Imigrantes separados de seus filhos na gestão Trump poderão entrar nos EUA


Mães de Honduras, Guatemala e México serão as primeiras a se reunirem com os filhos, nos EUA, desde que o governo Biden adotou medidas revertendo a decisão de seu antecessor

Por Miriam Jordan
Atualização:

WASHINGTON - Quatro mães do México e da América Central, que estão entre milhares de migrantes deportados sem seus filhos devido à controvertida política de separação das famílias implantada pelo governo Trump, devem se juntar aos seus filhos nos Estados Unidos esta semana. A informação foi dada por autoridades do governo no domingo.

Essas mães, de Honduras, Guatemala e México, serão as primeiras a se reunirem com os filhos, nos Estados Unidos, desde que o governo Biden adotou medidas revertendo a decisão de Trump em 2018, cujo objetivo foi impedir as famílias de entrarem no país separando os pais dos seus filhos.

Outros 30 migrantes serão autorizados a entrar no país dentro de 30 a 60 dias e se reunirem com os filhos que, como muitos outros, vivem com parentes no território americano. 

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Crianças no centro de detenção em El Paso, Texas Foto: Lucas Jackson/Reuters

“Há crianças que à época da separação tinham 3 anos. E são agora adolescentes que teriam de viver sem os pais durante seus anos de formação mais importantes”, disse Alejandro Mayorkas, secretário de Segurança Interna, ao anunciar, no sábado, a iminente chegada dessas famílias.

As quatro mulheres que devem cruzar a fronteira entre Texas e Califórnia esta semana fazem parte do grupo de pais de 5,5 mil crianças que foram separadas da família com base na política de tolerância zero instituída pelo presidente Donald Trump em 2018. Embora muitas famílias tenham se reunido nos últimos anos, outras mil continuam separadas porque os pais foram deportados.

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Mayorkas não forneceu detalhes sobre as famílias por questões de privacidade, afirmando apenas que duas das mães foram separadas dos filhos em 2017, antes de o governo Trump estender a medida para a fronteira inteira no sudoeste do país.

Advogados e defensores de imigrantes acolheram a medida com satisfação, mas disseram que é preciso fazer mais para reverter os danos provocados pelas medidas adotadas em 2018.

“Estamos felizes que o governo Biden agora adotou as primeiras medidas para sanar o dano causado pela prática cruel de separação de famílias do governo Trump, e emocionados com o fato das quatro famílias se reunirem esta semana”, afirmou Lee Gelernt, advogado de uma ação coletiva que a American Civil Liberties impetrou contra aquela medida em 2018.

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“Certamente não vamos cantar vitória neste momento. Não basta apenas que essas famílias sejam reunidas”, disse ele.

Criança em centro de detenção de imigrantes em Tucson, Arizona Foto: Mandel Ngan/AFP

A equipe de Gelernt vem negociando com o governo um acordo para pôr fim àquela ação e exige uma indenização financeira, serviços de saúde mental e o estatuto de residente legal permanente para todas as famílias separadas.

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A separação das famílias foi um ponto chave nas decisões do governo Trump para reprimir a imigração ilegal. O objetivo foi impor uma medida de dissuasão poderosa para aquelas pessoas que pretendiam entrar nos Estados Unidos, um obstáculo formidável que afetou até famílias que tinham direito a asilo político porque eram perseguidas no seu país natal.

Essa política foi implementada por meio de um memorando em abril de 2018. Posteriormente, se tornou público que famílias haviam sido separadas já em 2017, como parte de um programa piloto colocado em prática perto de El Paso. 

Com base na medida, os agentes da Patrulha de Fronteira acusavam criminalmente os pais de entrarem ilegalmente no país e os prendiam, colocando seus filhos em abrigos do governo. Imagens e áudio de crianças chorando ao serem retiradas à força dos seus pais provocaram indignação em todo o país.

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Em junho de 2016, um juiz federal da Califórnia ordenou ao governo a revogação da medida e que as famílias fossem reunidas imediatamente, argumentando que aquela prática “choca a consciência” e violava a Constituição.

Muitas famílias foram reunidas na ocasião. Mas mil continuaram separadas porque um dos pais havia sido deportado e cerca de 645 - nos Estados Unidos ou no exterior - não foram contactados na época em que Trump deixou a presidência.

Ao tomar posse, o presidente Biden prometeu que a reunião das famílias seria sua grande prioridade.

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Em questão de semanas ele assinou uma série de ordens executivas para reverter as medidas mais restritivas adotadas por Trump. Uma peça central da sua agenda foi a implementação de uma força tarefa, liderada por Mayorkas, para identificar e reunir todas as famílias de imigrantes separadas na fronteira pelo governo anterior.

Tarefa gigantesca

As informações de contato de muitos pais estão desatualizadas ou indisponíveis, e alguns desapareceram ou preferem não ser encontrados por medo. A força tarefa conseguiu encontrar 200 dos 645 familiares remanescentes e informou recentemente estar analisando 5.600 arquivos adicionais do início de 2017 que podem conter provas de mais separações de famílias.

“Uma das coisas que não sabemos ainda é onde estão as crianças. Estamos tentando descobrir o que aconteceu”, afirmou Biden na semana passada numa entrevista à NBC News. “É um trabalho de detetive e continuamos tentando descobrir onde elas estão”.

No ano passado, um grupo de nove pais deportados foram autorizados a entrar nos Estados Unidos para se juntarem aos filhos depois que a juíza federal na ação coletiva, Dana Sabraw, do tribunal de San Diego, ordenou o retorno deles. Outros 12 conseguiram também retornar com a ajuda de advogados particulares.

“E mesmo com a ordem do tribunal, o retorno desses pais deparou com uma resistência vigorosa em todos os estágios”, disse Linda Dakim Grimm, advogada de Los Angeles que representou um pai imigrante da Guatemala que retornou aos Estados Unidos no ano passado. Ele foi separado de sua filha de 12 anos.

Segundo a advogada, a decisão do governo Biden de permitir a entrada nos Estados Unidos desses pais deportados "é o início de um novo caminho importante. Mas ainda há muita coisa a ser revogada”.

Mayorkas não disse quantos pais adicionais serão autorizados a entrar no país, mas afirmou que a chegada do grupo nesta semana é a primeira de muitas. Os pais que retornarem poderão permanecer no país pelo menos temporariamente por razões humanitárias.

Advogados ligados ao processo afirmaram que eles permanecerão no país por pelo menos alguns anos ou até serem encontradas soluções de longo prazo, como obtenção de visto de permanência. No geral, as pessoas que entram nos Estados Unidos podem requerer asilo dentro do prazo de um ano da sua chegada./TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO 

WASHINGTON - Quatro mães do México e da América Central, que estão entre milhares de migrantes deportados sem seus filhos devido à controvertida política de separação das famílias implantada pelo governo Trump, devem se juntar aos seus filhos nos Estados Unidos esta semana. A informação foi dada por autoridades do governo no domingo.

Essas mães, de Honduras, Guatemala e México, serão as primeiras a se reunirem com os filhos, nos Estados Unidos, desde que o governo Biden adotou medidas revertendo a decisão de Trump em 2018, cujo objetivo foi impedir as famílias de entrarem no país separando os pais dos seus filhos.

Outros 30 migrantes serão autorizados a entrar no país dentro de 30 a 60 dias e se reunirem com os filhos que, como muitos outros, vivem com parentes no território americano. 

Crianças no centro de detenção em El Paso, Texas Foto: Lucas Jackson/Reuters

“Há crianças que à época da separação tinham 3 anos. E são agora adolescentes que teriam de viver sem os pais durante seus anos de formação mais importantes”, disse Alejandro Mayorkas, secretário de Segurança Interna, ao anunciar, no sábado, a iminente chegada dessas famílias.

As quatro mulheres que devem cruzar a fronteira entre Texas e Califórnia esta semana fazem parte do grupo de pais de 5,5 mil crianças que foram separadas da família com base na política de tolerância zero instituída pelo presidente Donald Trump em 2018. Embora muitas famílias tenham se reunido nos últimos anos, outras mil continuam separadas porque os pais foram deportados.

Mayorkas não forneceu detalhes sobre as famílias por questões de privacidade, afirmando apenas que duas das mães foram separadas dos filhos em 2017, antes de o governo Trump estender a medida para a fronteira inteira no sudoeste do país.

Advogados e defensores de imigrantes acolheram a medida com satisfação, mas disseram que é preciso fazer mais para reverter os danos provocados pelas medidas adotadas em 2018.

“Estamos felizes que o governo Biden agora adotou as primeiras medidas para sanar o dano causado pela prática cruel de separação de famílias do governo Trump, e emocionados com o fato das quatro famílias se reunirem esta semana”, afirmou Lee Gelernt, advogado de uma ação coletiva que a American Civil Liberties impetrou contra aquela medida em 2018.

“Certamente não vamos cantar vitória neste momento. Não basta apenas que essas famílias sejam reunidas”, disse ele.

Criança em centro de detenção de imigrantes em Tucson, Arizona Foto: Mandel Ngan/AFP

A equipe de Gelernt vem negociando com o governo um acordo para pôr fim àquela ação e exige uma indenização financeira, serviços de saúde mental e o estatuto de residente legal permanente para todas as famílias separadas.

A separação das famílias foi um ponto chave nas decisões do governo Trump para reprimir a imigração ilegal. O objetivo foi impor uma medida de dissuasão poderosa para aquelas pessoas que pretendiam entrar nos Estados Unidos, um obstáculo formidável que afetou até famílias que tinham direito a asilo político porque eram perseguidas no seu país natal.

Essa política foi implementada por meio de um memorando em abril de 2018. Posteriormente, se tornou público que famílias haviam sido separadas já em 2017, como parte de um programa piloto colocado em prática perto de El Paso. 

Com base na medida, os agentes da Patrulha de Fronteira acusavam criminalmente os pais de entrarem ilegalmente no país e os prendiam, colocando seus filhos em abrigos do governo. Imagens e áudio de crianças chorando ao serem retiradas à força dos seus pais provocaram indignação em todo o país.

Em junho de 2016, um juiz federal da Califórnia ordenou ao governo a revogação da medida e que as famílias fossem reunidas imediatamente, argumentando que aquela prática “choca a consciência” e violava a Constituição.

Muitas famílias foram reunidas na ocasião. Mas mil continuaram separadas porque um dos pais havia sido deportado e cerca de 645 - nos Estados Unidos ou no exterior - não foram contactados na época em que Trump deixou a presidência.

Ao tomar posse, o presidente Biden prometeu que a reunião das famílias seria sua grande prioridade.

Em questão de semanas ele assinou uma série de ordens executivas para reverter as medidas mais restritivas adotadas por Trump. Uma peça central da sua agenda foi a implementação de uma força tarefa, liderada por Mayorkas, para identificar e reunir todas as famílias de imigrantes separadas na fronteira pelo governo anterior.

Tarefa gigantesca

As informações de contato de muitos pais estão desatualizadas ou indisponíveis, e alguns desapareceram ou preferem não ser encontrados por medo. A força tarefa conseguiu encontrar 200 dos 645 familiares remanescentes e informou recentemente estar analisando 5.600 arquivos adicionais do início de 2017 que podem conter provas de mais separações de famílias.

“Uma das coisas que não sabemos ainda é onde estão as crianças. Estamos tentando descobrir o que aconteceu”, afirmou Biden na semana passada numa entrevista à NBC News. “É um trabalho de detetive e continuamos tentando descobrir onde elas estão”.

No ano passado, um grupo de nove pais deportados foram autorizados a entrar nos Estados Unidos para se juntarem aos filhos depois que a juíza federal na ação coletiva, Dana Sabraw, do tribunal de San Diego, ordenou o retorno deles. Outros 12 conseguiram também retornar com a ajuda de advogados particulares.

“E mesmo com a ordem do tribunal, o retorno desses pais deparou com uma resistência vigorosa em todos os estágios”, disse Linda Dakim Grimm, advogada de Los Angeles que representou um pai imigrante da Guatemala que retornou aos Estados Unidos no ano passado. Ele foi separado de sua filha de 12 anos.

Segundo a advogada, a decisão do governo Biden de permitir a entrada nos Estados Unidos desses pais deportados "é o início de um novo caminho importante. Mas ainda há muita coisa a ser revogada”.

Mayorkas não disse quantos pais adicionais serão autorizados a entrar no país, mas afirmou que a chegada do grupo nesta semana é a primeira de muitas. Os pais que retornarem poderão permanecer no país pelo menos temporariamente por razões humanitárias.

Advogados ligados ao processo afirmaram que eles permanecerão no país por pelo menos alguns anos ou até serem encontradas soluções de longo prazo, como obtenção de visto de permanência. No geral, as pessoas que entram nos Estados Unidos podem requerer asilo dentro do prazo de um ano da sua chegada./TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO 

WASHINGTON - Quatro mães do México e da América Central, que estão entre milhares de migrantes deportados sem seus filhos devido à controvertida política de separação das famílias implantada pelo governo Trump, devem se juntar aos seus filhos nos Estados Unidos esta semana. A informação foi dada por autoridades do governo no domingo.

Essas mães, de Honduras, Guatemala e México, serão as primeiras a se reunirem com os filhos, nos Estados Unidos, desde que o governo Biden adotou medidas revertendo a decisão de Trump em 2018, cujo objetivo foi impedir as famílias de entrarem no país separando os pais dos seus filhos.

Outros 30 migrantes serão autorizados a entrar no país dentro de 30 a 60 dias e se reunirem com os filhos que, como muitos outros, vivem com parentes no território americano. 

Crianças no centro de detenção em El Paso, Texas Foto: Lucas Jackson/Reuters

“Há crianças que à época da separação tinham 3 anos. E são agora adolescentes que teriam de viver sem os pais durante seus anos de formação mais importantes”, disse Alejandro Mayorkas, secretário de Segurança Interna, ao anunciar, no sábado, a iminente chegada dessas famílias.

As quatro mulheres que devem cruzar a fronteira entre Texas e Califórnia esta semana fazem parte do grupo de pais de 5,5 mil crianças que foram separadas da família com base na política de tolerância zero instituída pelo presidente Donald Trump em 2018. Embora muitas famílias tenham se reunido nos últimos anos, outras mil continuam separadas porque os pais foram deportados.

Mayorkas não forneceu detalhes sobre as famílias por questões de privacidade, afirmando apenas que duas das mães foram separadas dos filhos em 2017, antes de o governo Trump estender a medida para a fronteira inteira no sudoeste do país.

Advogados e defensores de imigrantes acolheram a medida com satisfação, mas disseram que é preciso fazer mais para reverter os danos provocados pelas medidas adotadas em 2018.

“Estamos felizes que o governo Biden agora adotou as primeiras medidas para sanar o dano causado pela prática cruel de separação de famílias do governo Trump, e emocionados com o fato das quatro famílias se reunirem esta semana”, afirmou Lee Gelernt, advogado de uma ação coletiva que a American Civil Liberties impetrou contra aquela medida em 2018.

“Certamente não vamos cantar vitória neste momento. Não basta apenas que essas famílias sejam reunidas”, disse ele.

Criança em centro de detenção de imigrantes em Tucson, Arizona Foto: Mandel Ngan/AFP

A equipe de Gelernt vem negociando com o governo um acordo para pôr fim àquela ação e exige uma indenização financeira, serviços de saúde mental e o estatuto de residente legal permanente para todas as famílias separadas.

A separação das famílias foi um ponto chave nas decisões do governo Trump para reprimir a imigração ilegal. O objetivo foi impor uma medida de dissuasão poderosa para aquelas pessoas que pretendiam entrar nos Estados Unidos, um obstáculo formidável que afetou até famílias que tinham direito a asilo político porque eram perseguidas no seu país natal.

Essa política foi implementada por meio de um memorando em abril de 2018. Posteriormente, se tornou público que famílias haviam sido separadas já em 2017, como parte de um programa piloto colocado em prática perto de El Paso. 

Com base na medida, os agentes da Patrulha de Fronteira acusavam criminalmente os pais de entrarem ilegalmente no país e os prendiam, colocando seus filhos em abrigos do governo. Imagens e áudio de crianças chorando ao serem retiradas à força dos seus pais provocaram indignação em todo o país.

Em junho de 2016, um juiz federal da Califórnia ordenou ao governo a revogação da medida e que as famílias fossem reunidas imediatamente, argumentando que aquela prática “choca a consciência” e violava a Constituição.

Muitas famílias foram reunidas na ocasião. Mas mil continuaram separadas porque um dos pais havia sido deportado e cerca de 645 - nos Estados Unidos ou no exterior - não foram contactados na época em que Trump deixou a presidência.

Ao tomar posse, o presidente Biden prometeu que a reunião das famílias seria sua grande prioridade.

Em questão de semanas ele assinou uma série de ordens executivas para reverter as medidas mais restritivas adotadas por Trump. Uma peça central da sua agenda foi a implementação de uma força tarefa, liderada por Mayorkas, para identificar e reunir todas as famílias de imigrantes separadas na fronteira pelo governo anterior.

Tarefa gigantesca

As informações de contato de muitos pais estão desatualizadas ou indisponíveis, e alguns desapareceram ou preferem não ser encontrados por medo. A força tarefa conseguiu encontrar 200 dos 645 familiares remanescentes e informou recentemente estar analisando 5.600 arquivos adicionais do início de 2017 que podem conter provas de mais separações de famílias.

“Uma das coisas que não sabemos ainda é onde estão as crianças. Estamos tentando descobrir o que aconteceu”, afirmou Biden na semana passada numa entrevista à NBC News. “É um trabalho de detetive e continuamos tentando descobrir onde elas estão”.

No ano passado, um grupo de nove pais deportados foram autorizados a entrar nos Estados Unidos para se juntarem aos filhos depois que a juíza federal na ação coletiva, Dana Sabraw, do tribunal de San Diego, ordenou o retorno deles. Outros 12 conseguiram também retornar com a ajuda de advogados particulares.

“E mesmo com a ordem do tribunal, o retorno desses pais deparou com uma resistência vigorosa em todos os estágios”, disse Linda Dakim Grimm, advogada de Los Angeles que representou um pai imigrante da Guatemala que retornou aos Estados Unidos no ano passado. Ele foi separado de sua filha de 12 anos.

Segundo a advogada, a decisão do governo Biden de permitir a entrada nos Estados Unidos desses pais deportados "é o início de um novo caminho importante. Mas ainda há muita coisa a ser revogada”.

Mayorkas não disse quantos pais adicionais serão autorizados a entrar no país, mas afirmou que a chegada do grupo nesta semana é a primeira de muitas. Os pais que retornarem poderão permanecer no país pelo menos temporariamente por razões humanitárias.

Advogados ligados ao processo afirmaram que eles permanecerão no país por pelo menos alguns anos ou até serem encontradas soluções de longo prazo, como obtenção de visto de permanência. No geral, as pessoas que entram nos Estados Unidos podem requerer asilo dentro do prazo de um ano da sua chegada./TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO 

WASHINGTON - Quatro mães do México e da América Central, que estão entre milhares de migrantes deportados sem seus filhos devido à controvertida política de separação das famílias implantada pelo governo Trump, devem se juntar aos seus filhos nos Estados Unidos esta semana. A informação foi dada por autoridades do governo no domingo.

Essas mães, de Honduras, Guatemala e México, serão as primeiras a se reunirem com os filhos, nos Estados Unidos, desde que o governo Biden adotou medidas revertendo a decisão de Trump em 2018, cujo objetivo foi impedir as famílias de entrarem no país separando os pais dos seus filhos.

Outros 30 migrantes serão autorizados a entrar no país dentro de 30 a 60 dias e se reunirem com os filhos que, como muitos outros, vivem com parentes no território americano. 

Crianças no centro de detenção em El Paso, Texas Foto: Lucas Jackson/Reuters

“Há crianças que à época da separação tinham 3 anos. E são agora adolescentes que teriam de viver sem os pais durante seus anos de formação mais importantes”, disse Alejandro Mayorkas, secretário de Segurança Interna, ao anunciar, no sábado, a iminente chegada dessas famílias.

As quatro mulheres que devem cruzar a fronteira entre Texas e Califórnia esta semana fazem parte do grupo de pais de 5,5 mil crianças que foram separadas da família com base na política de tolerância zero instituída pelo presidente Donald Trump em 2018. Embora muitas famílias tenham se reunido nos últimos anos, outras mil continuam separadas porque os pais foram deportados.

Mayorkas não forneceu detalhes sobre as famílias por questões de privacidade, afirmando apenas que duas das mães foram separadas dos filhos em 2017, antes de o governo Trump estender a medida para a fronteira inteira no sudoeste do país.

Advogados e defensores de imigrantes acolheram a medida com satisfação, mas disseram que é preciso fazer mais para reverter os danos provocados pelas medidas adotadas em 2018.

“Estamos felizes que o governo Biden agora adotou as primeiras medidas para sanar o dano causado pela prática cruel de separação de famílias do governo Trump, e emocionados com o fato das quatro famílias se reunirem esta semana”, afirmou Lee Gelernt, advogado de uma ação coletiva que a American Civil Liberties impetrou contra aquela medida em 2018.

“Certamente não vamos cantar vitória neste momento. Não basta apenas que essas famílias sejam reunidas”, disse ele.

Criança em centro de detenção de imigrantes em Tucson, Arizona Foto: Mandel Ngan/AFP

A equipe de Gelernt vem negociando com o governo um acordo para pôr fim àquela ação e exige uma indenização financeira, serviços de saúde mental e o estatuto de residente legal permanente para todas as famílias separadas.

A separação das famílias foi um ponto chave nas decisões do governo Trump para reprimir a imigração ilegal. O objetivo foi impor uma medida de dissuasão poderosa para aquelas pessoas que pretendiam entrar nos Estados Unidos, um obstáculo formidável que afetou até famílias que tinham direito a asilo político porque eram perseguidas no seu país natal.

Essa política foi implementada por meio de um memorando em abril de 2018. Posteriormente, se tornou público que famílias haviam sido separadas já em 2017, como parte de um programa piloto colocado em prática perto de El Paso. 

Com base na medida, os agentes da Patrulha de Fronteira acusavam criminalmente os pais de entrarem ilegalmente no país e os prendiam, colocando seus filhos em abrigos do governo. Imagens e áudio de crianças chorando ao serem retiradas à força dos seus pais provocaram indignação em todo o país.

Em junho de 2016, um juiz federal da Califórnia ordenou ao governo a revogação da medida e que as famílias fossem reunidas imediatamente, argumentando que aquela prática “choca a consciência” e violava a Constituição.

Muitas famílias foram reunidas na ocasião. Mas mil continuaram separadas porque um dos pais havia sido deportado e cerca de 645 - nos Estados Unidos ou no exterior - não foram contactados na época em que Trump deixou a presidência.

Ao tomar posse, o presidente Biden prometeu que a reunião das famílias seria sua grande prioridade.

Em questão de semanas ele assinou uma série de ordens executivas para reverter as medidas mais restritivas adotadas por Trump. Uma peça central da sua agenda foi a implementação de uma força tarefa, liderada por Mayorkas, para identificar e reunir todas as famílias de imigrantes separadas na fronteira pelo governo anterior.

Tarefa gigantesca

As informações de contato de muitos pais estão desatualizadas ou indisponíveis, e alguns desapareceram ou preferem não ser encontrados por medo. A força tarefa conseguiu encontrar 200 dos 645 familiares remanescentes e informou recentemente estar analisando 5.600 arquivos adicionais do início de 2017 que podem conter provas de mais separações de famílias.

“Uma das coisas que não sabemos ainda é onde estão as crianças. Estamos tentando descobrir o que aconteceu”, afirmou Biden na semana passada numa entrevista à NBC News. “É um trabalho de detetive e continuamos tentando descobrir onde elas estão”.

No ano passado, um grupo de nove pais deportados foram autorizados a entrar nos Estados Unidos para se juntarem aos filhos depois que a juíza federal na ação coletiva, Dana Sabraw, do tribunal de San Diego, ordenou o retorno deles. Outros 12 conseguiram também retornar com a ajuda de advogados particulares.

“E mesmo com a ordem do tribunal, o retorno desses pais deparou com uma resistência vigorosa em todos os estágios”, disse Linda Dakim Grimm, advogada de Los Angeles que representou um pai imigrante da Guatemala que retornou aos Estados Unidos no ano passado. Ele foi separado de sua filha de 12 anos.

Segundo a advogada, a decisão do governo Biden de permitir a entrada nos Estados Unidos desses pais deportados "é o início de um novo caminho importante. Mas ainda há muita coisa a ser revogada”.

Mayorkas não disse quantos pais adicionais serão autorizados a entrar no país, mas afirmou que a chegada do grupo nesta semana é a primeira de muitas. Os pais que retornarem poderão permanecer no país pelo menos temporariamente por razões humanitárias.

Advogados ligados ao processo afirmaram que eles permanecerão no país por pelo menos alguns anos ou até serem encontradas soluções de longo prazo, como obtenção de visto de permanência. No geral, as pessoas que entram nos Estados Unidos podem requerer asilo dentro do prazo de um ano da sua chegada./TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO 

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