Inflação recorde nos EUA beneficia Partido Republicano em eleição legislativa


Fantasma da recessão assusta o eleitor que decide na terça-feira quem terá o controle do Congresso

Por Luciana Rosa, Especial para o Estadão
Atualização:

ESPECIAL PARA O ESTADÃO / NOVA YORK - Os Estados Unidos chegam às eleições de meio mandato com a maior inflação dos últimos 40 anos. São 8,2% nos últimos 12 meses, segundo dados oficiais. A situação é pior com os alimentos, que aumentaram 11,2% e a energia que subiu 19,8%. O fantasma da recessão assusta o eleitor que decide na terça-feira quem terá o controle do Congresso.

Como o voto não é obrigatório, muitos podem se sentir motivados a ir às urnas como resposta ao descontentamento com um governo que parece não controlar as consequências econômicas da pandemia e da guerra na Ucrânia.

Segundo pesquisa da Universidade de Chicago, a inflação lidera a lista de preocupações dos jovens. Para 24% deles, ela é o problema mais importante. Crescimento econômico, desigualdade e meio ambiente, todos empatam em segundo lugar, com 6% cada.

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Cerca de 78% dos americanos classificam as condições econômicas do país como “pobres” ou “muito ruins”, de acordo com uma pesquisa realizada pelo SSRS para a CNN em setembro e outubro.

Com o debate dominado pela economia, os republicanos chegam com vantagem. Metade dos americanos diz que as políticas do presidente Joe Biden pioraram a vida, apenas 32% aprovam suas medidas contra a inflação.

Votação antecipada para eleições legislativas americanas na High School of Art and Design, em NY  Foto: Luciana Rosa/Estadão Conteúdo
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Crise Global

O professor da Universidade de Northwestern, Alvin Tillery, especialista em política, também acredita que a inflação seja o fator mais importante na hora do voto. “É um problema global, mas não acho que os democratas tenham feito um trabalho forte quanto a isso”, disse. “Biden teria falhado em comunicar que parte da responsabilidade é do presidente russo, Vladimir Putin.”

Para Tillery, os democratas erram em deixar claro que a questão foge do controle dos EUA. “Não acho que eles tenham feito um bom trabalho de comunicação”, analisa Tillery, apesar de o problema afetar vários países do mundo.

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Com isso, mesmo não tendo planos concretos para conter a inflação, os republicanos se beneficiam simplesmente pelo fato de serem a oposição, diz Tillery. “A política não é apenas sobre o que você conquistou, mas também sobre o que seus oponentes estão oferecendo”, afirmou.

Para Mark Hamrick, analista da consultora Bankrate, “os republicanos são vistos como mais competentes” em temas econômicos. ”O que os democratas deveriam estar fazendo é uma combinação do que Barack Obama fez, dizendo às pessoas que estamos diante de um panorama ruim, mas que o outro lado não tem soluções para resolver esses problemas”, disse.

A lei de redução da inflação, aprovada pelos democratas no Congresso em agosto, é uma medida que não deve reduzir os números da inflação no curto prazo e influenciar os votos. Para Bankrate, Biden apostou em conter a inflação reduzindo o déficit, diminuindo os preços dos medicamentos e investindo na produção de energia limpa, o que pode ter um impacto apenas no longo prazo.

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“Nós vimos um declínio nos preços da gasolina, mas isso não é suficiente para derrubar a inflação em geral”, pondera Mark. “Os eleitores estão fazendo esses julgamentos e vamos ver como fica.”

Supermercado no bairro do Queens, em NY: preço dos alimentos tem subido nos EUA  Foto: Hiroko Masuike/The New York Times

Mudança

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Por isso, a resposta do eleitor é a mudança. Seguindo o clima eleitoral, essa cacofonia desestimula os eleitores democratas, além de inflar os indecisos e descontentes com a atual situação. Como Justin Williams, funcionário público do Estado de Nova York, que foi votar na High School of Art and Design, na quarta-feira.

Ele é filiado ao Partido Republicano e espera que a inflação influencie o resultado. “Espero que o candidato republicano para o governo estadual ganhe, porque isso seria ótimo para o Estado de Nova York.”

Outros eleitores ouvidos pela reportagem incluem a criminalidade em sua lista de preocupações. Como o investidor de ações Louis Basile, de 61 anos. “O que mais influencia o meu voto é o crime em Nova York, que está fora de controle.”

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O casal, Diane e Robert, que acabava de depositar seu voto, também aponta o aumento da criminalidade como fator motivador de sua escolha eleitoral, mais do que os números da inflação. Apesar de admitir que a economia não está em seu melhor momento. “Terrível! Os gastos, a economia, e é hora de uma mudança”, enfatiza Robert.

Alguns eleitores, no entanto, culpam o ex-presidente Donald Trump pela crise. Rachel Anderson disse que a inflação não influenciou seu voto. “Estamos saindo de um período muito longo de agitação por causa da pandemia e precisamos ponderar.” Para ela, o governo acaba de aprovar medidas para ajudar as pessoas que realmente precisam de um alívio. “As pessoas acreditam no que quiserem. Mas foram os problemas do último governo que nos colocaram aqui”, disse. “Só se passaram dois anos. Precisamos de um mandato completo para resolver isso.”

ESPECIAL PARA O ESTADÃO / NOVA YORK - Os Estados Unidos chegam às eleições de meio mandato com a maior inflação dos últimos 40 anos. São 8,2% nos últimos 12 meses, segundo dados oficiais. A situação é pior com os alimentos, que aumentaram 11,2% e a energia que subiu 19,8%. O fantasma da recessão assusta o eleitor que decide na terça-feira quem terá o controle do Congresso.

Como o voto não é obrigatório, muitos podem se sentir motivados a ir às urnas como resposta ao descontentamento com um governo que parece não controlar as consequências econômicas da pandemia e da guerra na Ucrânia.

Segundo pesquisa da Universidade de Chicago, a inflação lidera a lista de preocupações dos jovens. Para 24% deles, ela é o problema mais importante. Crescimento econômico, desigualdade e meio ambiente, todos empatam em segundo lugar, com 6% cada.

Cerca de 78% dos americanos classificam as condições econômicas do país como “pobres” ou “muito ruins”, de acordo com uma pesquisa realizada pelo SSRS para a CNN em setembro e outubro.

Com o debate dominado pela economia, os republicanos chegam com vantagem. Metade dos americanos diz que as políticas do presidente Joe Biden pioraram a vida, apenas 32% aprovam suas medidas contra a inflação.

Votação antecipada para eleições legislativas americanas na High School of Art and Design, em NY  Foto: Luciana Rosa/Estadão Conteúdo

Crise Global

O professor da Universidade de Northwestern, Alvin Tillery, especialista em política, também acredita que a inflação seja o fator mais importante na hora do voto. “É um problema global, mas não acho que os democratas tenham feito um trabalho forte quanto a isso”, disse. “Biden teria falhado em comunicar que parte da responsabilidade é do presidente russo, Vladimir Putin.”

Para Tillery, os democratas erram em deixar claro que a questão foge do controle dos EUA. “Não acho que eles tenham feito um bom trabalho de comunicação”, analisa Tillery, apesar de o problema afetar vários países do mundo.

Com isso, mesmo não tendo planos concretos para conter a inflação, os republicanos se beneficiam simplesmente pelo fato de serem a oposição, diz Tillery. “A política não é apenas sobre o que você conquistou, mas também sobre o que seus oponentes estão oferecendo”, afirmou.

Para Mark Hamrick, analista da consultora Bankrate, “os republicanos são vistos como mais competentes” em temas econômicos. ”O que os democratas deveriam estar fazendo é uma combinação do que Barack Obama fez, dizendo às pessoas que estamos diante de um panorama ruim, mas que o outro lado não tem soluções para resolver esses problemas”, disse.

A lei de redução da inflação, aprovada pelos democratas no Congresso em agosto, é uma medida que não deve reduzir os números da inflação no curto prazo e influenciar os votos. Para Bankrate, Biden apostou em conter a inflação reduzindo o déficit, diminuindo os preços dos medicamentos e investindo na produção de energia limpa, o que pode ter um impacto apenas no longo prazo.

“Nós vimos um declínio nos preços da gasolina, mas isso não é suficiente para derrubar a inflação em geral”, pondera Mark. “Os eleitores estão fazendo esses julgamentos e vamos ver como fica.”

Supermercado no bairro do Queens, em NY: preço dos alimentos tem subido nos EUA  Foto: Hiroko Masuike/The New York Times

Mudança

Por isso, a resposta do eleitor é a mudança. Seguindo o clima eleitoral, essa cacofonia desestimula os eleitores democratas, além de inflar os indecisos e descontentes com a atual situação. Como Justin Williams, funcionário público do Estado de Nova York, que foi votar na High School of Art and Design, na quarta-feira.

Ele é filiado ao Partido Republicano e espera que a inflação influencie o resultado. “Espero que o candidato republicano para o governo estadual ganhe, porque isso seria ótimo para o Estado de Nova York.”

Outros eleitores ouvidos pela reportagem incluem a criminalidade em sua lista de preocupações. Como o investidor de ações Louis Basile, de 61 anos. “O que mais influencia o meu voto é o crime em Nova York, que está fora de controle.”

O casal, Diane e Robert, que acabava de depositar seu voto, também aponta o aumento da criminalidade como fator motivador de sua escolha eleitoral, mais do que os números da inflação. Apesar de admitir que a economia não está em seu melhor momento. “Terrível! Os gastos, a economia, e é hora de uma mudança”, enfatiza Robert.

Alguns eleitores, no entanto, culpam o ex-presidente Donald Trump pela crise. Rachel Anderson disse que a inflação não influenciou seu voto. “Estamos saindo de um período muito longo de agitação por causa da pandemia e precisamos ponderar.” Para ela, o governo acaba de aprovar medidas para ajudar as pessoas que realmente precisam de um alívio. “As pessoas acreditam no que quiserem. Mas foram os problemas do último governo que nos colocaram aqui”, disse. “Só se passaram dois anos. Precisamos de um mandato completo para resolver isso.”

ESPECIAL PARA O ESTADÃO / NOVA YORK - Os Estados Unidos chegam às eleições de meio mandato com a maior inflação dos últimos 40 anos. São 8,2% nos últimos 12 meses, segundo dados oficiais. A situação é pior com os alimentos, que aumentaram 11,2% e a energia que subiu 19,8%. O fantasma da recessão assusta o eleitor que decide na terça-feira quem terá o controle do Congresso.

Como o voto não é obrigatório, muitos podem se sentir motivados a ir às urnas como resposta ao descontentamento com um governo que parece não controlar as consequências econômicas da pandemia e da guerra na Ucrânia.

Segundo pesquisa da Universidade de Chicago, a inflação lidera a lista de preocupações dos jovens. Para 24% deles, ela é o problema mais importante. Crescimento econômico, desigualdade e meio ambiente, todos empatam em segundo lugar, com 6% cada.

Cerca de 78% dos americanos classificam as condições econômicas do país como “pobres” ou “muito ruins”, de acordo com uma pesquisa realizada pelo SSRS para a CNN em setembro e outubro.

Com o debate dominado pela economia, os republicanos chegam com vantagem. Metade dos americanos diz que as políticas do presidente Joe Biden pioraram a vida, apenas 32% aprovam suas medidas contra a inflação.

Votação antecipada para eleições legislativas americanas na High School of Art and Design, em NY  Foto: Luciana Rosa/Estadão Conteúdo

Crise Global

O professor da Universidade de Northwestern, Alvin Tillery, especialista em política, também acredita que a inflação seja o fator mais importante na hora do voto. “É um problema global, mas não acho que os democratas tenham feito um trabalho forte quanto a isso”, disse. “Biden teria falhado em comunicar que parte da responsabilidade é do presidente russo, Vladimir Putin.”

Para Tillery, os democratas erram em deixar claro que a questão foge do controle dos EUA. “Não acho que eles tenham feito um bom trabalho de comunicação”, analisa Tillery, apesar de o problema afetar vários países do mundo.

Com isso, mesmo não tendo planos concretos para conter a inflação, os republicanos se beneficiam simplesmente pelo fato de serem a oposição, diz Tillery. “A política não é apenas sobre o que você conquistou, mas também sobre o que seus oponentes estão oferecendo”, afirmou.

Para Mark Hamrick, analista da consultora Bankrate, “os republicanos são vistos como mais competentes” em temas econômicos. ”O que os democratas deveriam estar fazendo é uma combinação do que Barack Obama fez, dizendo às pessoas que estamos diante de um panorama ruim, mas que o outro lado não tem soluções para resolver esses problemas”, disse.

A lei de redução da inflação, aprovada pelos democratas no Congresso em agosto, é uma medida que não deve reduzir os números da inflação no curto prazo e influenciar os votos. Para Bankrate, Biden apostou em conter a inflação reduzindo o déficit, diminuindo os preços dos medicamentos e investindo na produção de energia limpa, o que pode ter um impacto apenas no longo prazo.

“Nós vimos um declínio nos preços da gasolina, mas isso não é suficiente para derrubar a inflação em geral”, pondera Mark. “Os eleitores estão fazendo esses julgamentos e vamos ver como fica.”

Supermercado no bairro do Queens, em NY: preço dos alimentos tem subido nos EUA  Foto: Hiroko Masuike/The New York Times

Mudança

Por isso, a resposta do eleitor é a mudança. Seguindo o clima eleitoral, essa cacofonia desestimula os eleitores democratas, além de inflar os indecisos e descontentes com a atual situação. Como Justin Williams, funcionário público do Estado de Nova York, que foi votar na High School of Art and Design, na quarta-feira.

Ele é filiado ao Partido Republicano e espera que a inflação influencie o resultado. “Espero que o candidato republicano para o governo estadual ganhe, porque isso seria ótimo para o Estado de Nova York.”

Outros eleitores ouvidos pela reportagem incluem a criminalidade em sua lista de preocupações. Como o investidor de ações Louis Basile, de 61 anos. “O que mais influencia o meu voto é o crime em Nova York, que está fora de controle.”

O casal, Diane e Robert, que acabava de depositar seu voto, também aponta o aumento da criminalidade como fator motivador de sua escolha eleitoral, mais do que os números da inflação. Apesar de admitir que a economia não está em seu melhor momento. “Terrível! Os gastos, a economia, e é hora de uma mudança”, enfatiza Robert.

Alguns eleitores, no entanto, culpam o ex-presidente Donald Trump pela crise. Rachel Anderson disse que a inflação não influenciou seu voto. “Estamos saindo de um período muito longo de agitação por causa da pandemia e precisamos ponderar.” Para ela, o governo acaba de aprovar medidas para ajudar as pessoas que realmente precisam de um alívio. “As pessoas acreditam no que quiserem. Mas foram os problemas do último governo que nos colocaram aqui”, disse. “Só se passaram dois anos. Precisamos de um mandato completo para resolver isso.”

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