VIENA - A agência de vigilância atômica das Nações Unidas informou nesta quarta-feira, 10, que seus inspetores confirmaram que o Irã iniciou a produção de urânio metálico - outra violação do acordo nuclear de 2015 com potências mundiais. Esse anúncio ocorre um mês após a retomada do enriquecimento de urânio a 20% pelos iranianos, o que também era vetado pelo pacto.
O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, informou aos países membros que seus inspetores confirmaram em 8 de fevereiro que uma pequena quantidade de urânio metálico, 3,6 gramas, foi produzida na planta iraniana de Isfahan.
O urânio metálico também pode ser usado para uma bomba nuclear e a pesquisa sobre sua produção é especificamente proibida pelo acordo nuclear - o chamado Plano de Ação Conjunto - que Teerã assinou com Alemanha, França, Reino Unido, China, Rússia e Estados Unidos em 2015. O governo Donald Trump retirou unilateralmente os EUA do pacto em 2018.
O Irã já havia informando seus planos de conduzir pesquisa e desenvolvimento sobre a produção de urânio metálico como parte de seu objetivo de projetar um tipo de combustível melhorado, segundo a AIEA, que tem sede em Viena.
O acordo assinado em 2015 inclui uma proibição de 15 anos sobre "a produção ou aquisição de metais de plutônio ou urânio e suas ligas". O pacto prevê que o Irã possa começar a investigar a produção de combustível à base de urânio "em pequenas quantidades" após dez anos, mas apenas com a autorização dos demais signatários.
Desde a retirada unilateral dos americanos do acordo em 2018, os outros signatários vêm trabalhando para tentar preservar o acordo. Teerã tem usado as violações do pacto para pressionar as potências mundiais a fornecer mais incentivos para compensar o país pelas perdas com as sanções americanas reimpostas após a saída dos EUA.
O objetivo final da negociação era impedir o Irã de desenvolver uma bomba nuclear, algo que o país insiste que não quer fazer. A República Islâmica agora tem urânio enriquecido suficiente para fazer uma bomba, mas nada perto da quantidade que tinha antes de o acordo nuclear ser assinado.
A última medida de Teerã complica ainda mais os esforços dos outros países membros para convencer os EUA a voltar à negociação - algo que o presidente Joe Biden indicou que estaria disposto a fazer.
Quando o Irã anunciou em janeiro seus planos de produzir urânio metálico, os ministérios das Relações Exteriores da Alemanha, França e Reino Unido emitiram um comunicado conjunto dizendo que estavam "profundamente preocupados"./AP e AFP