TEERÃ - As Forças Armadas dos EUA estão reposicionando seus recursos e deslocando forças adicionais para o Oriente Médio e Europa para se defenderem de um possível ataque do Irã contra Israel, informaram autoridades americanas.
O secretário de Defesa, Lloyd Austin, ordenou o envio de mais destroieres e cruzadores da Marinha, ambos com capacidade ofensiva e defensiva contra mísseis balísticos, enquanto o Pentágono também toma medidas para reforçar a defesa contra mísseis terrestres, disse Sabrina Singh, porta-voz do Pentágono, em um comunicado na noite de sexta-feira.
Um esquadrão adicional de jatos de combate também será enviado ao Oriente Médio para reforçar o apoio aéreo defensivo, disse ela. A declaração não identificou quais embarcações e unidades estarão envolvidas, mas diz que elas serão adicionadas à “ampla gama de capacidades que o exército dos EUA mantém na região”.
Austin também ordenou o envio do porta-aviões USS Abraham Lincoln e seus navios de escolta associados para garantir que um porta-aviões permaneça na região, disse Singh.
Outro porta-aviões, o USS Theodore Roosevelt, estava no Golfo de Omã na sexta-feira e acompanhado por vários outros navios de guerra depois de terem saído recentemente do Golfo Pérsico, disse uma autoridade dos EUA, falando sob condição de anonimato. A mudança deixa em aberto a possibilidade de que eles se desloquem para Israel se navegarem para o oeste, ao redor do Iêmen, em direção ao Mar Vermelho.
Os movimentos ocorrem depois que o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, e o líder do Hezbollah, Hasan Nasrallah, prometeram retaliar após o assassinato, nesta semana, de Ismail Haniyeh, líder político do grupo terrorista Hamas morto em Teerã, e de um comandante do Hezbollah, Fuad Shukr, apontado como responsável pela ofensiva que matou 12 crianças nas Colinas do Golã. Mas não mencionou Ismail Haniyeh.
Tanto o grupo terrorista como o governo iraniano culparam Israel, que não confirma nem nega o envolvimento no ataque.
Mais sobre o conflito árabe-israelense
Haniyeh foi assassinado em um ataque em uma residência de hóspedes em Teerã, dentro de um complexo militar protegido pela famosa Guarda Revolucionária Islâmica do país. Israel não reivindicou a responsabilidade, mas as autoridades dos EUA reconhecem, em privado, que o país está por trás do assassinato. Washington não foi informado previamente sobre a operação e não teve nenhum papel nela, disseram as autoridades.
Shukr foi morto em um ataque aéreo israelense em um subúrbio de Beirute, em retaliação a um ataque no último fim de semana nas Colinas de Golã, ocupadas por Israel, que matou várias crianças enquanto brincavam em um campo de futebol.
Os eventos deixaram a região mais próxima de um conflito total do que talvez em qualquer outro momento desde o início da guerra em Gaza, há 10 meses, após o sangrento ataque terrorista transfronteiriço do Hamas.
O Hamas em Gaza, o Hezbollah no Líbano, os Houthis no Iêmen e um grupo de milícias no Iraque e na Síria recebem armas e treinamento do Irã, parte de uma vasta rede anti-Israel e anti-EUA que Teerã vem apoiando há anos.
As autoridades americanas pouco haviam revelado até a noite de sexta-feira sobre como estavam se preparando para a possibilidade de um ataque, mas a Casa Branca disse que o presidente Joe Biden havia conversado com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, e afirmado seu compromisso com a segurança israelense “contra todas as ameaças do Irã, incluindo seus grupos terroristas aliados, como Hamas, Hezbollah e os Houthis”.
“O presidente discutiu os esforços para apoiar a defesa de Israel contra ameaças, inclusive contra mísseis balísticos e drones, para incluir novos destacamentos militares defensivos dos EUA”, disse uma breve declaração resumindo a ligação dos dois líderes.
O recente derramamento de sangue ocorre após um amplo ataque de drones e mísseis do Irã contra Israel em abril, no qual os militares dos EUA intervieram, derrubando vários drones e mísseis enquanto as forças israelenses interceptavam outros.
O Irã lançou esse ataque depois que um bobmardeio aéreo israelense a um complexo diplomático iraniano na Síria matou dois generais iranianos e outros militares iranianos.
“Como temos demonstrado desde outubro e novamente em abril, a defesa global dos Estados Unidos é dinâmica e o Departamento de Defesa mantém a capacidade de se posicionar em curto prazo para enfrentar as ameaças à segurança nacional em evolução”, disse Singh em sua declaração na sexta-feira. “Os Estados Unidos também permanecem intensamente focados em diminuir as tensões na região e pressionar por um cessar-fogo como parte de um acordo de reféns para trazer os reféns para casa e acabar com a guerra em Gaza.”
Entre as opções disponíveis para ajudar estão os jatos de combate a bordo do Theodore Roosevelt e os destróieres navais próximos, incluindo o USS Daniel Inouye, USS Russell, USS Cole, USS Laboon e USS Michael Murphy.
O destróier USS John S. McCain também está na região, permanecendo no Golfo Pérsico enquanto os outros navios de guerra americanos se deslocam, disse o funcionário dos EUA familiarizado com o reposicionamento.
Cinco outros navios de guerra dos EUA estão no leste do Mar Mediterrâneo e podem ajudar Israel se forem solicitados. Eles incluem o USS Wasp, o USS Oak Hill, o USS New York, o USS Bulkeley e o USS Roosevelt.
O Bulkeley e o Roosevelt são destróieres com capacidade de mísseis balísticos ofensivos e defensivos, enquanto os outros três formam o Wasp Amphibious Ready Group, uma equipe de três navios com mais de 4.000 fuzileiros navais e marinheiros dos EUA, que inclui caças do Corpo de Fuzileiros Navais, um batalhão de infantaria e outras forças de combate da 24ª Unidade Expedicionária de Fuzileiros Navais.