As informações dadas pelos militares sobre o paradeiro dos prisioneiros políticos desaparecidos durante a ditadura do general Augusto Pinochet não têm servido para encontrar os restos de nenhum dissidente, afirmaram nesta quinta-feira familiares das vítimas. Viviana Díaz, presidente do Grupo de Familiares de Detidos Desaparecidos, solicitou nesta quinta ao presidente Ricardo Lagos que peça à Marinha novas informações para encontrar seis dirigentes do Partido Comunista enterrados em 1976 em Cuesta Barriga, uma zona montanhosa 37 km a noroeste de Santiago. Em 5 de janeiro, as Forças Armadas entregaram a Lagos um informe com o paradeiro de 200 desaparecidos, dos quais, segundo os militares, 151 foram lançados ao mar, 20 enterrados no interior do Forte Arteaga, do Exército, seis em Cuesta Barriga e o restante em fossas clandestinas. A única informação completa, com nomes dos enterrados e coordenadas precisas, é o da costa montanhosa, onde o juiz especial Héctor CarreÏo ordenou a escavação de grandes fossas e drenagens no local - sem êxito. "Hoje completam-se 20 dias sem a obtenção de nenhum resultado, embora acreditemos que haja esforços... confiamos no trabalho do juiz", acrescentou Díaz, cujo pai foi lançado ao mar. "Creio que a maldade humana não pode chegar ao limite de que a informação seja mentirosa", declarou Estela Ortiz, cujo pai foi enterrado em Cuesta Barriga. O marido de Ortiz, o sociólogo comunista José Manuel Parada, foi degolado em 1985 por um grupo de policiais.