Uma poluição cinzenta tóxica que afeta o sul da Ásia adoeceu dezenas de milhares de pessoas e forçou autoridades a fecharem escolas, mercados e parques como forma de evitar mais danos à saúde das pessoas. Há dias, Lahore, no Paquistão, e Nova Délhi, na Índia, revezam o título de cidades mais poluídas do planeta.
Na quinta-feira, 9, Lahore, que é considerada capital cultural do Paquistão, anunciou que fechará durante quatro dias escolas e empresas. Os médicos aconselharam as pessoas a usarem máscaras e ficarem em casa. Moradores disseram que muitas pessoas estavam tossindo e com problemas respiratórios.
“Usar marcas e ficar em casa são as duas soluções mais fáceis para evitar ser levado às pressas para hospitais com doenças respiratórias, infecções nos olhos e doenças de pele”, disse Salman Kazmi, médico do principal Hospital Mayo de Lahore, onde milhares de pessoas estavam tratado para essas doenças esta semana. Na quinta-feira, na cidade, a concentração de PM 2,5, ou minúsculo material particulado, no ar aproximou-se de 450, considerado perigoso.
Da mesma forma, também na quinta-feira, Nova Délhi registou concentrações de partículas PM 2,5, de até 416 microgramas por metro cúbico de ar, segundo a empresa suíça IQAir, um nível de poluição mais de trinta vezes superior ao limite estabelecido pela OMS. A situação começou a piorar há uma semana, quando o nível de partículas PM 2,5 aumentou 68% em um único dia.
Especialistas dizem que a queima de resíduos agrícolas na colheita de arroz é uma das principais causas da poluição. O aumento da poluição ocorre todos os invernos nesta época, devido a uma série de fatores, incluindo a queima de restolho nos estados vizinhos de Nova Délhi. Uma prática que tem sido denunciada pelas autoridades do vizinho Paquistão como responsável por grande parte do aumento de poluição.
Este ano, o pico da temporada de queimadas parece estar ocorrendo mais tarde. A queima de normalmente ocorre durante a última semana de outubro e a primeira semana de novembro, mas dados de satélite da Nasa mostraram que a atividade dos incêndios estava excepcionalmente calma no final de outubro. Uma das razões poderá ser o fato de as chuvas das monções terem chegado mais tarde, o que fez com que os agricultores adiassem a colheita do arroz e, subsequentemente, a época das queimadas.
Os incêndios agrícolas somam-se a uma série de outras fontes perigosas de poluição na área, incluindo veículos, atividades industriais e incêndios para aquecimento e cozinha. A poeira vinda do deserto de Thar, a oeste, também pode poluir o céu.
Por esse aumento da poluição, as autoridades indianas reagiram impondo uma série progressiva de restrições, incluindo a imposição de limites temporários ao tráfego de veículos e até um plano ainda não implementado para fazer chover artificialmente na capital, na esperança de que os níveis de poluição diminuam.
“Estas ações não são suficientes para responder à crise que enfrentamos atualmente”, lamentou Shambhavi Shukla, do Centro Indiano de Ciência e Meio Ambiente (CSE)./EFE, WP e AP.