Vários incêndios florestais provocaram angústia e levaram a evacuação de habitantes no centro e no sul do Chile, especialmente na região de Valparaíso, onde as chamas causaram uma enorme nuvem de fumaça em forma de cogumelo e ameaçaram centenas de casas em áreas turísticas como Viña del Mar. Pelo menos 19 pessoas morreram até o momento, de acordo a ministra do Interior, Carolina Tohá.
“O número de mortos é muito provisório. As vítimas fatais que confirmamos são todas da mesma região”, afirmou Tohá. “Em outras áreas do incêndio, ainda não temos dados confirmados. Até ao momento, são 19 mortos, dos quais 15 foram identificados”, acrescentou a ministra, que também reportou 92 incêndios ativos e 43 mil hectares ardidos.
O presidente chileno, Gabriel Boric, decretou “estado de emergência devido a uma catástrofe, a fim de disponibilizar todos os recursos necessários” para combater os incêndios.
Os bombeiros e o pessoal dos serviços de emergência têm lutado contra vários focos nas últimas horas, afetando não apenas Valparaíso, mas também as regiões de O’Higgins, no centro do país, e Maule, Biobío, La Araucanía e Los Lagos, no sul, informaram as autoridades.
“Nunca vi nada parecido com isso, é muito angustiante porque evacuamos a casa, mas não podemos seguir em frente, todos (as pessoas) estão tentando sair e é impossível se mover”, disse à AFP Yvonne Guzman, uma administradora de 63 anos que deixou sua casa em Quilpué, uma comuna a cerca de 90 km a noroeste de Santiago.
Quatro horas após evacuar sua casa sob “uma nuvem de cinzas”, ele mal havia progredido em uma estrada desmoronada em meio a pessoas que tentavam escapar das chamas.
O presidente Gabriel Boric escreveu em sua conta na rede social X, o antigo Twitter, que todas as “forças estão mobilizadas na luta contra os incêndios florestais nas regiões central e sul do país”.
O presidente confirmou que o Comitê de Gestão de Risco de Desastres (Cogrid) será convocado para oferecer os primeiros balanços dos danos e das pessoas afetadas por uma série de incêndios que se espalharam ferozmente em questão de horas na tarde de sexta-feira devido às condições extremas de calor.
Em La Estrella e Navidad, cerca de 200 km a sudoeste de Santiago, outros incêndios não controlados queimaram 27 casas, segundo as autoridades, forçando a evacuação de várias áreas povoadas próximas ao resort de surfe de Pichilemu.
Montanhas e colinas também queimaram no final da Rota 68, de onde milhares de turistas partiram na sexta-feira para as praias do Pacífico, de acordo com imagens virais nas mídias sociais tiradas por pessoas presas nas estradas alternativas totalmente destruídas.
Encurralados
Depois de mais de quatro horas presa no trânsito em uma estrada alternativa à rodovia que atravessa vinhedos e fazendas até a costa do Pacífico, Yvonne Guzman soube por mensagens de vizinhos que sua casa havia sido incendiada.
“Estamos presos e não podemos nos mover”, disse ela do veículo com seu marido e sua sogra de 90 anos.
“Fomos alertados por telefone celular e, em seguida, uma chuva de cinzas incandescentes começou a cair”, disse ela por telefone de seu veículo.
Desde quarta-feira, as temperaturas têm se aproximado dos 40 graus Celsius na região central do Chile, onde fica Santiago, aumentando o risco de incêndios florestais.
Na tarde de sexta-feira, o Ministério dos Transportes decidiu interromper totalmente o tráfego devido à “visibilidade reduzida pela fumaça” na Rota 68, que vai de Santiago a Valparaíso e leva ao vale do vinho de Casablanca e ao resort à beira-mar de Viña del Mar.
“Esses eventos são cada vez mais recorrentes, e é por isso que vemos que todos os anos há registros históricos de temperatura”, disse Pablo Lobos Stephani, gerente de proteção contra incêndios da Conaf, à CNN Chile.
De acordo com especialistas, uma onda de calor com temperaturas recordes está afetando atualmente o Cone Sul da América do Sul, onde o fenômeno climático natural do El Niño está piorando devido ao aquecimento global causado pela atividade humana.
No meio do verão do sul, avisos de calor sufocante persistente estão em vigor a partir desta semana e da próxima em partes da Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil, bem como no Chile./AFP, AP e EFE