Irã escolhe novo presidente, que será peça-chave para reviver acordo nuclear 


Pacto foi alcançado em 2015 em parte pela moderação do atual chefe de Estado, mas candidato favorito, Ebrahim Raisi, não demonstra simpatia pelos EUA; comparecimento às urnas deve ser baixo em razão da apatia do eleitorado 

Por Redação

TEERÃ - Os iranianos vão às urnas nesta sexta-feira, 18, para escolher um novo presidente de uma lista de candidatos aprovada pelo regime. A disputa, que está praticamente definida, ocorre ao mesmo tempo em que diplomatas intensificam os esforços para ressuscitar o acordo nuclear de 2015, em negociações com os EUA.

O acordo, que suspendeu as sanções ao Irã, foi alcançado em parte pela relativa moderação do atual presidente iraniano, Hassan Rohani, que deixa o cargo após oito anos. Nas eleições de hoje, o favorito é o linha-dura Ebrahim Raisi, chefe do Judiciário, que deve consolidar os conservadores no poder.

Raisi pretende recolocar o Irã no acordo nuclear para aproveitar seus benefícios econômicos. Mas, como ele já fez declarações beligerantes contra os EUA, parece improvável uma maior cooperação com o Ocidente. “Certamente não é tão complexo quanto esboçar um acordo do zero, que foi o que fizeram em 2015”, disse Henry Rome, analista do Eurasia Group. “Mas ainda há muitos detalhes que precisam ser resolvidos.”

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Jovem caminha em rua de Teerã: dos 59 milhões eleitores, espera-se que menos da metade compareça às urnas nas eleições presidenciais Foto: Abedin Taherkenareh/EFE

Desde que o presidente Joe Biden assumiu o cargo, os americanos têm trabalhado com outras potências mundiais para revitalizar o acordo nas conversações em Viena. Enquanto isso, o Irã pode aumentar a pressão sobre o Ocidente, afirmam especialistas, usando mais centrífugas e aumentando o enriquecimento de urânio, por exemplo. “Os líderes iranianos podem decidir que tipo de sinal desejam enviar”, afirma Rome.

O acordo de 2015 marcou uma grande virada após anos de tensões entre o Irã e o Ocidente a respeito do programa nuclear iraniano. Teerã há muito insiste que ele tem fins pacíficos. No entanto, serviços de inteligência dos EUA e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) garantem que o Irã buscou obter armas nucleares pelo menos até 2003.

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Antes do acordo, o Irã estava enriquecendo urânio até 20% e tinha um estoque de cerca de 10 mil quilos. Essa quantidade, naquele nível de enriquecimento, reduziu o período necessário para que o país conseguisse produzir urânio suficiente para uma bomba atômica. Na época, os especialistas estimavam que o Irã precisaria de dois a três meses para chegar a esse ponto.

Pelo acordo, o Irã aceitou limitar seu enriquecimento de urânio a apenas 3,67%, o suficiente para uso em usinas nucleares e muito abaixo dos 90% necessários para fabricação de armas. O país também limitou o estoque de urânio para apenas 300 kg e se comprometeu a usar apenas 5.060 de suas centrífugas mais antigas. 

No entanto, em 20018, o então presidente dos EUA, Donald Trump, tirou os americanos do acordo e reimpôs as sanções. Desde então, o Irã quebrou todos os limites acertados no pacto. 

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Para Sanam Vakil, vice-diretor do programa de Oriente Médio e Norte da África da Chatham House, o momento é decisivo. “Acho que para a comunidade internacional – e especificamente para os EUA – colocar o programa nuclear de volta em uma caixa é fundamental”, afirmou. “É importante porque, além do acordo nuclear, os negociadores esperam, em última instância, aprofundar e fortalecer o pacto. E não há como chegar lá até que o acordo atual seja restabelecido.”

Desistências

Com a desistência, no último dia de campanha, do reformista Mohsen Mehralizadeh e do linha-dura Alireza Zakani, as eleições iranianas serão disputadas apenas por cinco candidatos. O Conselho dos Guardiões – que decide quem pode concorrer – tinha rejeitado mais de 600 candidaturas. 

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As seleções do conselho provocaram criticas por desqualificar várias figuras importantes associadas a facções centristas ou reformistas, incluindo Ali Larijani, ex-presidente do Parlamento e negociador nuclear.

Pesquisas recentes estimam um comparecimento eleitoral historicamente baixo na eleição de hoje – de apenas 42% dos 59 milhões de eleitores. Os iranianos estão exaustos de anos de turbulência política, dificuldades econômicas e do aumento dos casos de coronavírus, e é quase certo que essa demonstração de apatia beneficie Raisi, um clérigo ultraconservador que já era o nome preferido do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, desde 2017, quando disputou o cargo contra Rohani.

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Em entrevista coletiva, o ministro do Interior do Irã admitiu ontem que a eleição não é uma disputa real. “A competição real nas eleições não é muito séria, considerando as ações do Conselho dos Guardiões”, afirmou Abdolreza Rahmani Fazli. / AP e WP

TEERÃ - Os iranianos vão às urnas nesta sexta-feira, 18, para escolher um novo presidente de uma lista de candidatos aprovada pelo regime. A disputa, que está praticamente definida, ocorre ao mesmo tempo em que diplomatas intensificam os esforços para ressuscitar o acordo nuclear de 2015, em negociações com os EUA.

O acordo, que suspendeu as sanções ao Irã, foi alcançado em parte pela relativa moderação do atual presidente iraniano, Hassan Rohani, que deixa o cargo após oito anos. Nas eleições de hoje, o favorito é o linha-dura Ebrahim Raisi, chefe do Judiciário, que deve consolidar os conservadores no poder.

Raisi pretende recolocar o Irã no acordo nuclear para aproveitar seus benefícios econômicos. Mas, como ele já fez declarações beligerantes contra os EUA, parece improvável uma maior cooperação com o Ocidente. “Certamente não é tão complexo quanto esboçar um acordo do zero, que foi o que fizeram em 2015”, disse Henry Rome, analista do Eurasia Group. “Mas ainda há muitos detalhes que precisam ser resolvidos.”

Jovem caminha em rua de Teerã: dos 59 milhões eleitores, espera-se que menos da metade compareça às urnas nas eleições presidenciais Foto: Abedin Taherkenareh/EFE

Desde que o presidente Joe Biden assumiu o cargo, os americanos têm trabalhado com outras potências mundiais para revitalizar o acordo nas conversações em Viena. Enquanto isso, o Irã pode aumentar a pressão sobre o Ocidente, afirmam especialistas, usando mais centrífugas e aumentando o enriquecimento de urânio, por exemplo. “Os líderes iranianos podem decidir que tipo de sinal desejam enviar”, afirma Rome.

O acordo de 2015 marcou uma grande virada após anos de tensões entre o Irã e o Ocidente a respeito do programa nuclear iraniano. Teerã há muito insiste que ele tem fins pacíficos. No entanto, serviços de inteligência dos EUA e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) garantem que o Irã buscou obter armas nucleares pelo menos até 2003.

Antes do acordo, o Irã estava enriquecendo urânio até 20% e tinha um estoque de cerca de 10 mil quilos. Essa quantidade, naquele nível de enriquecimento, reduziu o período necessário para que o país conseguisse produzir urânio suficiente para uma bomba atômica. Na época, os especialistas estimavam que o Irã precisaria de dois a três meses para chegar a esse ponto.

Pelo acordo, o Irã aceitou limitar seu enriquecimento de urânio a apenas 3,67%, o suficiente para uso em usinas nucleares e muito abaixo dos 90% necessários para fabricação de armas. O país também limitou o estoque de urânio para apenas 300 kg e se comprometeu a usar apenas 5.060 de suas centrífugas mais antigas. 

No entanto, em 20018, o então presidente dos EUA, Donald Trump, tirou os americanos do acordo e reimpôs as sanções. Desde então, o Irã quebrou todos os limites acertados no pacto. 

Para Sanam Vakil, vice-diretor do programa de Oriente Médio e Norte da África da Chatham House, o momento é decisivo. “Acho que para a comunidade internacional – e especificamente para os EUA – colocar o programa nuclear de volta em uma caixa é fundamental”, afirmou. “É importante porque, além do acordo nuclear, os negociadores esperam, em última instância, aprofundar e fortalecer o pacto. E não há como chegar lá até que o acordo atual seja restabelecido.”

Desistências

Com a desistência, no último dia de campanha, do reformista Mohsen Mehralizadeh e do linha-dura Alireza Zakani, as eleições iranianas serão disputadas apenas por cinco candidatos. O Conselho dos Guardiões – que decide quem pode concorrer – tinha rejeitado mais de 600 candidaturas. 

As seleções do conselho provocaram criticas por desqualificar várias figuras importantes associadas a facções centristas ou reformistas, incluindo Ali Larijani, ex-presidente do Parlamento e negociador nuclear.

Pesquisas recentes estimam um comparecimento eleitoral historicamente baixo na eleição de hoje – de apenas 42% dos 59 milhões de eleitores. Os iranianos estão exaustos de anos de turbulência política, dificuldades econômicas e do aumento dos casos de coronavírus, e é quase certo que essa demonstração de apatia beneficie Raisi, um clérigo ultraconservador que já era o nome preferido do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, desde 2017, quando disputou o cargo contra Rohani.

Em entrevista coletiva, o ministro do Interior do Irã admitiu ontem que a eleição não é uma disputa real. “A competição real nas eleições não é muito séria, considerando as ações do Conselho dos Guardiões”, afirmou Abdolreza Rahmani Fazli. / AP e WP

TEERÃ - Os iranianos vão às urnas nesta sexta-feira, 18, para escolher um novo presidente de uma lista de candidatos aprovada pelo regime. A disputa, que está praticamente definida, ocorre ao mesmo tempo em que diplomatas intensificam os esforços para ressuscitar o acordo nuclear de 2015, em negociações com os EUA.

O acordo, que suspendeu as sanções ao Irã, foi alcançado em parte pela relativa moderação do atual presidente iraniano, Hassan Rohani, que deixa o cargo após oito anos. Nas eleições de hoje, o favorito é o linha-dura Ebrahim Raisi, chefe do Judiciário, que deve consolidar os conservadores no poder.

Raisi pretende recolocar o Irã no acordo nuclear para aproveitar seus benefícios econômicos. Mas, como ele já fez declarações beligerantes contra os EUA, parece improvável uma maior cooperação com o Ocidente. “Certamente não é tão complexo quanto esboçar um acordo do zero, que foi o que fizeram em 2015”, disse Henry Rome, analista do Eurasia Group. “Mas ainda há muitos detalhes que precisam ser resolvidos.”

Jovem caminha em rua de Teerã: dos 59 milhões eleitores, espera-se que menos da metade compareça às urnas nas eleições presidenciais Foto: Abedin Taherkenareh/EFE

Desde que o presidente Joe Biden assumiu o cargo, os americanos têm trabalhado com outras potências mundiais para revitalizar o acordo nas conversações em Viena. Enquanto isso, o Irã pode aumentar a pressão sobre o Ocidente, afirmam especialistas, usando mais centrífugas e aumentando o enriquecimento de urânio, por exemplo. “Os líderes iranianos podem decidir que tipo de sinal desejam enviar”, afirma Rome.

O acordo de 2015 marcou uma grande virada após anos de tensões entre o Irã e o Ocidente a respeito do programa nuclear iraniano. Teerã há muito insiste que ele tem fins pacíficos. No entanto, serviços de inteligência dos EUA e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) garantem que o Irã buscou obter armas nucleares pelo menos até 2003.

Antes do acordo, o Irã estava enriquecendo urânio até 20% e tinha um estoque de cerca de 10 mil quilos. Essa quantidade, naquele nível de enriquecimento, reduziu o período necessário para que o país conseguisse produzir urânio suficiente para uma bomba atômica. Na época, os especialistas estimavam que o Irã precisaria de dois a três meses para chegar a esse ponto.

Pelo acordo, o Irã aceitou limitar seu enriquecimento de urânio a apenas 3,67%, o suficiente para uso em usinas nucleares e muito abaixo dos 90% necessários para fabricação de armas. O país também limitou o estoque de urânio para apenas 300 kg e se comprometeu a usar apenas 5.060 de suas centrífugas mais antigas. 

No entanto, em 20018, o então presidente dos EUA, Donald Trump, tirou os americanos do acordo e reimpôs as sanções. Desde então, o Irã quebrou todos os limites acertados no pacto. 

Para Sanam Vakil, vice-diretor do programa de Oriente Médio e Norte da África da Chatham House, o momento é decisivo. “Acho que para a comunidade internacional – e especificamente para os EUA – colocar o programa nuclear de volta em uma caixa é fundamental”, afirmou. “É importante porque, além do acordo nuclear, os negociadores esperam, em última instância, aprofundar e fortalecer o pacto. E não há como chegar lá até que o acordo atual seja restabelecido.”

Desistências

Com a desistência, no último dia de campanha, do reformista Mohsen Mehralizadeh e do linha-dura Alireza Zakani, as eleições iranianas serão disputadas apenas por cinco candidatos. O Conselho dos Guardiões – que decide quem pode concorrer – tinha rejeitado mais de 600 candidaturas. 

As seleções do conselho provocaram criticas por desqualificar várias figuras importantes associadas a facções centristas ou reformistas, incluindo Ali Larijani, ex-presidente do Parlamento e negociador nuclear.

Pesquisas recentes estimam um comparecimento eleitoral historicamente baixo na eleição de hoje – de apenas 42% dos 59 milhões de eleitores. Os iranianos estão exaustos de anos de turbulência política, dificuldades econômicas e do aumento dos casos de coronavírus, e é quase certo que essa demonstração de apatia beneficie Raisi, um clérigo ultraconservador que já era o nome preferido do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, desde 2017, quando disputou o cargo contra Rohani.

Em entrevista coletiva, o ministro do Interior do Irã admitiu ontem que a eleição não é uma disputa real. “A competição real nas eleições não é muito séria, considerando as ações do Conselho dos Guardiões”, afirmou Abdolreza Rahmani Fazli. / AP e WP

TEERÃ - Os iranianos vão às urnas nesta sexta-feira, 18, para escolher um novo presidente de uma lista de candidatos aprovada pelo regime. A disputa, que está praticamente definida, ocorre ao mesmo tempo em que diplomatas intensificam os esforços para ressuscitar o acordo nuclear de 2015, em negociações com os EUA.

O acordo, que suspendeu as sanções ao Irã, foi alcançado em parte pela relativa moderação do atual presidente iraniano, Hassan Rohani, que deixa o cargo após oito anos. Nas eleições de hoje, o favorito é o linha-dura Ebrahim Raisi, chefe do Judiciário, que deve consolidar os conservadores no poder.

Raisi pretende recolocar o Irã no acordo nuclear para aproveitar seus benefícios econômicos. Mas, como ele já fez declarações beligerantes contra os EUA, parece improvável uma maior cooperação com o Ocidente. “Certamente não é tão complexo quanto esboçar um acordo do zero, que foi o que fizeram em 2015”, disse Henry Rome, analista do Eurasia Group. “Mas ainda há muitos detalhes que precisam ser resolvidos.”

Jovem caminha em rua de Teerã: dos 59 milhões eleitores, espera-se que menos da metade compareça às urnas nas eleições presidenciais Foto: Abedin Taherkenareh/EFE

Desde que o presidente Joe Biden assumiu o cargo, os americanos têm trabalhado com outras potências mundiais para revitalizar o acordo nas conversações em Viena. Enquanto isso, o Irã pode aumentar a pressão sobre o Ocidente, afirmam especialistas, usando mais centrífugas e aumentando o enriquecimento de urânio, por exemplo. “Os líderes iranianos podem decidir que tipo de sinal desejam enviar”, afirma Rome.

O acordo de 2015 marcou uma grande virada após anos de tensões entre o Irã e o Ocidente a respeito do programa nuclear iraniano. Teerã há muito insiste que ele tem fins pacíficos. No entanto, serviços de inteligência dos EUA e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) garantem que o Irã buscou obter armas nucleares pelo menos até 2003.

Antes do acordo, o Irã estava enriquecendo urânio até 20% e tinha um estoque de cerca de 10 mil quilos. Essa quantidade, naquele nível de enriquecimento, reduziu o período necessário para que o país conseguisse produzir urânio suficiente para uma bomba atômica. Na época, os especialistas estimavam que o Irã precisaria de dois a três meses para chegar a esse ponto.

Pelo acordo, o Irã aceitou limitar seu enriquecimento de urânio a apenas 3,67%, o suficiente para uso em usinas nucleares e muito abaixo dos 90% necessários para fabricação de armas. O país também limitou o estoque de urânio para apenas 300 kg e se comprometeu a usar apenas 5.060 de suas centrífugas mais antigas. 

No entanto, em 20018, o então presidente dos EUA, Donald Trump, tirou os americanos do acordo e reimpôs as sanções. Desde então, o Irã quebrou todos os limites acertados no pacto. 

Para Sanam Vakil, vice-diretor do programa de Oriente Médio e Norte da África da Chatham House, o momento é decisivo. “Acho que para a comunidade internacional – e especificamente para os EUA – colocar o programa nuclear de volta em uma caixa é fundamental”, afirmou. “É importante porque, além do acordo nuclear, os negociadores esperam, em última instância, aprofundar e fortalecer o pacto. E não há como chegar lá até que o acordo atual seja restabelecido.”

Desistências

Com a desistência, no último dia de campanha, do reformista Mohsen Mehralizadeh e do linha-dura Alireza Zakani, as eleições iranianas serão disputadas apenas por cinco candidatos. O Conselho dos Guardiões – que decide quem pode concorrer – tinha rejeitado mais de 600 candidaturas. 

As seleções do conselho provocaram criticas por desqualificar várias figuras importantes associadas a facções centristas ou reformistas, incluindo Ali Larijani, ex-presidente do Parlamento e negociador nuclear.

Pesquisas recentes estimam um comparecimento eleitoral historicamente baixo na eleição de hoje – de apenas 42% dos 59 milhões de eleitores. Os iranianos estão exaustos de anos de turbulência política, dificuldades econômicas e do aumento dos casos de coronavírus, e é quase certo que essa demonstração de apatia beneficie Raisi, um clérigo ultraconservador que já era o nome preferido do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, desde 2017, quando disputou o cargo contra Rohani.

Em entrevista coletiva, o ministro do Interior do Irã admitiu ontem que a eleição não é uma disputa real. “A competição real nas eleições não é muito séria, considerando as ações do Conselho dos Guardiões”, afirmou Abdolreza Rahmani Fazli. / AP e WP

TEERÃ - Os iranianos vão às urnas nesta sexta-feira, 18, para escolher um novo presidente de uma lista de candidatos aprovada pelo regime. A disputa, que está praticamente definida, ocorre ao mesmo tempo em que diplomatas intensificam os esforços para ressuscitar o acordo nuclear de 2015, em negociações com os EUA.

O acordo, que suspendeu as sanções ao Irã, foi alcançado em parte pela relativa moderação do atual presidente iraniano, Hassan Rohani, que deixa o cargo após oito anos. Nas eleições de hoje, o favorito é o linha-dura Ebrahim Raisi, chefe do Judiciário, que deve consolidar os conservadores no poder.

Raisi pretende recolocar o Irã no acordo nuclear para aproveitar seus benefícios econômicos. Mas, como ele já fez declarações beligerantes contra os EUA, parece improvável uma maior cooperação com o Ocidente. “Certamente não é tão complexo quanto esboçar um acordo do zero, que foi o que fizeram em 2015”, disse Henry Rome, analista do Eurasia Group. “Mas ainda há muitos detalhes que precisam ser resolvidos.”

Jovem caminha em rua de Teerã: dos 59 milhões eleitores, espera-se que menos da metade compareça às urnas nas eleições presidenciais Foto: Abedin Taherkenareh/EFE

Desde que o presidente Joe Biden assumiu o cargo, os americanos têm trabalhado com outras potências mundiais para revitalizar o acordo nas conversações em Viena. Enquanto isso, o Irã pode aumentar a pressão sobre o Ocidente, afirmam especialistas, usando mais centrífugas e aumentando o enriquecimento de urânio, por exemplo. “Os líderes iranianos podem decidir que tipo de sinal desejam enviar”, afirma Rome.

O acordo de 2015 marcou uma grande virada após anos de tensões entre o Irã e o Ocidente a respeito do programa nuclear iraniano. Teerã há muito insiste que ele tem fins pacíficos. No entanto, serviços de inteligência dos EUA e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) garantem que o Irã buscou obter armas nucleares pelo menos até 2003.

Antes do acordo, o Irã estava enriquecendo urânio até 20% e tinha um estoque de cerca de 10 mil quilos. Essa quantidade, naquele nível de enriquecimento, reduziu o período necessário para que o país conseguisse produzir urânio suficiente para uma bomba atômica. Na época, os especialistas estimavam que o Irã precisaria de dois a três meses para chegar a esse ponto.

Pelo acordo, o Irã aceitou limitar seu enriquecimento de urânio a apenas 3,67%, o suficiente para uso em usinas nucleares e muito abaixo dos 90% necessários para fabricação de armas. O país também limitou o estoque de urânio para apenas 300 kg e se comprometeu a usar apenas 5.060 de suas centrífugas mais antigas. 

No entanto, em 20018, o então presidente dos EUA, Donald Trump, tirou os americanos do acordo e reimpôs as sanções. Desde então, o Irã quebrou todos os limites acertados no pacto. 

Para Sanam Vakil, vice-diretor do programa de Oriente Médio e Norte da África da Chatham House, o momento é decisivo. “Acho que para a comunidade internacional – e especificamente para os EUA – colocar o programa nuclear de volta em uma caixa é fundamental”, afirmou. “É importante porque, além do acordo nuclear, os negociadores esperam, em última instância, aprofundar e fortalecer o pacto. E não há como chegar lá até que o acordo atual seja restabelecido.”

Desistências

Com a desistência, no último dia de campanha, do reformista Mohsen Mehralizadeh e do linha-dura Alireza Zakani, as eleições iranianas serão disputadas apenas por cinco candidatos. O Conselho dos Guardiões – que decide quem pode concorrer – tinha rejeitado mais de 600 candidaturas. 

As seleções do conselho provocaram criticas por desqualificar várias figuras importantes associadas a facções centristas ou reformistas, incluindo Ali Larijani, ex-presidente do Parlamento e negociador nuclear.

Pesquisas recentes estimam um comparecimento eleitoral historicamente baixo na eleição de hoje – de apenas 42% dos 59 milhões de eleitores. Os iranianos estão exaustos de anos de turbulência política, dificuldades econômicas e do aumento dos casos de coronavírus, e é quase certo que essa demonstração de apatia beneficie Raisi, um clérigo ultraconservador que já era o nome preferido do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, desde 2017, quando disputou o cargo contra Rohani.

Em entrevista coletiva, o ministro do Interior do Irã admitiu ontem que a eleição não é uma disputa real. “A competição real nas eleições não é muito séria, considerando as ações do Conselho dos Guardiões”, afirmou Abdolreza Rahmani Fazli. / AP e WP

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