MIDPINES - O incêndio que queima perto do Parque Nacional de Yosemite, no estado da Califórnia, já é considerado o maior desta onda de calor nos Estados Unidos, com quase 7 mil hectares queimados. Mais de 2,5 mil bombeiros trabalham na área e, até a noite desta terça-feira, 26, cerca de 26% das chamas foram contidas. Segundo as autoridades, cerca de 6 mil pessoas tiveram que sair da área e pelo menos 41 casas foram destruídas.
A onda de calor também atinge cidades do noroeste do país, que poderão enfrentar temperaturas acima de 37 ºC, as maiores do ano para a região.
As chamas do Oak Fire eclodiram na região central do estado na última sexta-feira, 22, e continuaram se espalhando rapidamente durante todo o fim de semana, até ser melhor controlado no domingo. A umidade no Condado de Mariposa, ao pé da Serra Nevada, ajudou as equipes na luta contra as chamas. Na segunda-feira, o incêndio teve uma expansão mínima e, nesta terça-feira, os bombeiros conseguiram avançar no trabalho de contenção.
Segundo as autoridades, o incêndio consumiu cerca de 72 quilômetros quadrados de floresta. A fumaça se espalhou por cerca de 322 quilômetros, até alcançar Lake Tahoe, partes de Nevada e a zona da Baía de São Francisco. As autoridades continuam investigando as causas do incêndio.
A Cruz Vermelha está levando comida e cuidados médicos para um abrigo montado em uma escola local, para onde alguns moradores e seus animais de estimação foram levados.
As autoridades afirmaram que os bombeiros continuam a trabalhar em condições de calor e secura intensos, e num terreno íngreme, o que dificulta a operação.
“As chamas tinham cerca de 30 metros de altura”, disse David Lee, um morador que falou ao jornal local Santa Cruz Sentinel. “É o incêndio mais rápido que eu já vi na minha vida.”
As autoridades mobilizaram 17 helicópteros para combater as chamas, enquanto no solo, o pessoal também retirou dezenas de comunidades no condado de Mariposa, declarada emergência pelo governo da Califórnia.
Vegetação mais seca
“O que estamos vendo com esse incêndio é característico do que vimos em outros incêndios na Califórnia nos últimos dois anos”, disse Jon Heggie, chefe de um dos batalhões de bombeiros da Califórnia, em entrevista à CNN.
À medida que a Califórnia se aprofundava em um segundo ano de seca na primavera do Hemisfério Norte, as autoridades alertaram para uma temporada de incêndios potencialmente catastrófica em 2022. Mas até agora este ano, o estado conseguiu evitar o tipo de megaincêndio que experimentou nos anos anteriores.
No ano passado, nesta época, o estado estava lutando contra o incêndio Dixie, que queimou quase 500.000 hectares - mais de 60 vezes a área do incêndio Oak - e atingiu o pico da Sierra Nevada para queimar as encostas orientais da cordilheira, um fenômeno relativamente raro.
O incêndio de Oak é de longe o maior incêndio florestal no estado até agora este ano, superando o incêndio de Washburn, que queimou 4.900 acres, de acordo com uma contagem do Cal Fire. No entanto, julho ainda está no início da tradicional temporada de incêndios do estado, que vai do verão até o outono do Hemisfério Norte, quando aumenta a ameaça de incêndios florestais potencialmente mais letais causados pelo vento.
As florestas da Califórnia sempre queimaram durante os meses secos. Mas uma combinação de temperaturas crescentes devido às mudanças climáticas e uma abundância de vegetação inflamável – incluindo dezenas de milhões de árvores que foram mortas durante uma seca anterior há uma década – tornaram as florestas do estado particularmente vulneráveis ao fogo. Cerca de 60% da área territorial do estado é classificada pelo governo federal como de seca extrema.
“Também temos alta mortalidade de árvores no município de Mariposa, muitas árvores mortas em pé, muitas árvores mortas no chão. Isso, aliado à topografia da área, que é íngreme em muitos lugares, está levando a um comportamento extremo de incêndio”, disse Jonathan Pierce, porta-voz do corpo de bombeiros.
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Temperaturas altas por mais tempo
O calor intenso também é sentindo nos estados centrais do país, como Kansas, Oklahoma e Missouri, que registraram temperaturas próximas a 40ºC. Os serviços meteorológicos estão prevendo prováveis novos recordes de calor em cidades da costa do Pacífico dos EUA.
As temperaturas em Portland, no estado do Oregon, podem chegar a 37,8 ºC nesta terça-feira, 26, tornando-se provavelmente o dia mais quente de uma onda de calor de uma semana para a região noroeste do Pacífico, que raramente vê tal um calor tão escaldante.
Os meteorologistas emitiram um alerta de calor excessivo para partes do estado de Oregon e Washington. As temperaturas podem atingir 32 °C em Seattle e 43,3 °C nas partes orientais de Oregon e Washington.
Embora as partes do interior dos estados geralmente sofram altas temperaturas, esse tipo de explosão de calor não acontece com tanta frequência em Portland e Seattle. “Ter períodos de cinco dias ou uma semana acima de 30 ºC é muito, muito raro para o noroeste do Pacífico”, disse Vivek Shandas, professor de adaptação climática da Portland State University.
Em resposta, o Departamento de Habitação de Portland, que supervisiona a política de habitação da cidade, exigirá que as moradias subsidiadas recém-construídas tenham ar condicionado no futuro.
Uma nova lei do Oregon exigirá que todas as novas habitações construídas após abril de 2024 tenham ar condicionado instalado em pelo menos um quarto. A lei já proíbe os proprietários, na maioria dos casos, de restringir os inquilinos de instalar dispositivos de refrigeração em suas unidades alugadas.
As medidas foram em resposta à onda de calor no final de junho e início de julho de 2021, quando cerca de 800 pessoas morreram em Oregon, Washington e Colúmbia Britânica. A temperatura subiu para 46,7 ºC em Portland e quebrou recordes de calor em cidades e vilas em toda a região. Muitos dos que morreram eram idosos e moravam sozinhos.
Embora as temperaturas desta semana não sejam tão altas, o número previsto de dias quentes consecutivos levantou preocupações entre as autoridades. “Não é nada que não tenhamos visto antes em termos de magnitude, mas a duração do evento é bastante incomum”, concorda John Bumgardner, meteorologista do escritório do Serviço Nacional de Meteorologia em Portland.
O Escritório de Gerenciamento de Emergências de Portland está abrindo centros de resfriamento em prédios públicos e instalando estações de nebulização em parques. Em Seattle, centros comunitários e bibliotecas servirão como estações de resfriamento./AFP, AP e NYT