BUENOS AIRES - O governador de Corrientes, Gustavo Valdés, declarou a província argentina como zona de catástrofe ecológica e ambiental devido aos incêndios que já afetaram mais de 785 mil hectares, quase 9% do território, e afirmou que o prejuízo se aproximava de superar a marca de 40 bilhões de pesos (cerca de R$ 1,9 bilhão).
"A situação é de desespero. A única coisa que pode equilibrar isso é a mudança do clima. Tem de ser a própria natureza, não podemos contê-la", analisou Valdés à Radio Mitre, no sábado, 20, ao dizer que, apesar dos recursos mobilizados, espera que a chuva ajude a retardar o avanço do fogo.
Mas o ministro do Meio Ambiente da Argentina, Juan Cabandié, comentou em comunicado que as chuvas previstas para a próxima segunda-feira são uma frente de tempestade que durará alguns dias e não é possível ter a certeza de que as condições extinguirão completamente o fogo.
Desde meados de janeiro, Corrientes tem sofrido um aumento progressivo do número de áreas queimadas que devastaram florestas nativas, florestas cultivadas, pântanos e áreas produtivas, matando animais - em uma província que estava incorporando espécies extintas - e gerando desespero e impotência entre os produtores, além de medo entre a população.
Segundo o último relatório sobre a evolução dos incêndios do Instituto Nacional de Tecnologia Agrícola (INTA), a área queimada em Corrientes - província nas fronteiras com Brasil, Paraguai e Uruguai - atingiu 785.238 hectares em 16 de fevereiro, representando 8,8% da província.
Vários vídeos compartilhados nas redeses sociais mostraram que as chamas puderam ser vistas do município de São Borja, no Rio Grande do Sul, na fronteira com a cidade argentina de Santo Tomé, na província atingida.
O ritmo de aumento da superfície afetada por queimadas aumentou em nove dias, passando de uma tendência de 20 mil hectares diários para quase 30 mil, de acordo com o relatório do INTA de 16 de fevereiro.
Em valores absolutos, as coberturas vegetais mais afetadas foram ambientes húmidos com mais de 460 mil hectares acumulados, de acordo com o INTA, entre os quais estão os pântanos e outras zonas húmidas onde a área afetada duplicou para mais de 245.110 hectares.
Nas florestas cultivadas, a área queimada aumentou quase duas vezes e meia, para 31.265 hectares, e nas florestas nativas para 28.733 hectares, de acordo com o INTA.
Incêndios nativos
Segundo o relatório diário do Serviço Nacional de Gestão de Incêndios, dez incêndios permaneciam ativos no sábado e um foi contido em Corrientes, onde 114 brigadistas trabalham, com a mobilização de cinco aviões com água, outro para observação e três helicópteros.
Ao norte de Corrientes, na Província de Misiones, seis incêndios são relatados como ativos e dois contidos - onde 34 brigadistas trabalham com dois aviões e um helicóptero. Também há outro incêndio ativo ao norte, na Província de Formosa.
Causas
Os incêndios fazem parte das mudanças climáticas e da seca intensa que afeta o país, mas tanto as autoridades - devido à prática agrícola de queimar pastagens - como o setor privado - por razões políticas - suspeitam que tenham sido intencionais.
O INTA indicou que a partir de 16 de fevereiro, em Corrientes, "a escassez de chuva e as altas temperaturas continuaram a criar as condições para a proliferação de pontos quentes e incêndios espontâneos ou intencionais". /EFE