórgia  Foto: Jason Allen/AP

Aborto

Assim como em todo o país, o tema aborto é um dos mais discutidos e polêmicos do Estado. Na Geórgia, o aborto é legal até a presença de batimentos cardíacos fetais detectáveis. A lei estadual define batimento cardíaco fetal detectável como “atividade cardíaca embrionária ou fetal ou contração rítmica constante”.

De acordo com especialistas, os batimentos cardíacos podem ser detectados no período de seis semanas de gravidez, apesar de o coração ainda não estar formado nesse ponto. Após esse período, o aborto é ilegal no Estado, segundo uma lei aprovada em 2019. Neste período, no entanto, dificilmente a gestação é detectada pela mulher.

Apesar desta lei estar em vigor, o caso tramita na Suprema Corte do Estado, principalmente porque a lei foi aprovada antes da Suprema Corte americana derrubar o precedente legal estabelecido pelo caso Roe versus Wade em 2022, que estava em vigor havia quase 50 anos, interrompendo a nível federal o aborto regulamentado no país.

Após a decisão, a prerrogativa de legislar sobre a interrupção de gravidez passou a ser exclusiva dos Estados americanos. “Este é um tema que tende a favorecer o Partido Democrata na Geórgia, principalmente para as mulheres”, destaca Bourdeaux.

Para o professor de ciência política da Universidade da Geórgia, Charles Bullock, questões relacionadas ao aborto devem mobilizar o eleitorado feminino com diploma superior em Estados-pêndulo, como a Geórgia.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, discursa na cerimônia de formatura da Morehouse College, em Atlanta, Estados Unidos  Foto: Alex Brandon/AP

Democracia

A democracia americana também deve ser um dos temas mais importantes do pleito. O ex-presidente Donald Trump contestou o resultado eleitoral na Geórgia, que terminou com vitória democrata em 2020, por uma diferença de menos de 12 mil votos.

Trump e 18 aliados foram indiciados, acusados pela promotora distrital do condado de Fulton, Fani Willis, de participar de um amplo esquema cujo objetivo era mudar ilegalmente o resultado da eleição vencida por Joe Biden em 2020. Após a derrota no pleito, o ex-presidente americano pediu ao secretário de Estado da Geórgia Brad Raffensperger que “encontrasse” votos para ele. O telefonema gravado e divulgado pelo jornal americano Washington Post foi um dos pontos de partida para investigação que durou mais de dois anos.

Na gravação, Trump repreende Raffensperger, tenta bajulá-lo, e o ameaça com vagas consequências criminais caso se recuse a ajudar. Durante a ligação, Raffensperger e o conselheiro geral de seu escritório rejeitaram as alegações de Trump e explicaram que a vitória de Biden na Geórgia foi justa e precisa.

O processo contra Trump no Estado afetou a rotina da Assembleia da Geórgia. “Estamos discutindo muito sobre o processo eleitoral desde que a administração Trump apontou que as eleições haviam sido fraudadas”, aponta Karla Brenner, congressista democrata do distrito 31 do Estado da Geórgia.

Votação

Os questionamentos de Trump em relação ao processo eleitoral prejudicaram os esforços republicanos em 2020. “Donald Trump estava se candidatando à reeleição, mas ao invés de tentar mostrar os ganhos de seu governo, focou mais em questionar o sistema eleitoral americano em 2020. O resultado disso foi que milhares de republicanos linha-dura ficaram em casa porque achavam que a eleição seria roubada. Estas pessoas poderiam ter mudado o panorama eleitoral”, aponta Greg Bluestein, jornalista e analista político do The Atlanta-Journal Constitution.

Por isso, a estratégia republicana é fazer com que as pessoas votem. “A população da Geórgia ainda é conservadora o suficiente para que o Estado seja considerado republicano”, aponta Emory Dunahoo Junior, que cita a vitória do governador republicano Brian Kemp em 2022 como uma prova disso.

“As pessoas não usaram o senso comum em 2020, elas acharam que a eleição seria roubada e por isso não votaram, mas se você não vota o seu voto não importa, então todo mundo precisa fazer isso”, completa o congressista.

Carolyn Bordeaux, do Partido Democrata, não está otimista em relação às perspectivas de vitória dos democratas no Estado em 2024. “Nós não temos a mesma infraestrutura que em 2020, perdemos eleições importantes para o governo e também para o Congresso em 2022, acho difícil que ocorra uma reversão disso em 2024″. A saída seria focar em republicanos com diploma superior que não tem simpatia por Donald Trump, segundo Bordeaux.

O empresário Colt Chambers foi líder dos jovens republicanos da Geórgia, mas se afastou da política partidária depois que o ex-presidente Donald Trump questionou os resultados das eleições  Foto: Daniel Gateno/Estadão

As atitudes do ex-presidente americano durante as últimas eleições presidenciais afastaram alguns republicanos como o empresário Colt Chambers, ex-líder do grupo de jovens republicanos da Geórgia. Chambers fez campanha para Trump em 2016 e 2020, mas ficou decepcionado com a forma como o ex-presidente lidou com a derrota nas urnas e se afastou do partido.

“Trump se comportou como uma criança após as eleições e aparelhou o partido, por isso precisei sair por um tempo da vida política”, avalia Chambers. O empresário ainda se considera republicano e apoiou Nikki Haley nas primárias da legenda.

Mesmo assim, Chambers ainda deve votar em Trump no mês de novembro. “Eu devo votar em Donald Trump em novembro porque sou fiel em relação aos meus valores republicanos. Ele não é a pessoa mais educada do mundo, mas suas políticas eram boas. Contudo, eu sei que muitos outros eleitores moderados do Partido Republicano não devem votar em novembro por conta dele”.

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